1 de Novembro

Solenidade de todos os Santos

Hoje, a Igreja não celebra a santidade de um cristão que se encontra no Céu, mas sim, de todos. Isto, para mostrar concretamente, a vocação universal de todos para a felicidade eterna.

"Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade: 'Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito' "(Mt 5,48) (CIC 2013).

Sendo assim, nós passamos a compreender o início do sermão do Abade São Bernardo: "Para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas? A eles que, segundo a promessa do Filho, o Pai celeste glorifica? Os santos não precisam de nossas homenagens. Não há dúvida alguma, se veneramos os santos, o interesse é nosso, não deles".

Sabemos que desde os primeiros séculos os cristãos praticam o culto dos santos, a começar pelos mártires, por isto hoje vivemos esta Tradição, na qual nossa Mãe Igreja convida-nos a contemplarmos os nossos "heróis" da fé, esperança e caridade. Na verdade é um convite a olharmos para o Alto, pois neste mundo escurecido pelo pecado, brilham no Céu com a luz do triunfo e esperança daqueles que viveram e morreram em Cristo, por Cristo e com Cristo, formando uma "constelação", já que São João viu: "Era uma imensa multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas" (Ap 7,9).

Todos estes combatentes de Deus, merecem nossa imitação, pois foram adolescentes, jovens, homens casados, mães de família, operários, empregados, patrões, sacerdotes, pobres mendigos, profissionais, militares ou religiosos que se tornaram um sinal do que o Espírito Santo pode fazer num ser humano que se decide a viver o Evangelho que atua na Igreja e na sociedade. Portanto, a vida destes acabaram virando proposta para nós, uma vez que passaram fome, apelos carnais, perseguições, alegrias, situações de pecado, profundos arrependimentos, sede, doenças, sofrimentos por calúnia, ódio, falta de amor e injustiças; tudo isto, e mais o que constituem o cotidiano dos seguidores de Cristo que enfrentam os embates da vida sem perderem o entusiasmo pela Pátria definitiva, pois "não sois mais estrangeiros, nem migrantes; sois concidadãos dos santos, sois da Família de Deus" (Ef 2,19).

Neste dia a Mãe Igreja faz este apelo a todos nós, seus filhos: "O apelo à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade se dirige a todos os fiéis cristãos." "A perfeição cristã só tem um limite: ser ilimitada" (CIC 2028).

Todos os santos de Deus, rogai por nós!

Foto: Solenidade de todos os Santos
(1 de Novembro)

Hoje, a Igreja não celebra a santidade de um cristão que se encontra no Céu, mas sim, de todos. Isto, para mostrar concretamente, a vocação universal de todos para a felicidade eterna.

2 de Novembro

Comemoração dos Fiéis Defuntos

O PURGATÓRIO

O mês de novembro é dedicado às Almas do Purgatório. A doutrina da Igreja Católica sobre o Purgatório compreende três pontos: 1º O Purgatório existe; 2º Nele as almas serão purificadas; 3º Os fiéis da Igreja militante, podem, pelas orações e obras meritórias, aliviar as penas das almas do Purgatório.

1º. O purgatório existe deveras - Deus revelou esta verdade no Antigo Testamento. “ É um pensamento santo e salutar orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados”. (2 Macab. 12, 46). Destas palavras devemos deduzir que já no Antigo Testamento se acreditava num lugar expiatório, em que as almas dos defuntos eram detidas, até que fossem absolvidas dos pecados.

Jesus Cristo fala de pecados que “não serão perdoados nem aqui, nem no outro mundo”. (Mt. 12, 13). Logo, para certos pecados, há possibilidade de serem perdoados ainda no outro mundo. O lugar onde estes pecados serão expiados, é o Purgatório.

A Igreja ensina, com toda a precisão, a existência do Purgatório. Assim, escreve São Gregório Magno: “Sei que alguns devem fazer penitência ainda depois desta vida, nas chamas do Purgatório”. – “Uma coisa é esperar o perdão – diz São Cipriano – e outra entrar na eterna glória; uma coisa é ser metido no cárcere e dele não sair, enquanto não for pago o último ceitil, e outra coisa é receber imediatamente a recompensa da fé e da virtude; uma coisa é penar muito tempo e purificar-se nas chamas do Purgatório e outra coisa é ter removido todos os pecados, pelo martírio”.

Os Concílios ecumênicos de Cartago, Lyon, Florença e Trento definiram bem claramente a fé na existência do Purgatório. Nas antiqüíssimas orações litúrgicas, a Igreja pede a Deus que “absterja as manchas que ainda aderirem às almas dos fiéis defuntos” – que “delas se compadeça e lhes conceda o lugar da paz e da luz” – "que as tire das tristes moradas e as faça gozar da sorte dos justos”.

Esta doutrina da Igreja está muito de acordo com a razão. Se é certo que no céu entrarão somente as almas purificadas; se é certo que poucos homens na hora do trânsito estão isentos da mais leve culpa, certo é também que, com pouquíssimas exceções, os homens ficariam sempre excluídos do céu, se não houvesse na eternidade um lugar de expiação, salvo se Deus, na sua misericórdia, perdoasse sumariamente todos os pecados e as respectivas penas na hora da morte, o que não acontece. Na eternidade Deus “dará a cada um a paga, segundo as suas obras”. (Mt. 16, 27). Negar a existência do Purgatório equivaleria à exclusão do gênero humano quase inteiro da eterna bem-aventurança, o que seria contra a fé e a razão.

2º. No Purgatório serão purificadas as almas dos justos - O Purgatório é um lugar, onde não prevalece a misericórdia, mas a justiça divina. As penas das almas devem ser de natureza a satisfazerem plenamente à justiça divina. É claro que devem estar em proposição exata com a gravidade da ofensa, que Deus pelo pecado sofreu. Quem poderá aliviar a gravidade da ofensa, que uma pobre criatura se atreva a fazer ao Criador ? “Terrível é cair nas mãos de Deus vivo” . (Hebr. 10,31).

O Purgatório é um lugar de penitência, que igual não tem aqui na terra. A razão é clara. Toda a penitência feita aqui, por mais rigorosa que seja, tem por fim preservar o homem da penitência futura na eternidade. Se assim é, a penitência a fazer-se na eternidade deve ser extremamente dolorosa. Se os maiores Santos castigavam o corpo com tanto rigor; se os primeiros cristãos prontamente tomavam sobre si as disciplinas mais duras e humilhantes, não era para outro fim, senão para deste modo se livrarem das penas temporais na eternidade. Se os rigores dos Santos, se as penitências públicas que estavam em uso no tempo da Igreja primitiva, não suportam comparação com as penitências do Purgatório, forçoso é concluir que estas devem ser mui dolorosas.

3º. Natureza das penas - O Purgatório é um lugar de purificação, que assustaria, porém, os maiores penitentes, os mais dedicados amigos da Cruz. Por quê ? Porque a purificação realizada no Purgatório é inteiramente diferente daquela que Deus costuma aplicar nesta vida. A purificação feita aqui é meritória, em atenção à Paixão e Morte de Jesus Cristo. A purificação, porém, no Purgatório é um sofrimento que não oferece o menor merecimento; são penas de que a alma, contra a vontade de Deus, se tornou merecedora pelos pecados. Davi pediu a Deus: “ Senhor, não me arguas em teu furor, nem me castigues na tua ira”; isto, segundo a explicação de Santo Agostinho, quer dizer: Assisti-me, ó meu Deus, para que não mereça vossa ira, isto é, as penas do purgatório.

Quem são aquelas almas que penam no Purgatório ? Pela maioria não são nossas conhecidas, mas entre todas nenhuma há que nos seja estranha. Todas elas, sem exceção alguma, são unidas a nós pelo laço da graça santificante: são portanto nossas irmãs em Jesus Cristo. Como não negamos o nosso socorro ao nosso irmão grandemente necessitado, não devemos negá-lo às pobres almas, que sofrem incomparavelmente mais, sem a possibilidade de melhorar a sua sorte, ainda mais, quando temos em nossas mãos meios poderosos para aliviar-lhes as dores. Não haverá entre as almas uma ou outra, que nos deva interessar mais de perto ? Descendo em espírito às trevas do Purgatório, lá não descobriremos talvez as almas de nossos pais, parentes, amigos e benfeitores ? A caridade, a gratidão não exigem de nós, que lhes prestemos o nosso auxílio ? Não têm elas direito à nossa intervenção, ainda mais quando as penas lhe foram causadas por pecados que cometeram talvez por nossa culpa ?

É natural e justo que devemos expansão à nossa dor, quando um dos nossos queridos entes nos é arrebatado pela morte; o verdadeiro amor, porém, exige de nós alguma coisa mais. Cumpre que unamos as nossas lágrimas ao sacrifício de Jesus Cristo no Gólgota; cumpre que a nossa dor seja uma dor ativa, como ativa foi também a dor que Jesus Cristo sentiu junto ao túmulo do amigo Lázaro. A nossa dor pela perda dos nossos pais, parentes e amigos não se deve limitar a manifestações exteriores. Por mais ricas que sejam as coroas depositadas nos túmulos dos nossos mortos; por mais vistosos que se apresentem os monumentos que lhes erigimos sobre os restos mortais, não preservam o corpo da decomposição, nem defendem a alma contra os tormentos do Purgatório. Não querendo fazer-nos culpados de ingratidão e inconsciência, é mister que empreguemos os meios que a Igreja tão generosamente nos oferece, como sejam: a recepção dos santos Sacramentos, em particular a SS. Eucaristia, o santo sacrifício da Missa, obras de penitência e caridade, as santas indulgências, etc. Um Pai Nosso rezado com devoção e humildade pelas almas, vale mais que muitas coroas; uma santa Missa celebrada pelo descanso eterno de uma alma, aproveita-lhes infinitamente mais que um suntuoso monumento, porque a santa Missa é o sacrifício expiatório por excelência.

O espírito pagão, que, com sua ostentação vaidosa e balofa, se infiltrou em todas as camadas da nossa sociedade, procura também se insinuar no santuário, o que em grande parte já conseguiu. Como são diferentes os enterros de hoje, daqueles que os primeiros cristãos faziam nas catacumbas ! Naquele tempo havia muita devoção e pouca flor; hoje há pelo contrário, uma imensidade de flores e coroas e pouca ou nenhuma devoção. Os primeiros cristãos levavam os defuntos ao cemitério, cantando salmos e recitando orações; os cristãos de hoje acompanham os enterros por simples formalidade, sem lhes vir a idéia de rezar uma Ave Maria sequer pelo descanso do falecido; os primeiros cristãos confiavam os defuntos com muito carinho à terra, como uma semente preciosa da futura ressurreição gloriosa; os enterros de hoje são quase destituídos por completo de tudo que possa lembrar as verdades eternas.

Como é bela a devoção às almas do Purgatório! Agradável a Deus, proveitosa às pobres almas, é utilíssima a nós mesmos. Não fechemos o nosso ouvido aos gemidos dos nossos irmãos, que padecem no Purgatório. Eles levantam as mãos para nós, suplicando o nosso auxílio. Talvez sejam nossos pais; um pai amoroso, que nos dedicava os seus cuidados, dia e noite; talvez a mãe, que nos amava tão ternamente; irmãos, cuja morte tanto nos entristeceu; filhos, que eram o encanto da nossa vida; o esposo, sempre tão dedicado e fiel cumpridor dos deveres; a esposa, a fiel companheira, o anjo do lar. Todos sofrem, sofrem penas amargas, impossibilitados de melhorar a sorte. A nós se dirigem suplicantes: “Compadecei-vos de mim, ao menos vós, que sois meus amigos, porque a mão do Senhor me tocou” . (Job. 19, 21).

Reflexões:

Há pessoas que não temem o Purgatório e tampouco cuidam de dar a Deus a necessária satisfação das suas culpas. Dou-me por muito satisfeito, assim dizem, se Deus não me condenar. Outros há que confiam nas orações e sufrágios dos parentes e amigos ou nas santas Missas, para cuja celebração providenciaram no testamento. Aqueles se convençam de que impunemente ninguém ofende a Deus e que o pecado leve é caminho seguro para culpas graves. Os outros leiam e ponderem as seguintes palavras de Tomás a Kempis: “ Não te fies demais nos amigos e parentes e não proteles tua salvação para mais tarde; mais depressa que pensas, se esquecerão de ti os homens. – É melhor providenciar em tempo e despachar já de antemão boas obras para a eternidade, do que confiar no auxílio de outros depois da morte. Se não providenciares em teu interesse quem o fará por ti?”. Só por estas palavras, não deveríamos nós, tomarmos consciência quanto à nossa responsabilidade em elevar diariamente nossas orações e sacrifícios, mandar celebrar missas pelo menos às almas dos nossos parentes e amigos que partiram para a eternidade? Aproveitemos o pouco tempo que nos resta para socorrer as almas do purgatório, pois nós também precisaremos em breve desse precioso auxílio, especialmente da intercessão das almas que de lá forem libertadas com a nossa ajuda.

Foto: Comemoração dos Fiéis Defuntos (2 de novembro) O PURGATÓRIO O mês de novembro é dedicado às Almas do Purgatório. A doutrina da Igreja Católica sobre o Purgatório compreende três pontos: 1º O Purgatório existe; 2º Nele as almas serão purificadas; 3º Os fiéis da Igreja militante, podem, pelas orações e obras meritórias, aliviar as penas das almas do Purgatório. 1º. O purgatório existe deveras - Deus revelou esta verdade no Antigo Testamento. “ É um pensamento santo e salutar orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados”. (2 Macab. 12, 46). Destas palavras devemos deduzir que já no Antigo Testamento se acreditava num lugar expiatório, em que as almas dos defuntos eram detidas, até que fossem absolvidas dos pecados. Jesus Cristo fala de pecados que “não serão perdoados nem aqui, nem no outro mundo”. (Mt. 12, 13). Logo, para certos pecados, há possibilidade de serem perdoados ainda no outro mundo. O lugar onde estes pecados serão expiados, é o Purgatório. A Igreja ensina, com toda a precisão, a existência do Purgatório. Assim, escreve São Gregório Magno: “Sei que alguns devem fazer penitência ainda depois desta vida, nas chamas do Purgatório”. – “Uma coisa é esperar o perdão – diz São Cipriano – e outra entrar na eterna glória; uma coisa é ser metido no cárcere e dele não sair, enquanto não for pago o último ceitil, e outra coisa é receber imediatamente a recompensa da fé e da virtude; uma coisa é penar muito tempo e purificar-se nas chamas do Purgatório e outra coisa é ter removido todos os pecados, pelo martírio”. Os Concílios ecumênicos de Cartago, Lyon, Florença e Trento definiram bem claramente a fé na existência do Purgatório. Nas antiqüíssimas orações litúrgicas, a Igreja pede a Deus que “absterja as manchas que ainda aderirem às almas dos fiéis defuntos” – que “delas se compadeça e lhes conceda o lugar da paz e da luz” –

 

3 de Novembro

São Martinho de Lima

Com alegria celebramos a santidade de vida de um santo do nosso chão latino-americano. São Martinho nasceu no Peru em 1579, filho de um conquistador espanhol com uma mulata panamenha.

Grande parte da sociedade de Lima não diferenciava tanto da nossa atual, pois sustentava a hipócrita postura do preconceito racial, por isso Martinho sofreu humilhações, por causa de sua pele escura. Aconteceu que São Martinho não foi reconhecido portador de sangue nobre, e nem precisava, porque educado de forma cristã pela mãe, descobriu com a vida que o "aspecto mais sublime da dignidade humana está na vocação do homem à comunhão com Deus" (Catecismo da Igreja Católica).

Com idade suficiente, São Martinho, homem cheio do Espírito Santo e de obras no Amor, conseguia servir a Cristo no próximo, primeiramente pela suas diversas profissões (barbeiro, dentista, ajudante de médico), e mais tarde amou Deus no outro e o outro em Deus, como irmão da Ordem Dominicana. Mendigo por amor aos mendigos, São Martinho de Porres, ou de Lima, destacou-se dentre tantos pela sua luta contra o Tentador e a tentação, além da humildade, piedade e caridade. Sendo assim, Deus pôde munir Martinho com muitos Carismas, como o de cura e milagres, sem que estes o orgulhasse e o impedisse de ir para o Céu, onde entrou em 1639.

São Martinho de Lima, rogai por nós!

Foto: São Martinho de Lima
(3 de Novembro)

Com alegria celebramos a santidade de vida de um santo do nosso chão latino-americano. São Martinho nasceu no Peru em 1579, filho de um conquistador espanhol com uma mulata panamenha.

Grande parte da sociedade de Lima não diferenciava tanto da nossa atual, pois sustentava a hipócrita postura do preconceito racial, por isso Martinho sofreu humilhações, por causa de sua pele escura. Aconteceu que São Martinho não foi reconhecido portador de sangue nobre, e nem precisava, porque educado de forma cristã pela mãe, descobriu com a vida que o

4 de Novembro

São Carlos Borromeu

Mui devidamente São Carlos Borromeu é contado entre os maiores santos que glorificaram a Igreja Católica no século XVI, defendendo-a vitoriosamente dos inimigos que contra ela se levantaram.

No calendário dos santos, figura Carlos com o nome dos ascendentes maternos. Os Borromeus, chamados antes Franchi, residiam antigamente na cidade de San Miriato. Depois se ramificaram e encontramos seus diversos representantes em Florença, Pádua e Milão. Gilberto, senhor de Avona, no lago Maggiore, casou-se com Margherita, filha de Bernardino Medichino, de Milão, irmã de Gian Ângelo, mais tarde Papa Pio IV. Gilberto Borromeu teve três filhos: Frederico, Carlos e Camila; esta se casou com Cesare Gonzaga de Guastalla, distinguindo-se por grande virtude. Frederico contraiu matrimônio com Virgínia della Rovere, filha do duque Urbino e morreu com 27 anos.

Carlos, o segundo filho de Gilberto, nasceu aos 2 de outubro de 1538. Menino ainda, revelou ótimo talento e uma inteligência rara. Ao lado destas qualidades, manifestou forte inclinação para a vida religiosa, pela piedade e o temor a Deus. Era seu prazer construir altares minúsculos, diante dos quais, em presença dos irmãos e companheiros de idade, imitava as funções sacerdotais que tinha observado na Igreja. Era mero brinquedo infantil. O amor à oração e o aborrecimento aos divertimentos profanos, eram sinais mais positivos da vocação sacerdotal.

Os pais, por seu turno, julgando garantido o futuro da família pelo primogênito Frederico, animaram a Carlos naquele modo de pensar, e levaram-no a seguir a carreira sacerdotal. Com doze anos, recebeu a tonsura e o hábito talar. Pela renúncia do tio Julio César, entrou no usufruto da abadia de São Graciano. Com este acontecimento formou-se o laço, que prendeu o jovem à participação da vida pública da Igreja. A administração de emolumentos que lhe provinham do benefício, Carlos considerava coisa sagrada. “Bem eclesiástico é propriedade de Cristo e por ele dos pobres; a estes aproveita o usufruto”. Foi esta a regra que a fé lhe ditou, e que as tradições da família lhe confirmaram. Não consentia que bens da abadia fossem aplicados a necessidades de família. Emprestando ao pai uma determinada quantia, exigia-lhe nota promissória.

Tendo dezesseis anos, matriculou-se na Universidade de Pávia, para ouvir as preleções do célebre canonista Francisco Alciati. Cinco anos passou em Pávia, separado do mundo, entregue aos estudos e à prática de piedade. Este tempo coincide com a fundação de um patronato para estudantes, cuja organização lhe foi possibilitada pela cessão que o tio materno, o cardeal de Médici, lhe fizera de um benefício eclesiástico.

Quando a notícia da morte do pai o chamou para casa, revelava em todo o modo de agir, o espírito e a tendência de um homem predestinado para grandes coisas. Inacessível às artes de sedução, com que um velho empregado da casa o procurava prender, julgou também ter a obrigação de reconduzir os monges da abadia ao fiel cumprimento dos deveres religiosos. Por meios hábeis, de bondade e energia, conseguiu este fim. Até lá, o moço de 22 anos não tinha idéia do grande futuro que o esperava e do papel importantíssimo que havIa de desenvolver na igreja Católica.

Gian Ângelo, tio materno de Carlos, tinha sido eleito Papa, e sob o nome de Pio IV, tomado o governo da Igreja. Dos parentes que tinham ido a Roma apresentar felicitações ao recém-eleito, fora Carlos a única exceção e, como é de supor, mui propositalmente. Pio IV mandou chamar o sobrinho à metrópole da cristandade e deu-lhe as posições mais elevadas na hierarquia eclesiástica.

Sucessivamente foi nomeado no ano de 1560, protonatário apostólico, referendário e cardeal diácono da Igreja de São Vito. Oito dias depois desta nomeação, recebeu o arcebispado de Milão, com residência obrigatória em Roma. Além destas dignidades, recebeu outras geralmente consideradas anexas à cardinalícia, como sejam: Legado apostólico de Bolonha, Romana e Ancona, protetor de Portugal, dos países baixos, da Suíça católica, dos Franciscanos e Carmelitas e presidente da consulta, isto é, do conselho deliberativo do Estado em negócios exteriores. Muitos, porém, acabaram descontentando-se por atribuírem a acumulação de funções como favoritismo. Ninguém, porém, estava mais descontente que o próprio privilegiado, não por ter se tornado objeto das queixas nesse sentido, mas principalmente por ter sido o primeiro que desejava uma reforma radical, na parte administrativa da Igreja. Às queixas e reclamações, seguiu-se um grande contentamento, porque Carlos revelou logo um tino administrativo extraordinário, unido a um espírito de justiça incomparável. Inacessível a adulação, de uma vigilância prudente e rigorosa, ao mesmo tempo condescendente, deu Carlos, apesar de ainda muito jovem, o exemplo de um homem perfeito, cumpridor dos seus deveres. Além disto, era pessoa de modos delicados, de fino trato social, que com vantagem sabia impor-se na roda da alta sociedade romana. O jovem cardeal, fundou uma associação de sábios religiosos e profanos, que realizavam sessões no Vaticano. Nestas reuniões, cada sócio tinha ocasião de proferir suas idéias, quer em forma de conferências, discursos ou discussões. Versando, a princípio, sobre assuntos de toda a espécie, mais tarde as conferências tiveram por objeto exclusivamente temas teológicos. O patronato que havia fundado em Pávia, foi transformado em colégio para estudantes pobres.

O ano de 1562 trouxe a Carlos a graça do sacerdócio. Morrera seu irmão Frederico, sem deixar filho varão. Os Parentes insistiram, então, com todo o empenho, para que Carlos abandonasse a carreira eclesiástica, e tomasse estado. O próprio Papa se fez intérprete do desejo da família. Por tudo acima que foi dito, não nos podemos admirar de ver que, a situação em que se achava as famílias dos Borromeus, nenhuma luta tivesse desencadeado no coração de Carlos. Para por de vez termo a todas as reclamações dos parentes, fez-se ordenar e, depois do fato consumado, os surpreendeu com a notícia do seu sacerdócio.

Ao Papa que não se conteve e a Carlos externou o seu grande descontentamento, respondeu: “Santo Padre, não vos queixeis do meu proceder. Uni-me à esposa que muito amava e desejava com todo o ardor”.

A partir desse momento, se nota na vida de Carlos, pendência declarada para a vida ascética. O Jesuíta Pe. Ribeira, seu confessor e diretor de consciência, o introduziu cada vez mais “na vida espiritual, em Deus escondida”.

No silêncio da meditação, lançou Carlos planos grandiosos para a reorganização da Igreja Católica. Estes todos se concentraram na idéia de concluir o Concílio de Trento. De fato, era o que a Igreja mais necessitava, como base e fundamento da renovação e consolidação da vida religiosa. Por toda a parte surgiram abusos, sintomas indubitáveis de uma decadência deplorável e de uma perturbação bastante séria do regime eclesiástico. O duque Alberto de Baviera, tinha arbitrariamente introduzido a comunhão dos fiéis sob ambas as espécies. O rei alemão Fernando, tinha publicado um catecismo de orientação contrária ao Concílio. Nas cabeças dos políticos franceses, doideava a idéia de um concílio nacional. Na Polônia se realizou, de fato, um concílio nacional de todas as confissões. Na Inglaterra reinava Isabel, a qual, para legitimar sua sucessão, havia de celebrar a independência da Igreja inglesa da de Roma. Só a Espanha desejava a conclusão do Concílio Tridentino.

Carlos, sem cessar, chamava a atenção do velho tio para esta necessidade, reclamada por todos os amigos da Igreja. De fato, o Concílio se realizou, e não exageramos se apontamos Carlos como força motriz daquela grandiosa atuação da vida católica.

Carlos quis ser o primeiro a executar as ordens da nova lei, ainda que por esta obediência tivesse de deixar a posição, para ocupar outra inferior. Já fazia dez anos que a diocese não tinha visto senão comissários de Antístite. A autoridade do Vigário Geral, não chegava para pôr em execução as determinações do Concílio Tridentino, que com traço enérgico cortava abusos enraizados na vida do clero secular, os quais alegavam em seu favor o costume de muitos anos.

Carlos visitou a diocese e sua entrada em Milão foi uma apoteose. Os retratos dos seus avoengos,que tinham sido colocados nas salas do palácio, mandou ele retira-los, e no lugar destes pôr a imagem do glorioso antecessor e modelo, Santo Ambrósio. Um mês depois da chegada, convocou o primeiro concílio providencial, cujo assunto principal era a reforma da vida clerical, de acordo com as determinações do Concílio Tridentino. O Concílio sofreu uma interrupção pela morte do Papa. Carlos, chamado a Roma, assitiu ao tio na hora da morte 91565). No conclave que se reuniu, por ocasião da eleição do novo Papa, Carlos tomou parte. O primeiro pedido que dirigiu a Pio V, foi de poder voltar para a diocese, pedido a que o Sumo Pontífice, se bem que com pesar, lhe acedeu.

De volta para Milão, desenvolveu Carlos uma atividade grandiosa. Para este fim, organizou uma série de concílios providenciais e diocesanos, escreveu uma excelente instrução para os confessores, e publicou as instituições e regras da sociedade de escolas da doutrina cristã. Em segundo lugar, trabalhou para a criação de seminários menores e maiores, e construiu em Milão, o Colégio Helveciano. Resistência tenacíssima e inesperada encontrou o arcebispo, quando estendeu a reforma às Ordens Religiosas. Os Cônegos de Santa Maria della Scala, apoiando-se em privilégios antigos, garantidos pelo rei da Espanha, que ao esmo tempo era duque de Milão, negaram ao arcebispo o direito de visita canônica, e levaram o atrevimento ao ponto de pronunciar a sentença de excomunhão contra o prelado. A mesma humilhação veio-lhe dos Franciscanos e dos Humiliatas.

A Ordem destes foi dissolvida e com este ato declarou-se por terminada a resistência das Ordens. Em outras congregações religiosas, o arcebispo achou os mais dedicados auxiliares, como por exemplo, nos Jesuítas, nos Irmãos e Irmãs de Escola, dos Teatinos e Capuchinhos. Uma organização admirável que o arcebispo criou entre o clero secular, foi a Congregação dos Oblatas, composta de sacerdotes seculares, que por único voto, tinham de estar sempre à disposição do Prelado, onde e quando de auxílio precisasse.

As visitas pastorais dão-nos uma idéia bem clara do espírito apostólico de Carlos Borromeu. Não lhe ra indiferente o modo como o clero cumpria o dever, e como o povo mostrava interesse em aceitar a doutrina cristã e as determinações da autoridade eclesiástica.

Freguesia não havia, por mais pobre, por mais inacessível que fosse, que não lhe tivesse recebido a distinção da visita. No meio das fadigas da viagem (muitas vezes ele mesmo carregava a bagagem), conservava sempre o bom humor. Com os pobres, partilhava o pão dos pobres. Dias havia em que não tomava senão pão e água. De importância histórica tornaram-se as suas visitas à Suíça, onde criou instituições católicas de grande importância. Não só os católicos, mas também os próprios protestantes, recebiam jubilosamente o “santo bispo”. Por intercessão de Carlos, a Suíça católica recebeu um Núncio Apostólico. Foi Carlos quem introduziu na Suíça a Companhia de Jesus e a Ordem dos Capuchinhos, e defendeu os católicos suíços contra as inovações do Protestantismo.

Carlos sabia muito bem que a caridade abre os corações também à religião. Por isto foi que grande parte da receita pertencia aos pobres, reservando ele para si só o indispensável. Heranças ou rendimentos que lhe vinham dos bens de família, distribuía-os entre os desvalidos. Tudo isto não agüenta comparação com as obras de caridade que o arcebispo praticou, quando em 1569-1570 a fome e uma epidemia, semelhante à peste, invadiram à cidade de Milão. Não tendo mais do seu para dar, pedia em pessoa esmolas para os pobres e abria assim fontes de auxílio, que teriam ficado fechadas. Quando, porém, em 1576 a cidade foi visitada pela peste, e o povo abandonado pelos poderes públicos, não tinha outro recurso senão o bispo; este, para não falar na ereção de hospitais e lazaretos que mantinha, visto que ninguém se compadecia do povo, ainda procurava os pobres doentes de que ninguém lembrava, consolava-os e dava-lhes os santos sacramentos. Tendo-se esgotado todas as fontes de recurso, Carlos lançou mão de tudo o que possuía, para amenizar a triste sorte dos doentes. Mais de cem sacerdotes tinham pago com a vida, na sua dedicação e serviço aos doentes. Deus conservava a vida do arcebispo, e este se aproveitou da ocasião para dizer duras verdades aos ímpios e ricos esquecidos de Deus.

A peste ocasionou a fundação de um grande asilo para pobres. Além desta instituição, outros estabelecimentos de utilidade pública, a São Carlos devem sua fundação, como por exemplo, o Instituto dos Nobres em Milão, a Pia União pela salvação de pessoas do sexo feminino periclitadas, e diversas associações de beneficência. São Carlos, escreveu ainda duas pastorais, uma intitulada “Reminiscências para o povo da cidade e do arcebispado de Milão, e instruções para todas as classes, para praticarem as virtudes da vida cristã”, e a outra: “Reminiscências dos dias dolorosos da peste”.

Quem diria que, um bispo tão zeloso e tão santo, pudesse ser alvo de acusações, como se tivesse tendências antipatrióticas? Os primeiros que lhe atiraram pedras, foram aqueles elementos que mais se sentiram incomodados pela obra da reforma do prelado. Dos leigos, eram principalmente representantes da alta aristocracia, cuja vida estava em contradição com as leis da Igreja sobre o matrimônio. Dos clérigos, eram em primeiro lugar frades rebeldes que, intimados à sujeitar-se à reforma, se estribavam em direitos inatingíveis e privilégios centenários. Milão pertencia à Espanha, sendo governado pelo duque de Milão, que era rei da Espanha. O primeiro governador, o duque Albuquerque, por ser admirador pessoal do venerável Bispo, conservou as boas relações com a Cúria. Seu sucessor, porém, Aloísio Requesens, atendendo às reclamações dos que se julgavam ofendidos em seus direitos, desrespeitou a jurisdição episcopal e respondeu à sentença da excomunhão com a ocupação militar do Castelo de Arona (propriedade dos Borromeus) e do palácio arquiepiscopal.

No ano de 1579, uma deputação apresentou em Roma as seguintes queixas contra o arcebispo: de Carlos Borromeu ter proibido as danças e divertimentos públicos nos domingos; a prolongação costumeira das folganças carnavalescas até depois do primeiro domingo da quaresma; de ter interdito a passagem pública pelas igrejas, quando esta era facultada para encurtar o caminho; de na época da peste ter usurpado direitos que não lhe competiam e procurado engordar o povo; e por último, do rigor excessivo contra o clero.

Gregório XIII, como infundadas não só rejeitou as acusações, mas ainda recebeu Carlos Borromeu em Roma, com as mais altas distinções. Em resposta a este gesto do Papa, o governador de Milão, organizou no primeiro domingo da Quaresma de 1579, um indigno préstito, carnavalesco pelas ruas de Milão, precisamente à hora da missa do arcebispo. O mesmo governador, que tanta guerra ao Prelado movera, e tantas hostilidades contra São Carlos estimulara, no leito de morte reconheceu o erro e teve o consolo da assistência do santo bispo na hora da agonia. Seu sucessor, Carlos de Aragão, duque de Terra Nova, viveu sempre em paz com a autoridade eclesiástica. O arcebispo gozou deste período só dois anos. Quando em outubro de 1584, como era de costume, se retirara para fazer os exercícios espirituais, teve fortes acessos de febre, a que não ligava importância e dizia: “Um bom pastor de almas, deve saber suportar três febres, antes de se meter na cama”. Os acessos renovaram-se e consumiram as forças do arcebispo. Provido dos santos sacramentos, expirou aos 03 de novembro de 1584. Suas últimas palavras foram: “Eis Senhor, eu venho, vou já”. São Carlos Borromeu tinha alcançado a idade de apenas 46 anos e a sua morte foi muito pranteada. Para evitar uma inscrição pomposa na campa, tinha determinado no testamento que, no túmulo, lhe lessem as seguintes palavras: “Carlos, Cardeal, com o título de Santa Praxedes, arcebispo de Milão, que se recomenda à oração fervorosa do clero, do povo e do sexo feminino piedoso, em vida escolheu este monumento para si”. Paulo V, canonizou-o em 1610 e fixou-lhe a festa para o dia 04 de novembro. O Corpo do santo em boa conservação, repousa na cripta do “duomo”, de Milão.

Reflexões:

São Carlos empregou todos os emolumentos do múnus episcopal pela glória de Deus e para benefício dos pobres. Este traço característico da sua vida, mereceu-lhe ainda mais a admiração e gratidão dos homens, do que se tivesse despendido os bens com parêntese amigos, em construções luxuosas, em festas e vaidades, como fizeram representantes do mesmo estado antes e depois, de cuja memória a história guardou apenas os nomes. Que merecimento teria são Carlos se tivesse imitado o exemplo de outros, que mau uso fizeram das riquezas? Para quantos a fortuna material tem sido a causadora da desgraça eterna? Diz São Leão: “Não só os bens espirituais, como também os materiais, vem de Deus, de cuja administração pedirá rigorosas contas. Os bens, tanto estes como aqueles, não são propriedades nossas, mas Deus no-los confia para que, distribuindo-os prudentemente, não nos sirvam de ocasião para pecar e nem motivo de condenação eterna.

Foto: São Carlos Borromeu
(4 de novembro)

Mui devidamente São Carlos Borromeu é contado entre os maiores santos que glorificaram  a  Igreja Católica no século XVI, defendendo-a vitoriosamente dos inimigos que contra ela  se levantaram. 

No calendário dos  santos, figura Carlos com o nome dos ascendentes maternos.  Os Borromeus, chamados antes Franchi, residiam antigamente na cidade de San Miriato.  Depois se ramificaram e encontramos seus diversos representantes em Florença, Pádua e Milão.  Gilberto, senhor de Avona, no lago Maggiore, casou-se  com Margherita, filha de Bernardino Medichino, de Milão, irmã de Gian Ângelo, mais tarde Papa Pio IV.  Gilberto Borromeu teve três filhos:  Frederico, Carlos e Camila;  esta se casou com Cesare Gonzaga de Guastalla, distinguindo-se por grande  virtude. Frederico contraiu matrimônio com Virgínia della Rovere, filha do duque Urbino e morreu com  27 anos. 

Carlos, o segundo filho de Gilberto, nasceu aos 2  de outubro de 1538. Menino ainda, revelou ótimo talento e uma inteligência rara. Ao lado destas qualidades, manifestou forte inclinação para a vida religiosa, pela piedade e  o  temor a Deus.  Era seu prazer  construir  altares minúsculos,  diante dos quais, em presença dos irmãos e companheiros de idade,  imitava as  funções  sacerdotais que tinha observado na Igreja.  Era mero brinquedo infantil.  O amor à oração e o aborrecimento aos divertimentos  profanos, eram  sinais mais positivos da  vocação sacerdotal.  

Os pais, por seu turno, julgando garantido o  futuro da família pelo primogênito Frederico, animaram a Carlos naquele modo de pensar, e levaram-no a  seguir a  carreira sacerdotal.  Com doze anos,  recebeu a tonsura e o hábito talar. Pela renúncia do tio Julio César, entrou  no usufruto da abadia de São Graciano.  Com este  acontecimento formou-se o laço, que prendeu o jovem à participação da vida pública da Igreja.  A administração de emolumentos que lhe provinham do benefício, Carlos considerava coisa sagrada.  “Bem eclesiástico é propriedade de Cristo e por ele dos pobres;  a estes aproveita o usufruto”. Foi esta a regra que a fé lhe ditou, e que as tradições da família lhe confirmaram.  Não consentia que bens da abadia fossem aplicados a necessidades de família. Emprestando  ao pai uma determinada quantia, exigia-lhe nota promissória. 

Tendo dezesseis anos, matriculou-se na Universidade de Pávia, para ouvir as  preleções do célebre canonista Francisco Alciati. Cinco anos  passou em Pávia, separado do mundo,  entregue aos  estudos e  à prática de piedade. Este tempo coincide  com  a  fundação de um patronato para estudantes, cuja organização lhe foi possibilitada pela cessão que o tio materno, o cardeal de Médici, lhe fizera de um benefício eclesiástico. 

Quando a notícia da morte do pai o chamou para casa,  revelava em todo o modo  de agir, o espírito e a tendência de um homem predestinado para grandes  coisas.  Inacessível às artes de sedução, com que um velho empregado da casa o procurava prender, julgou também ter a obrigação de reconduzir os monges da abadia ao fiel  cumprimento dos deveres religiosos.  Por meios hábeis, de bondade e energia, conseguiu este fim.  Até lá, o moço de 22 anos não tinha idéia do grande futuro que o esperava e do papel importantíssimo que havIa de desenvolver na igreja Católica. 

Gian Ângelo, tio materno de  Carlos, tinha sido  eleito Papa, e sob o nome de Pio IV,   tomado o  governo da Igreja.  Dos parentes que tinham  ido a Roma apresentar felicitações  ao recém-eleito, fora Carlos a única exceção e, como é de supor,  mui propositalmente. Pio IV mandou chamar o sobrinho à  metrópole da cristandade e deu-lhe as posições mais elevadas na hierarquia eclesiástica. 

Sucessivamente foi nomeado no ano de 1560, protonatário apostólico, referendário e cardeal diácono da Igreja de São Vito.  Oito dias depois  desta nomeação, recebeu o arcebispado de Milão, com residência  obrigatória em  Roma. Além destas  dignidades, recebeu outras geralmente consideradas anexas à cardinalícia, como sejam:  Legado apostólico de Bolonha,  Romana e Ancona, protetor de Portugal, dos países baixos,  da Suíça  católica, dos Franciscanos e  Carmelitas e presidente da consulta, isto é, do conselho deliberativo do Estado em  negócios  exteriores.  Muitos, porém,  acabaram descontentando-se por atribuírem a acumulação de funções como favoritismo.  Ninguém, porém,  estava mais descontente que o próprio privilegiado, não por ter se  tornado objeto das queixas nesse sentido,  mas principalmente por ter sido o primeiro que desejava uma reforma radical, na parte administrativa da Igreja. Às queixas e reclamações,  seguiu-se um grande contentamento, porque Carlos revelou logo um tino administrativo extraordinário, unido  a  um espírito de justiça  incomparável. Inacessível a adulação, de uma vigilância prudente e rigorosa,  ao mesmo tempo condescendente, deu Carlos, apesar de ainda muito jovem, o exemplo de um homem perfeito, cumpridor dos seus deveres. Além disto, era pessoa de modos delicados, de fino trato social, que com vantagem sabia impor-se na roda da alta sociedade  romana.  O jovem cardeal, fundou uma associação de sábios religiosos e profanos, que realizavam sessões no Vaticano.  Nestas reuniões, cada sócio tinha ocasião de proferir suas idéias, quer em forma de conferências, discursos ou discussões. Versando, a princípio, sobre assuntos de toda a espécie, mais tarde as conferências tiveram por objeto exclusivamente temas teológicos.  O patronato que havia fundado em Pávia, foi transformado em colégio para estudantes pobres.

O ano de 1562 trouxe a  Carlos a graça do sacerdócio. Morrera seu irmão Frederico, sem deixar filho varão. Os Parentes insistiram, então,  com todo o empenho, para que Carlos abandonasse a  carreira eclesiástica, e tomasse estado.  O próprio Papa se fez intérprete do desejo da família. Por tudo acima que foi dito, não nos podemos admirar de ver que, a situação em que se achava as famílias dos Borromeus, nenhuma luta tivesse desencadeado no coração de Carlos.  Para por de vez termo a todas as  reclamações dos parentes,  fez-se ordenar e, depois do fato consumado, os surpreendeu com a notícia do seu sacerdócio. 

Ao Papa que não se  conteve e a Carlos externou o seu  grande descontentamento, respondeu:  “Santo Padre, não vos queixeis do meu proceder. Uni-me à esposa que muito amava e desejava com todo o ardor”. 

A partir  desse momento, se nota na vida de Carlos, pendência declarada para a  vida ascética.  O Jesuíta Pe. Ribeira, seu confessor e diretor de consciência, o introduziu cada vez mais “na vida espiritual, em Deus escondida”. 

No silêncio da meditação, lançou Carlos planos  grandiosos para a reorganização da Igreja Católica. Estes todos  se concentraram na idéia de concluir o Concílio de Trento.  De fato, era o que a Igreja mais necessitava, como base e fundamento da  renovação e consolidação da vida religiosa. Por toda a parte surgiram abusos,  sintomas indubitáveis de uma decadência deplorável e de uma perturbação bastante séria do regime eclesiástico.   O duque Alberto de Baviera,  tinha arbitrariamente introduzido a comunhão dos fiéis sob ambas as espécies. O rei alemão Fernando, tinha publicado um catecismo de orientação contrária ao Concílio.  Nas cabeças dos políticos franceses, doideava a idéia de  um concílio nacional.  Na Polônia se realizou,  de fato, um concílio nacional de todas as confissões.  Na Inglaterra reinava Isabel,  a  qual, para legitimar sua sucessão, havia de celebrar a  independência da Igreja  inglesa da de Roma.  Só a  Espanha desejava a conclusão do Concílio Tridentino.

Carlos, sem cessar, chamava a atenção do velho tio para esta necessidade, reclamada por todos os amigos da Igreja.  De fato, o Concílio se realizou, e não exageramos se apontamos Carlos como força motriz daquela grandiosa atuação da vida católica.

Carlos quis ser o primeiro a  executar as  ordens da nova lei, ainda que por esta obediência tivesse de deixar a posição, para ocupar outra inferior.  Já fazia dez anos que a diocese não tinha visto senão comissários de Antístite. A autoridade do Vigário Geral, não chegava para pôr em execução as  determinações do Concílio Tridentino, que com traço enérgico cortava abusos enraizados na vida do clero secular, os quais  alegavam em seu favor o costume de muitos anos.

Carlos visitou a  diocese e sua entrada em Milão foi uma apoteose. Os retratos dos seus avoengos,que tinham sido colocados nas salas do palácio, mandou ele retira-los, e no lugar destes pôr a imagem do glorioso antecessor e modelo, Santo Ambrósio.    Um mês depois da chegada, convocou o primeiro concílio providencial, cujo assunto principal era a reforma da vida clerical, de acordo  com as  determinações do  Concílio Tridentino.  O Concílio sofreu  uma interrupção pela morte do Papa.  Carlos, chamado a Roma, assitiu ao tio na hora da morte 91565).  No conclave que se reuniu, por ocasião da eleição do novo Papa, Carlos tomou parte.  O primeiro pedido que dirigiu a  Pio V, foi de poder voltar para a diocese, pedido a que o Sumo Pontífice, se bem que com pesar, lhe acedeu. 

De volta para Milão, desenvolveu Carlos uma atividade grandiosa. Para este fim, organizou uma série de concílios providenciais e diocesanos, escreveu  uma excelente instrução para os confessores, e publicou as instituições e regras da sociedade de escolas da doutrina cristã.   Em segundo lugar, trabalhou para a criação de seminários menores e maiores, e construiu em Milão, o Colégio Helveciano. Resistência tenacíssima e inesperada encontrou o arcebispo,  quando estendeu a reforma às Ordens Religiosas. Os Cônegos de Santa Maria della Scala,  apoiando-se em privilégios antigos, garantidos pelo rei da Espanha,  que ao esmo tempo era duque de Milão, negaram ao arcebispo o direito de visita canônica, e levaram o atrevimento ao ponto de pronunciar a sentença de excomunhão contra o prelado.  A mesma humilhação veio-lhe dos Franciscanos e dos Humiliatas. 

A Ordem destes foi dissolvida e  com este ato declarou-se por terminada a resistência das Ordens.  Em outras congregações religiosas, o  arcebispo  achou os mais dedicados auxiliares, como por exemplo, nos Jesuítas, nos Irmãos e Irmãs de  Escola,  dos Teatinos e Capuchinhos.  Uma organização admirável que o arcebispo criou entre o clero secular, foi a Congregação dos Oblatas, composta de sacerdotes seculares, que por único voto, tinham de estar sempre à disposição do Prelado, onde e  quando de auxílio precisasse. 

As visitas pastorais dão-nos uma idéia bem clara do espírito apostólico de Carlos Borromeu. Não lhe ra indiferente o modo como o clero cumpria o dever, e como o povo mostrava interesse em aceitar a doutrina cristã e  as determinações da autoridade eclesiástica.

Freguesia não havia, por mais pobre, por mais inacessível que fosse, que não lhe tivesse recebido a distinção da visita.  No meio das fadigas da viagem (muitas vezes ele mesmo carregava a bagagem), conservava sempre o bom humor. Com os pobres, partilhava o pão dos pobres. Dias havia em que não tomava senão pão e água. De importância histórica tornaram-se as suas visitas à Suíça, onde criou instituições católicas de grande importância. Não só os católicos, mas também os próprios protestantes, recebiam jubilosamente o “santo bispo”. Por intercessão de Carlos,  a Suíça católica recebeu um Núncio Apostólico.  Foi Carlos quem introduziu na Suíça a  Companhia de Jesus  e a Ordem dos Capuchinhos, e defendeu os católicos suíços contra as inovações do Protestantismo.

Carlos sabia muito bem que a caridade  abre os corações também à religião. Por isto foi que grande parte da receita pertencia aos pobres, reservando ele para si só o indispensável.  Heranças ou rendimentos que lhe vinham dos bens de  família, distribuía-os entre os desvalidos. Tudo isto não agüenta comparação com as  obras de caridade que o arcebispo praticou, quando em 1569-1570 a  fome e uma epidemia, semelhante à peste,  invadiram à cidade de Milão. Não tendo mais do seu para dar, pedia em  pessoa  esmolas para os pobres e  abria assim fontes de auxílio, que teriam ficado fechadas. Quando, porém, em 1576 a  cidade  foi  visitada pela peste, e o povo abandonado pelos poderes públicos, não tinha outro recurso senão o bispo;    este, para não falar na ereção de  hospitais e lazaretos que mantinha,  visto que ninguém se compadecia do povo,  ainda procurava os pobres doentes de que ninguém lembrava, consolava-os e dava-lhes os santos sacramentos.   Tendo-se esgotado todas as fontes de recurso, Carlos lançou mão de tudo o que possuía, para amenizar a triste sorte dos doentes.  Mais de  cem sacerdotes tinham pago com a vida, na sua dedicação e serviço aos doentes.  Deus conservava a vida do arcebispo, e este se aproveitou da ocasião para dizer duras verdades aos ímpios e ricos esquecidos de Deus.

A peste ocasionou a  fundação de um grande asilo para pobres.  Além desta instituição, outros estabelecimentos de utilidade pública, a São Carlos devem sua fundação, como por exemplo, o Instituto dos Nobres em Milão, a Pia União pela salvação de pessoas do sexo feminino periclitadas, e diversas associações de  beneficência.  São Carlos, escreveu ainda duas pastorais, uma intitulada “Reminiscências para o povo da cidade e do arcebispado de Milão, e instruções para todas as classes, para praticarem as virtudes da vida cristã”, e a outra:  “Reminiscências dos dias dolorosos da peste”.

Quem diria que, um bispo tão zeloso e tão santo, pudesse  ser alvo de acusações, como se tivesse tendências antipatrióticas? Os primeiros que lhe atiraram pedras, foram aqueles elementos que mais se  sentiram incomodados pela obra da reforma do prelado. Dos leigos, eram principalmente representantes da alta aristocracia, cuja vida estava em contradição com as leis da Igreja sobre o matrimônio. Dos clérigos, eram em primeiro lugar frades rebeldes que, intimados à sujeitar-se à reforma, se estribavam em direitos inatingíveis e privilégios centenários.  Milão pertencia à Espanha, sendo governado pelo duque de Milão, que era rei da Espanha. O primeiro governador, o duque Albuquerque, por ser admirador pessoal do venerável Bispo, conservou as  boas relações com a Cúria. Seu sucessor, porém, Aloísio Requesens, atendendo às  reclamações dos que se julgavam ofendidos em seus direitos, desrespeitou a jurisdição  episcopal e respondeu à sentença da excomunhão com a ocupação militar do Castelo de Arona (propriedade dos Borromeus) e do palácio arquiepiscopal. 

No ano de 1579, uma deputação apresentou em Roma as seguintes queixas contra o arcebispo:  de Carlos Borromeu ter proibido as  danças e divertimentos públicos nos domingos;  a  prolongação costumeira das folganças carnavalescas até depois do primeiro domingo da quaresma; de ter interdito a passagem pública pelas igrejas, quando esta era facultada para encurtar o caminho;  de na época da peste ter usurpado direitos que não lhe competiam e procurado engordar o povo;  e por último,  do rigor excessivo contra o clero.

Gregório XIII,  como infundadas  não só rejeitou as  acusações, mas ainda recebeu Carlos Borromeu em Roma, com as  mais altas distinções.  Em resposta a este gesto do Papa, o governador de Milão, organizou no primeiro domingo da Quaresma de 1579, um indigno préstito, carnavalesco pelas ruas de Milão, precisamente à hora da missa  do arcebispo.  O mesmo governador, que tanta guerra ao Prelado movera,  e  tantas hostilidades  contra São Carlos estimulara, no leito de morte reconheceu o erro e teve o consolo da  assistência do santo bispo na hora da agonia.  Seu sucessor,  Carlos de Aragão,  duque de Terra Nova,  viveu sempre em paz com a  autoridade  eclesiástica. O arcebispo gozou deste período só dois anos. Quando em  outubro de 1584, como era de costume, se retirara para fazer os exercícios espirituais, teve fortes acessos de febre, a que não ligava importância e dizia:  “Um bom pastor de almas, deve saber suportar três febres, antes de  se meter na cama”.   Os acessos  renovaram-se e consumiram as forças do arcebispo. Provido dos santos sacramentos, expirou aos 03 de novembro de  1584.  Suas  últimas palavras foram: “Eis Senhor, eu venho,  vou já”.   São Carlos Borromeu tinha alcançado a idade de apenas 46 anos e a sua morte foi muito pranteada. Para evitar uma inscrição pomposa na campa, tinha determinado no testamento que, no túmulo, lhe lessem as seguintes palavras: “Carlos, Cardeal, com o título de Santa Praxedes, arcebispo de Milão, que se recomenda à oração fervorosa do clero, do povo e do sexo feminino piedoso, em vida escolheu este monumento para si”.  Paulo V, canonizou-o em 1610 e fixou-lhe a  festa  para o dia 04 de novembro. O Corpo do santo em boa conservação, repousa na cripta do “duomo”, de Milão. 

Reflexões:

São Carlos empregou todos os emolumentos do múnus episcopal pela glória de Deus e para benefício dos pobres. Este traço característico da  sua vida, mereceu-lhe ainda mais a admiração e  gratidão dos homens, do que se tivesse despendido os bens com parêntese amigos, em construções luxuosas, em festas e vaidades,  como fizeram  representantes do mesmo estado antes e depois, de cuja memória a história guardou apenas os nomes.   Que merecimento teria são Carlos se tivesse imitado o exemplo de outros, que mau uso fizeram das riquezas?  Para quantos a fortuna material tem sido a  causadora da desgraça eterna?    Diz São Leão:  “Não só os bens espirituais,  como também os materiais, vem de Deus, de cuja administração pedirá rigorosas contas. Os bens, tanto estes  como aqueles, não são propriedades nossas, mas Deus no-los confia para que,  distribuindo-os prudentemente, não nos sirvam de ocasião para pecar e nem motivo de condenação eterna.

5 de Novembro

São Zacarias e Santa Isabel

Neste dia recordamos a vida do casal que teve na Palavra de Deus o principal testemunho de sua santidade, já que eram os pais de João Batista, o precursor de Jesus Cristo. Pelo próprio relato bíblico descobrimos que viviam na aldeia de Ain-Karim e que tinham laços de parentesco com a Sagrada Família de Nazaré.

"Havia no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Ábias; a sua mulher pertencia à descendência de Aarão e se chamava Isabel" (Lc 1, 6).

Conta-nos o evangelista São Lucas que eram anciãos e não tinham filhos, o que acabava sendo vergonhoso e quase um castigo divino para a sociedade da época. Sendo assim recorreram à força da oração, por isso conseguiram a graça que superou as expectativas. Anunciado pelo Anjo Gabriel e assistido por Nossa Senhora nasceu João Batista; um menino com papel singular na História da Salvação da humanidade: "pois ele será grande perante o Senhor...e será repleto do Espírito Santo desde o seio de sua mãe (Santa Isabel). Ele reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus" (Lc1, 15s).

Depois do Salmo profético de São Zacarias, onde ele, repleto do Espírito Santo, profetizou a missão do filho, perdemos o contato com a vida do casal, que sem dúvida permaneceram fiéis ao Senhor até o fim de suas vidas. Assim, a Igreja, tanto do Oriente quanto do Ocidente, reconhecem o exemplo deste casal para todos os casais, já que "ambos eram justos diante de Deus e cumpriram todos os mandamentos e observâncias do Senhor" (Lc 1, 6).

São Zacarias e Santa Isabel, rogai por nós!

Foto: São Zacarias e Santa Isabel
(5 de Novembro)

Neste dia recordamos a vida do casal que teve na Palavra de Deus o principal testemunho de sua santidade, já que eram os pais de João Batista, o precursor de Jesus Cristo. Pelo próprio relato bíblico descobrimos que viviam na aldeia de Ain-Karim e que tinham laços de parentesco com a Sagrada Família de Nazaré.

6 de Novembro

São Nuno de Santa Maria

Nuno Álvares Pereira nasceu em Portugal a 24 de Junho de 1360, e recebeu a educação cavalheiresca típica dos filhos das famílias nobres do seu tempo.

Aos treze anos torna-se pajem da rainha D. Leonor, tendo sido bem recebido na Corte e acabando por ser pouco depois cavaleiro. Aos dezesseis anos casa-se, por vontade de seu pai, com uma jovem e rica viúva, D. Leonor de Alvim.

Da sua união nascem três filhos, dois do sexo masculino, que morrem em tenra idade, e uma do sexo feminino, Beatriz, a qual mais tarde viria a desposar o filho do rei D. João I, D. Afonso, primeiro duque de Bragança.

Quando o rei D. Fernando I morreu a 22 de Outubro de 1383 sem ter deixado filhos varões, o seu irmão D. João, Mestre de Avis, viu-se envolvido na luta pela coroa lusitana, que lhe era disputada pelo rei de Castela por ter desposado a filha do falecido rei.

Nuno tomou o partido de D. João, o qual o nomeou Condestável, isto é, comandante supremo do exército. Nuno conduziu o exército português repetidas vezes à vitória, até se ter consagrado na batalha de Aljubarrota (14 de Agosto de 1385), a qual acaba por determinar à resolução do conflito.

Os dotes militares de Nuno eram no entanto acompanhados por uma espiritualidade sincera e profunda. O amor pela Eucaristia e pela Virgem Maria são os alicerces da sua vida interior.

O estandarte que elegeu como insígnia pessoal traz as imagens do Crucificado, de Maria e dos cavaleiros S. Tiago e S. Jorge. Fez ainda construir às suas próprias custas numerosas igrejas e mosteiros, entre os quais se contam o Carmo de Lisboa e a Igreja de S. Maria da Vitória, na Batalha.

Com a morte da esposa, em 1387, Nuno recusa contrair novas núpcias, tornando-se um modelo de pureza de vida. Quando finalmente alcançou a paz, distribui grande parte dos seus bens entre os seus companheiros, antigos combatentes, e acaba por se desfazer totalmente daqueles em 1423, quando decide entrar no convento carmelita por ele fundado, tomando então o nome de frei Nuno de Santa Maria.

Impelido pelo amor, abandona as armas e o poder para revestir-se da armadura do Espírito recomendada pela Regra do Carmo: era a opção por uma mudança radical de vida em que sela o percurso da fé autêntica que sempre o tinha norteado.

O Condestável do rei de Portugal, o comandante supremo do exército e seu guia vitorioso, o fundador e benfeitor da comunidade carmelita, ao entrar no convento recusa todos os privilégios e assume como própria a condição mais humilde, a de frade Donato, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor, de Maria — a sua terna Padroeira que sempre venerou—, e dos pobres, nos quais reconhece o rosto de Jesus.

Significativo foi o dia da morte de frei Nuno de Santa Maria, aos 71 anos de idade. Era o Domingo de Páscoa, dia 1 de Abril de 1431. Após sua morte, passou imediatamente a ser reputado de “santo” pelo povo, que desde então o começa a chamar “Santo Condestável”.

Nuno Álvares Pereira foi beatificado em 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV através do Decreto "Clementíssimus Deus" e foi consagrado o dia 6 de Novembro ao, então, beato.

O Santo Padre, Papa Bento XVI, durante o Consistório de 21 de Fevereiro de 2009 determina que o Beato Nuno seja inscrito no álbum dos Santos no dia 26 de Abril de 2009.

São Nuno de Santa Maria, rogai por nós!

Foto: São Nuno de Santa Maria
(6 de Novembro)

Nuno Álvares Pereira nasceu em Portugal a 24 de Junho de 1360, e recebeu a educação cavalheiresca típica dos filhos das famílias nobres do seu tempo. 

Aos treze anos torna-se pajem da rainha D. Leonor, tendo sido bem recebido na Corte e acabando por ser pouco depois cavaleiro. Aos dezesseis anos casa-se, por vontade de seu pai, com uma jovem e rica viúva, D. Leonor de Alvim. 

Da sua união nascem três filhos, dois do sexo masculino, que morrem em tenra idade, e uma do sexo feminino, Beatriz, a qual mais tarde viria a desposar o filho do rei D. João I, D. Afonso, primeiro duque de Bragança.

Quando o rei D. Fernando I morreu a 22 de Outubro de 1383 sem ter deixado filhos varões, o seu irmão D. João, Mestre de Avis, viu-se envolvido na luta pela coroa lusitana, que lhe era disputada pelo rei de Castela por ter desposado a filha do falecido rei. 

Nuno tomou o partido de D. João, o qual o nomeou Condestável, isto é, comandante supremo do exército. Nuno conduziu o exército português repetidas vezes à vitória, até se ter consagrado na batalha de Aljubarrota (14 de Agosto de 1385), a qual acaba por determinar à resolução do conflito.

Os dotes militares de Nuno eram no entanto acompanhados por uma espiritualidade sincera e profunda. O amor pela Eucaristia e pela Virgem Maria são os alicerces da sua vida interior. 

O estandarte que elegeu como insígnia pessoal traz as imagens do Crucificado, de Maria e dos cavaleiros S. Tiago e S. Jorge. Fez ainda construir às suas próprias custas numerosas igrejas e mosteiros, entre os quais se contam o Carmo de Lisboa e a Igreja de S. Maria da Vitória, na Batalha.

Com a morte da esposa, em 1387, Nuno recusa contrair novas núpcias, tornando-se um modelo de pureza de vida. Quando finalmente alcançou a paz, distribui grande parte dos seus bens entre os seus companheiros, antigos combatentes, e acaba por se desfazer totalmente daqueles em 1423, quando decide entrar no convento carmelita por ele fundado, tomando então o nome de frei Nuno de Santa Maria. 

Impelido pelo amor, abandona as armas e o poder para revestir-se da armadura do Espírito recomendada pela Regra do Carmo: era a opção por uma mudança radical de vida em que sela o percurso da fé autêntica que sempre o tinha norteado.

O Condestável do rei de Portugal, o comandante supremo do exército e seu guia vitorioso, o fundador e benfeitor da comunidade carmelita, ao entrar no convento recusa todos os privilégios e assume como própria a condição mais humilde, a de frade Donato, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor, de Maria — a sua terna Padroeira que sempre venerou—, e dos pobres, nos quais reconhece o rosto de Jesus.

Significativo foi o dia da morte de frei Nuno de Santa Maria, aos 71 anos de idade. Era o Domingo de Páscoa, dia 1 de Abril de 1431. Após sua morte, passou imediatamente a ser reputado de “santo” pelo povo, que desde então o começa a chamar “Santo Condestável”.

Nuno Álvares Pereira foi beatificado em 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV através do Decreto

7 de Novembro

Beato Francisco Palau

FUNDADOR DAS ORDENS:
- IRMÃS CARMELITAS MISSIONÁRIAS
- IRMÃS CARMELITAS MISSIONÁRIAS TERESIANAS


Nasceu em Espanha, Catalunha no dia 29 de Dezembro de 1811, dia em que também foi batizado. Sua família era pobre, porém, muito cristã e piedosa.

Foi Crismado em 11 de Abril de 1817 e aos 17 anos, ocasião em que ingressou no Seminário diocesano de Lérida, onde cursou por quatro anos os estudos de filosofia e teologia. Ali permaneceu até o ano de 1832, quando optou em ingressar para o Convento dos Padres Carmelitas de Barcelona. Assume o postulantado no dia 23 de outubro e, no dia 15 de novembro do ano seguinte (1833), faz a sua profissão religiosa como Carmelita Descalço. Foi ordenado Diácono em 1834 e, dois anos depois, ordenado sacerdote na catedral de Barbastro, por D. Diego Fort Puig, bispo da Diocese.

A espiritualidade e personalidade do padre Palau se caracteriza por intensas lutas, largas e penosas buscas de pacificação durante quase toda a sua vida. Empenha-se pela paz entre os homens, que na época se debatiam em lutas fraticidas; pregou a verdade, para desterrar a ignorância, causa de tantos desmandos; a liberdade, numa Espanha que, dizendo-se "liberal", perseguia implacavelmente a Igreja. Foi como carmelita e sacerdote que não só trabalhou, mas comprometeu-se radicalmente na busca de solução dos problemas de seu tempo, o que resultou-lhe sérias perseguições. Em conseqüência de suas opiniões religiosas e políticas, foi perseguido e exilado.

Durante uma pregação, na novena das almas em Cidadela, recebe uma especial inspiração sobre o Mistério da Igreja. À raiz de diversas experiências espirituais de que foi agraciado, surgem os primeiros planos fundacionais que logram estabilidade e continuidade, apoiados pela autoridade eclesiástica da Diocese de Menorca.

Foi em 1860, em Balaers, que fundou duas congregações religiosas: As Irmãs Carmelitas Missionárias e Irmãs Carmelitas Missionárias Teresianas, que encarnam seu espírito e fazem com que São Francisco Palau traga vivo hoje, para nós, seus ideais em suas filhas carmelitanas.

Era um homem totalmente entregue ao apostolado e à oração. Era dotado por Deus com dons da profecia e dos milagres e, por isto, teve de suportar várias denúncias e processos pelas numerosas curas que fazia sem ser médico.

Seu combate resoluto pela causa de Deus e da Igreja, faz lembrar a do profeta Elias, patrono da família carmelitana. Possuía um particular discernimento do papel desempenhado pelo demônio no mundo, e empenhou-se para que a Igreja ampliasse o uso do exorcismo como arma espiritual adequada às necessidades dos fiéis. Em diversas ocasiões praticou exorcismos, todas as vezes com pleno êxito. Inclusive, no ano de 1866, viajou para Roma e para lá retornou novamente ano de 1870, quando apresentou pessoalmente ao Papa e aos Padres do Concílio Vaticano I, suas questões relativas aos temas que tratavam de questões sobre a prática do exorcismo.

Buscou intensamente a solidão, mas também se lançou à muitas ações, através de diferentes meios para servir aos irmãos, com os meios que o Céu lhe sugeriu: A pregação, a catequese organizada, os exorcismos e a difusão do Evangelho e da divulgação da sã doutrina como escritor e periodista. Os apostolados mais variados, encontraram sua unidade nos ideais que mais lhe moveram: Amar e servir à Igreja, aos pobres, enfermos, crianças, jovens, às famílias, aos espiritualmente dominados pelo poder das trevas.

Sua espiritualidade, refletida plenamente nas Congregações que fundou, assim sintetizou:

Que estejamos sempre dispostos a seguir Cristo, ainda que nos custe.

Que nos entreguemos com valentia e generosidade ao serviço dos irmãos.

Que a solidão, a oração e o sacrifício, sejam a fonte do nosso apostolado.

Que o amor a Cristo, a Maria e à Igreja, polarizem nossa vida.

Francisco Palau morreu em 20 de março de 1872, aos 62 anos de idade. Foi beatificado no dia 24 de abril de 1988 pelo Papa João Paulo II.

Oração

Ó Deus, que por meio de teu Espírito, enriqueceste o Beato Francisco, presbítero, com o dom insigne da oração e da caridade apostólica; concedei-nos por sua intercessão, que a amada Igreja de Cristo, resplandecente com a beleza de Maria, a Virgem Mãe, seja mais eficaz no sacramento universal da salvação. Amén!

Foto: Beato Francisco Palau
(7 de Novembro)

FUNDADOR DAS ORDENS: 
- IRMÃS CARMELITAS MISSIONÁRIAS 
- IRMÃS CARMELITAS MISSIONÁRIAS TERESIANAS 

Nasceu em Espanha, Catalunha no dia 29 de Dezembro de 1811, dia em que também foi batizado. Sua família era  pobre, porém, muito cristã  e  piedosa.

Foi  Crismado em 11 de Abril de 1817 e aos 17 anos, ocasião em que ingressou no Seminário diocesano de Lérida, onde cursou por quatro anos os estudos de filosofia e teologia. Ali permaneceu até o ano de 1832,  quando optou em ingressar para o Convento dos Padres Carmelitas de  Barcelona.   Assume o postulantado no dia 23 de outubro e, no dia 15 de novembro do ano seguinte (1833),  faz a sua profissão religiosa como Carmelita Descalço.  Foi ordenado Diácono em 1834 e, dois anos  depois,  ordenado sacerdote na catedral de  Barbastro, por D. Diego Fort Puig, bispo da  Diocese. 

A espiritualidade e  personalidade  do padre Palau se caracteriza por intensas lutas,  largas e penosas  buscas de pacificação durante quase toda a sua vida.  Empenha-se  pela paz entre os homens, que na época se debatiam em lutas fraticidas;  pregou a verdade, para desterrar a ignorância, causa de tantos desmandos;  a  liberdade, numa Espanha que, dizendo-se

8 de Novembro

Beata Elisabete da Santíssima Trindade

Elisabete da Trindade é uma jovem carmelita descalça, cheia de vida e de entusiasmo. Ao longo dos seus 26 anos de vida, soube vivenciar o mistério da Trindade que habita no coração humano.
Elisabete nasceu em um acampamento militar, no campo de Avor, perto de Bourges, França, pois seu pai era capitão do exército francês. Desde muito cedo Elisabete mostrou ser uma criança turbulenta, muito viva, faladora, precoce e de temperamento colérico. Sua mãe conta: “ Quando tinha apenas 1 ano, já se manifestava sua natureza ardente e colérica”. Sua irmã chega mesmo a dizer que era tão violenta que os familiares a ameaçavam enviar para uma casa de correção. No entanto, sua mãe, atenta, soube modelar a fúria de Elisabete e fazer sobressair nela a ternura. E de tal maneira a ternura ganhou terreno que o maior castigo de Elisabete acontecia quando sua mãe, à noite, se despedia dela sem lhe dar um beijo. Então, Elisabete compreendia que não tinha se portado bem, e, meditando fazia exame de consciência e corrigia-se. Ainda Elisabete era uma criança quando a família se mudou para a cidade de Dijon. Aqui Elisabete, com apenas 7 anos e 2 meses, perdeu o pai tão querido que a morte lhe roubou.

O dia da primeira comunhão, a 19 de abril de 1891, foi “o grande dia” da vida de Elisabete, tinha então 10 anos, pois nascera no dia 18 de julho de 1880. Chora de alegria. Ao sair da igreja, ao descer as escadas diz à sua amiguinha Marie-Louise Hallo: “ Não tenho fome, Jesus saciou-me” ...

Estudou piano desde os 8 anos de idade no Conservatório vindo a tornar-se uma “excelente pianista” segundo a expressão do seu professor de música. Participou em concertos organizados, e, os jornais falaram do seu grande talento ainda mal a menina chegava aos pedais do piano. Entre as músicas e os festivais, entre os bailes, as férias e as diversões foram decorrendo os anos de Elisabete.

Estava perto dos catorze anos de idade quando se sentiu irresistivelmente atraída por Jesus. Escreve futuramente: “ Ia fazer catorze anos, quando um dia, durante uma ação de graças, me senti irresistivelmente inspirada a escolher Jesus como único esposo e imediatamente a Ele me liguei por um voto de virgindade. Não nos dissemos nada, mas entregamo-nos um ao outro de tal maneira que a resolução de lhe pertencer totalmente tornou-se em mim ainda mais definitiva”. Aos 18 anos sua mãe pretendeu casá-la com esplêndido noivo, mais Elisabete responde: “ o meu coração já não está livre, dei-o ao Rei do reis, já dele não posso dispor”. O desgosto da mãe foi grande. Mas foi mais amargo quando soube que Elisabete queria entrar para o Carmelo, onde tantas vezes tinham entrado e que ficava ali apenas 200 metros de sua casa. Entre lágrimas a mãe apenas consentiria na entrada do filha no Carmelo quando essa alcançasse a maioridade, aos 21 anos de idade. A rapariga vai regularmente visitar a prioresa Maria de Jesus. Ali encontra também o padre Vallée, superior dos dominicanos de Dijon, que a encoraja muito: “Elisabete espera com todo o seu coração os seus 21 anos: então poderá subir essa montanha solitária que parece um cantinho do céu”. Certo dia Elisabete declara: “ Se soubésseis tudo o que sofro ao ver minha querida mãe desolada ao aproximarem-se os meus vinte e um anos.... Ela sofre várias influências: um dia diz-me uma coisa, no dia seguinte é o contrário.... Como é doloroso fazer sofrer aqueles que amamos, mas é por Ele! Se Ele não me ajudasse, em certos momentos pergunto o que seria de mim, mas Ele está comigo, e com Ele tudo posso”. E escreve ainda:

Oh !
Depressa responderei ao teu
chamamento, dentro em pouco
serei toda sua, dentro em breve
direi adeus a tudo o que amo.
Ah !, o sacrifício já esta feito,
o meu coração está desligado de
tudo, nada lhe custa fazer por
Ti.
Mas há um sacrifício doloroso
ao meu coração,
um sacrifício para o qual Te
peço para me ajudares:
é a minha mãe, a minha irmã.
Estou feliz por ter um
verdadeiro sacrifício para Te
oferecer.
Porque Tu, cumulaste-me de
presentes e eu, que tenho para
te trazer ?
Tão pouca coisa e esse pouco,
é ainda um dos teus dons.
Ah ! Pelo menos ofereço-te um
coração que a nada mais
aspira senão a partilhar os Teus
sofrimentos, um coração que só
vive para Ti, que só te quer a Ti
que há tantos anos só aspira a
ser Teu...

No dia 2 de agosto de 1901, Elisabete entra definitivamente nessa bela montanha do Carmo que pela sua solidão e beleza atrai irresistivelmente. A partir de então o seu nome será Irmã Elisabete da Santíssima Trindade. “ Gosto tanto do mistério da Santíssima Trindade ! É um abismo no qual me perco. Deus em mim, eu n´Ele. É o grande sonho da minha vida. Para uma carmelita viver é estar em comunhão com Deus desde a manhã até à noite, e desde a noite até de manhã. Se Deus não enchesse as nossas celas e os nossos claustros, oh!, como tudo seria vazio ! Mas é Ele que enche toda a nossa vida fazendo dela um céu antecipado”.

A irmã Elisabete tomou o hábito a 8 de Dezembro de 1901. Iniciada a vida de noviciado a paz e a felicidade mudou-se em noite escura. No decurso do ano de 1902, o sofrimento interior visita Elisabete. Está numa grande neblina. Há dias de confusão e, em certas horas a angústia e a tempestade. Mas ela ama o Crucificado ressuscitado e entrega-se a Ele cegamente. Foi o momento da purificação interior. Os seus escritos relatam a felicidade de acreditar no seu amor e de O seguir. A sua noite ilumina-se com as claridades da fé e da confiança, como ela explica nesse mesmo ano à senhora de Sourdon: “O abandono, eis o que nos entrega a Deus. Sou muito nova, mas parece-me que algumas vezes sofri bastante. Oh ! Então quando tudo se obscurecia, quando o presente era tão doloroso e o futuro me aparecia ainda mais sombrio, fechava os olhos e abandonava-me como uma criança nos braços desse Pai que está nos céus...” Com a profissão religiosa, que fez a 11 de janeiro de 1903, recobrou a paz e a serenidade interior. Depressa a Irmã Elisabete descobriu a sua vocação. Lendo São Paulo descobriu que ela devia ser o “louvor da glória de Deus”. Esta idéia e esta vocação serão o rumo e o norte de Elisabete da Santíssima Trindade: “louvor e glória” é uma alma que mora em Deus e o ama com amor puro, amante do silêncio qual lira mantida sobre o toque misterioso do Espírito Santo, fazendo sair de si harmonias divinas”.

“Louvor e glória” é uma alma que contempla a Deus em fé simples e permanece como um eco perene do eterno cântico celeste. O segredo da felicidade é não se preocupar consigo mesmo, é negar-se em todo o momento”.

Seguindo o caminho que é Cristo a Irmã Elisabete entrou no mistério de Deus através de Maria a quem gosta de chamar a Porta do céu. Seguindo a nossos pais e mestres Teresa de Jesus e, sobretudo João da Cruz, de quem constantemente fala nos seus escritos, Elisabete mergulha no mistério das Três Pessoas Divinas, nesse Oceano sem fundo que é a Santíssima Trindade e que ela sente envolve-la por dentro e por fora. Tal como São João da Cruz se sentiu fascinado pela formosura de Deus, também Elisabete da Trindade se sente atraída pela beleza de Deus. Elisabete gostava de ver o sol penetrar nos claustros e recordar aquela comparação de Santa Teresa: “ Santa Teresa diz que a alma é como um cristal no qual se reflete a Divindade. Gosto tanto desta comparação e, quando vejo o sol invadir os nossos claustros com os seus raios, penso que Deus invade a alma que O procura !” A nossa irmã deixou-nos escrito acerca do tempo depois da sua profissão: “ cada dia da minha vida de esposa me parece mais belo, mais luminosos, mais envolto em paz e amor”.

Mas foi a vivência total daquela frase de São João da Cruz: “ a alma perfeita e unida a Deus em tudo encontra alegria e motivo de deleite até naquilo que entristece os outros, e sobretudo alegra-se na cruz” que levou a Irmã Elisabete a perder-se em Deus como uma gota de água no Oceano, segundo a sua própria expressão. Foi perfeito louvor da glória de Deus, por isso, apenas com 26 anos se encontrava preparada para voar para a paz: “ tudo é calma, tudo fica tranqüilo e é tão bom, a paz do Senhor”.

Nos fins de março de 1906, a Irmã foi colocada na enfermaria. Sentia-se feliz por morrer carmelita. As Irmãs rezavam pela sua cura e Elisabete juntou o seu pedido às orações da comunidade, mas sentiu que Jesus lhe dizia que os ofícios da terra já não eram para ela.

No final de outubro de 1906 Elisabete escreve:

No declinar da vida só resta o amor
À luz da eternidade, a alma vê as coisas na sua verdadeira imagem;
Oh, como tudo é inútil, o que não foi feito por Deus e com Deus !
Peço-vos, oh, marcai tudo com o selo do amor !
Só isso resta.
Porque a vida é uma coisa muito séria: cada minuto nos é dado
para nos “enraizarmos” mais em Deus, segundo a expressão de
São Paulo, para que a semelhança com o nosso divino Modelo seja
mais viva, a união mais íntima.
Mas para realizar esse plano que é do próprio Deus,
eis o segredo: esquecermo-nos de nós, abandonarmo-nos, não
nos importarmos conosco, olhar o Mestre, olhar apenas para Ele,
receber igualmente como vindos diretamente do seu amor,
a alegria ou a dor; Isso estabelece a alma numas regiões tão serenas !...
Deixo-vos a minha fé na presença de Deus, do Deus todo amor
que habita nas almas.
Confio-vo-lo: é essa intimidade com Ele “cá dentro”,
que foi o belo sol irradiante da minha vida, sendo como que um
Céu antecipado; é o que me ajuda hoje no sofrimento.
Não tenho medo da minha fraqueza, é ela que me dá confiança,
porque o Forte está em mim e a sua virtude é poderosa;
ela opera, diz o Apóstolo, além do que podemos esperar !

No dia 1 de novembro comungou pela última vez e dois dias antes da sua morte disse ao seu médico: “é provável que dentro de dois dias esteja no seio da Santíssima Trindade. É a Virgem Maria, aquele ser tão luminoso, tão puro, com a pureza do mesmo Deus, quem me levará pela mão e me introduzirá no céu tão deslumbrante”.

Alguns dias antes de sua morte, Elisabete disse às sua Irmãs esta frase tão bela e que ficou célebre: “ Tudo passa ! No declinar da vida só o amor nos resta...” Frase que se parece com aquela outra de São João da Cruz, também muito bela e conhecida: “à tarde serás examinado no amor”. A sua última noite foi terrivelmente penosa, pois às suas horríveis dores juntou-se-lhe também a falta de ar, mas ao amanhecer Elisabete sossegou, e inclinando a cabeça abriu os olhos, e exclamou: “vou para a Luz, para o Amor, para a Vida”, e adormeceu para sempre. Era a madrugada do dia 9 de novembro de 1906.

Parece-me que no Céu
a minha missão será atrair as almas
ajudando-as a sair de si
para se unirem a Deus
por um movimento bem simples e amoroso
e a guardá-las
nesse grande silêncio interior
que permite a Deus
imprimir-se nelas
transformando-as em si

28 de outubro de 1906.

Oração

Ó Deus, rico em misericórdia, que revelastes à Irmã Elisabete da Santíssima Trindade o mistério da vossa presença na alma dos justos e fizestes dela uma adoradora em espírito e verdade, concedei-nos por sua intercessão que, permanecendo no amor de Cristo, mereçamos ser transformados em templos vivos do Espírito Santo de amor, para louvor e glória infinita. Amén!

Foto: Beata Elisabete da Santíssima Trindade
(8 de Novembro)

Elisabete da Trindade é uma jovem carmelita descalça, cheia de vida e de entusiasmo. Ao longo dos seus 26 anos de vida, soube vivenciar o mistério da Trindade que habita no coração humano.
Elisabete nasceu em um acampamento militar, no campo de Avor, perto de Bourges, França, pois seu pai era capitão do exército francês. Desde muito cedo Elisabete mostrou ser uma criança turbulenta, muito viva, faladora, precoce e de temperamento colérico. Sua mãe conta: “ Quando tinha apenas 1 ano, já se manifestava  sua natureza ardente e colérica”. Sua irmã chega mesmo a dizer que era tão violenta que os familiares a ameaçavam enviar para uma casa de correção. No entanto, sua mãe, atenta, soube modelar a fúria de Elisabete e fazer sobressair nela a ternura. E de tal  maneira a ternura ganhou terreno que o maior castigo de Elisabete acontecia quando sua mãe, à noite, se despedia dela sem lhe dar um beijo. Então, Elisabete compreendia que não tinha se portado bem, e, meditando fazia exame de consciência e corrigia-se. Ainda Elisabete era uma criança quando a família se mudou para a cidade de Dijon. Aqui Elisabete, com apenas 7 anos e 2 meses, perdeu o pai tão querido que a morte lhe roubou.

O dia da primeira comunhão, a 19 de abril de 1891, foi “o grande dia” da vida de Elisabete, tinha então 10 anos, pois nascera no dia 18 de julho de 1880.  Chora de alegria. Ao sair da igreja, ao descer as escadas diz à sua amiguinha Marie-Louise Hallo: “ Não tenho fome, Jesus saciou-me” ...

Estudou piano desde os 8 anos de idade no Conservatório vindo a tornar-se uma “excelente pianista” segundo a expressão do seu professor de música. Participou em concertos organizados, e, os jornais falaram do seu grande talento ainda mal a menina chegava aos pedais do piano. Entre as músicas e os festivais, entre os bailes, as férias e as diversões foram decorrendo os anos de Elisabete.

Estava perto dos  catorze anos de idade quando se sentiu  irresistivelmente atraída por Jesus. Escreve futuramente: “ Ia fazer catorze anos, quando um dia, durante uma ação de graças, me senti irresistivelmente inspirada a escolher Jesus como único esposo e imediatamente a Ele me liguei por um voto de virgindade. Não nos dissemos nada, mas entregamo-nos um ao outro de tal maneira que a resolução de lhe pertencer totalmente tornou-se em mim ainda mais definitiva”.  Aos 18 anos sua mãe pretendeu casá-la  com esplêndido noivo, mais Elisabete responde: “ o meu coração já não está livre, dei-o ao Rei do reis, já dele não posso dispor”. O desgosto da mãe foi grande.  Mas foi mais  amargo quando soube que Elisabete queria entrar para o Carmelo, onde tantas vezes  tinham entrado e que ficava ali apenas 200 metros de sua casa. Entre lágrimas a  mãe apenas consentiria na entrada do filha no Carmelo quando essa alcançasse a maioridade, aos 21 anos de idade.   A rapariga vai regularmente visitar a prioresa Maria de Jesus. Ali encontra também o padre Vallée, superior dos dominicanos de Dijon, que a encoraja muito:  “Elisabete espera com todo o seu coração os seus 21 anos: então poderá subir essa montanha solitária que parece um cantinho do céu”.  Certo dia Elisabete declara: “ Se soubésseis tudo o que sofro ao ver minha querida mãe desolada ao aproximarem-se os meus vinte e um anos.... Ela sofre várias influências: um dia diz-me uma coisa, no dia seguinte é o contrário.... Como é doloroso fazer sofrer aqueles que amamos, mas é por Ele! Se Ele não me ajudasse, em certos momentos pergunto o que seria de mim, mas Ele está comigo, e com Ele tudo posso”. E escreve ainda:

Oh !
Depressa responderei ao teu
chamamento, dentro em pouco
serei toda sua, dentro em breve
direi adeus a tudo o que amo.
Ah !, o sacrifício já esta feito,
 o meu coração está desligado de
tudo, nada lhe custa fazer por
Ti.
Mas há um sacrifício doloroso
ao meu coração,
um sacrifício para o qual Te
peço para me ajudares:
é a minha mãe, a minha irmã.
Estou feliz por ter um
verdadeiro sacrifício para Te
oferecer.
Porque Tu, cumulaste-me de
presentes e eu, que tenho para
te trazer ?
Tão pouca coisa e esse pouco,
é ainda um dos teus dons.
Ah ! Pelo menos ofereço-te um
coração  que a nada mais
aspira senão a partilhar os Teus
sofrimentos, um coração que só
vive para Ti, que só te quer a Ti
que há tantos anos só aspira a
ser Teu...

No dia 2 de agosto de 1901, Elisabete entra definitivamente nessa bela montanha do Carmo que pela sua solidão e beleza atrai irresistivelmente. A partir de então o seu nome será Irmã Elisabete da Santíssima Trindade. “ Gosto tanto do mistério da Santíssima Trindade ! É um abismo no qual me perco. Deus em mim, eu n´Ele. É o grande sonho da minha vida. Para uma carmelita viver é estar em comunhão com Deus desde a manhã até à noite, e desde a noite até de manhã. Se Deus não enchesse as nossas celas e os nossos claustros, oh!, como tudo seria vazio ! Mas é Ele que enche toda a nossa vida fazendo dela um céu antecipado”.

A irmã Elisabete tomou o hábito a 8 de Dezembro de 1901. Iniciada a vida de noviciado a paz e a felicidade mudou-se em noite escura. No decurso do ano de 1902, o sofrimento interior visita Elisabete. Está numa grande neblina. Há dias de confusão e, em certas horas a angústia e a tempestade. Mas ela ama o Crucificado ressuscitado e entrega-se a Ele cegamente.  Foi o momento da purificação interior. Os seus escritos relatam a felicidade de acreditar no seu amor e de O seguir. A sua noite ilumina-se com as claridades da fé e da confiança, como ela explica nesse mesmo ano à senhora de Sourdon: “O abandono, eis o que nos entrega a Deus. Sou muito nova, mas parece-me que algumas vezes sofri bastante. Oh ! Então quando tudo se obscurecia, quando o presente era tão doloroso e o futuro me aparecia ainda mais sombrio, fechava os olhos e abandonava-me como uma  criança nos braços desse Pai que está nos céus...”  Com a profissão religiosa, que fez a 11 de janeiro de 1903, recobrou a paz e a serenidade interior. Depressa a Irmã Elisabete descobriu a sua vocação. Lendo São Paulo descobriu que ela devia ser o “louvor da glória de Deus”. Esta idéia e esta vocação serão o rumo e o norte de Elisabete da Santíssima Trindade: “louvor e glória” é uma alma que mora em Deus e o ama com amor puro, amante do silêncio qual lira mantida sobre o toque misterioso do Espírito Santo, fazendo sair de si harmonias divinas”.

 “Louvor e glória” é  uma alma que contempla a Deus em fé simples e permanece como um eco perene do eterno cântico celeste. O segredo da felicidade é não se preocupar consigo mesmo, é negar-se em todo o momento”.

Seguindo o caminho que é Cristo a Irmã Elisabete entrou no mistério de Deus através de Maria a  quem gosta de chamar a Porta do céu. Seguindo a  nossos pais e mestres Teresa de Jesus e,  sobretudo João  da Cruz, de quem constantemente fala nos seus escritos, Elisabete mergulha no mistério das Três Pessoas Divinas, nesse Oceano sem fundo que é a Santíssima Trindade e que ela sente envolve-la por dentro e por fora. Tal como São João da Cruz se sentiu fascinado pela formosura de Deus, também Elisabete da Trindade se sente atraída pela beleza de Deus. Elisabete gostava de ver o sol penetrar nos claustros e recordar aquela comparação de Santa Teresa: “ Santa Teresa diz que a alma é como um cristal no qual se reflete a Divindade. Gosto tanto desta comparação e, quando vejo o sol invadir os nossos claustros com os seus raios, penso que Deus invade a alma que O procura !”  A nossa irmã deixou-nos escrito acerca do tempo depois da sua profissão: “ cada dia da minha vida de esposa me parece mais belo, mais luminosos, mais envolto em paz e amor”.

Mas foi a vivência total daquela frase de São João da Cruz: “ a alma perfeita e unida a Deus em tudo encontra alegria e motivo de deleite até naquilo que entristece os outros, e sobretudo alegra-se na cruz” que levou a Irmã Elisabete a perder-se em Deus como uma gota de água no Oceano, segundo a sua própria expressão. Foi perfeito louvor da glória de Deus, por isso, apenas com 26 anos se encontrava preparada para voar para a paz: “ tudo é calma, tudo fica tranqüilo e é tão bom, a paz do Senhor”.

Nos fins de março de 1906, a Irmã foi colocada na enfermaria. Sentia-se feliz por morrer carmelita.  As Irmãs rezavam pela sua cura e Elisabete juntou o seu pedido às orações da comunidade, mas sentiu que Jesus lhe dizia que os ofícios da terra já não eram para ela.

No final de outubro de 1906 Elisabete escreve:

No declinar da vida só resta o amor
À luz da eternidade, a alma vê as coisas na sua verdadeira imagem;
Oh, como tudo é inútil, o que não foi feito por Deus e com Deus !
Peço-vos, oh, marcai tudo com o selo do amor !
Só isso resta.
Porque a vida é uma coisa muito séria: cada minuto nos é dado
para nos “enraizarmos” mais em Deus, segundo a expressão de
São Paulo, para que a semelhança com o nosso divino Modelo seja
mais  viva, a união mais íntima.
Mas para realizar esse plano que é do próprio Deus,
eis o segredo:  esquecermo-nos de nós, abandonarmo-nos, não
nos importarmos conosco, olhar o Mestre, olhar apenas para Ele,
receber igualmente como vindos diretamente do seu amor,
a alegria ou a dor; Isso estabelece a alma numas regiões tão serenas !...
Deixo-vos a minha fé na presença de Deus, do Deus todo amor
que habita  nas almas.
Confio-vo-lo: é essa intimidade com Ele “cá dentro”,
que foi o belo sol irradiante da minha vida, sendo como que um
Céu antecipado; é o que me ajuda hoje no sofrimento.
Não tenho medo da minha fraqueza, é ela que me dá confiança,
porque o Forte está em mim e a sua virtude é poderosa;
ela opera, diz o Apóstolo, além do que podemos esperar !
 
No dia 1 de novembro comungou pela última vez e dois dias antes da sua morte disse ao seu médico: “é provável que dentro de dois dias esteja no seio da Santíssima Trindade. É a Virgem Maria, aquele ser tão luminoso, tão puro, com a pureza do mesmo Deus, quem me levará pela mão e me introduzirá no céu tão deslumbrante”.

Alguns dias antes de sua morte, Elisabete disse às sua Irmãs esta frase tão bela e que ficou célebre: “ Tudo passa ! No declinar da vida só o amor nos resta...”   Frase que se parece com aquela outra de São João da Cruz, também muito bela e conhecida: “à tarde serás examinado no amor”. A sua última noite foi terrivelmente penosa, pois às suas horríveis dores juntou-se-lhe também a falta de ar, mas ao amanhecer Elisabete sossegou, e inclinando a cabeça abriu os olhos, e exclamou: “vou para a Luz, para o Amor, para a Vida”, e adormeceu para sempre. Era a madrugada do dia 9 de novembro de 1906.

Parece-me que  no Céu
a minha missão será atrair as almas
ajudando-as a sair de si 
para se unirem a Deus
por um movimento bem simples e amoroso
e a guardá-las
nesse grande silêncio interior
que permite a Deus
imprimir-se nelas
transformando-as em si

28 de outubro de 1906.

Oração

Ó Deus, rico em misericórdia, que revelastes à Irmã Elisabete da Santíssima Trindade o mistério da vossa presença na alma dos justos e fizestes dela uma adoradora em espírito e verdade, concedei-nos por sua intercessão que, permanecendo no amor de Cristo, mereçamos ser transformados em templos vivos do Espírito Santo de amor, para louvor e glória infinita. Amém.

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São Deodato

O santo de hoje, cujo nome significa "dado por Deus", foi por quarenta anos Padre em Roma antes de suceder ao Papa Bonifácio IV a 19 de outubro de 615. Em Roma, o Papa não era somente o Bispo e o Pai espiritual, mas também o guia civil, o juiz, o supremo magistrado, a garantia da ordem. Com a morte de cada pontífice, os romanos se sentiam privados de proteção, expostos às invasões dos bárbaros nórdicos ou às reivindicações do império do Oriente. A teoria dos dois únicos, Papa e imperador, que deviam governar unidos o mundo cristão, não encontrava grandes adesões em Constantinopla.

O Papa Deodato, entretanto, buscou o diálogo junto ao imperador intercedendo pelas necessidades de seu povo e, apesar do imperador mostrar-se pouco solícito para o bem do povo, enviou o exarca Eleutério para acabar com as revoltas de Ravena e de Nápoles. Foi a única vez que o Papa Deodato, ocupado em aliviar os desconfortos da população da cidade, nas calamidades acima referidas, teve um contato, se bem que indireto, com o imperador.

Foi inserido no Martirológio Romano, um episódio que revalidaria a fama de santidade que circundava este pontífice que guiou os cristãos em épocas tão difíceis: durante uma das suas frequentes visitas aos doentes, os mais abandonados, os que era atingidos pela lepra, teria curado um desses infelizes, após havê-lo amavelmente abraçado e beijado.

São Deodato morreu em novembro do ano 618, amado e chorado pelos romanos que tiveram a oportunidade de apreciar seu bom coração durante as grandes calamidades que se abateram sobre Roma nos seus três anos de Pontificado (inclusive um terremoto, que deu golpe de graça aos edifícios de mármore dos Foros, já devastados por sucessivas invasões bárbaras e horríveis epidemia).

São Deodato, rogai por nós!

Foto: São Deodato
(8 de Novembro)

O santo de hoje, cujo nome significa

9 de Novembro

Dedicação da Basília de Latrão

Celebramos nesta sexta-feira a Dedicação da Sacrossanta Basílica do Latrão. O que é a Basílica do Latrão? É a Sé Catedral da cidade de Roma, que foi construída entre os anos de 314 e 335 e fundada pelo Papa Melquíades na propriedade oferecida e doada para esse fim pelo imperador Constantino, ao lado do Palácio Lateranense. Mas, porque se chama Basílica do Latrão? Porque esta Basílica foi construída no terreno “dei Laterani”, ou seja, da família proprietária da chácara, herdada pela mulher de Constantino, o Imperador Romano, que a doou ao Papa.

Esta Basílica tem um significado muito especial para a cristandade: lá foram celebrados os cinco Concílios Ecumênicos. Diz a tradição da Santa Igreja que o aniversário de sua dedicação, celebrado originalmente só em Roma, comemora-se em todas as comunidades do rito romano com a finalidade maior de enaltecer o ministério petrino do Sumo Pontífice que de sua Basílica Patriarcal preside na caridade a única Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo que congrega, por seu gesto primacial, todas as Igrejas de todo o orbe. A Basílica de Latrão, portanto, é a Mãe de todas as Igrejas de todo o mundo católico.

Até a construção do Vaticano o Santo Padre morava no Palácio Lateranense que é anexo a Basílica de mesmo nome. Portanto a Basílica do Latrão é a Catedral do Papa em Roma, é a Igreja que é a Mãe e cabeça de todas as Igrejas.

A Basílica do Latrão tem como padroeiro principal o Santíssimo Salvador. Tem como dois co-patronos, São João Batista, celebrado a 24 de junho e São João Evangelista, celebrado a 27 de dezembro. Dois homens que caminharam nas estradas da salvação. João Batista, o precursor, aquele que preparou os caminhos para Jesus anunciando que Outro viria batizar com o Espírito Santo, porque ele batizava com água. São João Evangelista, o apóstolo bem amado, o último apóstolo a morrer e com a sua morte se considera fechada às portas das revelações e dos ensinamentos bíblicos do Novo Testamento. Por isso mesmo o povo de Roma conhece a Basílica celebrada hoje como a Basílica de “São João do Latrão”.

DEO OPTIMO MÁXIMO, ou seja, A DEUS OTIMO E MÁXIMO celebramos a festa de hoje. Dedicada a Deus ótimo e máximo a Basílica de Latrão quer interpelar em cada um de nós um compromisso evangelizador renovado de profundo amor e seguimento a Nosso Senhor e Divino Salvador Jesus Cristo e a Sua Igreja. Não há Igreja no mundo que não seja dedicada a DEUS O SALVADOR. Todas as Igrejas, evidentemente são dedicadas a um Santo ou a uma Santa que viveram a radicalidade do Evangelho e servem-se como luzeiros na nossa caminhada de fé e de esperança cristã. Mas, estes santos viveram a sua vida, dedicaram a sua vida a DEUS ÓTIMO E MÁXIMO.

Todos nós participamos a cada domingo da celebração da liturgia eucarística que, via de regra, é celebrada dentro de uma Catedral, de uma Basílica, de uma Matriz, de uma Capela Filial, de um Oratório, de um Orago, de um centro comunitário, de uma praça ou no próprio logradouro público. A Igreja, esta Igreja como templo em que estamos dentro é o edifício pelo qual todos nós nos reunimos para adorar a DEUS ÓTIMO E MÁXIMO, ao Divino Salvador.

Mas, graças a Deus, a Igreja transcende o templo de pedra. A Igreja é a comunidade viva de fiéis, é a reunião de todos os batizados que vem adorar ao Deus Salvador. Assim nos ensinou o Concílio Vaticano II: “A Igreja não se acha deveras consolidada, não vive plenamente, não é um perfeito sinal de Cristo entre os homens, se aí não existe um laicato de verdadeira expressão que trabalhe com a hierarquia. Porque o Evangelho não pode ser fixado na índole, na vida e no trabalho dum povo, sem a ativa presença dos leigos”(Cf. Decreto “Ad Gentes” n. 21). Continua o Concílio Ecumênico Vaticano II: “O principal dever dos homens e das mulheres é dar testemunho de Cristo pelo exemplo e pela palavra, na família, no seu ambiente social e no âmbito da profissão”(idem).

Vivemos todos dentro da grande comunidade de fiéis chamada Igreja ou “Ecclesía”, o que significa, assembléia ou comunidade de fiéis, comunidade do povo de Deus peregrino. São Paulo nos ensinou que a comunidade cristã é o templo de Deus, onde quer que esteja ou se que se reúna para o louvor do Deus Altíssimo e Onipotente. Todos os fiéis que fazem parte do corpo místico de Cristo constituem a comunidade orante, a comunidade militante e a comunidade padecente que formam a grande Igreja, Jerusalém celeste conforme celebramos há cinco dias a Solenidade de Todos os Santos e Santas de Deus. O próprio fiel, pelo Batismo, é templo e morada do Espírito Santo. Todos nós somos membros da pedra viva, o “Corpo de Cristo”.

Assim, rezemos, pois, elevando nossos pensamentos ao Senhor da Vida para que a Igreja que peregrina no mundo, a partir do primado da Caridade de Bento XVI, que da Catedral Lateranense a todos abençõe a congrega na unidade, para que possamos todos cantar as alegrias eternas neste vale de lágrimas, aonde a justiça, a paz, a concórdia, a misericórdia e a acolhida fraternal sejam a nota de júbilo e louvor ao DEUS ÓTIMO E MÁXIMO que se consagra a Basílica do Latrão e que, diuturnamente, se consagra à vida de cada um dos cristãos. Amén!

Foto: Dedicação da Basília de Latrão
(9 de novembro)

Celebramos nesta sexta-feira a Dedicação da Sacrossanta Basílica do Latrão. O que é a Basílica do Latrão? É a Sé Catedral da cidade de Roma, que foi construída entre os anos de 314 e 335 e fundada pelo Papa Melquíades na propriedade oferecida e doada para esse fim pelo imperador Constantino, ao lado do Palácio Lateranense. Mas, porque se chama Basílica do Latrão? Porque esta Basílica foi construída no terreno “dei Laterani”, ou seja, da família proprietária da chácara, herdada pela mulher de Constantino, o Imperador Romano, que a doou ao Papa. 

Esta Basílica tem um significado muito especial para a cristandade: lá foram celebrados os cinco Concílios Ecumênicos. Diz a tradição da Santa Igreja que o aniversário de sua dedicação, celebrado originalmente só em Roma, comemora-se em todas as comunidades do rito romano com a finalidade maior de enaltecer o ministério petrino do Sumo Pontífice que de sua Basílica Patriarcal preside na caridade a única Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo que congrega, por seu gesto primacial, todas as Igrejas de todo o orbe. A Basílica de Latrão, portanto, é a Mãe de todas as Igrejas de todo o mundo católico.

Até a construção do Vaticano o Santo Padre morava no Palácio Lateranense que é anexo a Basílica de mesmo nome. Portanto a Basílica do Latrão é a Catedral do Papa em Roma, é a Igreja que é a Mãe e cabeça de todas as Igrejas.  

A Basílica do Latrão tem como padroeiro principal o Santíssimo Salvador. Tem como dois co-patronos, São João Batista, celebrado a 24 de junho e São João Evangelista, celebrado a 27 de dezembro. Dois homens que caminharam nas estradas da salvação. João Batista, o precursor, aquele que preparou os caminhos para Jesus anunciando que Outro viria batizar com o Espírito Santo, porque ele batizava com água. São João Evangelista, o apóstolo bem amado, o último apóstolo a morrer e com a sua morte se considera fechada às portas das revelações e dos ensinamentos bíblicos do Novo Testamento. Por isso mesmo o povo de Roma conhece a Basílica celebrada hoje como a Basílica de “São João do Latrão”.

DEO OPTIMO MÁXIMO, ou seja, A DEUS OTIMO E MÁXIMO celebramos a festa de hoje. Dedicada a Deus ótimo e máximo a Basílica de Latrão quer interpelar em cada um de nós um compromisso evangelizador renovado de profundo amor e seguimento a Nosso Senhor e Divino Salvador Jesus Cristo e a Sua Igreja. Não há Igreja no mundo que não seja dedicada a DEUS O SALVADOR. Todas as Igrejas, evidentemente são dedicadas a um Santo ou a uma Santa que viveram a radicalidade do Evangelho e servem-se como luzeiros na nossa caminhada de fé e de esperança cristã. Mas, estes santos viveram a sua vida, dedicaram a sua vida a DEUS ÓTIMO E MÁXIMO.

Todos nós participamos a cada domingo da celebração da liturgia eucarística que, via de regra, é celebrada dentro de uma Catedral, de uma Basílica, de uma Matriz, de uma Capela Filial, de um Oratório, de um Orago, de um centro comunitário, de uma praça ou no próprio logradouro público. A Igreja, esta Igreja como templo em que estamos dentro é o edifício pelo qual todos nós nos reunimos para adorar a DEUS ÓTIMO E MÁXIMO, ao Divino Salvador. 

Mas, graças a Deus, a Igreja transcende o templo de pedra. A Igreja é a comunidade viva de fiéis, é a reunião de todos os batizados que vem adorar ao Deus Salvador. Assim nos ensinou o Concílio Vaticano II: “A Igreja não se acha deveras consolidada, não vive plenamente, não é um perfeito sinal de Cristo entre os homens, se aí não existe um laicato de verdadeira expressão que trabalhe com a hierarquia. Porque o Evangelho não pode ser fixado na índole, na vida e no trabalho dum povo, sem a ativa presença dos leigos”(Cf. Decreto “Ad Gentes” n. 21). Continua o Concílio Ecumênico Vaticano II: “O principal dever dos homens e das mulheres é dar testemunho de Cristo pelo exemplo e pela palavra, na família, no seu ambiente social e no âmbito da profissão”(idem).

Vivemos todos dentro da grande comunidade de fiéis chamada Igreja ou “Ecclesía”, o que significa, assembléia ou comunidade de fiéis, comunidade do povo de Deus peregrino. São Paulo nos ensinou que a comunidade cristã é o templo de Deus, onde quer que esteja ou se que se reúna para o louvor do Deus Altíssimo e Onipotente. Todos os fiéis que fazem parte do corpo místico de Cristo constituem a comunidade orante, a comunidade militante e a comunidade padecente que formam a grande Igreja, Jerusalém celeste conforme celebramos há cinco dias a Solenidade de Todos os Santos e Santas de Deus. O próprio fiel, pelo Batismo, é templo e morada do Espírito Santo. Todos nós somos membros da pedra viva, o “Corpo de Cristo”.

Assim, rezemos, pois, elevando nossos pensamentos ao Senhor da Vida para que a Igreja que peregrina no mundo, a partir do primado da Caridade de Bento XVI, que da Catedral Lateranense a todos abençõe a congrega na unidade, para que possamos todos cantar as alegrias eternas neste vale de lágrimas, aonde a justiça, a paz, a concórdia, a misericórdia e a acolhida fraternal sejam a nota de júbilo e louvor ao DEUS ÓTIMO E MÁXIMO que se consagra a Basílica do Latrão e que, diuturnamente, se consagra à vida de cada um dos cristãos. Amém!

10 de Novembro

São Leão Magno

O santo de hoje mostrou-se digno de receber o título de "Magno", que significa Grande, isto porque é considerado um dos maiores Papas da história da Igreja, grande no trabalho e na santidade. São Leão Magno nasceu em Toscana (Itália) no ano de 395 e depois de entrar jovem no seminário, serviu a diocese num sacerdócio santo e prestativo.

Ao ser eleito Papa, em 440, teve que evangelizar e governar a Igreja numa época brusca do Império Romano, pois já sofria com as heresias e invasões dos povos bárbaros, com suas violentas invasões. São Leão enfrentou e condenou o veneno de várias mentiras doutrinais, porém, combateu com intenso fervor o monofisismo que defendia, mentirosamente, ter Jesus Cristo uma só natureza e não a Divina e a humana em uma só pessoa como é a verdade. O Concílio de Calcedônia foi o triunfo da doutrina e da autoridade do grande Pontífice. Os 500 Bispos que o Imperador convocara, para resolverem sobra a questão do monofisismo, limitaram-se a ler a carta papal, exclamando ao mesmo tempo: "Roma falou por meio de Leão, a causa está decidida; causa finita est".

Quanto à dimensão social, Leão foi crescendo, já que com a vitória dos desordeiros bárbaros sobre as forças do Império Romano, a última esperança era o eloquente e santo Doutor da Igreja, que conseguiu salvar da destruição, a Itália, Roma e muitas pessoas. Átila ultrapassara os Alpes e entrara na Itália. O Imperador fugia e os generais romanos escondiam-se. O Papa era a única força capaz de impedir a ruína universal. São Leão sai ao encontro do conquistador bárbaro, acampado às portas de Mântua. É certo que o bárbaro abrandou-se ao ver diante de si, em atitude de suplicante, o Pontífice dos cristãos e retrocedeu com todo o seu exército.

Dentre tantas riquezas em obras e escritos, São Leão Magno deixou-nos este grito: "Toma consciência, ó cristão da tua dignidade, já que participas da natureza Divina".

Entrou no Céu no ano de 461.

São Leão Magno, rogai por nós!

Foto: São Leão Magno
(10 de Novembro)

O santo de hoje mostrou-se digno de receber o título de

11 de Novembro

São Martinho de Tours

Hoje celebramos a memória do Bispo São Martinho, que tornou-se intercessor e modelo de apostolado para todos nós.

Nasceu em 316 na Panônia (atual Hungria), numa família pagã que da parte do pai (oficial do exército romano) fez de Martinho um militar, enquanto o Pai do Céu o estava fazendo cristão, já que começou a fazer o Catecumenato.

Certa vez quando militar, mas ainda não batizado, Martinho partiu em duas partes seu manto para dá-lo a um pobre, e assim Jesus aparece-lhe durante a noite e disse-lhe: "Martinho, principiante na fé, cobriu-me com este manto". Então este homem de Deus foi batizado e abandonou a vida militar para viver intensamente a vida religiosa e as inspirações do Espírito Santo para sua vida.

Com a direção e ajuda do Bispo Hilário, Martinho tornou-se monge, Diácono, fundador do primeiro mosteiro na França e depois sacerdote que formava os seus "filhos" para a contemplação e ao mesmo tempo para a missão de evangelizar os pagãos; diferenciando-se com isso dos mosteiros do Oriente.

Por ser fiel no pouco, São Martinho recebeu o mais, que veio com a sua Ordenação para Bispo em Tours. Isto não o impediu de fundar ainda muitos outros mosteiros a fim de melhor evangelizar sua Diocese. Entrou no Céu em 397.

São Martinho de Tours, rogai por nós!

Foto: São Martinho de Tours
(11 de Novembro)

Hoje celebramos a memória do Bispo São Martinho, que tornou-se intercessor e modelo de apostolado para todos nós. 

Nasceu em 316 na Panônia (atual Hungria), numa família pagã que da parte do pai (oficial do exército romano) fez de Martinho um militar, enquanto o Pai do Céu o estava fazendo cristão, já que começou a fazer o Catecumenato. 

Certa vez quando militar, mas ainda não batizado, Martinho partiu em duas partes seu manto para dá-lo a um pobre, e assim Jesus aparece-lhe durante a noite e disse-lhe:

12 de Novembro

São Josafá

Hoje celebramos a memória do santo Bispo que derramou o seu sangue por amor do Supremo e Único Pastor das ovelhas, tornando-se precursor do ecumenismo. João Kuncevicz nasceu em Wladimir (Ucrânia), no ano de 1580, numa família de ortodoxos, ou seja, ligados à Igreja Bizantina e não à Igreja Romana.

Com a mudança de vida mudou também o nome para Josafá, pois era comerciante até que, tocado pelo Espírito do Senhor, abraçou a fé católica e entrou para a Ordem de São Basílio, na qual, como monge desde os 24 anos, tornou-se apóstolo da unidade e sacerdote do Senhor. Dotado de muitas virtudes e dons, foi superior de vários conventos, até tornar-se Arcebispo de Polotsk em 1618 e lutar pela formação do Clero, pela catequese do povo e pela evangelização de todos.

São Josafá, além de promover com o seu testemunho a caridade para com os pobres, desgastou-se por inteiro na promoção da unidade da Igreja Bizantina com a Romana; por isso conseguiu levar muitos a viverem unidos na Igreja de Cristo. Os que entravam em comunhão com a Igreja Romana, como Josafá, passaram a ser chamados de "uniatas", ou seja, excluídos e acusados de maus patriotas e apóstolos, segundo os ortodoxos. Aconteceu que numa viagem pastoral, Josafá, com 43 anos na época, foi atacado, maltratado e martirizado. Após ser assassinado, São Josafá foi preso a um cão morto e lançado num rio. Dessa forma, entrou no Céu, donde continua intercedendo pela unidade dos cristãos, tanto assim que os próprios assassinos mais tarde converteram-se à unidade desejada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

São Josafá, rogai por nós!

Foto: São Josafá
(12 de Novembro)

Hoje celebramos a memória do santo Bispo que derramou o seu sangue por amor do Supremo e Único Pastor das ovelhas, tornando-se precursor do ecumenismo. João Kuncevicz nasceu em Wladimir (Ucrânia), no ano de 1580, numa família de ortodoxos, ou seja, ligados à Igreja Bizantina e não à Igreja Romana. 

Com a mudança de vida mudou também o nome para Josafá, pois era comerciante até que, tocado pelo Espírito do Senhor, abraçou a fé católica e entrou para a Ordem de São Basílio, na qual, como monge desde os 24 anos, tornou-se apóstolo da unidade e sacerdote do Senhor. Dotado de muitas virtudes e dons, foi superior de vários conventos, até tornar-se Arcebispo de Polotsk em 1618 e lutar pela formação do Clero, pela catequese do povo e pela evangelização de todos. 

São Josafá, além de promover com o seu testemunho a caridade para com os pobres, desgastou-se por inteiro na promoção da unidade da Igreja Bizantina com a Romana; por isso conseguiu levar muitos a viverem unidos na Igreja de Cristo. Os que entravam em comunhão com a Igreja Romana, como Josafá, passaram a ser chamados de

13 de Novembro

 

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16 de Novembro

 

17 de Novembro

 

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19 de Novembro

São Roque Gonzáles, Santo Afonso Rodrigues e São João del Castillo

São Roque e seus companheiros foram um dos primeiros mártires sul-americanos.

Roque Gonzalez nasceu em Assunção, Paraguai, em 1576. Seus pais eram espanhóis. Mostrava tanta bondade e devoção na adolescência que todos estavam convencidos que um dia abraçaria a vocação sacerdotal, o que deu-se quando completou 23 anos de Idade.

Já nos primeiros anos de sacerdócio dedicou-se zelosamente pela evangelização indígena, de forma que, diária e continuamente, visitava os povoados mais distantes para catequizar os índios.

Ao completar 33 anos decidiu entrar na Companhia de Jesus, pois sentiu-se fortemente impulsionado a trabalhar como missionário. Os padres jesuítas haviam fundado no Paraguai algumas colônias de indígenas que se fizeram muito famosas em todo mundo. As chamaram "Reduções", que se diferenciavam das tribos de outros países, pela exemplar organização em aplicar os meios adequados de evangelização católica, dentro de uma estrutura que ampliava a educação e as necessidades cotidianas dos indígenas sob sua tutela espiritual. Os padres Jesuítas os tratavam como verdadeiros filhos de Deus, protegendo-os sua dignidade com enorme respeito e carinho.

Um autor francês chegou a exclamar: "Nestas reduções, os índios chegaram ao mais alto grau de civilização que um povo jovem pode alcançar".

Nessas missões se respeitava muito a lei de Deus e se obedeciam as leis civis; cada um tratava aos demais como se fossem irmãos. Os índios aprendiam a lavrar a terra com técnicas agrícolas e praticavam trabalhos manuais e industriais. Tudo era um cooperativismo bem organizado, porque reinava principalmente a abundância espiritual que o povo indígena assimilou rapidamente, ou seja, as verdades divinas.

Nessas reduções foi o Padre Roque González o primeiro europeu a penetrar em certas regiões de mata virgem do Paraguai. Trabalhou por 20 anos, enfrentando com paciência e confiança a toda classe de dificuldades e perigos, dirigindo nesse período cerca de seis Reduções de indígenas. Muitas vezes o perigo provinha de tribos totalmente selvagens que atacavam e outras, era de colonos europeus que queriam escravizar os índios, porém, os jesuítas não o permitiam. Por isso, Padre Roque exercia uma enorme influência sobre os índios, que o veneravam como a um verdadeiro santo.

Sucedeu que um curandeiro, o bruxo dos indígenas, se deu conta que a influência dos Padres Jesuítas estava reduzindo sua clientela diante do serviço de evangelização, que rapidamente esclarecia os índios na fé e na sabedoria cristã. Aos poucos iam abandonando as crendices, enganos e mentiras. Por causa disso, decidiu arquitetar um plano para vingar-se e pôr termo àquela situação. Assim, reuniu um grupo de índios selvagens e com eles atacou a missão católica.

Quando o curandeiro e seus sequazes chegaram, estava o Padre Roque González tratando de erguer um sino à torre da capela. O assassinaram ali mesmo, a golpes de marreta. Ao ouvir o tumulto, o Padre Afonso Rodríguez saiu de sua choupana e imediatamente os índios também o assassinaram mediante golpes. Em seguida atearam fogo à capela e quando estava tomada de chamas, lançaram a ela seus cadáveres. Era 15 de novembro de 1628. Alguns dias depois esses mesmos índios assaltaram a missão próxima e ali assassinaram o Padre Juan de Castillo. Assim, foram três os mártires que derramaram seu sangue, depois de haver dedicado sua vida em favor dos nativos, pela pregação da Sã Doutrina.

O chefe índio Guarecupí deixou escrito: "Todos os índios cristãos amavam o Padre Roque".

Estes três sacerdotes Jesuítas, martirizados na região do Rio da Prata, foram canonizados pelo Papa João Paulo II em 1998.

Reflexões:

É com orgulho que o povo paraguaio comemora a festa destes Santos Mártires, que não pouparam esforços e sacrificaram a própria vida para catequizar os índios, ensinando-os a verdadeira doutrina, o caminho da Salvação, Jesus Cristo!

Se o mundo contemporâneo considera a evangelização índígena uma violação de sua cultura, aos cristãos anunciar a boa nova da salvação aos incultos na fé, significa obrigação urgentíssima prescrita nas Escrituras.

Sobre isto, o Santo Padre, quando esteve no Brasil inaugurando a V Conferência do Episcopado Latino-Americano em Aparecida (maio de 2007), deixou bem claro:

"O Verbo de Deus, fazendo-se carne em Jesus Cristo, se fez também história e cultura. A utopia de voltar a dar vida às religiões pré-colombianas, separando-as de Cristo e da Igreja universal, não seria um progresso, mas um retrocesso. Na realidade seria uma regressão até o momento histórico ancorado no passado".

A esta frase do Santo Padre verificou-se reações anti-cristãs, de governantes alieanados e de líderes indígenas, que exigiram do Papa imediato pedido de desculpas. Obviamente, porque a quase totalidade das tribos indígenas da América-Latina estão amparadas por normas, organismos e estruturas complexas, onde causas terrenas sobrepõe-se às divinas. Civilizar e evangelizar os índios, não interessa a essa classe de gente, cujo Deus é o dinheiro e que escondem consigo um vasto leque de interesses escusos.

Como não bastasse, nessa larga fileira colocaram-se à frente alguns poucos, porém, barulhentos líderes religiosos. Frutas deterioradas que, participando do conluio, não mediram tempo para também atirar suas pedras: "O Santo Padre não conhece a realidade dos povos indígenas", afirmaram descaradamente. Ao contrário dos mártires que comemoramos hoje, existe uma legião trabalhando por resgatar os "valores" indígenas do passado. No desejo pessoal de lançar-se à mídia em busca de holofotes, microfones e câmeras de televisão, atribuem violência à cultura indígena no período colonial, desprezando e desonrando a heróica evangelização dos nossos missionários que deram a vida pela erradicação do paganismo. Esse tipo de gente perdeu o conceito da obediência, da perseguição e do martírio, estão a anos-luz da crucificação. Por Deus que esse tipo de mentalidade não imperou na época da colonização, pois nesse caso, não seria de admirar estarmos hoje adorando o sol e a lua.

Foi graças ao sangue derramado ontem, que conhecemos hoje a Verdade, Jesus Cristo. Os santos missionários lá de trás, enxergaram tão cristalinamente o conceito de salvação e perdição eternas, que embrenharam-se nas mais longínquas florestas e tribos em cumprimento à ordem do Senhor: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado" (Mc 16, 15-16). O amor ardentíssimo a Jesus crucificado e o zêlo sem limites pela salvação das almas é que explica o fato destes santos homens abandonarem o conforto da civilização e se transportarem para regiões inóspitas. Um martírio diário pela propagação da fé, onde grande número tombou gloriosamente. Os missionários mártires que comemoramos hoje, eram possuidores destas virtudes em grau heróico e por isso o povo cristão hoje lhes tributa as mais relevantes honras, gratidão e santa devoção.

Foto: São Roque Gonzáles, Santo Afonso Rodrigues e São João del Castillo (19 de Novembro) São Roque e seus companheiros foram um dos primeiros mártires sul-americanos. Roque Gonzalez nasceu em Assunção, Paraguai, em 1576. Seus pais eram espanhóis. Mostrava tanta bondade e devoção na adolescência que todos estavam convencidos que um dia abraçaria a vocação sacerdotal, o que deu-se quando completou 23 anos de Idade. Já nos primeiros anos de sacerdócio dedicou-se zelosamente pela evangelização indígena, de forma que, diária e continuamente, visitava os povoados mais distantes para catequizar os índios. Ao completar 33 anos decidiu entrar na Companhia de Jesus, pois sentiu-se fortemente impulsionado a trabalhar como missionário. Os padres jesuítas haviam fundado no Paraguai algumas colônias de indígenas que se fizeram muito famosas em todo mundo. As chamaram

 

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