1 de Fevereiro

Santa Veridiana

Nasceu em Florença, em 1182, numa família nobre que respeitava as opções de Veridiana com relação a Deus. Ela trabalhou com um tio comerciante e o ajudou a administrar seus negócios, mas percebeu que sua vocação era muito mais do que administrar; era deixar que o próprio Deus cuidasse dela e de sua história.

Jovem de oração, de penitência e contemplação, priorizou a vontade do Senhor, por isso chegou a um ponto em que deixou tudo para seguir a vontade de Deus, trabalhando e servindo-O por meio dos pobres e peregrinos.

Na época em que administrava o comércio do tio, já ajudava os pobres. Mas, agora, ela se doava para os seus irmãos mais necessitados. Ficou gravemente ferida, quando, ao fazer uma peregrinação pelos túmulos de São Pedro e São Paulo, foi a pé e descalça pedindo esmolas. Santa Veridiana ofereceu todos esses seus sacrifícios pela conversão das pessoas.

Uma mulher possuída pelo Espírito Santo, foi dócil à vontade de Deus e viveu o restante de sua vida acamada, enferma, oferecendo-se ao Senhor, aconselhando muitas pessoas e intercedendo por todos. Seus alimentos eram pão e água.

Mulher penitente e feliz, viveu até os 60 anos de idade consumindo-se de amor a Deus para o bem dos irmãos.

Santa Veridiana, neste tempo marcado pelo hedonismo e pela busca desenfreada por prazeres, nos aponta, denuncia que não é este o caminho da felicidade, mas apenas um: Nosso Senhor Jesus Cristo.

Peça a intercessão dessa santa para que todos possam, na oração, na penitência, na doação ao irmão, encontrarmos a verdadeira felicidade.

Foto: Santa Veridiana
(1 de Fevereiro)

Nasceu em Florença, em 1182, numa família nobre que respeitava as opções de Veridiana com relação a Deus. Ela trabalhou com um tio comerciante e o ajudou a administrar seus negócios, mas percebeu que sua vocação era muito mais do que administrar; era deixar que o próprio Deus cuidasse dela e de sua história.

Jovem de oração, de penitência e contemplação, priorizou a vontade do Senhor, por isso chegou a um ponto em que deixou tudo para seguir a vontade de Deus, trabalhando e servindo-O por meio dos pobres e peregrinos.

Na época em que administrava o comércio do tio, já ajudava os pobres. Mas, agora, ela se doava para os seus irmãos mais necessitados. Ficou gravemente ferida, quando, ao fazer uma peregrinação pelos túmulos de São Pedro e São Paulo, foi a pé e descalça pedindo esmolas. Santa Veridiana ofereceu todos esses seus sacrifícios pela conversão das pessoas.

Uma mulher possuída pelo Espírito Santo, foi dócil à vontade de Deus e viveu o restante de sua vida acamada, enferma, oferecendo-se ao Senhor, aconselhando muitas pessoas e intercedendo por todos. Seus alimentos eram pão e água.

Mulher penitente e feliz, viveu até os 60 anos de idade consumindo-se de amor a Deus para o bem dos irmãos.

Santa Veridiana, neste tempo marcado pelo hedonismo e pela busca desenfreada por prazeres, nos aponta, denuncia que não é este o caminho da felicidade, mas apenas um: Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Peça a intercessão dessa santa para que todos possam, na oração, na penitência, na doação ao irmão, encontrarmos a verdadeira felicidade.

2 de Fevereiro

São Cornélio

Encontramos, nos Atos dos Apóstolos, este exemplo de entrega. No capítulo 10, nós assim ouvimos da Palavra de Deus: “Havia em Cesareia um homem por nome Cornélio. Centurião da corte que se chamava Itálica, era religioso; ele e todos de sua casa eram tementes a Deus. Dava muitas esmolas ao povo e orava constantemente” (At 10,1-2).

Diante dessa espiritualidade que Cornélio possuía, Deus o visitou por meio de um anjo, que lhe indicou São Pedro. Este, que também teve uma visão, foi à casa de Cornélio. Foi aí que aconteceu a abertura da Igreja para a evangelização dos pagãos, dos estrangeiros. No outro dia, Pedro chegou em Cesareia. Cornélio o estava esperando, tendo convidado seus parentes e amigos mais íntimos.

Não somente ele queria encontrar-se com o Senhor, como também queria o mesmo para todos os seus parentes e amigos. Cornélio ouviu da boca do primeiro Papa da Igreja: “Deus me mostrou que nenhum homem deve ser considerado profano ou impuro” (At 10,28). Assim, São Pedro começou a evangelizar e, de repente, no versículo 44: “Estando Pedro, ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos que ouviam a (santa) Palavra. Os fiéis da circuncisão, que tinham vindo com Pedro, profundamente se admiraram vendo que o dom do Espírito Santo era derramado também sobre os pagãos; pois eles os ouviam falar em outras línguas e glorificar a Deus. Então Pedro tomou a palavra: 'Porventura pode-se negar a água do batismo a estes que receberam o Espírito Santo como nós? E mandou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Rogaram-lhe então que ficasse com eles por alguns dias” (At 10,44-48).

São Cornélio tornou-se o primeiro bispo em Cesareia. Homem religioso e de oração, Deus pôde contar com ele para a maravilhosa obra que chega até nós nos dias de hoje. Pela docilidade de muitos, como São Cornélio, o Santo Evangelho se faz presente em nosso meio.

Peçamos a intercessão de São Cornélio para que busquemos cada vez mais o Senhor.

Foto: São Cornélio
(2 de Fevereiro)

Encontramos, nos Atos dos Apóstolos, este exemplo de entrega. No capítulo 10, nós assim ouvimos da Palavra de Deus: “Havia em Cesareia um homem por nome Cornélio. Centurião da corte que se chamava Itálica, era religioso; ele e todos de sua casa eram tementes a Deus. Dava muitas esmolas ao povo e orava constantemente” (At 10,1-2). 

Diante dessa espiritualidade que Cornélio possuía, Deus o visitou por meio de um anjo, que lhe indicou São Pedro. Este, que também teve uma visão, foi à casa de Cornélio. Foi aí que aconteceu a abertura da Igreja para a evangelização dos pagãos, dos estrangeiros. No outro dia, Pedro chegou em Cesareia. Cornélio o estava esperando, tendo convidado seus parentes e amigos mais íntimos. 

Não somente ele queria encontrar-se com o Senhor, como também queria o mesmo para todos os seus parentes e amigos. Cornélio ouviu da boca do primeiro Papa da Igreja: “Deus me mostrou que nenhum homem deve ser considerado profano ou impuro” (At 10,28). Assim, São Pedro começou a evangelizar e, de repente, no versículo 44: “Estando Pedro, ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos que ouviam a (santa) Palavra. Os fiéis da circuncisão, que tinham vindo com Pedro, profundamente se admiraram vendo que o dom do Espírito Santo era derramado também sobre os pagãos; pois eles os ouviam falar em outras línguas e glorificar a Deus. Então Pedro tomou a palavra: 'Porventura pode-se negar a água do batismo a estes que receberam o Espírito Santo como nós? E mandou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Rogaram-lhe então que ficasse com eles por alguns dias” (At 10,44-48). 

São Cornélio tornou-se o primeiro bispo em Cesareia. Homem religioso e de oração, Deus pôde contar com ele para a maravilhosa obra que chega até nós nos dias de hoje. Pela docilidade de muitos, como São Cornélio, o Santo Evangelho se faz presente em nosso meio.

Peçamos a intercessão de São Cornélio para que busquemos cada vez mais o Senhor.

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Santa Catarina de Ricci

Santa Catarina, uma das maiores Santas da idade média, nasceu em Florença, de família ilustríssima. Deus infundira no coração da criança um grande amor a oração e outras práticas de piedade, amor este que a levou ao desprezo de tudo que é do mundo. Com sete anos de idade foi confiada às religiosas do convento de Monticelli. Uma vez em contato íntimo com a vida religiosa, tanto se lhe afeiçoou, que, mais tarde, quando teve de voltar ao lar paterno, no meio dos trabalhos domésticos conservou os costumes do convento.

Bem a contragosto da jovem, o pai tratou de ligá-la pelos laços matrimoniais a um moço distinto de suas relações. Tantas foram as insistências da filha, que afinal desistiram do plano, consentindo que tomasse o hábito da Ordem dominicana, no convento de Prado, na Toscana. Catarina tinha apenas quatorze anos.

Tendo operado a separação definitiva do mundo, Catarina não só sentiu a alma invadida da mais pura alegria, como tratou, desde o primeiro instante, de adquirir as virtudes de religiosa perfeita. A bula da canonização confirma que sua vida no noviciado foi de uma santidade angélica. Admirável era sua humildade, que a fazia não recuar diante dos trabalhos mais humildes de casa, ficando-lhe o espírito sempre unido a Deus. Tendo apenas 25 anos de idade, foi eleita superiora, cargo que ocupou até a morte, contribuindo assim para maior satisfação das Irmãs, para as quais era uma verdadeira mãe. Governava pelo bom exemplo na prática de todas as virtudes, conseguindo assim que na comunidade reinasse sempre ótimo espírito, e as religiosas se esforçavam a seguir o exemplo da superiora.

Tomara para exemplo o modelo Jesus Crucificado, a quem dedicava o mais terno amor. A Sagrada Paixão e Morte de Jesus estava-lhe sempre diante dos olhos, e os lábios pronunciavam-lhe constantemente jaculatórias e saudações ao bem amado na Cruz, cuja meditação era, por assim dizer, o pão de cada dia da Santa. O maior desejo consistia-lhe em poder participar dos sofrimentos de Jesus Cristo e sentir no corpo o que Ele sentiu nas três horas de agonia.

Sempre que nas quintas-feiras de tarde começava a meditação da Sagrada Paixão e Morte de Jesus, entrava em êxtase, permanecendo neste estado até o dia seguinte. Era nestas ocasiões que sua alma via a Sagrada Paixão e Morte de Jesus em todos os pormenores, tomando parte mais ou menos ativa no grande sofrimento do divino Mestre. Além destes sofrimentos místicos, Deus mandou-lhes outros em forma de doenças graves e dolorosas. Em vez de lhe diminuírem a fé, aumentavam-na, e na santa Comunhão encontrava a graça e força divinas, para levar a cruz com merecimento.

As Irmãs observaram muitas vezes que Catarina, tendo recebido a santa Comunhão, parecia rodeada de luz celestial, e o corpo elevava-se acima do leito. Inimiga do próprio corpo, castigava-o com duras mortificações, quanto às Irmãs dedicava as maiores atenções, vendo-as sofrer qualquer coisa. Durante 48 anos não se alimentava senão de pão e água concedendo ao corpo um repouso noturno de três horas apenas. Tanto mais é para admirar este espírito de penitência, sabendo-se que a santa nunca cometera um pecado mortal.

Grandes e extraordinárias foram também as graças, de que Deus cumulou sua serva. Catarina possuía o dom da profecia, do conhecimento de coisas ocultas, da cura de doenças e da multiplicação de mantimentos em favor dos pobres.

Maria Santíssima dignou-se de aparecer à serva de Deus e reclinou-lhe nos braços o Menino Jesus Cristo, que a consolava com dulcíssimos colóquios, e lhe imprimiu os sinais das chagas nas mãos, nos pés e no lado. Célebre é a visão de Jesus Cristo Crucificado, o qual desprendeu a mão da Cruz e a abraçou ternamente.

Em outra visão lhe ofereceu um anel, em sinal de sua união mística. ( O Papa Bento XIV menciona na bula de canonização todos estes fatos extraordinários. O sábio e esclarecido Papa não o teria feito, se, após sério estudo, não tivesse certeza da autenticidade dos mesmos). Catarina, porém, permaneceu humilde, procurando ocultar perante os homens todas as provas de predileção divina.

Tendo tido notícia de que uma das Irmãs havia tomado nota do que de extraordinário e louvável lhe ocorrera na vida, deu ordem para que tudo fosse entregue às chamas. Contudo não lhe era possível impedir que a fama de sua santidade se divulgasse dia por dia. De toda a parte vinham pessoas, entre as quais algumas de alta colocação social e política, ouvir seus conselhos e pedir-lhe intercessão junto a Deus. Sendo-lhe insuportável isto, pediu a Deus que restringisse os benefícios ou, que pelo menos não os manifestasse aos homens. Também este pedido teve acolhimento. Deus permitiu que a fama se transformasse em desprezo, e que Catarina por muitos fosse taxada de impostora e hipócrita. Esta provação Catarina a suportou com maior indiferença e uma paciência admirável. Conhecedores da vida religiosa dizem que a santidade de Catarina mais se manifestou e brilhou nos dias tristíssimos da difamação e calúnia, do que na época das profecias e grandes milagres. São Felipe Nery, contemporâneo de Catarina, tinha em grande consideração a serva de Deus, com a qual mantinha viva correspondência. Ele mesmo diz que, por uma graça excepcional de Deus, teve a visão da Santa, com a qual se deteve demoradamente.

Pelo fim da vida, Catarina foi acometida de doenças gravíssimas e dolorosas. Se a Sagrada Paixão e Morte de Jesus lhe era sempre a meditação predileta, muito mais no momento em que a alma se lhe preparava para as núpcias eternas. Com muita devoção recebeu os últimos Sacramentos, segurando sempre nas mãos a imagem do Crucifixo. Na hora da morte abriu os braços em cruz, e nesta posição entregou o espírito a Deus. As Irmãs que se achavam presentes, ouviram distintamente uma música de harmonias celestiais e Santa Madalena de Pazi, que se achava em Florença, viu numa visão a alma de Catarina fazer a entrada triunfal no céu, acompanhada de grande multidão de Anjos.

Catarina morreu aos 11 de fevereiro de 1590, tendo sido canonizada em 1746, pontificado de Bento XIV.

Reflexões:

Devoção terníssima a Jesus Crucificado caracterizava a vida de Santa Catarina. Por seu amor desejava sofrer. Nas dores era o olhar para o Crucifixo seu consolo e conforto. Não mereces o nome de cristão, se não tiveres muita devoção à Sagrada Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se não sentes desejo nenhum de sofrer por Jesus, ao menos aceita com paciência a cruz, que Deus te deu. Oxalá não pertenças ao número daqueles de que diz Didaco Stela: “Muitos há que da Sagrada Paixão e Morte de Cristo só se lembram quando vêm diante de si a morte. Então é que se agarram à imagem do Crucificado, de quem durante a vida toda não tiveram lembrança”. Ler maus livros, passar noites inteiras na banca do jogo, levar ao colo um animal, a que se dispensa mil carinhos e atenções, tudo isto lhes parece muito mais útil e importante do que tomar um Crucifixo e osculá-lo reverentemente. Para que não te aconteça que, na hora da morte, a imagem do Crucificado desperte em tua alma mais remorsos e temor, do que amor e confiança, acostuma-te desde já a te ocupar muitas vezes com o doce mistério do amor, que se revelou no monte Calvário.

Santa Catarina dava ao corpo um tratamento de inimigo. Obrigava-o a jejuar, a fazer penitência de toda a sorte, privava-o de divertimentos, tirava-lhe o repouso e expunha-o aos rigores do calor e do frio. Tu, pelo contrário, vês no corpo teu melhor amigo, a quem dispensas as maiores atenções, muitas vezes até a custa da alma. Não te vem, de vez em quando a lembrança de proporcionar-lhe um salutar castigo ? Parece que o bem-estar do corpo é o fim principal para que foste criado. Ainda assim achas ser coisa a mais natural receber um dia a glória no céu, quando Santa Catarina considerava a eterna bem-aventurança o prêmio de muitas penitências. Como Santa Catarina opinam os maiores Santos. Com os Santos no céu viverá quem, com eles na terra, levou uma vida de abnegação e penitência.

Foto: Santa Catarina de Ricci
(2 de Fevereiro)

Santa Catarina, uma das maiores Santas da idade média, nasceu em Florença, de família ilustríssima. Deus infundira no coração da criança um grande amor a oração e outras práticas de piedade, amor este que a levou ao desprezo de tudo que é do mundo. Com sete anos de idade foi confiada às religiosas do convento de Monticelli. Uma vez em contato íntimo com a vida religiosa, tanto se lhe afeiçoou, que, mais tarde, quando teve de voltar ao lar paterno, no meio dos trabalhos domésticos conservou os costumes do convento.

Bem a contragosto da jovem, o pai tratou de ligá-la pelos laços matrimoniais a um moço distinto de suas relações. Tantas foram as insistências da filha, que afinal desistiram do plano, consentindo que tomasse o hábito da Ordem dominicana, no convento de Prado, na Toscana. Catarina tinha apenas quatorze anos.

Tendo operado a separação definitiva do mundo, Catarina não só sentiu a alma invadida da mais pura alegria, como tratou, desde o primeiro instante, de adquirir as virtudes de religiosa perfeita. A bula da canonização confirma que sua vida no noviciado foi de uma santidade angélica. Admirável era sua humildade, que a fazia não recuar diante dos trabalhos mais humildes de casa, ficando-lhe o espírito sempre unido a Deus. Tendo apenas 25 anos de idade, foi eleita superiora, cargo que ocupou até a morte, contribuindo assim para maior satisfação das Irmãs, para as quais era uma verdadeira mãe. Governava pelo bom exemplo na prática de todas as virtudes, conseguindo assim que na comunidade reinasse sempre ótimo espírito, e as religiosas se esforçavam a seguir o exemplo da superiora.

Tomara para exemplo o modelo Jesus Crucificado, a quem dedicava o mais terno amor. A Sagrada Paixão e Morte de Jesus estava-lhe sempre  diante dos olhos, e os lábios pronunciavam-lhe constantemente jaculatórias e saudações ao bem amado na Cruz, cuja meditação era, por assim dizer, o pão de cada dia da Santa. O maior desejo consistia-lhe em poder participar dos sofrimentos de Jesus Cristo e sentir no corpo o que Ele sentiu nas três horas de agonia.

Sempre  que nas quintas-feiras de tarde começava a meditação da Sagrada Paixão e Morte de Jesus, entrava em êxtase, permanecendo neste estado até o dia seguinte. Era nestas ocasiões que sua alma via a Sagrada Paixão e Morte de Jesus em todos os pormenores, tomando parte mais ou menos ativa no grande sofrimento do divino Mestre. Além destes sofrimentos místicos, Deus mandou-lhes outros em forma de doenças graves e dolorosas. Em vez de lhe diminuírem a fé, aumentavam-na, e na santa Comunhão encontrava a graça e força divinas, para levar a cruz com merecimento.

As Irmãs observaram muitas vezes que Catarina, tendo recebido a santa Comunhão, parecia rodeada de luz celestial, e o corpo elevava-se acima do leito. Inimiga do próprio corpo, castigava-o com duras mortificações, quanto às Irmãs dedicava as maiores atenções, vendo-as sofrer qualquer coisa. Durante 48 anos não se alimentava senão de pão e água concedendo ao corpo um repouso noturno de três horas apenas. Tanto mais é para admirar este espírito de penitência, sabendo-se que a santa nunca cometera um  pecado mortal.

Grandes e extraordinárias foram também as graças, de que Deus cumulou sua serva. Catarina possuía o dom da profecia, do conhecimento de coisas ocultas, da cura de doenças e da multiplicação de mantimentos em favor dos pobres.

Maria Santíssima dignou-se de aparecer à serva de Deus e reclinou-lhe nos braços o Menino Jesus Cristo, que a consolava com dulcíssimos colóquios, e lhe imprimiu os sinais das chagas nas mãos, nos pés e no lado. Célebre é a visão de Jesus Cristo Crucificado, o qual desprendeu a mão da Cruz e a abraçou ternamente.

Em outra visão lhe ofereceu um anel, em sinal de sua união mística. ( O Papa Bento XIV menciona na bula de canonização todos estes fatos extraordinários. O sábio e esclarecido Papa não o teria feito, se, após sério estudo, não tivesse certeza da autenticidade dos mesmos). Catarina, porém, permaneceu humilde, procurando ocultar perante os homens todas as provas de predileção divina.

Tendo tido notícia de que uma das Irmãs havia tomado nota do que de extraordinário e louvável lhe ocorrera na vida, deu ordem para que tudo fosse entregue às chamas. Contudo não lhe era possível impedir que a fama de sua santidade se divulgasse dia por dia. De toda a parte vinham pessoas, entre as quais algumas de alta colocação social e política, ouvir seus conselhos e pedir-lhe intercessão junto a Deus. Sendo-lhe insuportável isto, pediu a Deus que restringisse os benefícios ou, que pelo menos não os manifestasse aos homens. Também este pedido teve acolhimento. Deus permitiu que a fama se transformasse em desprezo, e que Catarina por muitos fosse taxada de impostora e hipócrita. Esta provação Catarina a suportou com maior indiferença e uma paciência admirável. Conhecedores da vida religiosa dizem que a santidade de Catarina mais se manifestou e brilhou nos dias tristíssimos da difamação e calúnia, do que na época das profecias e grandes milagres. São Felipe Nery, contemporâneo de Catarina, tinha em grande consideração a serva de Deus, com a qual mantinha viva correspondência. Ele mesmo diz que, por uma graça excepcional de Deus, teve a visão da Santa, com a qual se deteve demoradamente.

Pelo fim da vida, Catarina foi acometida de doenças gravíssimas e dolorosas. Se a Sagrada Paixão e Morte de Jesus lhe era sempre a meditação predileta, muito mais no momento em que a alma se lhe preparava para as núpcias eternas. Com muita devoção recebeu os últimos Sacramentos, segurando sempre nas mãos a imagem do Crucifixo. Na hora da morte abriu os braços em cruz, e nesta posição entregou o espírito a Deus. As Irmãs que se achavam presentes, ouviram distintamente uma música de harmonias celestiais e Santa Madalena de Pazi, que se achava em Florença, viu numa visão a alma de Catarina fazer a entrada triunfal no céu, acompanhada de grande multidão de Anjos.

Catarina morreu aos 11 de fevereiro de 1590,  tendo sido canonizada em 1746, pontificado de  Bento XIV.

Reflexões:

Devoção terníssima a Jesus Crucificado caracterizava a vida de Santa Catarina. Por seu amor desejava sofrer. Nas dores era o olhar para o Crucifixo seu consolo e conforto. Não mereces o nome de cristão, se não tiveres muita devoção à Sagrada Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se não sentes desejo nenhum de sofrer por Jesus, ao menos aceita com paciência a cruz, que Deus te deu. Oxalá não pertenças ao número daqueles de que diz Didaco Stela: “Muitos há que da Sagrada Paixão e Morte de Cristo só se lembram quando vêm diante de si a morte. Então é que se agarram à imagem do Crucificado, de quem durante a vida toda não tiveram lembrança”. Ler maus livros, passar noites inteiras na banca do jogo, levar ao colo um animal, a que se dispensa mil carinhos e atenções, tudo isto lhes parece muito mais útil e importante do que tomar um Crucifixo e osculá-lo reverentemente. Para que não te aconteça que, na hora da morte, a imagem do Crucificado desperte em tua alma  mais remorsos e temor, do que amor e confiança, acostuma-te desde já  a te ocupar muitas vezes com o doce mistério do amor, que se revelou no monte Calvário.

Santa Catarina dava ao corpo um tratamento de inimigo. Obrigava-o a jejuar, a fazer penitência de toda a sorte, privava-o de divertimentos, tirava-lhe o repouso e expunha-o aos rigores do calor e do frio. Tu, pelo contrário, vês no corpo teu melhor amigo, a quem dispensas as maiores atenções, muitas vezes até a custa da alma. Não te vem, de vez em quando a lembrança de proporcionar-lhe um salutar castigo ? Parece que o bem-estar do corpo é o fim principal para que foste criado. Ainda assim achas ser coisa a mais natural receber um dia a glória no céu, quando Santa Catarina considerava a eterna bem-aventurança o prêmio de muitas penitências. Como Santa Catarina opinam os maiores Santos. Com os Santos no céu viverá quem, com eles na terra, levou uma vida de abnegação e penitência.

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Purificação de Nossa Senhora (Nossa Senhora da Candelária)

A festa que a Igreja hoje celebra, tem os nomes de Nossa Senhora das Candeias e Apresentação de Jesus Cristo no templo. É hoje o dia da bênção das velas (candeias) e em muitas igrejas, antes da celebração da santa Missa, se organiza solene procissão, em que são levadas as velas acesas, símbolo de Jesus Cristo que, apresentado a Deus no templo de Jerusalém, pelo santo velho Simeão foi saudado, como a luz que veio para iluminar os povos.

Tem também o nome de Purificação de Nossa Senhora, por ser o dia em que Maria Santíssima, em obediência à lei mosaica, se apresentou no templo do Senhor, quarenta dias depois do nascimento do divino Filho.

Para melhor compreensão deste ato de Maria Santíssima, sejam lembradas neste lugar duas leis que Deus deu, no antigo testamento. A mulher que tinha dado à luz uma criança do sexo masculino, ficava privada de entrar no templo por quarenta dias depois do parto; se a criança era menina, o tempo da purificação era de oitenta dias. Passado este tempo, devia apresentar-se no templo, oferecer um cordeirinho, duas rolas ou dois pombinhos, entregar a oferta ao sacerdote, para que este rezasse sobre ela.

A Segunda lei impunha aos pais da tribo de Levi a obrigação de dedicar o filho primogênito ao serviço de Deus. Crianças que pertenciam a outra tribo, que não a de Levi, pagavam resgate.

É admirável a retidão e humildade de Maria Santíssima em sujeitar-se a uma lei humilhante, como foi a da purificação. A maternidade da Virgem, em tudo diferente das outras mulheres, isentava-a mui legalmente das obrigações de uma lei, como foi a da purificação. Davi enche-se de vergonha, quando se lembra da sua origem: “Em pecados minha mãe concebeu-me”. A Maria o Anjo tinha dito: “O Espírito virá sobre ti , e a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra”. São José recebeu do céu a comunicação consoladora: “O que dela (de Maria) nascerá, é do Espírito Santo”. Virgem antes, durante e depois do parto, seu lugar não era entre as outras filhas hebréias que no templo se apresentavam para fazer penitência e procurar perdão do pecado. Maria, porém, prefere obedecer à lei e parecer com a pecha comum a todas. Além disto, sendo de origem nobre, descendente direta de Davi, oferece o sacrifício dos pobres, isto é, dois pombinhos. Que humildade!

Nesta sua humildade é acompanhada pelo Filho. Ele é Filho do Altíssimo, autor e Senhor das leis, não admite para si motivos que das mesmas o isentem. Ele que quis ser nosso semelhante em tudo, exceto o pecado, sujeita-se à Lei da circuncisão, triste lembrança da grande queda dos primeiros pais no paraíso, de que resultou o pecado original. Por ocasião da apresentação de Maria Santíssima no templo, se deu um fato que merece toda a atenção nossa. Vivia em Jerusalém um santo homem chamado Simeão, provecto em idade, que com muito fervor anelava pela vinda do Messias. De Deus tinha recebido a promessa de não sair desta vida sem ter visto, com os próprios olhos, o Salvador do mundo. Guiado por inspiração divina, viera ao templo no momento em que os pais de Jesus entraram, em cumprimento das prescrições legais. Como os magos conheceram o Salvador, este se fez conhecido a Simeão, o qual o tomou nos braços e bendisse a Deus, dizendo: “Agora, Senhor, deixa partir o vosso servo em paz, conforme vossa palavra. Pois meus olhos viram a vossa salvação que preparastes diante dos olhos das nações: Luz para aclarar os gentios, e glória de Israel, vosso povo!”

José e Maria ficaram admirados do que dizia do Menino. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: “Este Menino veio ao mundo para ruína e ressurreição de muitos em Israel e para ser um sinal de contradição. Vós mesma tereis a alma varada por uma aguda espada e assim serão patenteados os pensamentos ocultos no coração de muitos”. – Havia também uma profetisa, de nome Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Vivera 7 anos casada, enviuvara e já estava com 84 anos. Não deixava o templo e servia a Deus dia e noite, jejuando e rezando. Tendo vindo ao templo na mesma ocasião, deixou-se derramar em louvores ao Senhor e falava do Menino a todos que esperavam a Redenção de Israel. Cumpridas todas as prescrições da lei, José e Maria voltaram para casa.

A Igreja Católica reserva uma bênção especial às parturientes, que logo que seu estado o permitia, se apresentavam a Deus, como fruto de suas entranhas. É provável que este uso se tenha introduzido na Igreja em memória e veneração à Mãe de Deus que, obediente à Lei do seu povo, fez sua apresentação no templo.

A Deus deve a mulher louvor e gratidão, depois de um parto bem sucedido. De Deus vem todo bem para a mãe e para o filho. É justo, pois, que a mãe se apresente na Igreja para pedir a bênção divina. A mãe cristã sabe que sem assistência e auxílio de Deus, não pode educar os filhos na virtude e no temor de Deus. Reconhecendo esta insuficiência, faz a Deus oferecimento do filho, prometendo ao Senhor ver nele uma propriedade divina, penhor de seu amor, e fazer tudo que estiver ao seu alcance para educá-lo para o céu. Oxalá todas as mães se lembrem deste dever e não eduquem os filhos para o serviço do mundo, de Satanás e da carne!

REFLEXÕES

Maria Santíssima, a Mãe de Deus, embora isenta da Lei do templo, faz empenho em cumpri-la perfeitamente. Sê sempre obediente à lei de Deus e da igreja, pois nenhum título podes alegar que te dispense tua obrigação.

A lei da purificação obriga às mães hebréias a apresentar-se no templo, para livrar-se do pecado que lhes ineria. Maria, a Virgem Mãe puríssima humilha-se, sujeitando-se a uma determinação levítica, que não a afetava.

Imita o exemplo de Maria Santíssima, velando sempre pela pureza de tua consciência. Sabes que nada de impuro no céu poderá entrar, e ignoras por completo o último dia que Deus te concederá, para purificar tua alma.

Maria Santíssima, a bendita entre as mulheres, não se exalta, embora Deus a tinha exaltado. Como as mulheres, ela aparece no templo, não permitindo que seja tratada diferentemente. Não te exaltes sobre o teu próximo. Não desprezes a ninguém, e não te faças melhor do que na realidade és.

Maria faz a Deus a oferta do que lhe é mais caro – seu divino Filho – . Dá a Deus tudo o que tens: Teu corpo e tua alma, tua vida toda. Na Santa Missa, imitando a Virgem Santa, oferece-lhe o mesmo que ela ofereceu no templo: Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Maria Santíssima deposita o Filho nos braços do velho Simeão, o qual o recebe com grande júbilo da alma, dizendo-se pronto para morrer em paz, depois de Ter visto o cumprimento das promessas do Antigo Testamento. Na santa Comunhão recebes o mesmo Jesus, que Maria Santíssima pôs nos braços de Simeão. Dá-lo-ia ela à tua alma com o mesmo prazer, com que o entregou ao venerável ancião? Para comungar bem, para que a comunhão seja um prazer para Deus e de utilidade para a tua alma, é preciso que estejas livre do pecado mortal, e te desapegues de todo o mal.

Coisa terrível é a comunhão sacrílega. Comungar sacrilegamente é uma injúria maior feita a Nosso Senhor do que atirar a sagrada Hóstia ao monturo ou aos cães. De São Boaventura são as seguintes palavras sobre semelhante crime: “Tu, pecador impuro, invejoso e avarento, és mais imundo, mais repugnante e desprezível que um cão”.

Sendo teu pecado rubro como o escarlate, numeroso como os grãos de areia do mar, procura as águas purificadoras da penitência, e não te atrevas nunca a receber indignamente a Santa Comunhão. “ Quem come este pão e bebe o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e sangue do Senhor, come e bebe a sua condenação” (I Cor. 11,27)

Renovemos nosso amor e devoção a Nossa Senhora e imploremos que nos derrame suas infinitas graças, a fim de abraçarmos a cruz de cada dia com muita resignação e alegria, e que cumpramos sempre os preceitos da Santa Igreja de Cristo. Amém!

Foto: Purificação de Nossa Senhora (Nossa Senhora da Candelária)
(2 de Fevereiro)

A festa que a Igreja hoje celebra, tem os nomes de  Nossa  Senhora das Candeias e Apresentação de Jesus Cristo no templo.  É hoje o dia da bênção das velas (candeias) e em muitas igrejas, antes da celebração da santa Missa, se organiza solene  procissão, em que são levadas  as  velas acesas, símbolo de Jesus Cristo que,  apresentado a Deus no templo de Jerusalém, pelo santo velho Simeão foi saudado, como a  luz que veio para iluminar os povos.

Tem também  o nome de  Purificação de Nossa Senhora, por ser o dia em que Maria Santíssima, em obediência à lei mosaica, se  apresentou no templo do Senhor, quarenta dias  depois do nascimento do  divino Filho. 

Para melhor compreensão deste ato de Maria Santíssima, sejam  lembradas  neste lugar duas leis que Deus deu, no antigo testamento.  A mulher que tinha dado à luz uma criança do sexo masculino, ficava  privada de  entrar no templo  por quarenta dias depois do parto;  se a criança era menina, o tempo da purificação era de oitenta dias. Passado  este tempo, devia apresentar-se no templo, oferecer um cordeirinho, duas rolas ou dois pombinhos, entregar a oferta ao sacerdote, para que este rezasse sobre ela. 

A Segunda lei impunha aos pais da tribo de Levi a  obrigação de  dedicar o filho primogênito ao serviço de  Deus. Crianças que pertenciam a  outra  tribo, que não a de Levi, pagavam resgate.

É admirável a retidão e  humildade de Maria Santíssima em sujeitar-se a  uma lei humilhante, como foi a da purificação. A maternidade da  Virgem, em tudo diferente das outras mulheres, isentava-a mui legalmente das obrigações de  uma lei,  como foi a da purificação.  Davi enche-se de vergonha, quando se lembra da sua origem:  “Em pecados minha mãe concebeu-me”.  A Maria o Anjo tinha dito:  “O Espírito virá sobre ti , e a virtude do  Altíssimo te cobrirá com sua sombra”.  São José recebeu do céu a  comunicação consoladora: “O que dela (de Maria) nascerá, é do Espírito Santo”.  Virgem  antes,  durante e  depois do parto, seu lugar não era entre as outras filhas hebréias que no templo se apresentavam para fazer penitência e  procurar perdão do pecado.    Maria, porém,  prefere obedecer à lei e parecer com a pecha comum a  todas. Além disto, sendo de origem nobre, descendente direta de Davi, oferece o sacrifício dos pobres, isto é,  dois pombinhos. Que humildade!

Nesta sua humildade é acompanhada pelo Filho. Ele é Filho do  Altíssimo,  autor e Senhor das leis, não admite para si motivos  que das mesmas o isentem. Ele que  quis ser nosso  semelhante em tudo, exceto o pecado, sujeita-se à Lei da circuncisão, triste lembrança da grande queda dos primeiros pais no paraíso, de que resultou o pecado original. Por ocasião da apresentação de Maria Santíssima  no templo, se deu um fato que merece toda a atenção nossa. Vivia em Jerusalém um santo homem chamado Simeão, provecto em  idade, que com muito fervor anelava pela  vinda do Messias. De Deus  tinha recebido a  promessa  de  não sair desta vida sem ter visto, com os próprios  olhos,  o Salvador do mundo.  Guiado por inspiração divina, viera ao templo no momento em que os pais de Jesus  entraram, em cumprimento das prescrições legais.  Como os  magos conheceram o Salvador, este se fez conhecido a  Simeão, o qual o  tomou nos braços e bendisse a Deus, dizendo:  “Agora, Senhor, deixa partir o vosso servo em paz, conforme vossa palavra. Pois meus olhos  viram a vossa salvação que preparastes  diante dos olhos das nações:  Luz para aclarar os gentios, e glória de Israel, vosso povo!”

José e Maria ficaram admirados  do que  dizia do Menino. Simeão abençoou-os e  disse a Maria, sua Mãe:  “Este Menino veio ao mundo para ruína e ressurreição de muitos em Israel e  para ser um sinal de contradição. Vós mesma  tereis a  alma varada por uma aguda espada e  assim serão patenteados os pensamentos ocultos no coração de muitos”.  – Havia também uma profetisa, de nome Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser.  Vivera 7 anos casada,  enviuvara e  já estava com 84 anos. Não deixava o templo e  servia a Deus dia e noite, jejuando e rezando. Tendo vindo ao templo na mesma ocasião, deixou-se derramar em louvores ao Senhor e falava do Menino a  todos  que esperavam a  Redenção de  Israel. Cumpridas  todas as  prescrições da lei, José e Maria voltaram para casa. 

A Igreja Católica reserva uma bênção especial às parturientes, que logo que seu estado o permitia, se apresentavam a Deus, como fruto de suas  entranhas. É provável que este uso se tenha introduzido na Igreja em memória e  veneração à Mãe de Deus que, obediente à Lei do seu povo, fez sua apresentação no templo. 

A Deus deve a mulher louvor e gratidão, depois de um parto bem sucedido. De Deus vem todo bem para a mãe e para o filho. É justo, pois, que a mãe se  apresente na Igreja para pedir a bênção divina.  A mãe cristã sabe que sem assistência e  auxílio de Deus, não pode  educar os filhos na virtude e no temor de Deus. Reconhecendo esta insuficiência, faz a Deus oferecimento do filho, prometendo ao Senhor ver nele uma propriedade divina, penhor de seu amor, e fazer tudo que estiver ao seu alcance para educá-lo para o céu. Oxalá todas as mães se lembrem deste dever e  não eduquem os  filhos para o serviço do mundo, de Satanás e da carne!

REFLEXÕES

Maria Santíssima, a Mãe de Deus, embora isenta da Lei do templo, faz empenho em cumpri-la perfeitamente.  Sê sempre obediente à lei de Deus e da igreja, pois nenhum título podes alegar que te dispense tua obrigação.

A lei da purificação obriga às mães hebréias a  apresentar-se no templo, para livrar-se do pecado que lhes ineria.  Maria, a Virgem Mãe puríssima humilha-se,  sujeitando-se a  uma determinação levítica, que não a afetava. 

Imita o exemplo de Maria Santíssima, velando sempre pela pureza de  tua consciência. Sabes que nada de impuro no céu poderá entrar, e ignoras por completo o último dia que Deus te concederá, para purificar tua alma.

Maria Santíssima, a bendita entre as mulheres, não se exalta, embora Deus a  tinha exaltado. Como as  mulheres, ela  aparece no templo, não  permitindo que seja tratada diferentemente. Não te exaltes sobre o teu próximo. Não desprezes  a  ninguém, e não te faças  melhor do que na realidade és. 

Maria faz a Deus a  oferta do que lhe é mais caro – seu divino Filho – . Dá a  Deus tudo o que tens: Teu corpo e tua alma, tua vida toda. Na Santa Missa,  imitando a Virgem Santa, oferece-lhe o mesmo que ela ofereceu no templo: Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Maria Santíssima deposita o Filho nos braços  do velho Simeão, o qual  o  recebe com grande  júbilo da  alma, dizendo-se pronto para morrer  em paz, depois de Ter visto o cumprimento das promessas  do Antigo Testamento.   Na santa Comunhão recebes o mesmo Jesus, que Maria Santíssima pôs nos braços de  Simeão. Dá-lo-ia ela à tua alma com o mesmo prazer, com que o entregou ao venerável ancião?   Para comungar bem, para que a comunhão seja um prazer para Deus e de utilidade para a tua alma, é preciso que estejas livre do pecado mortal, e te desapegues de  todo o mal. 

Coisa terrível é a comunhão  sacrílega. Comungar sacrilegamente é  uma injúria maior feita a Nosso Senhor do que atirar a  sagrada Hóstia ao monturo ou aos  cães.    De São Boaventura são as seguintes palavras sobre semelhante crime: “Tu, pecador impuro, invejoso e avarento, és  mais imundo, mais  repugnante e  desprezível que um cão”. 

Sendo teu  pecado rubro como o escarlate, numeroso como os grãos de  areia do mar, procura as águas purificadoras da penitência, e não te atrevas nunca a receber indignamente a Santa Comunhão.  “ Quem come este pão e bebe o cálice do Senhor indignamente,  será réu do corpo e  sangue do Senhor, come e bebe a  sua condenação” (I Cor. 11,27)

Renovemos nosso amor e  devoção a  Nossa Senhora e imploremos que nos derrame suas infinitas graças, a  fim de  abraçarmos a cruz de cada dia com muita resignação e  alegria, e que cumpramos sempre os preceitos da Santa Igreja de Cristo. Amém!

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Nossa Senhora dos Navegantes

Consta que o início da devoção à Nossa Senhora dos Navegantes originou-se na Idade Média por ocasião das Cruzadas, quando os cristãos invocavam a proteção de Maria Santíssima. Sob o título de "Estrela do Mar", rogavam sua proteção os cruzados que faziam a travessia pelo Mar Mediterrâneo em direção à Palestina. É a padroeira não só dos navegantes, mas também de todos os viajantes. Tal tradição foi mantida entre os marítimos e foi difundida pelos navegadores portugueses e espanhóis, disseminando-se entre os pescadores litorâneos principalmente nas terras colonizadas pela Espanha e Portugal. As conseqüências foram a multiplicação de capelas, igrejas e santuários nas regiões pesqueiras, particularmente no Sul do Brasil, onde a concentração de cidades que a veneram como padroeira é significativamente expressiva.

Nas cidades de Balneário Arroio do Silva, Laguna, Balneário Barra do Sul, Ouro, Mondaí, Bombinhas e Navegantes, a devoção à Senhora dos Navegantes é tão expressiva que, por decreto, foram instituídos feriados nestes municípios catarinenses.

Destacando-se a cidade de Navegantes que, primitivamente, pertencia à Itajaí, então habitada por índios carijós. A demarcação de uma sesmaria na praia de Itajaí deu-se por ordem do Conde Resende, Vice-Rei. Foi em 1795 que José Ferreira de Mendonça efetuou a demarcação da Real Fazenda. A comunidade de Navegantes, canonicamente, pertencia à Paróquia do Santíssimo Sacramento de Itajaí. Em 23 de janeiro de 1896 a "Camara Episcopal de Corytiba" concedia "licença para que no lado esquerdo do Rio grande de Itajahy se possa erigir uma capela sob a invocação de Nª Sª dos Navegantes, de S. Sebastião e de S. Amaro". O Padre Antônio Eising, então Vigário da Paróquia de Itajaí foi quem fez a solicitação. Recebendo a promulgação oficial, iniciou a construção da Capela, que ficou pronta em 1907 sendo sua inauguração comemorada com três dias de festas: 7, 8 e 9 de setembro daquele ano. Navegantes só foi elevado à categoria de município em 30 de maio de 1962 e, consequentemente a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes foi elevada a Paróquia. Por ocasião dos festejos comemorativos aos 25 anos da Paróquia criada, a 19 de julho de 1987, o então Bispo Auxiliar (hoje Arcebispo Metropolitano) da Arquidiocese de Florianópolis, Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, fez a dedicação do Altar e da igreja Matriz. Em 1996, por Decreto da Cúria Metropolitana, a igreja Matriz foi elevada a Santuário Arquidiocesano, sob a invocação de Santuário de Nossa Senhora dos Navegantes.

REFLEXÕES

A festa presente, qual ramalhete de flores, apresenta-nos virtudes de quantidade, cada qual mais bela e encantadora. É lamentável a ocorrência simultânea, especialmente no Brasil, de festividade pagã comemorada também no Ano Novo, mediante oferendas, tributos e homenagens à "Iemanjá", cognominada por umbandistas e macumbeiros como "rainha do mar", esteja tão arraigada no País como variação da devoção afro-brasileira. Prática terrível e blasfematória é a comparação dessa figura à Nossa Senhora, Mãe de Deus e Mãe dos homens. Especialmente quando a devoção foge às raias da cultura do povo humilde e ignorante, sendo incorporada ao discurso das classes intelectuais mais elevadas, por motivos meramente políticos e pessoais. Aí sim, a feição torna-se muito mais perigosa, pois que propalada por pessoas, em tese, com discernimento religioso mais acentuado. É o que podemos chamar de exploração intelectual do povo para promoção pessoal. Tanto a estes, quanto aqueles, o Senhor Adverte nas Escrituras:

"O servo que, havendo conhecido a vontade do amo, não se preparou, nem agiu conforme essa vontade, receberá grande número de açoites. Mas, aquele que a desconhece e tiver feito algo que mereça castigo, levará poucos açoites. Porque, a quem muito se tiver dado, muito lhe será exigido; quanto mais se confia a alguém, mais dele se exigirá. (Lc 12, 47-48)
Ainda neste propósito, lembremos que as Escrituras revelam o sério papel de Maria, tanto no primeiro livro (Gênesis), quanto no último (Apocalipse):

1. No Gênesis:

"Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Ela (própria) te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar." (Gen. 3,15 - diálogo de Deus com a Serpente, a quem Maria foi incumbida de esmagar a cabeça)

2. No Apocalipse:

E o dragão, depois que se viu precitado na terra, começou a perseguir a Mulher que havia dado à luz o filho varão; E foram dadas, à mulher, duas asas de uma grande águia, para voar para o deserto, ao lugar do seu retiro, onde é sustentada por um tempo, dois tempos e metade de um tempo, longe da presença da serpente. Esta lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que fosse arrebatada pela correnteza. Porém, a terra ajudou a mulher, abrindo a sua boca e engoliu o rio que o dragão tinha vomitado da sua goela. O dragão irou-se contra a mulher e foi fazer guerra aos outros seus filhos, que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo. E ele (o Demônio) deixou-se estar sobre a areia do mar. (Apoc 12, 13 - 18)


Para nós cristãos, não seria tempo de refletir no papel importantíssimo desempenhado por Maria, no plano da Salvação? Seríamos capazes de nos entregar a divertimentos profanos à beira da praia, nesta época do ano? Não é verdade que urge aqui um grande ponto de reflexão para nós? Confundir "Iemanjá" com Nossa Senhora é sedução, é confusão semeada pelo Maligno! Tudo na mais astuta sutileza, simplicidade; o convite para "brincar na praia", seja por superstição, devoção ou somente por farra, como também deixar de ensinar a verdade aos nossos irmãos, por simples questão de respeito humano, pode acarretar em conseqüência irremediável: A perdição eterna!

Quem é católico praticante ou procura encontrar a verdade, ouve os ensinamentos da Igreja e não se deixa seduzir por cultos ou crendices que podem comprometer a salvação da alma. Renovemos hoje o nosso amor e devoção a Maria Santíssima. Reparemos, porém, uma coisa: A devoção à Santíssima Virgem requer antes de tudo a imitação das virtudes da Mãe de Deus. Pouco adianta dizer-se devoto de Maria Santíssima quando no coração reina o espírito mundano, a vaidade, o orgulho, a impureza. O verdadeiro devoto de Maria Santíssima ama o que Ela ama: Deus e a virtude; e odeia o que Ela odeia: O pecado e tudo o que a ele conduz.

“Ó Maria concebida, sem pecado. Rogai por nós, que recorremos a vós.”


Oração à Nossa Senhora dos Navegantes

Ó Nossa Senhora dos Navegantes, Santíssima Filha de Deus, criador do céu, da terra, dos rios, lagos e mares; protegei-me em todas as minhas viagens.

Que ventos, tempestades, borrascas, raios e ressacas não pertubem a minha embarcação e que nenhuma criatura nem incidentes imprevistos causem alteração e atraso na minha viagem ou me desviem da rota traçada.

Virgem Maria, Senhora dos Navegantes, minha vida é a travessia de um mar furioso. As tentações, os fracassos e as desilusões são ondas impetuosas que ameaçam afundar minha frágil embarcação no abismo do desânimo e do desespero.

Nossa Senhora dos Navegantes, nas horas de perigo eu penso em vós e o medo desaparece; o ânimo e a disposição de lutar e de vencer torna a me fortalecer. Com a vossa proteção e a bênção de vosso Filho, a embarcação da minha vida há de ancorar segura e tranqüila no porto da eternidade. Nossa Senhora dos Navegantes, rogai por nós.

Foto: Nossa Senhora dos Navegantes
(2 de Fevereiro)

Consta que o início da devoção à Nossa Senhora dos Navegantes originou-se na Idade Média por ocasião das Cruzadas,  quando os cristãos invocavam a  proteção de Maria Santíssima.  Sob o título de

3 de Fevereiro

Beato Stefano Bellezini

Nasceu em Trento, em 25 de novembro de 1774. Aos 18 anos vestiu o hábito agostiniano no convento de São Marcos. Passou pois pelo noviciado de Bolonha, tendo seguido a Roma e de novo a Bolonha para os estudos de filosofia e da teologia. Por ocasião da invasão das tropas napoleônicas teve de abandonar o Estado pontifício, retornando a Trento, onde no ano de 1797 foi ordenado. Viveu no convento de São Marco ao final de 1809, ano em que o Mosteiro foi fechado por ocasião da supressão religiosa operada pelo governo da região.

Retornando à família, dedica-se à assistência de jovens, fazendo da própria casa uma escola gratuita. Continua esta atividade até o retorno do governo austríaco, conquistando em breve tempo a estima e consideração do povo e isso estendeu-se à autoridade civil, que o nomeou Inspetor Geral da Escola de Trento.

Padre Stefano decidiu, porém, permanecer fiel à sua profissão religiosa. Diante da impossibilidade de concretizar isso na sua cidade, já que o governo não permitia a reabertura do convento de São Marco, abandona a carreira escolar e refugia-se à Bolonha, no estado Pontifício, onde em breve espaço se reabilita na vida religiosa. A autoridade civil de Trento, apressadamente o convida a retornar, respondendo resolutamente que encontra-se unido à Deus através dos votos religiosos e que sua amadíssima Mãe é a Religião.

Foi excelente mestre do noviciado. Consagrou-se, os últimos anos de sua vida ao ministério paroquial de Genezzano, vindo à morrer em 2 de fevereiro de 1840. Seu corpo repousa no Santuário do Bom Conselho, em Genezzano. Foi proclamado beato por São Pio X em 1904. É o primeiro pároco elevado à honra dos altares. Sua memória litúrgica se celebra em 3 de fevereiro.

Foto: Beato Stefano Bellezini
(3 de Fevereiro)

Nasceu em Trento, em 25 de novembro de 1774. Aos 18 anos vestiu o hábito agostiniano no convento de São Marcos. Passou pois  pelo noviciado de Bolonha, tendo seguido a  Roma e de novo a  Bolonha para os estudos de filosofia e da teologia.  Por ocasião da invasão das tropas napoleônicas teve de abandonar o Estado pontifício, retornando a Trento, onde no ano de 1797 foi ordenado. Viveu no convento de São Marco ao final de 1809, ano em que o Mosteiro foi fechado por ocasião da supressão religiosa operada pelo governo da região. 

Retornando à família, dedica-se à assistência de jovens, fazendo da própria casa  uma escola gratuita. Continua esta atividade até o retorno do governo austríaco, conquistando em breve tempo a estima e consideração do povo e isso estendeu-se à autoridade civil,  que o nomeou Inspetor Geral da Escola  de Trento. 

Padre Stefano decidiu, porém,  permanecer fiel à sua profissão religiosa.  Diante da  impossibilidade de concretizar isso na  sua cidade, já que o governo não permitia a  reabertura do convento de São Marco, abandona a  carreira escolar e refugia-se à Bolonha, no estado Pontifício, onde em breve espaço se reabilita na vida religiosa.  A autoridade civil de Trento, apressadamente o convida a retornar, respondendo resolutamente que encontra-se unido à Deus através dos votos religiosos e  que sua amadíssima Mãe é a  Religião.

Foi excelente mestre do noviciado.  Consagrou-se, os últimos anos de sua vida ao ministério paroquial de Genezzano, vindo à morrer em 2 de fevereiro de 1840.  Seu corpo repousa no Santuário do Bom Conselho, em Genezzano.  Foi proclamado beato por São Pio X em 1904. É o primeiro pároco elevado à honra dos altares.  Sua memória litúrgica se celebra em 3 de fevereiro

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São Brás

O santo de hoje nasceu na cidade de Sebaste, Armênia, no final do século III. São Brás, primeiramente, foi médico, mas entrou numa crise, não profissional, pois era bom médico e prestava um ótimo serviço à sociedade. Mas nenhuma profissão, por melhor que seja, consegue ocupar aquele lugar que é somente de Deus. Então, providencialmente, porque ele ia se abrindo e buscando a Deus, foi evangelizado. Não se sabe se já era batizado ou pediu a graça do Santo Batismo, mas a sua vida sofreu uma guinada. Esta mudança não foi somente no âmbito da religião, sua busca por Nosso Senhor Jesus Cristo estava ligada ao seu profissional e muitas pessoas começaram a ser evangelizadas através da busca de santidade daquele médico.

Numa outra etapa de sua vida, ele discerniu que precisava se retirar. Para ele, o retiro era permanecer no Monte Argeu, na penitência, na oração, na intercessão para que muitos encontrassem a verdadeira felicidade como ele a encontrou em Cristo e na Igreja. Mas, na verdade, o Senhor o estava preparando, porque, ao falecer o bispo de Sebaste, o povo, conhecendo a fama do santo eremita, foi buscá-lo para ser pastor. Ele, que vivia naquela constante renúncia, aceitou ser ordenado padre e depois bispo; não por gosto dele, mas por obediência.

Sucessor dos apóstolos e fiel à Igreja, era um homem corajoso, de oração e pastor das almas, pois cuidava dos fiéis na sua totalidade. Evangelizava com o seu testemunho.

São Brás viveu num tempo em que a Igreja foi duramente perseguida pelo imperador do Oriente, Licínio, que era cunhado do imperador do Ocidente, Constantino. Por motivos políticos e por ódio, Licínio começou a perseguir os cristãos, porque sabia que Constantino era a favor do Cristianismo. O prefeito de Sebaste, dentro deste contexto e querendo agradar ao imperador, por saber da fama de santidade do bispo São Brás, enviou os soldados para o Monte Argeu, lugar que esse grande santo fez sua casa episcopal. Dali, ele governava a Igreja, embora não ficasse apenas naquele local.

São Brás foi preso e sofreu muitas chantagens para que renunciasse à fé. Mas por amor a Cristo e à Igreja, preferiu renunciar à própria vida. Em 316, foi degolado.

Conta a história que, ao se dirigir para o martírio, uma mãe apresentou-lhe uma criança de colo que estava morrendo engasgada por causa de uma espinha de peixe na garganta. Ele parou, olhou para o céu, orou e Nosso Senhor curou aquela criança.

Peçamos a intercessão do santo de hoje para que a nossa mente, a nossa garganta, o nosso coração, nossa vocação e a nossa profissão possam comunicar esse Deus, que é amor.

São Brás, rogai por nós!

Foto: São Brás
(3 de Fevereiro)

O santo de hoje nasceu na cidade de Sebaste, Armênia, no final do século III. São Brás, primeiramente, foi médico, mas entrou numa crise, não profissional, pois era bom médico e prestava um ótimo serviço à sociedade. Mas nenhuma profissão, por melhor que seja, consegue ocupar aquele lugar que é somente de Deus. Então, providencialmente, porque ele ia se abrindo e buscando a Deus, foi evangelizado. Não se sabe se já era batizado ou pediu a graça do Santo Batismo, mas a sua vida sofreu uma guinada. Esta mudança não foi somente no âmbito da religião, sua busca por Nosso Senhor Jesus Cristo estava ligada ao seu profissional e muitas pessoas começaram a ser evangelizadas através da busca de santidade daquele médico.

Numa outra etapa de sua vida, ele discerniu que precisava se retirar. Para ele, o retiro era permanecer no Monte Argeu, na penitência, na oração, na intercessão para que muitos encontrassem a verdadeira felicidade como ele a encontrou em Cristo e na Igreja. Mas, na verdade, o Senhor o estava preparando, porque, ao falecer o bispo de Sebaste, o povo, conhecendo a fama do santo eremita, foi buscá-lo para ser pastor. Ele, que vivia naquela constante renúncia, aceitou ser ordenado padre e depois bispo; não por gosto dele, mas por obediência.

Sucessor dos apóstolos e fiel à Igreja, era um homem corajoso, de oração e pastor das almas, pois cuidava dos fiéis na sua totalidade. Evangelizava com o seu testemunho.

São Brás viveu num tempo em que a Igreja foi duramente perseguida pelo imperador do Oriente, Licínio, que era cunhado do imperador do Ocidente, Constantino. Por motivos políticos e por ódio, Licínio começou a perseguir os cristãos, porque sabia que Constantino era a favor do Cristianismo. O prefeito de Sebaste, dentro deste contexto e querendo agradar ao imperador, por saber da fama de santidade do bispo São Brás, enviou os soldados para o Monte Argeu, lugar que esse grande santo fez sua casa episcopal. Dali, ele governava a Igreja, embora não ficasse apenas naquele local. 

São Brás foi preso e sofreu muitas chantagens para que renunciasse à fé. Mas por amor a Cristo e à Igreja, preferiu renunciar à própria vida. Em 316, foi degolado.

Conta a história que, ao se dirigir para o martírio, uma mãe apresentou-lhe uma criança de colo que estava morrendo engasgada por causa de uma espinha de peixe na garganta. Ele parou, olhou para o céu, orou e Nosso Senhor curou aquela criança.

Peçamos a intercessão do santo de hoje para que a nossa mente, a nossa garganta, o nosso coração, nossa vocação e a nossa profissão possam comunicar esse Deus, que é amor.

São Brás, rogai por nós!

4 de Fevereio

Santa Joana de Valois da França

Joana de Valois nasceu aos 23 de abril de 1464 no castelo Plessis les Tours, filha de Luiz XI, rei da França e da rainha Carlota de Savóia, esta irmã do bem-aventurado Amadeu IX. Luiz, que ansiosamente esperava pelo nascimento de herdeiro do trono, não disfarçava o seu desapontamento, ainda mais quando soube que a criança nasceu coxa e feia.

Por uma ordem despótica do rei a menininha foi afastada da mãe e tendo 5 anos, confiada aos cuidados de uma senhora fidalga, que no castelo de Lumieres dispensou a princesinha uma educação primorosamente católica.

Joana, tendo chegado à idade de 12 anos, foi casada com seu primo, duque de Orleans, que apenas 14 anos contava e segredo não fazia da profunda antipatia em que tinha sua noiva.

O casamento foi celebrado aos 8 de setembro de 1476 no castelo de Monrichard, na presença do bispo de Orleans.

Não tardou que Joana recebesse ordem de seu pai para retornar ao castelo de Lumieres. Em bem pouco tempo se convencera da impossibilidade de convivência com um marido dissoluto e perverso. Com tanta maior dedicação entregou-se a exercícios de piedade e obras de caridade, tudo em completa conformidade com a santa vontade de Deus.

Tendo um dia notícia da grave enfermidade do seu esposo, pressurosa correu para junto dele em Bourges, oferecendo-lhe caridosamente sua assistência de solícita enfermeira. Colheu, porém, declarada ingratidão, no meio de insultos e declarações injuriosas, que, em suportá-las, deu exemplo e provas de paciência heróica e humildade.

Em 1483 faleceu o rei Luiz XI e sucedeu-lhe seu filho Carlos VII. O duque de Orleans, marido de Joana, repudiou-a e fez anular canonicamente o seu casamento com ela, para se consorciar com Ana, filha do duque de Bretanha. Joana suportou também essa insolente injustiça com serenidade de nobre e cristã.

Efetivamente o matrimônio de Joana com o duque de Orleans foi pelo Papa Alexandre VI declarado nulo e Joana ficou com a administração do ducado de Berry, que o rei lhe havia deixado.

Quando se podia crer que tudo havia terminado para Joana, tudo começou. O seu reino temporal em acabar, estava preparado para o espiritual. Pondo-se a serviço do povo, irrestritamente trabalhou para sua própria santificação, sob a direção de São Francisco de Paula, Joana era devotíssima a Nossa Senhora e como uma das primeiras figuras entre as veneradoras do puríssimo Coração de Maria, cujo imenso amor ao gênero humano lhe foi revelado em uma celestial visão.

Livre de outras obrigações, Joana sentia em seu coração ressurgir a idéia e o desejo afagado desde a infância de fundar uma Congregação às virtudes da SS. Virgem. Pôs mãos à obra e deu à Igreja a Ordem das “Monjas da Bem-Aventurada Virgem Maria, ditas da Anunciata”, cuja Regra ela mesma elaborou, a qual teve a aprovação dos Papas Alexandre VI e Leão X. No dia de Pentecostes 1504 as primeiras monjas desta nova ordem pronunciaram votos. A fundadora construiu um convento para a Ordem por ela fundada e nela, como simples religiosa, entrou.

Depois de uma existência cheia de sacrifícios, provações e sofrimentos, mas não menos de uma vida de oração, Joana faleceu em 4 de fevereiro de 1503, na idade de 41 anos. Pessoas de sua intimidade, afirmaram terem visto a cabeça da falecida rodeada de uma luz misteriosa. O seu túmulo Deus o glorificou com muitos milagres. O povo tinha Joana em veneração de Santa.

Nas perseguições religiosas no século 16 seu túmulo foi profanado. Fanáticos queimaram o corpo da Santa e atiraram com as cinzas ao ar.

A Congregação das Anunciatas se espalhou pela França, pela Bélgica e pela Inglaterra.

Beatificada por Pio VI, em 1775, em 1950, por ocasião do Ano Santo, o Papa Pio XII elevou-a às honras dos altares, canonizando-a.

Foto: Santa Joana de Valois da França
(4 de Fevereiro)

Joana de Valois nasceu aos 23 de abril de 1464 no castelo Plessis les Tours, filha de Luiz XI, rei da França e da rainha Carlota de Savóia, esta irmã do bem-aventurado Amadeu IX. Luiz, que ansiosamente esperava pelo nascimento de herdeiro do trono, não disfarçava o seu desapontamento, ainda mais quando soube que a criança nasceu coxa e feia.

Por uma ordem despótica do rei a menininha foi afastada da mãe e tendo 5 anos, confiada aos cuidados de uma senhora fidalga, que no castelo de Lumieres dispensou a princesinha uma educação primorosamente católica.

Joana, tendo chegado à idade de 12 anos, foi casada com seu primo, duque de Orleans,  que apenas 14 anos contava e segredo não fazia da profunda antipatia em que tinha sua noiva.

O casamento foi celebrado aos 8 de setembro de 1476 no castelo de Monrichard, na presença do bispo de Orleans.

Não tardou que Joana recebesse ordem de seu  pai para retornar ao castelo de Lumieres. Em bem pouco tempo se convencera da impossibilidade de convivência com um marido dissoluto e perverso. Com tanta maior dedicação entregou-se a exercícios de piedade e obras de caridade, tudo em completa conformidade com a santa vontade de Deus.

Tendo um dia notícia da grave enfermidade do seu esposo, pressurosa correu para junto dele em Bourges, oferecendo-lhe caridosamente sua assistência de solícita enfermeira. Colheu, porém, declarada ingratidão, no meio de insultos e declarações injuriosas, que, em suportá-las, deu exemplo e provas de paciência heróica e humildade.

Em 1483 faleceu o rei Luiz XI e sucedeu-lhe seu filho Carlos VII. O duque de Orleans, marido de Joana, repudiou-a e fez anular canonicamente o seu casamento com ela, para se consorciar com Ana, filha do duque de Bretanha. Joana suportou também essa insolente injustiça com serenidade de nobre e cristã.

Efetivamente o matrimônio de Joana com o duque de Orleans foi pelo Papa Alexandre VI declarado nulo e Joana ficou com a administração do ducado de Berry, que o rei lhe havia deixado.

Quando se podia crer que tudo havia terminado para Joana, tudo começou. O seu reino temporal em acabar, estava preparado para o espiritual. Pondo-se a serviço do povo, irrestritamente trabalhou para sua própria santificação, sob a direção de São Francisco de Paula, Joana era devotíssima a Nossa Senhora e como uma das primeiras figuras entre as veneradoras do puríssimo Coração de Maria, cujo imenso amor ao gênero humano lhe foi revelado em uma celestial visão.

Livre de outras obrigações, Joana sentia em seu coração ressurgir a idéia e o desejo afagado desde a infância de fundar uma Congregação às virtudes da SS. Virgem. Pôs mãos à obra e deu à Igreja a Ordem das “Monjas da Bem-Aventurada Virgem Maria, ditas da Anunciata”, cuja Regra ela mesma elaborou, a qual teve a aprovação dos Papas Alexandre VI e Leão X. No dia de Pentecostes 1504 as primeiras monjas desta nova ordem pronunciaram votos. A fundadora construiu um convento para a Ordem por ela fundada e nela, como simples religiosa, entrou.

Depois de uma existência cheia de sacrifícios, provações e sofrimentos, mas não menos de uma vida de oração, Joana faleceu em 4 de fevereiro de 1503, na idade de 41 anos. Pessoas de sua intimidade, afirmaram terem visto a cabeça da falecida rodeada de uma luz misteriosa. O seu túmulo Deus o glorificou com muitos milagres. O povo tinha Joana em veneração de Santa.

Nas perseguições religiosas no século 16 seu túmulo foi  profanado. Fanáticos queimaram o corpo da Santa e atiraram com as cinzas ao ar.

A Congregação das Anunciatas se espalhou pela França, pela Bélgica e pela Inglaterra.

Beatificada por Pio VI, em 1775, em 1950, por ocasião do Ano Santo, o Papa Pio XII elevou-a às honras dos altares, canonizando-a. Sua festa é celebrada em 4 de fevereiro.

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São João de Brito

Filho de Salvador Pereira de Brito e Brites Pereira nasceu João de Brito em 1° de março de 1647, em Lisboa. Educado entre os pajens do Rei D. João, distinguiu-se sempre pela lhaneza do seu trato e delicadeza de consciência. Em seu coração nutria sempre o desejo de oferecer a Deus uma vida mais perfeita, pela observação dos conselhos evangélicos. Paralelo a este desejo ia a vontade de sacrificar sua vida como missionário das Índias. Foi esta aspiração, que o animou a entrar no postulado da Companhia de Jesus em São Roque. Contava ele 14 anos.

Fez lisonjeiros progressos nos seus estudos, e chegou a receber as ordens sacerdotais. Em uma das cartas que ao Superior Geral da Companhia dirigiu, e em que se externa sobre o íntimo desejo de sua alma, lê-se o seguinte trecho: “O desejo que tenho e que, dia e noite, me abrasa de ir às Índias para me empregar na salvação das almas, é tão veemente que, se pudesse renovaria todos os dias esta petição a V.ª Paternidade”.

Ordenado sacerdote, teve grande satisfação de ser mandado para as Missões da Índia. Em Goa se deteve alguns anos, completando os estudos teológicos. Terminados estes, iniciou a sua vida de missionário ativo na região Maduré. Qual outro Francisco Xavier, cujo apostolado glorioso lhe era o ideal, de corpo e alma se atirou aos múltiplos trabalhos da sua Missão, conservando-se sempre fiel no espírito do temor de Deus, na rigorosa observância das constituições e no amor pelas almas imortais.

Deus abençoou visivelmente o apostolado do seu servo. Aos milhares os hindus vieram aos pés do missionário jesuíta, professar-lhe a fé em Jesus Cristo e pedir o santo batismo. Os sacrifícios por ele feitos durante 20 anos de labor missionário, ele os viu recompensados na medida de cento por um.

O inimigo de todo o bem não podia ver isto de bons olhos; muito menos com a conversão de tantas almas podia ele se conformar. Os sacerdotes pagãos tramaram terrível perseguição ao apóstolo de Cristo, que um dia, quando menos por isso podia esperar, viu-se rodeado de uma corte inimiga, que o prenderam a ele e os seus companheiros. De mil modos os maltrataram, dando-lhe finalmente a morte pela espada. Amputaram-lhe ainda as mãos e os pés. O tronco com a cabeça foram em lugar público expostos ao ludíbrio do poviléu. As relíquias foram depositadas na igreja do Colégio dos Jesuítas em Goa, onde se acha também o corpo de São Francisco Xavier.

Em 17 de fevereiro de 1853, Padre João de Brito foi inscrito no elenco dos Bem-aventurados pelo Papa Pio IX. Em 27 de junho de 1947 foi canonizado pelo Sumo Pontífice Pio XII.

Reflexões:

“Para nós brasileiros, como bem acentuou o grande historiador Padre Serafim Leite, São João de Brito tem uma expressão que se não encontra em nenhum outro Santo e o torna em certo sentido nosso, porque nasceu num período em que Portugal e o Brasil constituíam uma unidade política (1647) e o seu pai Salvador de Brito Pereira ocupou o alto cargo de governador do Rio de Janeiro e ali faleceu em 1650.

Outro fato o liga ainda à nossa terra e à nossa gente, por ter ele próprio vivido algum tempo no Colégio dos Jesuítas da Bahia quando em 1687, já depois de ter padecido na Índia gravíssimos tormentos como confessor da Fé, ia a caminho de Portugal, no ofício de procurador de sua Missão.

A presença do mártir nesta Capital causou indiscutível abalo e inflamou os corações de alguns estudantes para seguir, na mesma Índia os seus exemplos e apostolado. E o movimento, assim iniciado, veio a desabrochar depois em expedições missionárias brasileiras, saídas desta Capital para a Índia no século XVIII, primeira e gloriosa manifestação do expansionismo externo do Brasil Católico”.

Cabendo a esta Cidade do Salvador a honra insigne de ter sido o único pedaço do solo brasileiro visitado por São João de Brito, merece aplausos a iniciativa dos portugueses que vão distingui-la com a primazia de possuir e venerar a primeira imagem do novo santo de Portugal, oferecida à Basílica da Conceição da Praia, pelos seus conterrâneos, que, na Bahia vivem e trabalham pela propagação da mesma fé que levou o Apóstolo de Maduré à glória do martírio.

Foto: São João de Brito
(4 de Fevereiro)

Filho de Salvador Pereira de Brito e Brites Pereira nasceu João de Brito em 1° de março de 1647, em Lisboa. Educado entre os pajens do Rei D. João, distinguiu-se sempre pela lhaneza do seu trato e delicadeza de consciência. Em seu coração nutria sempre o desejo de oferecer a Deus uma vida mais perfeita, pela observação dos conselhos evangélicos. Paralelo a este desejo ia a vontade de sacrificar sua vida como missionário das Índias. Foi esta aspiração, que o animou a entrar no postulado da Companhia de Jesus em São Roque. Contava ele 14 anos.

Fez lisonjeiros progressos nos seus estudos, e chegou a receber as ordens sacerdotais. Em uma das cartas que ao Superior Geral da Companhia dirigiu, e em que se externa sobre o íntimo desejo de sua alma, lê-se o seguinte trecho: “O desejo que tenho e que, dia e noite, me abrasa de ir às Índias para me empregar na salvação das almas, é tão veemente que, se pudesse renovaria todos os dias esta petição a V.ª Paternidade”.

Ordenado sacerdote, teve grande satisfação de ser mandado para as Missões da Índia. Em Goa se deteve alguns anos, completando os estudos teológicos. Terminados estes, iniciou a sua vida de missionário ativo na região Maduré.  Qual outro Francisco Xavier, cujo apostolado glorioso lhe era o ideal, de corpo e alma se atirou aos múltiplos trabalhos da sua Missão, conservando-se sempre fiel no espírito do temor de Deus, na rigorosa observância das constituições e no amor pelas almas imortais.

Deus abençoou visivelmente o apostolado do seu servo. Aos milhares os hindus vieram aos pés do missionário jesuíta, professar-lhe a fé em Jesus Cristo e pedir o santo batismo. Os sacrifícios por ele feitos durante 20 anos de labor missionário, ele os viu recompensados na medida de cento por um.

O inimigo de todo o bem não podia ver isto de bons olhos; muito menos com a conversão de tantas almas podia ele se conformar. Os sacerdotes pagãos tramaram terrível perseguição ao apóstolo de Cristo, que um dia, quando menos por isso podia esperar, viu-se rodeado de uma corte inimiga, que o prenderam a ele e os seus companheiros. De mil modos os maltrataram, dando-lhe finalmente a morte pela espada. Amputaram-lhe ainda as mãos e os pés. O tronco com a cabeça foram em lugar público expostos ao ludíbrio do poviléu. As relíquias foram depositadas na igreja do Colégio dos Jesuítas em Goa, onde se acha também o corpo de São Francisco Xavier.

Em 17 de fevereiro de 1853, Padre  João de Brito foi inscrito no elenco dos Bem-aventurados pelo Papa Pio IX. Em 27 de junho de 1947 foi canonizado pelo Sumo Pontífice Pio XII.

Reflexões:

“Para nós brasileiros, como bem acentuou o grande historiador  Padre Serafim Leite, São João de Brito tem uma expressão que se não encontra em nenhum outro Santo e o torna em certo sentido nosso,  porque nasceu num período em que Portugal e o Brasil constituíam uma unidade política (1647) e o seu pai Salvador de Brito Pereira ocupou o alto cargo de governador do Rio de Janeiro e ali faleceu em 1650.

Outro fato o liga ainda à nossa terra e à nossa gente, por ter ele próprio vivido algum tempo no Colégio dos Jesuítas da Bahia quando em 1687, já depois de ter padecido na Índia gravíssimos tormentos como confessor da Fé, ia a caminho de Portugal, no ofício de procurador de sua Missão.

A presença do mártir  nesta Capital causou indiscutível abalo e inflamou os corações de alguns estudantes para seguir, na mesma Índia os seus exemplos e apostolado. E o movimento, assim iniciado, veio a desabrochar depois em expedições missionárias brasileiras, saídas desta Capital para a Índia no século XVIII, primeira e gloriosa manifestação do expansionismo externo do Brasil Católico”.

Cabendo a esta Cidade do Salvador a honra insigne de ter sido o único pedaço do solo brasileiro visitado por São João de Brito, merece aplausos a iniciativa dos portugueses que vão distingui-la com a primazia de possuir e venerar a primeira imagem do novo santo de Portugal, oferecida à Basílica da Conceição da Praia, pelos seus conterrâneos, que, na Bahia vivem e trabalham pela propagação da mesma fé que levou o Apóstolo de Maduré à glória do martírio.

5 de Fevereiro

Santa Ágata

Santa Ágata é uma das mais gloriosas heroínas da Igreja primitiva e cuja intercessão é invocada diariamente, no Cânon da santa Missa. Natural da Sicília, pertenceu a uma das famílias mais nobres do país. De pouca idade ainda, Ágata consagrou-se à Deus, pelo voto da castidade. O governador Quintiano, tendo tido notícia a formosura e grande riqueza de Ágata, acusada do crime de pertencer à religião cristã, mandou-lhe ordem de prisão. Ágata, vendo-se nas mãos dos perseguidores, exclamou: “Jesus Cristo, Senhor de todas as coisas, vós vedes o meu coração e lhe conheceis o desejo. Tomai posse de mim e de tudo que me pertence. Sois o Pastor, meu Deus; sou vossa ovelha. Fazei que seja digna de vencer o demônio”. Levada à presença do governador, este achando-a de extraordinária beleza, ficou tomado de violenta paixão pela nobre cristã, à qual se atreveu importunar com propostas indecorosas. Ágata, indignada, rejeitou-lhe as impertinências desavergonhadas e declarou preferir morrer a macular o nome de cristã. Quintiano aparentemente desistiu do plano diabólico, mas para conseguir os seus maldosos fins, mandou entregar a donzela a Afrodisia, mulher de péssima fama, na esperança de, na convivência com esta pessoa, Ágata se tornar mais acessível. Enganou-se. Afrodisia nada conseguiu e depois de um trabalho inútil de trinta dias, pediu a Quintino que tirasse Ágata de sua casa.

Começou então o martírio da nobre siciliana. Tendo-a citado perante o tribunal, apostrofou-a com estas palavras: “Não te envergonhas de rebaixar-te à escravidão do cristianismo, quando pertences a nobre família ?” – Ágata respondeu-lhe: “A servidão de Cristo é liberdade e está acima de todas as riquezas dos reis”. A resposta a esta declaração foram bofetadas, tão barbaramente aplicadas, que causaram forte epistaxe. Depois desta e de outras brutalidades a santa Mártir foi metida no cárcere, com graves ameaças de ser sujeita a torturas maiores, se não resolvesse a abandonar a religião de Jesus Cristo.

O dia seguinte trouxe a realização dessas iniqüidades. O tirano ordenou que a donzela fosse esticada sobre a catasta, os membros lhe foram desconjuntados e o corpo todo queimado com chapas de cobre em brasa, e os peitos atormentados com torqueses de ferro e depois cortados. Referindo-se a esta última brutalidade, Ágata disse ao juiz: “Não te envergonhas de mutilar na mulher, o que tua mãe te deu para te aleitar ?”

Após esta tortura crudelíssima, Ágata foi levada novamente ao cárcere, entregue às suas dores, sem que lhe fosse administrado o mínimo tratamento. Deus, porém, que confunde os planos dos homens, veio em auxílio de sua pobre serva.

Durante a noite lhe apareceu um venerável ancião, que se dizia mandado por Jesus Cristo, para trazer-lhe alívio e curá-la. O ancião, que era o Apóstolo São Pedro, elogiou-lhe a firmeza e animou-a a continuar impávida no caminho da vitória. A visão desapareceu e Ágata com muita admiração viu-se completamente restabelecida. Cheia de gratidão, entoou cânticos, louvando a misericórdia e bondade de Deus. Os guardas, ouvindo-a cantar, abriram a porta do cárcere e vendo a Mártir completamente curada, fugiram cheios de pavor. As companheiras de prisão de Ágata aconselharam-na que fugisse, aproveitando ocasião tão propícia para isto. Ela, porém, disse: “Deus me livre de abandonar a arena antes de ter segura em minha mão a palma da vitória”.

Passados quatro dias, foi novamente apresentada ao juiz. Este não pode deixar de se mostrar admirado, vendo-a completamente restabelecida. Ágata disse-lhe: “Vê e reconhece a onipotência de Deus, a quem adoro. Foi ele quem me curou as feridas e me restituiu os seios. Como podes, pois exigir de mim que o abandone ? – Não – não poderá haver tortura, por mais cruel que seja, que me faça separar-me do meu Deus”. O juiz não mais se conteve. Deu ordem para que Ágata, fosse rolada sobre cacos de vidros e brasas. No mesmo momento a cidade foi abalada por um forte tremor de terra. Uma parede, bem perto de Quintiano, desabou e sepultou dois seus amigos. O povo, diante disto, não mais se conteve e em altas vozes exigiu a libertação da Mártir, dizendo: “Eis o castigo que veio, por causa do martírio da nobre donzela. Larga a tua inocente vítima, juiz perverso e sem coração !” Ágata voltou ao cárcere e lá chegada, de pé, os braços abertos, orou a Deus nestes termos: “Senhor, que desde a infância me protegestes, extinguistes em mim o amor ao mundo e me destes a graça de sofrer o martírio, ouvi as preces da vossa serva fiel e aceitai a minha alma”. Deus ouviu a voz de sua filha e recebeu-a em sua glória no ano 252.

Santa Ágata é invocada pelos cristãos contra o perigo do incêndio.

Passado um ano depois da morte da Santa, a cidade de Catarina assistiu apavorada, uma erupção do Etna. O povo, em sua indizível aflição, quando viu as ondas da lava incandescia ameaçar a cidade, correu ao túmulo da Santa, tomou o véu que cobria o seu rosto e estendeu-o contra a torrente de fogo. Imediatamente o perigo estava afastado.

Reflexões:

Trinta dias de contínua e calculada tentação não abalaram o ânimo e a virtude de Santa Ágata. Se procedêssemos sempre com a mesma prudência, se quiséssemos usar as mesmas armas, com que Santa Ágata alcançou a vitória sobre os inimigos, que procuravam a perda de sua alma, também seríamos vencedores. As armas, que estão sempre à nossa disposição e devemos manejar com destreza, são a oração, o jejum e lembrança de Deus. A lembrança de que Deus está sempre presente e vê os nossos pensamentos e as nossas obras, é capaz de dar-nos conforto na luta, e persistência na peleja. “Ninguém dos que acreditam na presença de Deus em todo o lugar, correrá perigo de cometer um pecado, nem pensará em praticar um ato pecaminoso”, diz São Basílio. Com Suzana, tentada por dois juízes, homens de má catadura, dirá também, quando o tentador o perseguir: “É melhor cair em vossas mãos, sem que cometa o pecado, do que pecar na presença do Senhor”. (Dan. 13)

Santa Ágata consagrou-se a Deus e em tenra idade fez voto de castidade. Mais tarde fez a experiência de que Deus não permite tentações que superem as nossas forças. Embora fossem terríveis as tentações, a que o demônio e maus homens a sujeitaram, Ágata ficou firme. A esperança no Salvador deu-lhe forças quase sobre-humanas . A fidelidade jurada a Deus era-lhe seguro penhor da assistência forte e valente do divino Senhor. Feliz o cristão que, como Santa Ágata, se consagrar a Deus e se conservar fiel no cumprimento de sua promessa. Terá a felicidade de não ficar em contato com o vício e o coração se lhe conservará livre da influência do demônio. Pode elevar as mãos puras confiadamente ao céu e Deus ouvir-lhe-á as orações. Nos combates tem a seu lado Aquele que venceu o mundo. Por Ele defendido, guiado e protegido pode um mundo de inimigos levantar-se e ameaçadoramente o atacar, a vitória será certa, a coroa garantida.

Foto: Santa Ágata
(5 de Fevereiro)

Santa Ágata é uma das mais gloriosas heroínas da Igreja primitiva e cuja intercessão é invocada diariamente, no Cânon da santa Missa. Natural da Sicília, pertenceu a uma das famílias mais nobres do país. De pouca idade ainda, Ágata consagrou-se à Deus, pelo voto da castidade. O governador Quintiano, tendo tido notícia a formosura e grande riqueza de Ágata, acusada do crime de pertencer à religião cristã, mandou-lhe ordem de prisão. Ágata, vendo-se nas mãos dos perseguidores, exclamou: “Jesus Cristo, Senhor de todas as coisas, vós vedes o meu coração e lhe conheceis o desejo. Tomai posse de mim e de tudo que me pertence. Sois o Pastor, meu Deus; sou vossa ovelha. Fazei que seja digna de vencer o demônio”. Levada à presença do governador, este achando-a de extraordinária beleza, ficou tomado de violenta paixão pela nobre cristã, à qual se atreveu importunar com propostas indecorosas. Ágata, indignada, rejeitou-lhe as impertinências desavergonhadas e declarou preferir morrer a macular o nome de cristã. Quintiano aparentemente desistiu do plano diabólico, mas para conseguir os seus maldosos fins, mandou entregar a donzela a Afrodisia, mulher de péssima fama, na esperança de, na convivência com esta pessoa, Ágata se tornar mais acessível. Enganou-se. Afrodisia nada conseguiu e depois de um trabalho inútil de trinta dias, pediu a Quintino que tirasse Ágata de sua casa.

Começou então o martírio da nobre siciliana. Tendo-a citado perante o tribunal, apostrofou-a com estas palavras: “Não te envergonhas de rebaixar-te à escravidão do cristianismo, quando pertences a nobre família ?” – Ágata respondeu-lhe: “A servidão de Cristo é liberdade e está acima  de todas as riquezas dos reis”. A resposta a esta declaração foram bofetadas, tão barbaramente aplicadas, que causaram forte epistaxe. Depois desta e de outras brutalidades a santa Mártir foi metida no cárcere, com graves ameaças de ser sujeita a torturas maiores, se não resolvesse a abandonar a religião de Jesus Cristo.

O dia seguinte trouxe a realização dessas iniqüidades. O tirano ordenou que a donzela fosse esticada sobre a catasta, os membros lhe foram desconjuntados e o corpo todo queimado com chapas de cobre em brasa, e os peitos atormentados com torqueses de ferro e depois cortados. Referindo-se a esta última brutalidade, Ágata disse ao juiz: “Não te envergonhas de mutilar na mulher, o que tua mãe te deu para te aleitar ?” 

Após esta tortura crudelíssima, Ágata foi levada novamente ao cárcere, entregue às suas dores, sem que lhe fosse administrado o mínimo tratamento. Deus, porém, que confunde os planos dos homens, veio em auxílio de sua pobre serva.

Durante a noite lhe apareceu um venerável ancião, que se dizia mandado por Jesus Cristo, para trazer-lhe alívio e curá-la. O ancião, que era o Apóstolo São Pedro, elogiou-lhe a firmeza e animou-a a continuar impávida no caminho da vitória. A visão desapareceu e Ágata com muita admiração viu-se completamente restabelecida. Cheia de gratidão, entoou cânticos, louvando a misericórdia e bondade de Deus. Os guardas, ouvindo-a cantar, abriram a porta do cárcere e vendo a Mártir completamente curada, fugiram cheios de pavor. As companheiras de prisão de Ágata aconselharam-na que fugisse, aproveitando ocasião tão propícia para isto. Ela, porém, disse: “Deus me livre de abandonar a arena antes de ter segura em minha mão a palma da vitória”.

Passados quatro dias, foi novamente apresentada ao juiz. Este não pode deixar de se mostrar admirado, vendo-a completamente restabelecida. Ágata disse-lhe: “Vê e reconhece a onipotência de Deus, a quem adoro. Foi ele quem me curou as feridas e me restituiu os seios. Como podes, pois exigir de mim que o abandone ? – Não – não poderá haver tortura, por mais cruel que seja, que me faça separar-me do meu Deus”. O juiz não mais se conteve. Deu ordem para que Ágata, fosse rolada sobre cacos de vidros e brasas. No mesmo momento a cidade foi abalada por um forte tremor de terra. Uma parede, bem perto de Quintiano, desabou e sepultou dois seus amigos. O povo, diante disto, não mais se conteve e em altas vozes exigiu a libertação da Mártir, dizendo: “Eis o castigo que veio, por causa do martírio da nobre donzela. Larga a tua inocente vítima, juiz perverso e sem coração !” Ágata voltou ao cárcere e lá chegada, de pé, os braços abertos, orou a Deus nestes termos: “Senhor, que desde a infância me protegestes, extinguistes em mim o amor ao mundo e me destes a graça de sofrer o martírio, ouvi as preces da vossa serva fiel e aceitai a minha alma”. Deus ouviu a voz de sua filha e recebeu-a em sua glória no ano 252.

Santa Ágata é invocada pelos cristãos contra o perigo do incêndio.

Passado um ano depois da morte da Santa, a cidade de Catarina assistiu apavorada, uma erupção do Etna. O povo, em sua indizível aflição, quando viu as ondas da lava incandescia ameaçar a cidade, correu ao túmulo da Santa, tomou o véu que cobria o seu rosto e estendeu-o contra a torrente de fogo. Imediatamente o perigo estava afastado.

 

Reflexões:

Trinta dias de contínua e calculada tentação não abalaram o ânimo e a virtude de Santa Ágata. Se procedêssemos sempre com a mesma prudência, se quiséssemos usar as mesmas armas, com que Santa Ágata alcançou a vitória sobre os inimigos, que procuravam a perda de sua alma, também seríamos vencedores. As armas, que estão sempre à nossa disposição e devemos manejar com destreza, são a oração, o jejum e lembrança de Deus. A lembrança de que Deus está sempre presente e vê os nossos pensamentos e as nossas obras, é capaz de dar-nos conforto na luta, e persistência na peleja.  “Ninguém dos que acreditam na presença de Deus em todo o lugar, correrá perigo de cometer um pecado, nem pensará em praticar um ato pecaminoso”, diz São Basílio. Com Suzana, tentada por dois juízes, homens de má catadura, dirá também, quando o tentador o perseguir: “É melhor cair em vossas mãos, sem que cometa o pecado, do que pecar na presença do Senhor”. (Dan. 13)

Santa Ágata consagrou-se a Deus e em tenra idade fez voto de castidade. Mais tarde fez a experiência de que Deus não permite tentações que superem as nossas forças. Embora fossem terríveis as tentações, a que o demônio e maus homens a sujeitaram, Ágata ficou firme. A esperança no Salvador deu-lhe forças quase sobre-humanas . A fidelidade jurada a Deus era-lhe seguro penhor da assistência forte e valente do divino Senhor. Feliz o cristão que, como Santa Ágata, se consagrar a Deus e se conservar fiel no cumprimento de sua promessa. Terá a felicidade de não ficar em contato com o vício e o coração se lhe conservará livre da influência do demônio. Pode elevar as mãos puras confiadamente ao céu e Deus ouvir-lhe-á as orações. Nos combates tem a seu lado Aquele que venceu o mundo. Por Ele defendido, guiado e protegido pode um mundo de inimigos levantar-se e ameaçadoramente o atacar, a vitória será certa, a coroa garantida.

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Santa Adelaide de Vilich

A Santa Virgem e abadessa Adelaide descendia dos célebres condes de Geldern. Os pais, Megengoz e Gerberga, tiveram, fora de Adelaide, ainda um filho e duas filhas. Uma destas entrou para o convento de Santa Maria em Colônia - Alemanha, Adelaide fez-se religiosa de Santa Úrsula, na mesma cidade.

Ambas foram eleitas abadessas pela respectiva comunidade a que pertenciam. Quando os pais, por ocasião da morte do filho, construíram uma Igreja e um convento em Villich, Adelaide passou a ser abadessa desse mosteiro. Com ela entraram muitas donzelas e foi introduzida a regra de São Bento.

Em Adelaide possuíam as religiosas uma verdadeira mãe, que, com muita habilidade, guiava as filhas no caminho da perfeição e santidade, sendo-lhes em todas as virtudes cristãs modelo perfeito.

A mesma caridade que reinava no convento, Adelaide tinha para com os pobres e doentes, que se lhe dirigiam. Quinze pobres eram seus hóspedes quotidianos. No tempo de uma grande fome, o convento de Villich foi a salvação para muita gente. Grande parte de sua herança destinou Adelaide para a pobreza. Pela morte de sua irmã Bertrada, abadessa do convento de Santa Maria, no Capitólio, em Colônia, para lá foi transferida, na mesma qualidade de abadessa. Lá morreu em 1015. Deus se serviu de sua serva para operar grandes milagres, dos quais dois sejam aqui mencionados. Uma pessoa possessa do demônio ficou livre desta escravidão, e um menino paralítico recuperou o uso dos membros.

Reflexões:

Santa Adelaide era caridosa para com os doentes, e com palavras e bons conselhos animava-os a levar a cruz em conformidade com a vontade de Deus. Visitar doentes é uma obra de misericórdia, que muito agrada a Deus. A visita feita a um doente deve ser sempre de utilidade para o enfermo. Uma palavra de conforto, lembrando-lhe o valor do sofrimento em união com a Paixão de Nosso Senhor, uma pequena oração feita com o enfermo, uma leitura edificante, feita da Imitação de Cristo, da Vida dos Santos ou de um outro livro piedoso, são bálsamo em dias de doença. Quem visita doentes, deve ter bastante tato, para evitar que moleste o enfermo.

Santa Adelaide, sentindo a proximidade da morte, externou o desejo de receber os santos Sacramentos. Este desejo todo cristão deve ter. Os santos Sacramentos, administrados na doença, não só não produzem mal algum, como pelo contrário, dão conforto, consolo e santidade à alma. Cruel, desumano e anticristão é o falso cuidado de certos parentes que, sob o pretexto de não assustar o doente, o deixem na ignorância sobre seu estado, e por todos os meios, procuram dele afastar o sacerdote e com ele os Sacramentos de Cristo.

Foto: Santa Adelaide de Vilich
(5 de Fevereiro)

A Santa Virgem e abadessa Adelaide descendia dos célebres condes de Geldern. Os pais, Megengoz e Gerberga, tiveram, fora de Adelaide, ainda um filho e duas filhas. Uma destas entrou para o convento de Santa Maria em Colônia - Alemanha, Adelaide fez-se religiosa de Santa Úrsula, na mesma cidade.

Ambas foram eleitas abadessas pela respectiva comunidade a que pertenciam. Quando os pais, por ocasião da morte do filho, construíram uma Igreja e um convento em Villich, Adelaide passou a ser abadessa desse mosteiro. Com ela entraram muitas donzelas e foi introduzida a regra de São Bento.

Em Adelaide possuíam as religiosas uma verdadeira mãe, que, com muita habilidade, guiava as filhas no caminho da perfeição e santidade, sendo-lhes em todas as virtudes cristãs modelo perfeito.

A mesma caridade que reinava no convento, Adelaide tinha para com os pobres e doentes, que se lhe dirigiam. Quinze pobres eram seus hóspedes quotidianos. No tempo de uma grande fome, o convento de Villich foi a salvação para muita gente. Grande parte de sua herança destinou Adelaide para a pobreza. Pela morte de sua irmã Bertrada, abadessa do convento de Santa Maria, no Capitólio, em Colônia, para lá foi transferida, na mesma qualidade de abadessa. Lá morreu em 1015. Deus se serviu de sua serva para operar grandes milagres, dos quais dois sejam aqui mencionados. Uma pessoa possessa do demônio ficou livre desta escravidão, e um menino paralítico recuperou o uso dos membros.

Reflexões:

Santa Adelaide era caridosa para com os doentes, e com palavras e bons conselhos animava-os a levar a cruz em conformidade com a vontade de Deus. Visitar doentes é uma obra de misericórdia, que muito agrada a Deus.  A visita feita a um doente deve ser sempre de utilidade para o enfermo. Uma palavra de conforto, lembrando-lhe o valor do sofrimento em união com a Paixão de Nosso Senhor, uma pequena oração feita com o enfermo, uma leitura edificante, feita da Imitação de Cristo, da Vida dos Santos ou de um outro livro piedoso, são bálsamo em dias de doença. Quem visita doentes, deve ter bastante tato, para evitar que moleste o enfermo.

Santa Adelaide, sentindo a proximidade da morte, externou o desejo de receber os santos Sacramentos. Este desejo todo cristão deve ter. Os santos Sacramentos, administrados na doença, não só não produzem mal algum, como pelo contrário, dão conforto, consolo e santidade à alma. Cruel, desumano e anticristão é o falso cuidado de certos parentes que, sob o pretexto de não assustar o doente, o deixem na ignorância sobre seu estado, e por todos os meios, procuram dele afastar o sacerdote e com ele os Sacramentos de Cristo.

6 de Fevereiro

São Paulo Míki e Companheiros Mártires

São Paulo Míki nasceu em Kyoto, no Japão, no século XVI dentro de uma família cristã, nobre, que foi canal para que ele recebesse, ainda pequeno, a graça do batismo. A partir de então, buscou também viver a riqueza do “ser batizado”. Discerniu a sua vocação, entrou para a Companhia de Jesus, tornou-se um Jesuíta e correspondeu ao chamado do sacerdócio.

Profundo conhecedor tanto da cultura quanto da língua, foi um homem compadecido do seu povo. Como nos tempos de hoje, o Japão não tinha o Cristianismo como religião predominante, então, São Paulo Míki buscava responder à necessidade da evangelização pela oração e pela penitência. Com estratégias inspiradas pelo Espírito Santo, foi um homem dócil, de comunidade.

Ousado e corajoso, quando ergueu-se à perseguição do Cristianismo no Japão também acabou sendo preso, assim como seus companheiros; mas não arrefeceu na sua fé. Ele, que era um grande pastor e pregador, também no momento do confronto, indicou Nosso Senhor Jesus Cristo e a sua religião como o único Salvador e a verdadeira religião; verdade que perdura para todos os tempos.

São Paulo Míki, assim como os companheiros de missão e outros cristãos fervorosos, deram testemunho com a vida e também com a mote.

Em Nagasaki, foram todos crucificados em 1595. Sementes para novos cristãos, desde a passagem de São Francisco Xavier já se contavam 300 mil cristãos no Japão. Depois, muito mais com testemunho desses 26 companheiros de Jesus.

Peçamos a intercessão deste santo para que o nosso relacionamento profundo com Deus se traduza em evangelização para a humanidade.

São Paulo Míki e companheiros mártires, rogai por nós!

Foto: São Paulo Míki e Companheiros Mártires
(6 de Fevereiro)

São Paulo Míki nasceu em Kyoto, no Japão, no século XVI dentro de uma família cristã, nobre, que foi canal para que ele recebesse, ainda pequeno, a graça do batismo. A partir de então, buscou também viver a riqueza do “ser batizado”. Discerniu a sua vocação, entrou para a Companhia de Jesus, tornou-se um Jesuíta e correspondeu ao chamado do sacerdócio.

Profundo conhecedor tanto da cultura quanto da língua, foi um homem compadecido do seu povo. Como nos tempos de hoje, o Japão não tinha o Cristianismo como religião predominante, então, São Paulo Míki buscava responder à necessidade da evangelização pela oração e pela penitência. Com estratégias inspiradas pelo Espírito Santo, foi um homem dócil, de comunidade.

Ousado e corajoso, quando ergueu-se à perseguição do Cristianismo no Japão também acabou sendo preso, assim como seus companheiros; mas não arrefeceu na sua fé. Ele, que era um grande pastor e pregador, também no momento do confronto, indicou Nosso Senhor Jesus Cristo e a sua religião como o único Salvador e a verdadeira religião; verdade que perdura para todos os tempos.

São Paulo Míki, assim como os companheiros de missão e outros cristãos fervorosos, deram testemunho com a vida e também com a mote.

Em Nagasaki, foram todos crucificados em 1595. Sementes para novos cristãos, desde a passagem de São Francisco Xavier já se contavam 300 mil cristãos no Japão. Depois, muito mais com testemunho desses 26 companheiros de Jesus.

Peçamos a intercessão deste santo para que o nosso relacionamento profundo com Deus se traduza em evangelização para a humanidade.

São Paulo Míki e companheiros mártires, rogai por nós!

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São Tito

Celebra-se hoje a festa de São Tito, dileto discípulo de São Paulo e companheiro do mesmo nas viagens apostólicas. Pagão de nascimento, jovem ainda, se converteu e recebeu o santo Batismo. Encarregado pelo Apóstolo de importantes missões, foi duas vezes a Corinto, uma vez a Jerusalém, para entregar a importância de uma coleta em favor dos cristãos. Em 64 ou 65 foi com o Apóstolo à ilha de Creta, e nomeado Bispo daquela região. Provavelmente, em tempo de inverno: 65 ou 66 visitou Paulo em Nicópolis; ainda uma vez quando este se achava preso em Roma; mais tarde na Dalmácia. Foi a ilha de Creta que recebeu do seu mestre uma carta, que figura entre os escritos canônicos do Novo Testamento. Sobre o resto de sua vida e sua morte nada sabemos. Segundo a tradição teria conservado a virgindade até a morte. Tito morreu de morte natural, na idade de 90 anos, em 105 mais ou menos. Na Igreja sua festa e celebrada em 25 de agosto.

Foto: São Tito
(6 de Fevereiro)

Celebra-se hoje a festa de São Tito, dileto discípulo de São Paulo e companheiro do mesmo nas viagens apostólicas. Pagão de nascimento, jovem ainda, se converteu e recebeu o santo Batismo. Encarregado pelo Apóstolo de importantes missões, foi duas vezes a Corinto, uma vez a Jerusalém, para entregar a importância de uma coleta em favor dos cristãos. Em 64 ou 65 foi com o Apóstolo à ilha de Creta, e nomeado Bispo daquela região. Provavelmente, em tempo de inverno: 65 ou 66 visitou Paulo em Nicópolis; ainda uma vez quando este se achava preso em Roma; mais tarde na Dalmácia. Foi a ilha de Creta que recebeu do seu mestre uma carta, que figura entre os escritos canônicos do Novo Testamento. Sobre o resto de sua vida e sua morte nada sabemos. Segundo a tradição teria conservado a virgindade até a morte. Tito morreu de morte natural, na idade de 90 anos, em 105 mais ou menos. Na Igreja sua festa e celebrada em 25 de agosto.

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Santa Dorotéa

A Igreja festeja hoje o dia de uma das mais gloriosas esposas de Jesus Cristo: A vida e ainda mais a morte desta Santa é uma prova da verdade que vemos estampada na história da Igreja: que Deus se serve de preferência da fraqueza, para confundir os fortes. É a mulher cristã que, destinada a esmagar a cabeça de Satanás, dá provas de um heroísmo que dificilmente encontramos entre os homens. Daí o ódio que Satanás vota à mulher cristã, ódio este fundado no medo e na convicção da impotência dos seus esforços.

Dorotéa, filha de um senador romano, nasceu em Cesaréia, na Capadócia. De educação distintíssima, Dorotéa aliava à riqueza dotes invejáveis, naturais e sobrenaturais. Tinha o governador Fabrício recebido ordens imperiais para exterminar a religião cristã. Uma das primeiras vítimas foi Dorotéa. Embora pouco aparecesse em público, era uma verdadeira apóstola de Cristo pela atividade que desenvolvia entre os cristãos, animando-os à constância na luta contra os perseguidores. Citada perante o governador, este sem delongas exigiu que sacrificasse aos deuses. Pronta lhe veio a resposta: “Sendo cristã, só servirei a Deus, rei do céu e da terra, para os deuses não tenho senão desprezo”.

Na discussão que seguiu estas palavras, Fabrício, cativo da formosura de Dorotéa fingiu querer sujeitá-la à tortura, para torná-la mais condescendente. Dorotéa, porém, disse aos algozes: “Que esperais? Fazei o que é vosso dever. Sofrer pelo amado do meu coração é delícia !” Vendo que não conseguia o intento, Fabrício entregou a Mártir a duas irmãs, Cresta e Calixta, que, há pouco haviam negado a fé. O resultado foi que as duas apóstolas, movidas pela argumentação e pela oração da Santa, se arrependeram da falta e apresentaram-se a Fabrício, declarando fidelidade a Cristo até à morte. Amarradas uma a outra, foram ambas queimadas vivas e metidas em enxofre fervente. Dorotéa, longe de lastimar a sorte das companheiras, felicitou-as pela palma do martírio que ganharam. Ela mesma foi estendida sobre o instrumento da tortura, barbaramente açoitada e de mil modos atormentada. Como sinal de desprezo pelas dores, Dorotéa louvava a Deus em altas vozes e demonstrava grande satisfação. Perguntada por Fabrício porque tanto se alegrava, respondeu-lhe: “Hoje é o dia mais belo da minha vida; pois arrebatei duas irmãs das garras do demônio e ganhei-as para Cristo; regozijo-me por isto com os Anjos e Santos. Meu coração arde de desejo de estar com meu Esposo divino. Ah ! Fabrício és tão inepto como teus deuses !” Fabrício, diante desta ofensa, condenou a santa Mártir à morte pela espada. A donzela, ouvindo a sentença, exclamou jubilosa: “Graças a meu Deus, que me chama às núpcias eternas !” Era inverno e fazia muito frio. A natureza apresentava um aspecto triste e as árvores ostentavam os galhos desfolhados e secos. Em caminho para o lugar do suplício, Dorotéa disse às amigas que a acompanhavam: “Como é triste a terra e sem vida: feliz de mim, que vou para uma terra onde sopram ares mais suaves, onde é mais claro o brilho do sol, onde verdejam os campos, brotam fontes cristalinas, onde, no jardim de meu Esposo, vicejam as flores, desabrocham os lírios em toda formosura, abrem-se as rosas em todo o fulgor e amadurecem os frutos do paraíso”.

Apanhou estas palavras Teófilo, jovem advogado, espírito folgazão, que não deixava passar ocasião, sem dizer uma sensaboria sobre a “superstição” dos cristãos. Disse à Dorotéa: “Escuta, esposa de Cristo, manda-me algumas daquelas rosas e maçãs dos jardins e pomares de teu Esposo, de quem estás a falar tanto”.

Dorotéa respondeu-lhe, embora lacônica, mas resolutamente: “O que desejas, hoje mesmo o terás; não duvides, que t’o mandarei”. Chegada ao lugar do suplício, Dorotéa ajoelhou-se e recomendou a alma ao divino Esposo. Enquanto estava rezando, apareceu-lhe um Anjo, em figura de um jovem formoso, que lhe ofereceu três maçãs belíssimas e outras tantas rosas de um aroma delicioso. Vendo o presente, Dorotéa disse ao Anjo: “Peço-te o favor de levares isto a Teófilo e dizer-lhe que são as frutas e flores, que Dorotéa lhe prometeu mandar do jardim do divino Esposo”. Dito isto, entregou-se ao algoz que, com um único golpe, pôs termo à existência terrestre da Santa.

Teófilo recebeu o presente de Dorotéa na hora em que, rodeado de amigos, contava a grotesca pilhéria. Qual foi a admiração e espanto, ao ter nas mãos o penhor da promessa da santa Mártir: maçãs maduras e rosas em tempo de inverno ! De mofador, tornou-se admirador do cristianismo e esclarecido por uma luz divina, exclamou: “Não existe realmente outro Deus a não ser o dos cristãos. De hoje em diante só a ele adorarei”. De fato, converteu-se.

Tendo Fabrício notícia desta conversão, mandou chamar Teófilo à sua presença, para em pessoa ter confirmação do ocorrido. Teófilo, de fato, declarou ser sua decisão absoluta seguir o exemplo de Dorotéa e abandonar o culto dos deuses, ainda que lhe custasse a vida. Custou-lhe a vida, pois Fabrício o condenou à morte pela espada. A pena foi executada imediatamente e um martírio de pouca duração levou Teófilo à bem-aventurança eterna. Pouco antes da execução, Fabrício lhe disse: “Poupa, desgraçado, a tua vida !” ao que Teófilo respondeu: “E tu, mais desgraçado que eu, tem pena de tua alma. Pouco importa o corpo, contanto que salve a minha alma e entre no gozo de meu Deus”.

As relíquias de Dorotéa e Teófilo acham-se em Roma, na Igreja consagrada à memória dos dois mártires.

Reflexões:

O mau exemplo das irmãs e os maus conselhos de muitas outras pessoas não conseguiram afastar Dorotéa da lei de Deus. Muitos são os homens que, vendo-se rodeados de maus exemplos, os seguem e imitam, embalando a consciência com desculpas vãs, como se Deus não reparasse nas faltas cometidas, no meio de um dilúvio de pecados. À justiça humana escapam muitos delitos e grande é o número de criminosos que não experimentaram nem nunca experimentarão o rigor dos tribunais. A Deus, porém, são patentes todos os pecados, os individuais como os da coletividade e cada um deve prestar contas à justiça divina. Grande foi o número dos maus anjos. Todos receberam castigo e nenhum dos que se revoltaram contra Deus, ficou no céu. No dilúvio foi exterminada a humanidade toda, com exceção dos membros da piedosa família de Noé. Os habitantes de Sodoma e Gomorra pereceram todos, nas chamas da divina vingança. Assim foi, assim será sempre. Nenhum dos que contra Deus operam, praticando o mal, conseguirá esconder-se dos raios da justiça divina. Se andares com eles, receberás a paga. O grande número dos pecadores, longe de estatuir uma atenuante, mais provoca a ira de Deus, porque o pecado cometido por um número maior de homens, maior ofensa faz a Deus.

Os castigos de Deus são terríveis e eternos. Lembra-te desta verdade, principalmente quando a ocasião de pecar for grande e próxima. De pouco valor e efêmero é o demônio e o pecado te oferecem e prometem. As ameaças divinas, porém, são terríveis e levam ao fogo eterno. O prazer que o pecado proporciona, é curto e fugaz; mas as penas por ele provocadas e causadas são terríveis e sem fim.

Foto: Santa Dorotéa
(6 de Fevereiro)

A Igreja festeja hoje o dia de uma das mais gloriosas esposas de Jesus Cristo: A vida e ainda mais a morte desta Santa é uma prova da verdade que vemos estampada na história da Igreja: que Deus se serve de preferência da fraqueza, para confundir os fortes. É a mulher cristã que, destinada a esmagar a cabeça de Satanás, dá provas de um heroísmo que dificilmente encontramos entre os homens. Daí o ódio que Satanás vota à mulher cristã, ódio este fundado no medo e na convicção da impotência dos seus esforços.

Dorotéa, filha de um senador romano, nasceu em Cesaréia, na Capadócia. De educação distintíssima, Dorotéa aliava à riqueza dotes invejáveis, naturais e sobrenaturais. Tinha o governador Fabrício recebido ordens imperiais para exterminar a religião cristã. Uma das primeiras vítimas foi Dorotéa. Embora pouco aparecesse em público, era uma verdadeira apóstola de Cristo pela atividade que desenvolvia entre os cristãos, animando-os à constância na luta contra os perseguidores. Citada perante o governador, este sem delongas exigiu que sacrificasse aos deuses. Pronta lhe veio a resposta: “Sendo cristã, só servirei a Deus, rei do céu e da terra, para os deuses não tenho senão desprezo”.

Na discussão que seguiu estas palavras, Fabrício, cativo da formosura de Dorotéa fingiu querer sujeitá-la à tortura, para torná-la mais condescendente. Dorotéa, porém, disse aos algozes: “Que esperais? Fazei o que é vosso dever. Sofrer pelo amado do meu coração é delícia !” Vendo que não conseguia  o intento, Fabrício entregou a Mártir a duas irmãs, Cresta e Calixta, que, há pouco haviam negado a fé. O resultado foi que as duas apóstolas, movidas pela argumentação e pela oração da Santa, se arrependeram da falta e apresentaram-se a Fabrício, declarando fidelidade a Cristo até à morte. Amarradas uma a outra, foram ambas queimadas vivas e metidas em enxofre fervente. Dorotéa, longe de lastimar a sorte das companheiras, felicitou-as pela palma do martírio que ganharam. Ela mesma foi estendida sobre o instrumento da tortura, barbaramente açoitada e de mil modos atormentada. Como sinal de desprezo pelas dores, Dorotéa louvava a Deus em altas vozes e demonstrava grande satisfação. Perguntada por Fabrício porque tanto se alegrava, respondeu-lhe: “Hoje é o dia mais belo da minha vida; pois arrebatei duas irmãs das garras do demônio e ganhei-as para Cristo; regozijo-me por isto com os Anjos e Santos. Meu coração arde de desejo de estar com meu Esposo divino. Ah !  Fabrício és tão inepto como teus deuses !”   Fabrício, diante desta ofensa, condenou a santa Mártir à morte pela espada. A donzela, ouvindo a sentença, exclamou jubilosa: “Graças a meu Deus, que me chama às núpcias eternas !” Era inverno e fazia muito frio. A natureza apresentava um aspecto triste e as árvores ostentavam os galhos desfolhados e secos. Em caminho para o lugar do suplício, Dorotéa disse às amigas que a acompanhavam: “Como é triste a terra e sem vida: feliz de mim, que vou para uma terra onde sopram ares mais suaves, onde é mais claro o brilho do sol, onde verdejam os campos, brotam fontes cristalinas, onde, no jardim de meu Esposo, vicejam as flores, desabrocham os lírios em toda formosura, abrem-se as rosas em todo o fulgor e amadurecem os frutos do paraíso”.

Apanhou estas palavras Teófilo, jovem advogado, espírito folgazão, que não deixava passar ocasião, sem dizer uma sensaboria sobre a “superstição” dos cristãos. Disse à Dorotéa: “Escuta, esposa de Cristo, manda-me algumas daquelas rosas e maçãs dos jardins e pomares de teu Esposo, de quem estás a falar tanto”.

Dorotéa respondeu-lhe, embora lacônica, mas resolutamente: “O que desejas, hoje mesmo o terás; não duvides, que t’o mandarei”.  Chegada ao lugar do suplício, Dorotéa ajoelhou-se e recomendou a alma ao divino Esposo. Enquanto estava rezando, apareceu-lhe um Anjo, em figura de um jovem formoso, que lhe ofereceu três maçãs belíssimas e outras tantas rosas de um aroma delicioso. Vendo o presente, Dorotéa disse ao Anjo: “Peço-te o favor de levares isto a Teófilo e dizer-lhe que são as frutas e flores, que Dorotéa lhe prometeu mandar do jardim do divino Esposo”. Dito isto, entregou-se ao algoz que, com um único golpe, pôs termo à existência terrestre da Santa.

Teófilo recebeu o presente de Dorotéa na hora em que, rodeado de amigos, contava a grotesca pilhéria. Qual foi a admiração e espanto, ao ter nas mãos o penhor da promessa da santa Mártir: maçãs maduras e rosas em tempo de inverno ! De mofador, tornou-se admirador do cristianismo e esclarecido por uma luz divina, exclamou: “Não existe realmente outro Deus a não ser o dos cristãos. De hoje em diante só a ele adorarei”. De fato, converteu-se.

Tendo Fabrício notícia desta conversão, mandou chamar Teófilo à sua presença, para em pessoa ter confirmação do ocorrido. Teófilo, de fato, declarou ser sua decisão absoluta seguir o exemplo de Dorotéa e abandonar o culto dos deuses, ainda que lhe custasse a vida. Custou-lhe a vida, pois Fabrício o condenou à morte pela espada. A pena foi executada imediatamente e um martírio de pouca duração levou Teófilo à bem-aventurança eterna. Pouco antes da execução, Fabrício lhe disse: “Poupa, desgraçado, a tua vida !”  ao que Teófilo respondeu: “E tu, mais desgraçado que eu, tem pena de tua alma. Pouco importa o corpo, contanto que salve a minha alma e entre no gozo de meu Deus”.

As relíquias de Dorotéa e Teófilo acham-se em Roma, na Igreja consagrada à memória dos dois mártires.

Reflexões:

O mau exemplo das irmãs e os maus conselhos de muitas outras pessoas não conseguiram afastar Dorotéa da lei de Deus. Muitos são os homens que, vendo-se rodeados de maus exemplos, os seguem e imitam, embalando a consciência com desculpas vãs, como se Deus não reparasse nas faltas cometidas, no meio de um dilúvio de pecados. À justiça humana escapam muitos delitos e grande é o número de criminosos que não experimentaram nem nunca experimentarão o rigor dos tribunais. A Deus, porém, são patentes todos os pecados, os individuais como os da coletividade e cada um deve prestar contas à justiça divina. Grande foi o número dos maus anjos. Todos receberam castigo e nenhum dos que se revoltaram contra Deus, ficou no céu. No dilúvio foi exterminada a humanidade toda, com exceção dos membros da piedosa família de Noé. Os habitantes de Sodoma e Gomorra pereceram todos, nas chamas da divina vingança. Assim foi, assim será sempre. Nenhum dos que contra Deus operam, praticando o mal, conseguirá esconder-se dos raios da justiça divina. Se andares com eles, receberás a paga. O grande número dos pecadores, longe de estatuir uma atenuante, mais provoca a ira de Deus, porque o pecado cometido por um número maior de homens, maior ofensa faz a Deus.

Os castigos de Deus são terríveis e eternos. Lembra-te desta verdade, principalmente quando a ocasião de pecar for grande e próxima. De pouco valor e efêmero é o demônio e o pecado te oferecem e prometem. As ameaças divinas, porém, são terríveis e levam ao fogo eterno. O prazer que o pecado proporciona, é curto e fugaz; mas as penas por ele provocadas e causadas são terríveis e sem fim.

7 de Fevereiro

São Ricardo

Nasceu na Inglaterra, no século VII e teve três filhos que também foram reconhecidos pela Igreja como santos. Ao descobrir a sua vocação para a vida matrimonial, quis ser santo, mas também quis que seus filhos o fossem, formando uma família santa para Deus. Ele fez, diariamente, a sua opção, porque a santidade passa pela adesão da nossa liberdade. Somos livres, somos todos chamados a canalizar a nossa liberdade para Deus, o autor da verdadeira liberdade.

O santo inglês quis fazer uma peregrinação juntamente com os seus filhos chamados Winebaldo, Wilibaldo e Walberga. Mas, ao saírem da Inglaterra rumo à Terra Santa, passaram por Luca, norte da África, onde São Ricardo adoeceu gravemente e faleceu no ano de 722. Para os filhos, ficou o testemunho, a alegria do pai, a doação, o homem que em tudo buscou a santidade; não apenas para si, mas para os outros e para seus filhos.

São Bonifácio, parente muito próximo, convocou os filhos de São Ricardo para a evangelização na Germânia. Que linda contribuição! Walberga tornou-se abadessa; Wilibaldo, Bispo e Winebaldo fundou um mosteiro. Todos eles, como o pai, viveram a santidade.

São Ricardo foi santo no seu tempo. De família nobre, viveu uma nobreza interior, que precisa ser a de todos os cristãos; aquela que muitos podem nem perceber, mas que Deus está vendo.

Os frutos mais próximos que podemos perceber na vida desse santo são seus filhos que, assim como o pai, também foram santos. Ele quis ser santo e batalhou para sê-lo como Nosso Senhor Jesus Cristo foi, é e continuará sendo.

Sejamos santos.

São Ricardo, rogai por nós!

Foto: São Ricardo
(7 de Fevereiro)

Nasceu na Inglaterra, no século VII e teve três filhos que também foram reconhecidos pela Igreja como santos. Ao descobrir a sua vocação para a vida matrimonial, quis ser santo, mas também quis que seus filhos o fossem, formando uma família santa para Deus. Ele fez, diariamente, a sua opção, porque a santidade passa pela adesão da nossa liberdade. Somos livres, somos todos chamados a canalizar a nossa liberdade para Deus, o autor da verdadeira liberdade. 

O santo inglês quis fazer uma peregrinação juntamente com os seus filhos chamados Winebaldo, Wilibaldo e Walberga. Mas, ao saírem da Inglaterra rumo à Terra Santa, passaram por Luca, norte da África, onde São Ricardo adoeceu gravemente e faleceu no ano de 722. Para os filhos, ficou o testemunho, a alegria do pai, a doação, o homem que em tudo buscou a santidade; não apenas para si, mas para os outros e para seus filhos.

São Bonifácio, parente muito próximo, convocou os filhos de São Ricardo para a evangelização na Germânia. Que linda contribuição! Walberga tornou-se abadessa; Wilibaldo, Bispo e Winebaldo fundou um mosteiro. Todos eles, como o pai, viveram a santidade.

São Ricardo foi santo no seu tempo. De família nobre, viveu uma nobreza interior, que precisa ser a de todos os cristãos; aquela que muitos podem nem perceber, mas que Deus está vendo. 

Os frutos mais próximos que podemos perceber na vida desse santo são seus filhos que, assim como o pai, também foram santos. Ele quis ser santo e batalhou para sê-lo como Nosso Senhor Jesus Cristo foi, é e continuará sendo.

Sejamos santos.

São Ricardo, rogai por nós!

8 de Fevereiro

Santa Bakhita

Santa irmã morena, como era conhecida, nasceu no Sudão, em 1869. Santa Josefina, como muitos naquele tempo, viveu a dureza da escravidão. Bakhita, que significa "afortunada", não foi o nome dado a ela pelos pais, mas por uma das pessoas que, certa vez, a comprou.

Por intermédio de um cônsul italiano que a comprou, ela foi entregue a uma família amiga deste de Veneza. Ali, ela tornou-se amiga e também babá da filha mais nova deles que estava nascendo.

Em meio aos sofrimentos e a uma memória toda marcada pela dor e pelos medos, ela foi visitada pelo amor de Deus. Porque essa família de Veneza teve de voltar para a África, em vista de negócios, tanto a filha pequena quanto a babá foram entregues aos cuidados de irmãs religiosas de Santa Madalena de Canossa. Ali, Santa Bakhita conheceu o Evangelho; conhecendo a pessoa de Jesus, foi se apaixonando cada vez mais por Ele.

Com 21 anos, recebeu a graça do sacramento do batismo. Livremente, ela O acolheu e foi crescendo na vida de oração, experimentando o amor de Deus e se abrindo à ação do Espírito Santo.

Quando aqueles amigos voltaram para pegar Bakhita e a criança, foi o momento em que ela expressou o seu desejo de permanecer no local, porque queria ser religiosa. Passado o tempo de formação, recebeu a graça de ser acolhida como religiosa. Isso foi sinal de Deus para as irmãs e para o povo que rodeava aquela região.

Santa Josefina Bakhita, sempre com o sorriso nos lábios, foi uma mulher de trabalho. Exerceu várias atividades na congregação. Como porteira e bordadeira, ela serviu a Deus por intermédio dos irmãos. Carinhosamente, ela chamava a Deus como seu patrão, “o meu Patrão”, ela dizia.

Conhecida por muitos pela alegria e pela paz que comunicava, ela, com o passar dos anos, foi acometida por uma grave enfermidade. Sofreu por muito tempo, mas na sua devoção a Santíssima Virgem, na sua vida de oração, sacramental, de entrega total ao Senhor, ela pôde se deixar trabalhar por Deus, seu verdadeiro libertador. Ela partiu para a glória e foi canonizada pelo Papa João Paulo II no ano 2000.

Santa Bakhita, rogai por nós!

Foto: Santa Bakhita
(8 de Fevereiro)

Santa irmã morena, como era conhecida, nasceu no Sudão, em 1869. Santa Josefina, como muitos naquele tempo, viveu a dureza da escravidão. Bakhita, que significa

9 de Fevereiro

São Miguel Febres

Nascido no Equador, em 1854, São Miguel Febres recebeu como nome de batismo Francisco. Nasceu com uma grave deformação física nos pés, mas seus pais amaram, acima de tudo, aquele filho do Senhor. Sua deficiência não o impediu de dar passos concretos para a vontade de Deus.

O santo entrou para a Congregação dos Lassalistas depois de conhecer a vida religiosa e, ali, foi dando frutos para o Reino de Deus. Dotado de muitos dons para lecionar e escrever, pertenceu à Academia de Letras do Equador. Prestou um grande serviço em Quito, no colégio de La Salle coordenando 1200 crianças. Em tudo buscou a vontade de Deus.

Numa pobreza interior muito grande, a infância espiritual foi o seu segredo; colocou-se no lugar do ser humano, que é o coração de Deus. Totalmente dependente d'Ele e amando o próximo, seu nome de batismo era Francisco, mas seu nome religioso era Miguel. Mais do que uma mudança de nome, uma mudança constante de vida.

Como todos os santos, conseguiu corresponder ao belo chamado do Senhor. São Miguel Febres deu o seu testemunho até o último instante. Quando, no Equador, rompeu-se a perseguição aos cristãos e um grande levante anticlerical, por obediência este santo foi para a Europa. Lá, ele pôde lecionar línguas.

Em 1910, ele partiu para a glória. Suas últimas palavras foram: “Jesus, José e Maria, eu vos dou o meu coração e a minha alma”. Palavras essas que bem representam toda uma vida entregue nas mãos de Deus.

Rezemos, pedindo a intercessão desse santo para que a nossa vida seja assim também.

São Miguel Febres, rogai por nós.

Foto: São Miguel Febres
(9 de Fevereiro)

Nascido no Equador, em 1854, São Miguel Febres recebeu como nome de batismo Francisco. Nasceu com uma grave deformação física nos pés, mas seus pais amaram, acima de tudo, aquele filho do Senhor. Sua deficiência não o impediu de dar passos concretos para a vontade de Deus.

O santo entrou para a Congregação dos Lassalistas depois de conhecer a vida religiosa e, ali, foi dando frutos para o Reino de Deus. Dotado de muitos dons para lecionar e escrever, pertenceu à Academia de Letras do Equador. Prestou um grande serviço em Quito, no colégio de La Salle coordenando 1200 crianças. Em tudo buscou a vontade de Deus. 

Numa pobreza interior muito grande, a infância espiritual foi o seu segredo; colocou-se no lugar do ser humano, que é o coração de Deus. Totalmente dependente d'Ele e amando o próximo, seu nome de batismo era Francisco, mas seu nome religioso era Miguel. Mais do que uma mudança de nome, uma mudança constante de vida. 

Como todos os santos, conseguiu corresponder ao belo chamado do Senhor. São Miguel Febres deu o seu testemunho até o último instante. Quando, no Equador, rompeu-se a perseguição aos cristãos e um grande levante anticlerical, por obediência este santo foi para a Europa. Lá, ele pôde lecionar línguas. 

Em 1910, ele partiu para a glória. Suas últimas palavras foram: “Jesus, José e Maria, eu vos dou o meu coração e a minha alma”. Palavras essas que bem representam toda uma vida entregue nas mãos de Deus. 

Rezemos, pedindo a intercessão desse santo para que a nossa vida seja assim também.

São Miguel Febres, rogai por nós.

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Santa Apolónia

Existia no ano de 248, na cidade de Alexandria, um célebre feiticeiro, que profetizava uma grande desgraça, de que a cidade seria vítima, se os adoradores dos deuses não resolvessem a exterminar os cristãos, que eram seus maiores inimigos. O povo deu crédito às predições do embusteiro, e abriu forte campanha contra os discípulos de Cristo.

Uma das vítimas da cruel e estúpida perseguição foi Apolónia, donzela conhecida na cidade e estimada pelas suas virtudes. Levada ao templo pagão e intimada a prestar homenagens às divindades, resolutamente se negou, dizendo: “Meu Deus é Jesus Cristo e só a ele adorarei. Enquanto tiver vida, minha língua louvará a Deus, meu Senhor”.

Os algozes pagãos ouvindo estas palavras, armaram-se de pedras e quebraram-lhe os dentes. Apolónia, horrivelmente machucada e sentindo fortíssimas dores, levantou os olhos ao céu, sem pronunciar uma palavra, sem soltar um só gemido. Em vista desta firmeza, os pagãos ameaçaram-na com a fogueira. Apolónia respondeu: “Como poderia trair aquele que meu coração escolheu, o meu Esposo, de quem é todo o meu amor? Não o farei. Antes sofrer morte crudelíssima e morrer mil vezes, que abandonar a meu Jesus”. Fizeram então os pagãos uma grande fogueira e puseram a donzela diante da seguinte alternativa: “Ou agora mesmo sacrificas aos deuses, ou te lançamos viva ao fogo”. Apolónia não respondeu, deteve-se um momento, como se quisesse deliberar alguma coisa e de repente, com um movimento brusco, desembaraçando-se das mãos dos algozes, se lançou ao fogo. As chamas consumiram-lhe inteiramente o corpo. Os cristãos procuraram depois os ossos da mártir e guardaram-nos com muito respeito. Em Roma foi construída uma igreja em honra de Santa Apolónia.

O nome da santa Mártir goza de grande veneração entre o povo cristão. Invocam-lhe a intercessão nos sofrimentos dos dentes.

A Igreja Católica não aprova o suicídio, ainda que os motivos sejam iguais aos que levou a mártir Apolónia a buscar a morte. Os Santos Padres, embora não justifiquem o suicídio de Santa Apolónia, nem tão pouco o propõe aos cristãos, como exemplo para imitar. Os mesmos Santos Padres explicam-no, supondo em Apolónia, uma inspiração superior e grande desejo de estar com Jesus Cristo, seu divino Esposo. O martírio de Santa Apolónia deu-se a 9 de fevereiro em 248 ou 249.

Reflexões:

A admirável constância na fé, que Santa Apolónia revelou no meio de bárbaras torturas e desumanos tormentos, teve sua fonte no amor a Jesus Cristo. Só o amor a Deus é capaz de dar ao homem força e coragem para fazer os maiores sacrifícios. O amor de Deus transforma o homem carnal e egoísta, e fá-lo esquecer as comodidades e prazeres da vida. A alma que tem amor a Deus, despreza a dor, o escárnio do mundo e procura unicamente agradar ao seu supremo Senhor.

Dores e tormentos, longe de serem consideradas uma desgraça para o homem, amigo de Deus, são por ele recebidos e aproveitados, como meios poderosos de desenganá-lo cada vez mais do mundo e uni-lo ao Bem Supremo. Eis a explicação da alegria dos mártires, fato estranhável que observamos nos heróis do cristianismo: em vez de seguirem o impulso natural do homem, que se entristece desespera na presença da morte iminente, mostram-se alegres e entoam hinos de louvores.

O modo por que Santa Apolónia pôs termo à existência não nos pode e nem deve servir de exemplo, para o imitarmos. Não é lícito a ninguém, nem aos próprios médicos, acelerar a morte, por mais inevitável que seja. Se os Santos Padres elogiam a coragem de Santa Apolónia, é por que razão reconhecem nesse proceder uma inspiração do Espírito Santo, e o impulso do ardente amor a Jesus Cristo, a quem desejava confessar viva e morta.

Foto: Santa Apolônia
(9 de Fevereiro)

Existia no ano de 248, na cidade de Alexandria, um célebre feiticeiro, que profetizava uma grande desgraça, de que a cidade seria vítima, se os adoradores dos deuses não resolvessem a exterminar os cristãos, que eram seus maiores inimigos. O povo deu crédito às predições do embusteiro, e abriu forte campanha contra os discípulos de Cristo.

Uma das vítimas da cruel e estúpida perseguição foi Apolônia, donzela conhecida na cidade e estimada pelas suas virtudes. Levada ao templo pagão e intimada a prestar homenagens às divindades, resolutamente se negou, dizendo: “Meu Deus é Jesus Cristo e só a ele adorarei. Enquanto tiver vida, minha língua louvará a Deus, meu Senhor”.

Os algozes pagãos ouvindo estas palavras, armaram-se de pedras e quebraram-lhe os dentes. Apolônia, horrivelmente machucada e sentindo fortíssimas dores, levantou os olhos ao céu, sem pronunciar uma palavra, sem soltar um só gemido. Em vista desta firmeza, os pagãos ameaçaram-na com a fogueira. Apolônia respondeu: “Como poderia trair aquele que meu coração escolheu, o meu Esposo, de quem é todo o meu amor?  Não o farei. Antes sofrer morte crudelíssima e morrer mil vezes, que abandonar a meu Jesus”. Fizeram então os pagãos uma grande fogueira e puseram a donzela diante da seguinte alternativa: “Ou agora mesmo sacrificas aos deuses, ou te lançamos viva ao fogo”. Apolônia não respondeu, deteve-se um momento, como se quisesse deliberar alguma coisa e de repente, com um movimento brusco, desembaraçando-se das mãos dos algozes, se lançou ao fogo. As chamas consumiram-lhe inteiramente o corpo. Os cristãos procuraram depois os ossos da mártir e guardaram-nos com muito respeito. Em Roma foi construída uma igreja em honra de Santa Apolônia.

O nome da santa Mártir goza de grande veneração entre o povo cristão. Invocam-lhe a intercessão nos sofrimentos dos dentes.

A Igreja Católica não aprova o suicídio, ainda que os motivos sejam iguais aos que levou a mártir Apolônia a buscar a morte. Os Santos Padres, embora não justifiquem o suicídio de Santa Apolônia, nem tão pouco o propõe aos cristãos, como exemplo para imitar. Os mesmos Santos Padres explicam-no, supondo em Apolônia, uma inspiração superior e grande desejo de estar com Jesus Cristo, seu divino Esposo. O martírio de Santa Apolônia deu-se a 9 de fevereiro em 248 ou 249.

Reflexões:

A admirável constância na fé, que Santa Apolônia revelou no meio de bárbaras torturas e desumanos tormentos, teve sua fonte no amor a Jesus Cristo. Só o amor a Deus é capaz de dar ao homem força e coragem para fazer os maiores sacrifícios. O amor de Deus transforma o homem carnal e egoísta, e fá-lo esquecer as comodidades e prazeres da vida. A alma que tem amor a Deus, despreza a dor, o escárnio do mundo e procura unicamente agradar ao seu supremo Senhor.

Dores e tormentos, longe de serem consideradas uma desgraça para o homem, amigo de Deus, são por ele recebidos e aproveitados, como meios poderosos de desenganá-lo  cada vez mais do mundo e uni-lo ao Bem Supremo.  Eis a explicação da alegria dos mártires, fato estranhável que observamos nos heróis do cristianismo: em vez de seguirem o impulso natural do homem, que se entristece desespera na presença da morte iminente, mostram-se alegres e entoam hinos de louvores.

O modo por que Santa Apolônia pôs termo à existência não nos pode e nem deve servir de exemplo, para o imitarmos. Não é lícito a ninguém, nem aos próprios médicos, acelerar a morte, por mais inevitável que seja. Se os Santos Padres elogiam a coragem de Santa Apolônia, é por que razão  reconhecem  nesse proceder uma inspiração do Espírito Santo, e o impulso do  ardente amor a Jesus Cristo, a quem desejava confessar viva e morta.

10 de Fevereiro

São Guilherme de Maleval

A França foi a terra natal deste santo. Nenhum conhecimento se tem acêrca de sua família e infância. É opinião de muitos que São Guilherme pertenceu a classe militar e na mocidade não teve uma vida muito de acordo com as leis da moral cristã. A primeira notícia que de sua biografia temos, é referente a uma peregrinação do Santo a Roma, com intuito de fazer penitência. Prostrado aos pés do Santo Padre o Papa Eugênio III, pediu perdão dos pecados, e recebeu como penitência a obrigação de visitar a Terra Santa. Era comum, naquele tempo, que a grandes pecadores se impusessem penitências desta natureza. Guilherme, em cumprimento da ordem recebida, foi a Jerusalém, e lá ficou durante o espaço de oito anos, fazendo obras de penitência e de piedade. De volta para a Europa, viu-se obrigado a dirigir um convento em Pisa. Tão pouco, porém, lhe agradou a maneira como procediam os monges, que se exonerou do cargo de superior e saiu daquele mosteiro. Numa outra casa religiosa, no monte Pruno, para onde dirigiu os passos, as coisas não eram de outra cor, reinando grande relaxamento na disciplina monástica.

Assim desiludido, tomou a resolução de viver sozinho e para este fim procurou um lugar solitário, um vale perto de Siena, chamado Stabulum Rhodis, nome que em seguida foi transformado para Malevale ou Maleval.

O lugar era inóspito. Todos tinham horror ao Maleval. Guilherme meteu-se naquele ermo horrível, vivia em companhia de animais ferozes e se alimentava de ervas e raízes. Um ano depois, no dia dos Reis, associou-se-lhe um jovem, de nome Alberto, que viveu depois em sua companhia, durante treze meses, isto é, até a morte de Guilherme, e a quem devemos as particularidades da vida deste santo homem.

São Guilherme não falava nunca de si, a não ser como um pecador desprezível, que merecia de Deus os maiores castigos. Da convicção de ser grande pecador vinha o afã de entregar-se a práticas as mais duras de penitência. Servia-lhe de leito o chão, e seu alimento era o mais pobre possível.

De Deus recebeu o dom da profecia e o de fazer muitos milagres. Sentindo a morte aproximar-se, pediu que lhe dessem os santos Sacramentos, os quais recebeu das mãos de um sacerdote de Chatilon.

Alberto e mais um outro companheiro, o médico Reynaldo, que pouco antes da morte do santo se lhe tinha associado, enterraram o corpo do mestre num pequeno jardim e continuaram a vida de eremitas, observando as regras que de Guilherme haviam recebido. Outras pessoas os procuraram, pedindo ser admitidos na pequena comunidade. Assim foi crescendo a nova Ordem que, sob o nome de Ordem dos Guilhermistas, se ramificou na França, na Itália, na Alemanha e na Holanda.

A Ordem dos Guilhermistas teve a aprovação de Gregório IX, o qual lhe deu a regra de São Bento.

Reflexões:

São Guilherme fez uma romaria à Terra Santa, não por vaidade e curiosidade, ou por outros motivos menos elevados, mas unicamente com espírito de piedade e penitência, e para se estimular ainda mais no amor de Jesus Cristo e aprofundar-se no grande mistério da Sagrada Paixão e Morte. Oito anos ficou na Palestina, levando uma vida da mais austera penitência. O exemplo de São Guilherme não é isolado na história. Muitos santos, como ele, procuravam os Santos Lugares. A visita dos Lugares onde Nosso Senhor viveu, ensinou, sofreu e morreu, impressionou-os tão vivamente, que se resolveram a ficar na Palestina e lá, à imitação do Filho de Deus, levar uma vida de sacrifícios, de penitência e oração.

É injusto e tolo, próprio de espíritos acanhados, criticar e censurar pessoas que, impelidas pelo sentimento de piedade ou por uma necessidade espiritual, empreendem longas e penosas viagens para visitarem um Santuário ou a própria Terra Santa. Qualificar de superstição e hipocrisia tais práticas de piedade e penitência pode ser ignorância, se não for maldade ou impiedade.

Foto: São Guilherme de Maleval
(10 de Fevereiro)

A França  foi a terra natal deste santo. Nenhum conhecimento se  tem acêrca de  sua família  e  infância. É opinião de  muitos  que  São Guilherme  pertenceu a  classe militar e na mocidade  não teve uma vida muito de acordo  com as leis da  moral cristã. A primeira notícia que de sua biografia temos, é referente a uma peregrinação do Santo a  Roma, com intuito de  fazer penitência. Prostrado aos pés do Santo Padre o Papa Eugênio III, pediu perdão dos pecados, e recebeu  como penitência a  obrigação de  visitar a Terra  Santa. Era comum, naquele tempo, que a grandes pecadores se impusessem  penitências desta natureza.  Guilherme, em cumprimento da ordem recebida, foi a Jerusalém, e lá ficou  durante  o espaço de oito anos, fazendo obras de penitência e de piedade. De volta para  a  Europa, viu-se obrigado a dirigir um convento em Pisa. Tão pouco, porém, lhe agradou a maneira  como procediam os monges, que se exonerou do cargo de superior e  saiu daquele mosteiro. Numa outra casa religiosa, no monte  Pruno, para onde dirigiu os passos, as coisas não eram de outra cor, reinando  grande relaxamento na disciplina monástica. 

Assim desiludido, tomou a resolução  de viver  sozinho e para este  fim procurou um lugar solitário, um vale perto de Siena, chamado Stabulum Rhodis, nome que em seguida  foi  transformado para Malevale ou Maleval. 

O lugar era  inóspito. Todos  tinham horror  ao Maleval. Guilherme  meteu-se naquele  ermo horrível, vivia em companhia de  animais ferozes e  se alimentava de ervas  e  raízes. Um  ano depois, no dia  dos Reis, associou-se-lhe um jovem, de nome Alberto, que viveu depois em sua companhia, durante treze meses, isto é, até a morte de Guilherme, e a quem devemos as  particularidades da  vida deste santo homem. 

São Guilherme não falava  nunca de si, a não ser como um pecador desprezível, que merecia de Deus os maiores castigos. Da convicção de  ser grande pecador vinha o afã de  entregar-se a práticas as  mais duras de penitência. Servia-lhe de leito o chão, e seu alimento era o mais pobre possível. 

De Deus  recebeu o dom da profecia e  o de fazer muitos milagres. Sentindo a morte aproximar-se, pediu que lhe dessem os santos Sacramentos, os quais recebeu das mãos de  um sacerdote de  Chatilon. 

Alberto e  mais um outro companheiro, o médico Reynaldo, que pouco antes da  morte do santo se  lhe tinha associado, enterraram o corpo do mestre num pequeno jardim e continuaram a vida de  eremitas, observando as regras que de Guilherme haviam recebido. Outras pessoas  os procuraram, pedindo ser admitidos na pequena  comunidade. Assim  foi crescendo a  nova Ordem que, sob o nome de  Ordem dos  Guilhermistas, se ramificou na França, na Itália, na Alemanha e na Holanda. 

A Ordem dos  Guilhermistas teve a aprovação de Gregório IX, o qual lhe deu a regra  de São Bento. 

Reflexões:

São Guilherme fez uma romaria à Terra  Santa, não por vaidade e curiosidade, ou por outros  motivos  menos elevados, mas unicamente com espírito de piedade e penitência, e para se estimular ainda mais no amor de Jesus Cristo e  aprofundar-se no grande mistério da  Sagrada Paixão e Morte. Oito anos ficou na Palestina, levando uma  vida  da  mais austera penitência.  O exemplo de São Guilherme não é isolado na história. Muitos santos, como ele, procuravam  os Santos Lugares. A visita dos Lugares  onde Nosso Senhor viveu,  ensinou, sofreu e morreu, impressionou-os tão vivamente, que se resolveram a  ficar na Palestina e lá,  à imitação do Filho de Deus, levar uma vida de  sacrifícios, de penitência e oração. 

É injusto e  tolo, próprio de  espíritos acanhados, criticar e censurar pessoas que, impelidas pelo sentimento de piedade ou por uma necessidade espiritual, empreendem longas e penosas viagens para visitarem um Santuário ou a própria Terra Santa. Qualificar de  superstição e hipocrisia tais práticas de piedade e  penitência pode ser ignorância, se não for maldade ou impiedade.

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Santa Escolástica

Escolástica, irmã de São Bento, grande fundador das Ordens monásticas no Ocidente, nasceu em Spoleto, na Itália, e teve, como o irmão, uma educação primorosíssima de pais piedosos e tementes a Deus. Modelo de donzela cristã, Escolástica era piedosa, virtuosa, cultivadora da oração, temente a Deus e inimiga do espírito do mundo e das vaidades.

Igual ao irmão, nutria o desejo de dedicar a vida exclusivamente ao serviço de Deus. Bento tinha fundado o mosteiro no Monte Cassino, e em sua companhia já viviam muitos religiosos, que observavam a regra por ele elaborada. Ao irmão se dirigiu Escolástica, com o pedido de indicar-lhe o caminho a tomar, para realizar seu plano. São Bento mandou construir uma pequena cela perto do mosteiro e deu-lhe uma norma de vida, nos traços principais igual a dos monges. À eremita associaram-se, pouco a pouco, muitas pessoas de seu sexo e a construção de um grande convento impôs-se como necessária. É esta a história da fundação da Ordem das Beneditinas, que teve uma aceitação simpática em todo o mundo, chegando a contar 14.000 mosteiros. Escolástica foi a primeira Superiora Geral. Nesta qualidade não só trabalhou para sua santificação, mas zelou também pela fiel observação da regra em todos os mosteiros.

Nos conventos das monjas beneditinas era observada rigorosamente a clausura, sendo proibida a entrada de homens. Só uma vez por ano Escolástica recebia a visita do irmão. O lugar onde realizava esse encontro , era uma casa, nas proximidades do Monte Cassino.

Em uma dessas visitas, quando tinham já tomado a refeição da tarde, e São Bento se aprontava para voltar ao mosteiro, Escolástica lhe disse: "Peço-te, meu irmão, que te detenhas esta noite aqui, para que possamos conversar sobre as coisas celestes. São Bento, não querendo passar a noite fora do mosteiro, não a quis atender. Escolástica pôs as mãos sobre a mesa, inclinou a cabeça sobre elas e nesta posição pediu a Deus que lhe proporcionasse o consolo de conversar sobre coisas religiosas com o irmão até o dia seguinte.

Eis que inesperadamente se anuviou o céu, desabou forte tempestade e a chuva caiu com tanta quantidade, que São Bento e os companheiros se viram obrigados a ficar. Embora o Santo reconhecesse a intervenção de Deus no efeito da oração da irmã, disse-lhe em tom de repreensão: "Deus te perdoe, minha irmã, o que fizeste". Escolástica, porém, respondeu: "Eu te pedi e não quiseste atender-me; dirigi-me a Deus e fui ouvida". Tendo ambos passado a noite em piedosos colóquios, no dia seguinte separaram-se para sempre. Três dias depois Escolástica trocou esta pátria provisória pela eterna, entregando a alma a Deus. São Bento, viu a alma da irmã, qual uma pomba, subir ao céu.

O corpo de Escolástica foi transportado para o mosteiro de São Bento e sepultado no túmulo que o santo abade tinha mandado preparar para si. Escolástica morreu em 543, na idade de 60 anos. No século sétimo, suas relíquias, com as de seu santo irmão, foram levados para Mans, na França. Uma donzela que tinha morrido naquela ocasião voltou à vida, quando se lhe impuseram as relíquias da santa.

Terminemos os traços biográficos de Santa Escolástica com referência a uma prática por ela usada, quando se achava em grandes tribulações: era fixar o olhar no Crucifixo. Este olhar trazia-lhe consolo e coragem para vencer todas as dificuldades. "Um único olhar sobre a imagem do Crucificado - confessou a mesma - tira-me toda a aflição e suaviza-me o sofrimento".

Reflexões:

Santa Escolástica amava a solidão e fugia da companhia de pessoas seculares. Causava-lhe prazer entreter conversa de fundo religioso. Se amasses também a solidão, se tivesses mais amor ao silêncio, não perderias tempo com visitas inúteis, que além de não trazerem proveito, muitas vezes são causa de pecados contra a caridade. "Muita conversa raras vezes é feita sem que se peque" (Prov. 10, 19). Procura a Deus no silêncio da oração e terás mais paz em tua alma.

Foto: Santa Escolástica (10 de Fevereiro) Escolástica, irmã de São Bento, grande fundador das Ordens monásticas no Ocidente, nasceu em Spoleto, na Itália, e teve, como o irmão, uma educação primorosíssima de pais piedosos e tementes a Deus. Modelo de donzela cristã, Escolástica era piedosa, virtuosa, cultivadora da oração, temente a Deus e inimiga do espírito do mundo e das vaidades. Igual ao irmão, nutria o desejo de dedicar a vida exclusivamente ao serviço de Deus. Bento tinha fundado o mosteiro no Monte Cassino, e em sua companhia já viviam muitos religiosos, que observavam a regra por ele elaborada. Ao irmão se dirigiu Escolástica, com o pedido de indicar-lhe o caminho a tomar, para realizar seu plano. São Bento mandou construir uma pequena cela perto do mosteiro e deu-lhe uma norma de vida, nos traços principais igual a dos monges. À eremita associaram-se, pouco a pouco, muitas pessoas de seu sexo e a construção de um grande convento impôs-se como necessária. É esta a história da fundação da Ordem das Beneditinas, que teve uma aceitação simpática em todo o mundo, chegando a contar 14.000 mosteiros. Escolástica foi a primeira Superiora Geral. Nesta qualidade não só trabalhou para sua santificação, mas zelou também pela fiel observação da regra em todos os mosteiros. Nos conventos das monjas beneditinas era observada rigorosamente a clausura, sendo proibida a entrada de homens. Só uma vez por ano Escolástica recebia a visita do irmão. O lugar onde realizava esse encontro , era uma casa, nas proximidades do Monte Cassino. Em uma dessas visitas, quando tinham já tomado a refeição da tarde, e São Bento se aprontava para voltar ao mosteiro, Escolástica lhe disse:

 

11 de Fevereiro

Nossa Senhora de Lourdes

Lourdes é uma cidade situada no Sudeste da França, pertencente à diocese de Tarbes; dos santuários marianos, um dos mais frequentados.

Segundo as declarações de Bernadete Soubirous, menina de 14 anos, filha de pobre moleiro do lugar, teve ela na gruta de Massabielle 18 aparições de Nossa Senhora, das quais a primeira foi em 11 de fevereiro de 1858 e a última em 16 de julho do mesmo ano. Na terceira aparição, em 16 de fevereiro, Maria Santíssima ordenou-lhe que, durante uma quinzena, viesse à gruta diariamente; em 25 do mesmo mês recebeu a ordem de beber água e de se lavar na fonte, que não existia, mas que imediatamente brotou, a princípio muito fraca, avolumando-se continuamente, até fornecer, como hoje fornece: 122.000 litros por dia.

Em repetidas aparições a Santíssima Virgem insistiu na necessidade de penitência e da oração pelos pecadores. Manifestou seu desejo de no lugar ver erguida uma igreja, a qual fosse visitada por procissões dos fiéis católicos. Em 25 de março, perguntada por Bernadete, quem era, a dama de aparência sobrenatural respondeu: "Eu sou a Imaculada Conceição". A fama das aparições, das curas, de todo extraordinárias, verificadas na gruta, os favores obtidos por meio de orações dirigidas a Maria Santíssima encheu toda a França e se estendeu aos países vizinhos.

O Bispo de Tarbes, em 28 de julho de 1858, nomeou uma Comissão que, durante 3 anos, examinou minuciosamente todos os fenômenos observados na gruta de Massabielle. Esta mesma comissão sujeitou Bernadete a rigorosas interrogações; estudou escrupulosamente todos os casos que havia de curas maravilhosas, de que se dizia, terem se dado em Lourdes. Os próprios médicos dos doentes favorecidos eram convidados para fazer as suas observações profissionais e se externar a respeito do restabelecimento, dito miraculoso pelos clientes.

No seu relatório, publicado em janeiro de 1882 Monsenhor Laurence, Bispo de Tarbes, reconheceu o caráter sobrenatural das aparições e autorizou o culto público da SS. Virgem na gruta de Massabielle. Aos 04 de abril de 1864 foi colocada na gruta uma estátua da Imaculada Conceição e em 02 de julho de 1876 sagrou-se a igreja construída no lugar indicado por Nossa Senhora. À mesma igreja o Papa Pio IX concedeu o título de Basílica, a qual enriqueceu muitos privilégios.

Mais tarde, em 1886, começaram as obras da grandiosa Igreja do Rosário, que apresenta uma vasta rotunda com cúpula de 15 capelas. Cinco anos se trabalhou na construção deste santuário que, em 1910, foi sagrado e inaugurado.

Em 1891 foi estabelecida e autorizada a festa da Aparição da Imaculada Conceição na província eclesiástica de Auch, de que a diocese de Tarbes é sufragânea.

Em 13 de novembro de 1907 foi ela estendida à toda Igreja. Desde então começaram a afluir a Lourdes as procissões não só de todas as regiões da França, mas também da Bélgica, da Holanda, da Alemanha, enfim de todos os países da Europa e de todo o mundo. Já em 1903 chegaram a Lourdes as procissões não só de todas as regiões da França, mas também da Bélgica, da Holanda, da Alemanha, enfim de todos os países da Europa e de todo o mundo. Neste mesmo ano chegaram a Lourdes 4.271 comboios, dos quais 292 do estrangeiro, trazendo 3.817.000 romeiros. A afluência dos devotos, longe de no correr dos anos diminuir, aumentou continuamente. Contam as centenas de milhares, quiçá a milhões de pessoas que em Lourdes encontraram a paz da sua alma, alívio em seus sofrimentos corporais, espirituais, cura dos seus males.

Embora a Igreja Católica não obrigue a ninguém a dar crédito à realidade das aparições e ao caráter sobrenatural das mesmas, racionalmente elas não podem ser postas em dúvida. Bernadete era uma menina simples do povo. Vestígios de histeria, de mania ou suscetibilidade religiosa nela não existiam. As suas declarações sempre ela as fez sem titubeação alguma e nunca se emaranhou em contradições. No leito da morte (12-12-1878) confirmou tudo coma mesma simplicidade e firmeza. Em seus relatos fala de coisas que ela mesma não compreendia, por exemplo: "Eu sou a Imaculada Conceição" (ou como ouviu Nossa Senhora textualmente falar: "Que Soy era Immaculada Concepciou"). Predisse uma série de aparições; insistia na existência de uma fonte oculta, que depois de fato apareceu. As autoridades eclesiásticas acompanharam tudo com muita atenção e máxima reserva. As curas milagrosas estão sob o controle de uma comissão de médicos, acessível a todos os facultativos sem distinção de credos ou mentalidades.

Esta comissão se ocupa detidamente a cada caso de cura milagrosa, e devem os doentes se sujeitar a um exame médico anterior, logo depois de sua chegada em Lourdes, e depois da cura que julgarem ter experimentado. Desde 1858 até 1904 a comissão oficial de médicos constatara a autenticidade de 3.353 curas, que se subtraíram à explicação natural e científica. Daquela data até hoje as curas milagrosas observadas em Lourdes se tornaram inumeráveis. A água da fonte que os doentes bebem e em que tomam banho de imersão, quimicamente analisada, que foi, não acusou existência de nenhuma substância mineral curativa. Sabe-se quanta influência a sugestão pode influir sobre certas doenças nervosas; mas quando se trata de cancro, de tuberculose, de cegueira ou fratura de ossos, a sugestão não pode ser tomada em consideração como fator restaurador da saúde.

Bernadete, em 1865 se fez religiosa da Congregação das irmãs de Caridade e do Ensino Cristão. Entrou no Convento de Nevers, onde professou votos em 22 de setembro de 1878. Muito sofreu, mas o meio dos sofrimentos físicos e morais, conservou sempre a simplicidade, a mansidão e a humildade, virtudes que sempre a caracterizavam. Faleceu no Convento de Nevers aos 16 de abril de 1879.

O Papa Pio XI em 14 de julho de 1925, inseriu o nome da Irmã Maria Bernarda no catálogo dos Bem-aventurados e canonizou-a em 02 de julho de 1933.

Foto: Nossa Senhora de Lourdes
(11 de Fevereiro)

Lourdes  é uma  cidade  situada no Sudeste da França, pertencente à diocese de Tarbes;  dos santuários marianos, um dos  mais freqüentados.  

Segundo as declarações de Bernadete Soubirous, menina de 14 anos, filha de pobre moleiro do lugar, teve ela na gruta de Massabielle 18 aparições de  Nossa Senhora, das quais a primeira foi em  11 de fevereiro de  1858 e  a última em  16 de julho do mesmo ano.  Na terceira aparição, em 16 de fevereiro, Maria Santíssima ordenou-lhe que, durante  uma quinzena, viesse à gruta diariamente;  em 25 do mesmo mês recebeu a  ordem de beber  água e de  se lavar na fonte, que não existia, mas que imediatamente brotou, a princípio muito fraca, avolumando-se  continuamente, até fornecer, como  hoje fornece: 122.000 litros  por dia.  

Em repetidas aparições a  Santíssima Virgem insistiu na necessidade de penitência e  da  oração pelos pecadores. Manifestou seu desejo de  no lugar ver erguida uma igreja, a qual fosse visitada por  procissões dos fiéis  católicos. Em 25 de março, perguntada por Bernadete, quem era,  a dama de  aparência sobrenatural respondeu:

12 de Fevereiro

Santa Eulália

Virgem e mártir, viveu no século III em Barcelona. Educada e muito bem formada pela sua família cristã, desde pequena ela buscou o relacionamento com Deus e a fuga do pecado. Era uma pessoa muito sociável, gostava de brincar com as amigas da mesma idade, mas sempre fugia da vaidade.

Santa Eulália amava Jesus Cristo acima de tudo e O amou em todos os momentos, inclusive na dor. Aconteceu que, por parte do terrível Deocleciano, a perseguição aos cristãos chegou na Espanha. Os pais da santa decidiram viajar para fugir dessa perseguição, mas Eulália foi até o governador a fim de denunciar, com a sua pouca idade, a injustiça que estava sendo cometida contra os cristãos. O governador, diante daquela ousadia, quis que ela apostatasse da fé, ou seja, que adorasse outros deuses para que ficasse livre do sofrimento. No entanto, ela deixou claro que o seu Senhor, o Rei dos reis, o Senhor de todos os dominadores, é Jesus Cristo.

O ódio daquele governador e a maldade contra uma menina, fez com que ela fosse queimada com ferro e fogo, mas, durante tanto sofrimento, o seu testemunho era este: “Agora, vejo em mim as marcas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

Para nós, hoje, ela é um exemplo de ousadia. Com pouca idade, com muito amor e uma fé adulta, não renunciou a Jesus em meio ao sofrimento. Ela morreu queimada, mas antes, cheia do fogo de Deus. Por isso, se encontra na glória a interceder por todos nós para que a nossa vida cristã busque, constantemente, a santidade na alegria e na paz, mas também no sofrimento e na perseguição. É momento de reconhecer que a nossa força é o Espírito Santo.

Santa Eulália, rogai por nós!

Foto: Santa Eulália
(12 de Fevereiro)

Virgem e mártir, viveu no século III em Barcelona. Educada e muito bem formada pela sua família cristã, desde pequena ela buscou o relacionamento com Deus e a fuga do pecado. Era uma pessoa muito sociável, gostava de brincar com as amigas da mesma idade, mas sempre fugia da vaidade. 

Santa Eulália amava Jesus Cristo acima de tudo e O amou em todos os momentos, inclusive na dor. Aconteceu que, por parte do terrível Deocleciano, a perseguição aos cristãos chegou na Espanha. Os pais da santa decidiram viajar para fugir dessa perseguição, mas Eulália foi até o governador a fim de denunciar, com a sua pouca idade, a injustiça que estava sendo cometida contra os cristãos. O governador, diante daquela ousadia, quis que ela apostatasse da fé, ou seja, que adorasse outros deuses para que ficasse livre do sofrimento. No entanto, ela deixou claro que o seu Senhor, o Rei dos reis, o Senhor de todos os dominadores, é Jesus Cristo.

O ódio daquele governador e a maldade contra uma menina, fez com que ela fosse queimada com ferro e fogo, mas, durante tanto sofrimento, o seu testemunho era este: “Agora, vejo em mim as marcas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

Para nós, hoje, ela é um exemplo de ousadia. Com pouca idade, com muito amor e uma fé adulta, não renunciou a Jesus em meio ao sofrimento. Ela morreu queimada, mas antes, cheia do fogo de Deus. Por isso, se encontra na glória a interceder por todos nós para que a nossa vida cristã busque, constantemente, a santidade na alegria e na paz, mas também no sofrimento e na perseguição. É momento de reconhecer que a nossa força é o Espírito Santo.

Santa Eulália, rogai por nós!

13 de Fevereiro

São Martiniano

Nasceu no século IV, em Cesareia, na Palestina. Muito jovem, discerniu sua vocação à vida de eremita; retirou-se a um lugar distante para se entregar à vida de sacrifício e de oração pela salvação das pessoas e também pela própria conversão. Ele vivia um grande combate contra o homem velho, aquele que tem fome de pecado, que é desequilibrado pela consequência do pecado original que atingiu a humanidade que todos nós herdamos. Mas foi pela Misericórdia, pela força do Espírito Santo que ele se tornou santo.

Sua fama foi se espalhando e muitos procuravam Martiniano. Embora jovem, ele era cheio do Espírito Santo para o aconselhamento, a direção espiritual, até apresentando situações de enfermidades, na qual ele clamava ao Senhor Jesus pela cura e muitos milagres aconteciam. Através dele, Jesus curava os enfermos.

Homem humilde, buscava a vontade de Deus dentro deste drama de querer ser santo e ter a carnalidade sempre presente. Aconteceu que Zoé, uma mulher muito rica, mas dada aos prazeres carnais e também às aventuras com um grupo de amigos, fez uma aposta de que levaria o santo para o pecado. Vestiu-se com vestes simples, pobres, pediu para que ele a abrigasse por um dia. Eles dormiram em lugares distantes, mas ela, depois, vestiu-se com uma roupa bem sedutora e foi ser instrumento de sedução para Martiniano. Conta-nos a história que ele caiu na tentação.

Os santos não foram homens e mulheres de aço, pelo contrário, ao tomar consciência daquele pecado, ele se prostrou, arrependeu-se, penitenciou-se, mergulhou o seu coração e a sua natureza na misericórdia de Deus. Claro que o Senhor o perdoou.

Só há um pecado que Deus não perdoa: aquele do qual não somos capazes de nos arrepender.

São Martiniano arrependeu-se e retomou o seu propósito. Ele foi um instrumento de evangelização para aquela mulher que, de tal forma, também acolheu a graça do arrependimento, entrou para a vida religiosa e consagrou-se, fazendo parte do mosteiro das religiosas de Santa Paula e ali se santificou.

O santo, depois, foi para uma ilha; em seguida para Atenas, na Grécia, e, no ano 400, partiu para a glória tendo recebido os sacramentos.

Santo não é aquele que "nunca pecou". A oração, a vigilância e o mergulho da própria miséria na Misericórdia Divina é o que nos santifica.

São Martiniano, rogai por nós!

Foto: São Martiniano
(13 de Fevereiro)

Nasceu no século IV, em Cesareia, na Palestina. Muito jovem, discerniu sua vocação à vida de eremita; retirou-se a um lugar distante para se entregar à vida de sacrifício e de oração pela salvação das pessoas e também pela própria conversão. Ele vivia um grande combate contra o homem velho, aquele que tem fome de pecado, que é desequilibrado pela consequência do pecado original que atingiu a humanidade que todos nós herdamos. Mas foi pela Misericórdia, pela força do Espírito Santo que ele se tornou santo.

Sua fama foi se espalhando e muitos procuravam Martiniano. Embora jovem, ele era cheio do Espírito Santo para o aconselhamento, a direção espiritual, até apresentando situações de enfermidades, na qual ele clamava ao Senhor Jesus pela cura e muitos milagres aconteciam. Através dele, Jesus curava os enfermos.

Homem humilde, buscava a vontade de Deus dentro deste drama de querer ser santo e ter a carnalidade sempre presente. Aconteceu que Zoé, uma mulher muito rica, mas dada aos prazeres carnais e também às aventuras com um grupo de amigos, fez uma aposta de que levaria o santo para o pecado. Vestiu-se com vestes simples, pobres, pediu para que ele a abrigasse por um dia. Eles dormiram em lugares distantes, mas ela, depois, vestiu-se com uma roupa bem sedutora e foi ser instrumento de sedução para Martiniano. Conta-nos a história que ele caiu na tentação.

Os santos não foram homens e mulheres de aço, pelo contrário, ao tomar consciência daquele pecado, ele se prostrou, arrependeu-se, penitenciou-se, mergulhou o seu coração e a sua natureza na misericórdia de Deus. Claro que o Senhor o perdoou.

Só há um pecado que Deus não perdoa: aquele do qual não somos capazes de nos arrepender.

São Martiniano arrependeu-se e retomou o seu propósito. Ele foi um instrumento de evangelização para aquela mulher que, de tal forma, também acolheu a graça do arrependimento, entrou para a vida religiosa e consagrou-se, fazendo parte do mosteiro das religiosas de Santa Paula e ali se santificou.

O santo, depois, foi para uma ilha; em seguida para Atenas, na Grécia, e, no ano 400, partiu para a glória tendo recebido os sacramentos. 

Santo não é aquele que

14 de Fevereiro

São Cirilo e São Metódio

Nasceu na Grécia, no ano de 826. Vocacionado em busca da verdade, ele estudou, por amor, filosofia e chegou a lecionar. Um homem dado à comunhão ao ponto de ser embaixador, diplomata junto aos povos árabes. Mas tudo isso que tocava a vida de São Cirilo não preenchia completamente o seu coração, porque ele tinha uma vocação à verdade absoluta e queria se consagrar totalmente a ela, a verdade encarnada, Nosso Senhor Jesus Cristo.

São Cirilo abandonou tudo para viver uma grande aventura santa com seu irmão que já era monge: São Metódio. Juntos, movidos pelo Espírito, foram ao encontro dos povos eslavos, conheceram a cultura e se inculturaram. A língua, os costumes, o amor àquele povo, tudo isso foi fundamental para que São Cirilo, juntamente com seu irmão, para que pudessem apresentar o Evangelho vivo, Jesus Cristo.

Devido inovações inspiradas, eles traduziram as liturgias para a língua dos eslavos. Tiveram de ir muitas vezes para Roma e o Papa, percebendo os frutos daquela evangelização, daquela mudança litúrgica, ele pôde discernir o fruto principal que movia aqueles irmãos missionários era o amor àquele povo eslavo e, acima de tudo, o amor a Deus.

Numa dessas viagens para Roma, São Cirilo tinha um pouco mais de 40 anos e ficou enfermo. O Papa quis ordená-lo Bispo, mas Cirilo faleceu. Mas está na glória intercedendo por nós.

São Cirilo e São Metódio, rogai por nós!

Foto: São Cirilo e São Metódio
(14 de Fevereiro)

Nasceu na Grécia, no ano de 826. Vocacionado em busca da verdade, ele estudou, por amor, filosofia e chegou a lecionar. Um homem dado à comunhão ao ponto de ser embaixador, diplomata junto aos povos árabes. Mas tudo isso que tocava a vida de São Cirilo não preenchia completamente o seu coração, porque ele tinha uma vocação à verdade absoluta e queria se consagrar totalmente a ela, a verdade encarnada, Nosso Senhor Jesus Cristo.

São Cirilo abandonou tudo para viver uma grande aventura santa com seu irmão que já era monge: São Metódio. Juntos, movidos pelo Espírito, foram ao encontro dos povos eslavos, conheceram a cultura e se inculturaram. A língua, os costumes, o amor àquele povo, tudo isso foi fundamental para que São Cirilo, juntamente com seu irmão, para que pudessem apresentar o Evangelho vivo, Jesus Cristo.

Devido inovações inspiradas, eles traduziram as liturgias para a língua dos eslavos. Tiveram de ir muitas vezes para Roma e o Papa, percebendo os frutos daquela evangelização, daquela mudança litúrgica, ele pôde discernir o fruto principal que movia aqueles irmãos missionários era o amor àquele povo eslavo e, acima de tudo, o amor a Deus.

Numa dessas viagens para Roma, São Cirilo tinha um pouco mais de 40 anos e ficou enfermo. O Papa quis ordená-lo Bispo, mas Cirilo faleceu. Mas está na glória intercedendo por nós.

São Cirilo e São Metódio, rogai por nós!

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São Valentim

Valentim era sacerdote romano, no tempo do imperador Cláudio II. Embora este monarca não perseguisse abertamente a religião cristã, muitos cristãos sofreram martírio pelas exigências de certos governadores, a quem Cláudio deixava toda a liberdade de agir. Assim aconteceu com Valentim. Acusado do crime de ser cristão e sacerdote, foi levado à presença do imperador. A franqueza com que o servo de Cristo se defendeu, agradou a Cláudio que, com muito interesse, lhe ouviu as exposições da doutrina cristã. Entretanto Valentim permaneceu sob as ordens do governador Calpúrnio, o qual o entregou ao juiz Astério. Este, propondo-se convencer a Valentim da futilidade da religião de Cristo, levou-o para sua própria casa. Logo ao entrar na residência do magistrado, Valentim se pôs de joelhos e pediu a Deus que desse aos habitantes daquela casa o conhecimento da luz verdadeira. Astério, ouvindo o Santo falar em luz, não compreendeu o sentido em que empregava este termo e disse-lhe: “Tenho aqui em casa uma menina, filha adotiva minha, que há dois anos está privada da vista. Se, como dizes, teu Deus é um Deus da luz, invoca-o para que ela veja. Se isto acontecer, eu me curvarei diante de teu Deus”. Valentim impôs as mãos à menina e pronunciou as seguintes palavras: “Senhor Jesus Cristo, Deus verdadeiro e verdadeira luz, daí à vossa serva a luz dos olhos!” A oração do Santo foi ouvida. A menina recuperou a vista, imediatamente. Abriram-se também os olhos de Astério. Este se converteu e com ele quarenta pessoas receberam o Batismo das mãos de Valentim. Poucos dias depois o Papa Calixto administrou-lhes o Sacramento da Confirmação. Astério, que tinha sob sua guarda outros cristãos, deu-lhes a todos a liberdade.

O imperador Cláudio, tendo conhecimento da conversão de Astério ao cristianismo, citou-o perante o tribunal como a Valentim e todos os outros que tinham sido batizados naquela ocasião. As iras imperiais convergiram sobre Valentim, descarregando-se sobre o sacerdote de Cristo, numa flagelação desumana. Não conseguindo sua apostasia, sentenciou-o à morte perante a espada. Valentim sofreu o martírio em 14 de fevereiro de 270. O corpo foi sepultado na via Flaminia e Deus se dignou de obrar muitos milagres, por intercessão do Mártir. O Papa Júlio I mandou construir em Ponte-mole uma Igreja dedicada a São Valentim, que não existe mais. A porta del Popolo tinha antigamente o nome de São Valentim. Em tempos idos se faziam solenes procissões em honra deste Santo, cujas relíquias se acham nas Igrejas de Santa Praxedes e de São Sebastião. Diversas cidades da Itália e França (Melun) possuem relíquias deste glorioso mártir.

Reflexões:

São Valentim confessou perante o júri o nome de Jesus e preferiu morrer a negar a fé. Tinha a convicção de que sem Jesus não há salvação. Vivemos num tempo, em que se verifica a palavra de São Paulo: “Tempos virão em que os homens não mais suportarão a sã doutrina; conforme os caprichos, procurarão outros mestres, que lhes agradem aos ouvidos” (2. Tim. 43). Legião é o número desses mestres e infelizmente são recebidos de braços abertos. Sonhadores são chamados aqueles, que fazem depender a eterna bem-aventurança da imitação de Jesus Cristo. Deus, dizem esses falsos mestres, é muito bom, é caridade. Indiferente lhe é em que religião e de que modo o homem o adore. Todos, sem exceção alguma, têm o direito à eterna glória. – A palavra de Cristo, a doutrina dos Apóstolos, a história do gênero humano contestam categoricamente tais idéias errôneas e perniciosas. Se o homem fosse santo, não precisava de um Salvador. Se o pecado não tivesse entrado no mundo, o homem era legítimo herdeiro do céu. Mas, não é mais. Decaído, degradado que é, sua salvação já não lhe está mais nas mãos. Possibilidade nenhuma existe de reabilitar-se na graça, na filiação de Deus. A intervenção de Cristo foi absolutamente necessária, para restabelecer a paz entre Deus e o homem. A vinda de Cristo, sua vida e morte são as provas mais patentes da necessidade da obra da Redenção. Só nele há salvação, e todos que querem aspirar ao céu, devem adorá-lo e dirigir-se a ele, nele crer e seguir. Quem não crer – diz Cristo – já está julgado, porque não crê no Filho de Deus. (Jo. 3, 18). “A vida eterna é esta, que vos reconheçam como Deus único e àquele que enviastes, Jesus Cristo”. (Jo. 17, 3) “Se eu não tivesse vindo, e não lhes tivesses falado, se não tivesse feito milagres, que ninguém antes de mim fez, não teriam pecado nenhum; mas agora, como me rejeitaram, seu pecado não tem desculpa”. (Jo. 15, 22). “Ai de ti Corazain, ai de ti, Bethsaida, ai de Cafarnaum ! Se estes milagres tivessem sido feitos em Tyro e Sidônia, todos teriam feito penitência em cinza e cilício”. São palavras estas de Jesus Cristo, que condena os judeus e pagãos, que não quiseram crer nele – e para nós seria coisa de pouca ou nenhuma importância crermos ou não em Cristo Nosso Senhor? Se a fé em Cristo é coisa de tão pouco valor, porque então foi dado aos Apóstolos ordem para pregar o Evangelho a toda a criatura? Por que os Apóstolos excluem positivamente da Salvação todos que não querem crer em Jesus? Por que milhares de Mártires não hesitam em dar o sangue, a vida por amor de Jesus Cristo? Ou Jesus Cristo e os Apóstolos foram impostores ou sua doutrina é a verdadeira.

Se é verdadeira, e disto não resta dúvida, não há outra salvação a não ser no Santíssimo Nome de Jesus Cristo.

Foto: São Valentim
(14 de Fevereiro)

Valentim era sacerdote romano, no tempo do imperador Cláudio II. Embora este monarca não perseguisse abertamente a religião cristã, muitos cristãos sofreram martírio pelas exigências de certos governadores, a quem Cláudio  deixava toda a liberdade de agir. Assim aconteceu com Valentim. Acusado do crime de ser cristão e sacerdote, foi levado à presença do imperador. A franqueza com que o servo de Cristo se defendeu, agradou a Cláudio que, com muito interesse, lhe ouviu as exposições da doutrina cristã. Entretanto Valentim permaneceu sob as ordens do governador Calpúrnio, o qual o entregou ao juiz Astério. Este, propondo-se convencer a Valentim da futilidade da religião de Cristo, levou-o para sua própria casa. Logo ao entrar na residência do magistrado, Valentim se pôs de joelhos e pediu a Deus que desse aos habitantes daquela casa o conhecimento da luz verdadeira. Astério, ouvindo o Santo falar em luz, não compreendeu o sentido em que empregava este termo e disse-lhe: “Tenho aqui em casa uma menina, filha adotiva minha, que há dois anos está privada da vista. Se, como dizes, teu Deus é um Deus da luz, invoca-o para que ela veja. Se isto acontecer, eu me curvarei diante de teu Deus”. Valentim impôs as mãos à menina e pronunciou as seguintes palavras: “Senhor Jesus Cristo, Deus verdadeiro e verdadeira luz, daí à vossa serva a luz dos olhos!” A oração do Santo foi ouvida. A menina recuperou a vista, imediatamente. Abriram-se também os olhos de Astério. Este se converteu e com ele quarenta pessoas receberam o Batismo das mãos de Valentim. Poucos dias depois o Papa Calixto administrou-lhes o Sacramento da Confirmação. Astério, que tinha sob sua guarda outros cristãos, deu-lhes a todos a liberdade.

O imperador Cláudio, tendo conhecimento da conversão de Astério ao cristianismo, citou-o perante o tribunal como a Valentim e todos os outros que tinham sido batizados naquela ocasião. As iras imperiais convergiram sobre Valentim, descarregando-se sobre o sacerdote de Cristo, numa flagelação desumana. Não conseguindo sua apostasia, sentenciou-o à morte perante a espada. Valentim sofreu o martírio em 14 de fevereiro de 270. O corpo foi sepultado na via Flaminia e Deus se dignou de obrar muitos milagres, por intercessão do Mártir. O Papa Júlio I mandou construir em Ponte-mole uma  Igreja dedicada a São Valentim, que não existe mais. A porta del Popolo tinha antigamente o nome de São Valentim. Em tempos idos se faziam solenes procissões em honra deste Santo, cujas relíquias se acham nas Igrejas de Santa Praxedes e de São Sebastião. Diversas cidades da Itália e França (Melun) possuem relíquias deste glorioso mártir.

Reflexões:

São Valentim confessou perante o júri o nome de Jesus e preferiu morrer a negar a fé. Tinha a convicção de que sem Jesus não há salvação. Vivemos num tempo, em que se verifica a palavra de São Paulo: “Tempos virão em que os homens não mais suportarão a sã doutrina; conforme os caprichos, procurarão outros mestres, que lhes agradem aos ouvidos” (2.  Tim. 43). Legião é o número desses mestres e infelizmente são recebidos de braços abertos. Sonhadores são chamados aqueles, que fazem depender a eterna bem-aventurança da imitação de Jesus Cristo. Deus, dizem esses falsos mestres, é muito bom, é caridade. Indiferente lhe é em que religião e de que modo o homem o adore. Todos, sem exceção alguma, têm o direito à eterna glória. – A palavra de Cristo, a doutrina dos Apóstolos, a história  do gênero humano contestam categoricamente tais idéias errôneas e perniciosas. Se o homem fosse santo, não precisava de um Salvador. Se o pecado não tivesse entrado no mundo, o homem era legítimo herdeiro do céu. Mas, não é mais. Decaído, degradado que é, sua salvação já não lhe está mais nas mãos. Possibilidade nenhuma existe de reabilitar-se na graça, na filiação de Deus. A intervenção de Cristo foi absolutamente necessária, para restabelecer a paz entre Deus e o homem. A vinda de Cristo, sua vida e morte são as provas mais patentes da necessidade da obra da Redenção. Só nele há salvação, e todos que querem aspirar ao céu, devem adorá-lo e dirigir-se a ele, nele crer e seguir. Quem não crer – diz Cristo – já está julgado, porque não crê no Filho de Deus. (Jo. 3,  18). “A vida eterna é esta, que vos reconheçam  como Deus único e àquele que enviastes, Jesus Cristo”. (Jo.  17, 3) “Se eu não tivesse vindo, e não lhes tivesses falado, se não tivesse feito milagres, que ninguém antes de mim fez, não teriam pecado nenhum; mas agora, como me rejeitaram, seu pecado não tem desculpa”. (Jo.  15, 22). “Ai de ti Corazain, ai de ti, Bethsaida,  ai de Cafarnaum ! Se estes milagres tivessem sido feitos em Tyro e Sidônia, todos teriam feito penitência em cinza e cilício”. São palavras estas de Jesus Cristo, que condena os judeus e pagãos, que não quiseram crer nele – e para nós seria coisa de pouca ou nenhuma importância crermos ou não em Cristo Nosso Senhor? Se a fé em Cristo é coisa de tão pouco valor, porque então foi dado aos Apóstolos ordem para pregar o Evangelho a toda a criatura? Por que os Apóstolos excluem positivamente da Salvação todos que não querem crer em Jesus?  Por que milhares de Mártires não hesitam em dar o sangue, a vida por amor de Jesus Cristo?  Ou Jesus Cristo e os Apóstolos foram impostores ou sua doutrina é a verdadeira.

Se é verdadeira, e disto não resta dúvida, não há outra salvação a não ser no Santíssimo Nome de Jesus Cristo.

15 de Fevereiro

São Cláudio de La Colombiere

Nasceu na França, em 1641. Sua mãe, muito cedo, havia profetizado que seu filho seria um santo religioso. Não que isso o forçou, mas ajudou no seu discernimento. Passado um tempo, ele, pertencente e uma família religiosa, pôde fazer este caminho de seguimento a Cristo e entrou para a Companhia de Jesus.

Dado aos estudos, aprofundou-se, lecionou e chegou a superior de um colégio jesuíta. Mas Deus tinha muitos planos para ele. Ele dizia: “Os planos de Deus nunca se realizam senão à custa de grandes sacrifícios” e pôde experimentar essa realidade. Ao ser o confessor do convento de Nossa Senhora da Visitação, conheceu a humilde e serva do Senhor, Margarida Maria Alacoque, que ia recebendo as promessas do Sagrado Coração de Jesus. Ele a orientou muito e pôde se aprofundar também nesta devoção; amor ao coração de Jesus. Amando o Senhor, pôde estar em comunhão também com o sacrifício e com a dor.

Ele mergulhou o seu coração nessa devoção e pôde ajudar a santa, mas, por obediência, teve de ir para Londres onde sofreu incompreensões por parte de cristãos não católicos, ao ponto de calúnias o levarem ao julgamento e à prisão. Só não foi morto por causa da intervenção do rei da França, Luís XIV.

São Cláudio de La Colombiere voltou para o berço da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Com 41 anos, partiu para a glória, como havia profetizado Margarida Maria Alacoque.

O seu testemunho nos mostra que é do coração de Jesus que vem a santidade para o nosso coração.

São Cláudio de La Colombiere, rogai por nós!

Foto: São Cláudio de La Colombiere
(15 de Fevereiro)

Nasceu na França, em 1641. Sua mãe, muito cedo, havia profetizado que seu filho seria um santo religioso. Não que isso o forçou, mas ajudou no seu discernimento. Passado um tempo, ele, pertencente e uma família religiosa, pôde fazer este caminho de seguimento a Cristo e entrou para a Companhia de Jesus.

Dado aos estudos, aprofundou-se, lecionou e chegou a superior de um colégio jesuíta. Mas Deus tinha muitos planos para ele. Ele dizia: “Os planos de Deus nunca se realizam senão à custa de grandes sacrifícios” e pôde experimentar essa realidade. Ao ser o confessor do convento de Nossa Senhora da Visitação, conheceu a humilde e serva do Senhor, Margarida Maria Alacoque, que ia recebendo as promessas do Sagrado Coração de Jesus. Ele a orientou muito e pôde se aprofundar também nesta devoção; amor ao coração de Jesus. Amando o Senhor, pôde estar em comunhão também com o sacrifício e com a dor.

Ele mergulhou o seu coração nessa devoção e pôde ajudar a santa, mas, por obediência, teve de ir para Londres onde sofreu incompreensões por parte de cristãos não católicos, ao ponto de calúnias o levarem ao julgamento e à prisão. Só não foi morto por causa da intervenção do rei da França, Luís XIV.

São Cláudio de La Colombiere voltou para o berço da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Com 41 anos, partiu para a glória, como havia profetizado Margarida Maria Alacoque.

O seu testemunho nos mostra que é do coração de Jesus que vem a santidade para o nosso coração.

São Cláudio de La Colombiere, rogai por nós!

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São Justino e São Jovita

O pouco que se sabe da vida e da morte do sacerdote Justino (ou Faustino) e do seu irmão diácono Jovita é o seguinte: originários de Bréscia, na Itália, pregaram a doutrina de Cristo durante a perseguição de Trajano. Do bispo Apolônio, que vivia escondido, Justino recebeu o sacerdócio e Jovita o diaconato. Quando, pouco depois, o imperador Adriano passou por Bréscia, foram os dois levados à presença e interpelados a respeito da propaganda que levaram a efeito de uma religião proibida. O inquérito em que se ouvia as acusações, ameaças e insultos aos servos de Deus, que se negaram a abjurar sua fé, terminou com a condenação à morte deles e de Calocero e Afra. Foram todos decapitados em 120 mais ou menos.

A leitura do Breviário diz que sofreram cruel perseguição em Milão, em Roma, e em Nápoles. Justino e Jovita são os padroeiros da cidade de Bréscia, onde se acham também os seus túmulos.

Foto: São Justino e São Jovita
(15 de Fevereiro)

O pouco que se sabe da vida e da morte do sacerdote Justino (ou Faustino) e do seu irmão diácono Jovita é o seguinte: originários de Bréscia, na Itália, pregaram a doutrina de Cristo durante a perseguição de Trajano. Do bispo Apolônio, que vivia escondido, Justino recebeu o sacerdócio e Jovita o diaconato. Quando, pouco depois, o imperador Adriano passou por Bréscia, foram os dois levados à presença e interpelados a respeito da propaganda que levaram a efeito de uma religião proibida. O inquérito em que se ouvia as acusações, ameaças e insultos aos servos de Deus, que se negaram a abjurar sua fé, terminou com a condenação à morte deles e de Calocero e Afra. Foram todos decapitados em 120 mais ou menos.

A leitura do Breviário diz que sofreram cruel perseguição em Milão, em Roma, e em Nápoles. Justino e Jovita são os padroeiros da cidade de Bréscia, onde se acham também os seus túmulos.

16 de Fevereiro

Santo Elias

A Igreja comemora no dia 16 de fevereiro a memória do profeta Elias, cuja pregação e vida deram-se no Monte Carmelo, no tempo dos reis Achab e Ochozias. Foi ele o grande defensor da fé em Israel e com sua atuação profética fez com que os israelitas deixassem os falsos deuses e voltassem o coração para o Deus de Israel, o Pai de Jesus Cristo, o único e verdadeiro Deus

Na ocasião da sua fuga do rei Achab e de sua mulher Jesabel, um corvo trazia-lhe sua ração diária de carne e pão. Sua indumentária era composta de peles de carneiro e um cinto de couro. Quando houve grande seca no país, foi a Serepta, multiplicou milagrosamente a farinha e o azeite na casa de uma viúva, cujo filho morto ressuscitou.

No monte Carmelo confundiu os sacerdotes de Baal, chamando fogo do céu sobre o altar do altíssimo.

Perseguido pelas iras de Jezabel, se retirou para o monte Horeb e ungiu seu sucessor Eliseu. Conseguiu a conversão de Achab e predisse a Ochozias a próxima morte. Elizeu viu-o subir ao céu num carro de fogo, daí a tradição confirmada por Nosso Senhor (Mt 17, 11) que, como Henoc, não morreu, e que há de voltar para a terra.

O profeta Elias, na transfiguração de Nosso Senhor no monte Tabor, apareceu junto com Moisés, conta o evangelista. É igualmente venerado pelos judeus e pelos maometanos. O Ano de seu nascimento é 912 a. c. e é considerado o padroeiro fundador da Ordem Carmelitana.

O Profeta Elias e os Carmelitas

Quanto à origem da ordem carmelitana, remonta tempos muito antigos. O culto especial e a devoção à Santa Mãe de Deus, remonta a origem da congregação carmelitana aos tempos do profeta Elias.

Não há dúvida que as promessas messiânicas eram conhecidas no mundo pagão da antiguidade. A Mãe do Salvador vê-se preconizada pelas Sibilas, simbolizada pelas imagens de Isis e venerada nos mistérios pagãos. Dentro desta suposição, seria de se causar estranheza se o povo de Deus do antigo testamento, não tivesse noção alguma ou qualquer referência que dissesse respeito à Mãe do Salvador, a Mulher que iria esmagar a cabeça da Serpente.

Na Ordem Carmelitana é guardada a tradição, na qual o profeta Elias, ao ver aquela nuvenzinha que se levantava no mar e a pegada d’homem, teria nela reconhecido o símbolo, a figura da futura Mãe do Salvador. Os discípulos de Elias, em lembrança daquela visão, teriam fundado uma Congregação com sede no monte Carmelo, com o fim declarado de prestar homenagens à Mãe do Mestre. Esta Congregação teria se conservado até os dias de Jesus Cristo e existido com o título de Servos de Maria.

Santa Teresa, a grande santa da Ordem Carmelitana, reconhece no profeta Elias o fundador da Ordem. As visões da bem-aventurada Ana Maria Emerich sobre a vida de Maria Santíssima, ocupam-se minuciosamente da congregação dos Servos de Maria, no Antigo Testamento. Segundo uma piedosa tradição, autorizada pela liturgia para o dia de Pentecostes, um grupo de homens devotos dos Profetas Elias e Eliseu, foram preparados por São João Batista para o advento do Salvador, abraçaram o cristianismo e erigiram no monte Carmelo um santuário à SS. Virgem, naquele mesmo lugar onde Elias vira aparecer aquela nuvenzinha, anunciadora da fecundidade da Mãe de Deus. Adotaram eles o nome de “Irmãos da Bem-aventurada Maria do Monte Carmelo”.

Os séculos transcorreram e no século XII, o calabrês Bertoldo, com mais alguns companheiros , estabeleceram-se no Monte Carmelo, fato historicamente documentado. Porém, não se sabe se lá encontraram a Congregação dos Servos de Maria ou se lá fundaram uma com este nome, pois que antes desse fato, não encontramos outros registros documentais a respeito. Em 1209 receberam das mãos de Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém as regras da devidamente aprovadas. Pela ocasião das Cruzadas, a Congregação difundiu-se rapidamente na Europa. Conventos foram fundados na Inglaterra e outros alastraram-se rapidamente pelo mundo, se bem que em meio à muitas perseguições. Uma referência muito forte, além de Santa Tereza, é São Simão Stok, carmelita da ordem nessa mesma época. Como propagador ardentíssimo da Ordem e do culto mariano pelo mundo, recebeu, durante fervorosa oração, a visita de Nossa Senhora, que lhe apresentou o escapulário como um privilégio para todos os membros da Ordem do Carmo, sob a promessa de que quem estivesse dele revestido na hora da morte, ficaria livre do fogo do inferno. São Simão Stok tratou então, de divulgar a irmandade do escapulário e foi o responsável em estender as graças do escapulário a todo o mundo católico, e para participarem dos grandes privilégios concedidos por Nossa Senhora. O escapulário teve aceitação extraordinária entre o povo católico e, neste sentido, só é comparável ao Rosário.

Foto: Santo Elias
(16 de Fevereiro)

A Igreja  comemora no dia 16 de fevereiro  a  memória do  profeta Elias, cuja pregação e vida deram-se no Monte Carmelo, no tempo dos reis Achab e Ochozias.  Foi ele  o grande defensor da fé em Israel e com sua atuação profética fez com que os israelitas deixassem os falsos deuses e voltassem o coração para o Deus de Israel, o Pai de Jesus Cristo, o único e verdadeiro Deus

Na ocasião da sua fuga do rei Achab e de sua mulher Jesabel,  um corvo  trazia-lhe sua ração diária de carne e pão. Sua indumentária era composta  de  peles de carneiro e um cinto de couro.  Quando houve grande seca no país, foi a Serepta, multiplicou milagrosamente a farinha e o azeite na casa de uma viúva, cujo filho morto ressuscitou.

No monte Carmelo confundiu os sacerdotes de Baal,  chamando fogo do céu sobre o altar do altíssimo. 

Perseguido pelas iras de Jezabel, se retirou para o monte Horeb e ungiu seu sucessor  Eliseu. Conseguiu a conversão de Achab e predisse a Ochozias a próxima morte.  Elizeu viu-o subir ao céu num carro de  fogo, daí a tradição confirmada por Nosso Senhor (Mt 17, 11) que, como Henoc, não morreu,  e que há de voltar para a terra.

O profeta Elias, na transfiguração de Nosso Senhor no monte Tabor, apareceu junto com Moisés, conta o evangelista. É  igualmente venerado pelos judeus e pelos  maometanos.  O Ano  de  seu nascimento é  912  a. c.  e é considerado o padroeiro fundador  da Ordem Carmelitana.

 O Profeta Elias e os Carmelitas 

Quanto à origem da ordem carmelitana,  remonta tempos muito antigos. O culto especial e a devoção à Santa Mãe de Deus, remonta a origem da congregação carmelitana aos tempos do profeta Elias. 

Não há dúvida que as promessas messiânicas eram conhecidas no mundo pagão da antiguidade.  A Mãe do Salvador vê-se  preconizada pelas Sibilas,  simbolizada pelas imagens de Isis e venerada nos mistérios pagãos.   Dentro desta suposição, seria de se causar estranheza se o povo de Deus do antigo testamento, não tivesse noção alguma ou qualquer referência que dissesse respeito à Mãe do Salvador, a Mulher que iria esmagar a cabeça da Serpente. 

Na Ordem Carmelitana é guardada a tradição, na qual o profeta Elias,  ao ver aquela nuvenzinha que se levantava no mar e a pegada d’homem, teria  nela reconhecido o símbolo, a figura da futura Mãe do Salvador. Os discípulos de Elias, em lembrança daquela visão,  teriam fundado uma Congregação com sede no monte Carmelo, com o fim declarado de prestar homenagens à Mãe do Mestre.   Esta Congregação teria se  conservado até os dias de Jesus Cristo e existido com o título de Servos de Maria. 

Santa Teresa, a  grande santa da Ordem Carmelitana,  reconhece no profeta Elias o fundador da Ordem. As visões da bem-aventurada Ana Maria Emerich sobre a vida de Maria Santíssima, ocupam-se minuciosamente da congregação dos Servos de Maria, no Antigo Testamento.  Segundo uma piedosa tradição,  autorizada pela liturgia para o dia de Pentecostes, um grupo de homens devotos dos Profetas Elias e Eliseu,  foram preparados por São João Batista para o advento do Salvador,  abraçaram o cristianismo e erigiram no monte Carmelo um santuário à SS. Virgem, naquele mesmo lugar onde Elias vira aparecer aquela nuvenzinha, anunciadora da fecundidade da  Mãe de Deus.  Adotaram eles o nome de “Irmãos da Bem-aventurada Maria do Monte Carmelo”. 

Os séculos transcorreram  e no século XII, o calabrês Bertoldo,  com mais alguns companheiros , estabeleceram-se no Monte Carmelo, fato historicamente documentado.  Porém, não se sabe se lá  encontraram a Congregação dos Servos de Maria ou se lá fundaram uma com este nome,  pois que antes desse fato, não encontramos outros registros documentais  a respeito.  Em 1209 receberam das mãos de  Santo Alberto,  Patriarca de Jerusalém as regras da devidamente aprovadas.  Pela ocasião das Cruzadas, a Congregação difundiu-se  rapidamente na Europa.  Conventos  foram fundados na Inglaterra e outros alastraram-se  rapidamente pelo mundo, se bem que em meio à muitas perseguições.  Uma referência muito forte, além de Santa Tereza,  é  São Simão Stok,  carmelita da ordem nessa mesma época.  Como propagador ardentíssimo da Ordem e  do culto mariano pelo mundo,  recebeu,  durante fervorosa oração,  a  visita de Nossa Senhora, que lhe apresentou o escapulário como um privilégio para todos os membros da Ordem do Carmo,  sob a promessa de que quem  estivesse dele revestido na hora da morte, ficaria livre do fogo do inferno.  São Simão Stok tratou então, de divulgar a irmandade do escapulário e foi o responsável em  estender as graças do escapulário a todo o mundo católico, e para participarem dos grandes privilégios concedidos por Nossa Senhora.  O escapulário teve aceitação extraordinária entre o povo católico e, neste sentido, só é  comparável ao Rosário.

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Santo Onésimo

Onésimo era escravo de Filemon, cristão convertido por São Paulo, natural da Frigia, em Colossos. Tendo prestado maus serviços ao amo, a quem subtraira uma certa quantia de dinheiro e receando castigo, fugiu para Roma, onde se encontrou com São Paulo, que ali se achava preso no cárcere. Conhecendo a São Paulo por bom amigo de Filemon, contou-lhe sua infelicidade e o motivo da fuga. São Paulo, vendo em todos os homens irmãos em Jesus Cristo, para quem não havia distinção entre romano e grego, escravo e senhor, acolheu-o com caridade, instruiu-o na religião cristã e recebeu-o na Igreja, pelo santo Batismo. Desde aquele dia, Onésimo foi dedicado servidor do Apóstolo que o chamava de caríssimo filho.

Embora fosse de grande utilidade, não quis São Paulo conservá-lo em sua companhia, sem que para isto tivesse o consentimento de Filemon. Tendo ocasião de enviar Tychico a Colossos, com ele mandou também Onésimo, não deixando de recomendá-lo ao amo. Nada prova melhor a grande caridade do Apóstolo das gentes, que este documento em que pede a Filemon que perdoe ao antigo escravo e o aceite novamente em sua graça, como se fosse a ele, Paulo. “Tive grande alegria e consolação – assim escreve São Paulo a Filemon – pela tua caridade, porquanto os corações dos Santos por ti foram confortados.

Assim, tendo embora em Cristo Jesus muita liberdade, para ordenar-te o que te convém, prefiro rogar-te por caridade, tal sendo tu, como Paulo, já velho e agora está preso de Jesus Cristo. Rogo-te por meu filho, que gerei entre as algemas, Onésimo, o qual outrora te foi inútil, mas agora é útil a mim e a ti; que eu te remeti. Acolhe-o pois, como vísceras minhas. Quisera retê-lo comigo, para que me servisse por ti, nas cadeias do Evangelho. Nada, porém, quis fazer sem o teu consentimento, para que a tua obra não fosse como forçada, e sim, voluntária. Porque ele talvez se apartou de ti uns tempos, a fim de que viesses a recobrá-lo para sempre. Já não apenas como um servo, mas em vez do servo, um irmão muito amado, principalmente para mim, e quanto mais para ti, assim na carne como no Senhor? Portanto, se me tens por amigo, recebe-o como a mim próprio: e, se te fez algum dano ou te é devedor, põe isso à minha conta. Eu, Paulo, escrevi por meu punho: eu pagarei, para não te dizer que também tu mesmo te deves a mim. Sim, irmão, recebe em ti essa alegria no Senhor; alenta o meu coração no Senhor. Confiando na tua obediência, escrevi-te sabendo que farás até ainda mais do que digo”. (Filemon, 7 – 22).

Com efeito, correspondendo ao nobre pedido de Paulo, Filemon não só perdoou a Onésimo, como se fosse um filho querido, mas deu-lhe liberdade, para voltar a Roma e continuar na companhia do Apóstolo, servindo-lhe nos trabalhos apostólicos. Quão sólida foi essa conversão, prova a grande confiança de que gozava do Apóstolo São Paulo, que lhe confiou importantes missões e o aceitou como ministro da Igreja, fazendo-o Bispo de Éfeso, onde em seguida trabalhou junto com o Apóstolo São João, como sucessor de São Timóteo. Nas assim chamadas Constituições Católicas, Santo Onésimo era bispo de Berea, na Macedônia. Preso em 109, foi levado a Roma, onde sofreu o martírio de apedrejamento.

Reflexões:

O procedimento do escravo Onésimo foi tudo, menos correto. Grande, porém, foi o sacrifício que fez, de voltar e pôr-se novamente à disposição do patrão, ainda com a triste perspectiva de receber duríssimo castigo. Só a autoridade de um mestre, como São Paulo, podia conseguir de um pobre escravo que respeitasse as leis da justiça, embora fosse preciso sacrificar a liberdade. De mestres daquele tempo, entre mil, nenhum teria dado este exemplo de amor e respeito à justiça, como São Paulo o deu: e de mil escravos também, nenhum teria tido a coragem de, como Onésimo, depois do mal praticado e já na posse da liberdade, apresentar-se ao amo, só para satisfazer às exigências da consciência magoada. Só um mestre cristão se sujeita a semelhante imposição. Como é bela a religião que proíbe toda a sorte de injustiça e obriga a dar satisfação! Como seria feliz a humanidade, se todos quisessem proceder sempre segundo os ditames do santo Evangelho! Paz e justiça, quais irmãs gêmeas, dar-se-iam as mãos, num pacto da mais perfeita harmonia. Que perturba a paz dos homens e das nações? Não são as paixões desordenadas? Não é o egoísmo, a cobiça, a inveja, a preguiça, a maledicência, o ódio, o desejo de vingança, a intemperança, que se desafiam, no triste afã de desunir e inimizar os homens? Se houvesse justiça, haveria caridade, e onde reina a caridade, não há lugar para guerras, perseguições, desprezos, ódios, infidelidades e fraudes. Onde há caridade e justiça, há também temor de Deus, respeito as suas leis, paciência no sofrimento, conformidade na dor e compaixão com a miséria do próximo. Nada é mais injusto que a acusação dos cristãos não poderem ser bons cidadãos, acusação esta antiqüíssima, e já por Santo Agostinho refutada. O cidadão que segue a lei de Cristo, será bom filho, bom chefe de família, professor dedicado, magistrado exemplar e cumpridor das obrigações, onde quer que as circunstâncias lhe requeiram a presença. Não nos compete mudar a face da terra, nem está isto nas nossas mãos. Mas o que poderemos e devemos fazer sempre, é viver como cristãos, em perfeita obediência às leis que Jesus Cristo nos deu.

Foto: Santo Onésimo
(16 de Fevereiro)

Onésimo era escravo de Filemon, cristão convertido por São Paulo, natural da Frigia, em Colossos. Tendo prestado maus serviços ao amo, a quem subtraira uma certa quantia de dinheiro e receando castigo, fugiu para Roma, onde se encontrou com São Paulo, que ali se achava preso no cárcere. Conhecendo a São Paulo por bom amigo de Filemon, contou-lhe sua infelicidade e o motivo da fuga. São Paulo, vendo em todos os homens irmãos em Jesus Cristo, para quem não havia distinção entre romano e grego, escravo e senhor, acolheu-o com caridade, instruiu-o na religião cristã e recebeu-o na Igreja, pelo santo Batismo. Desde aquele dia, Onésimo foi dedicado servidor do Apóstolo que o chamava de caríssimo filho.

Embora fosse de grande utilidade, não quis São Paulo conservá-lo em sua  companhia, sem que para isto tivesse o consentimento de Filemon. Tendo ocasião de enviar Tychico a Colossos, com ele mandou também Onésimo, não deixando de recomendá-lo ao amo. Nada prova melhor a grande caridade do Apóstolo das gentes, que este documento em que pede a Filemon que perdoe ao antigo escravo e o aceite novamente em sua graça, como se fosse a ele, Paulo. “Tive grande alegria e consolação – assim escreve São Paulo a Filemon – pela tua caridade, porquanto os corações dos Santos por ti foram confortados.

Assim, tendo embora em Cristo Jesus muita liberdade, para ordenar-te o que te convém, prefiro rogar-te por caridade, tal sendo tu, como Paulo, já velho e agora está preso de Jesus Cristo. Rogo-te por meu filho, que gerei entre as algemas, Onésimo, o qual outrora te foi inútil, mas agora é útil a mim e a ti; que eu te remeti. Acolhe-o pois, como vísceras minhas. Quisera retê-lo comigo, para que me servisse por ti, nas cadeias do Evangelho. Nada, porém, quis fazer sem o teu consentimento, para que a tua obra não fosse como forçada, e sim, voluntária. Porque ele talvez se apartou de ti uns tempos, a fim de que viesses a recobrá-lo para sempre. Já não apenas como um servo, mas em vez do servo, um irmão muito amado, principalmente para mim, e quanto mais para ti, assim na carne como no Senhor?  Portanto, se me tens por amigo, recebe-o como a mim próprio: e, se te fez algum dano ou te é devedor, põe isso à minha conta. Eu, Paulo, escrevi por meu punho: eu pagarei, para não te dizer que também tu mesmo te deves a mim. Sim, irmão, recebe em ti essa alegria no Senhor; alenta o meu coração no Senhor. Confiando na tua obediência, escrevi-te sabendo que farás até ainda mais do que digo”. (Filemon, 7 – 22).

Com efeito, correspondendo ao nobre pedido de Paulo, Filemon não só perdoou a Onésimo, como se fosse um filho querido, mas deu-lhe liberdade, para voltar a Roma e continuar na companhia do Apóstolo, servindo-lhe nos trabalhos apostólicos. Quão sólida foi essa conversão, prova a grande confiança de que gozava do Apóstolo São Paulo, que lhe confiou importantes missões e o aceitou como ministro da Igreja, fazendo-o Bispo de Éfeso, onde em seguida trabalhou junto com o Apóstolo São João, como sucessor de São Timóteo. Nas assim chamadas Constituições Católicas, Santo Onésimo era bispo de Berea, na Macedônia. Preso em 109, foi levado a Roma, onde sofreu o martírio de apedrejamento.

Reflexões:

O procedimento do escravo Onésimo foi tudo, menos correto. Grande, porém, foi o sacrifício que fez, de voltar e pôr-se novamente à disposição do patrão, ainda com a triste perspectiva de receber duríssimo castigo. Só a autoridade de um mestre, como São Paulo, podia conseguir de um pobre escravo que respeitasse as leis da justiça, embora fosse preciso sacrificar a liberdade. De mestres daquele tempo, entre mil, nenhum teria dado este exemplo de amor e respeito à justiça, como São Paulo o deu: e de mil escravos também, nenhum teria tido a coragem de, como Onésimo, depois do mal praticado e já na posse da liberdade, apresentar-se ao amo, só para satisfazer às exigências da consciência magoada. Só um mestre cristão se sujeita a semelhante imposição. Como é bela a religião que proíbe toda a sorte de injustiça e obriga a dar satisfação! Como seria feliz a humanidade, se todos quisessem proceder sempre segundo os ditames do santo Evangelho!  Paz e justiça, quais irmãs gêmeas, dar-se-iam as mãos, num pacto da mais perfeita harmonia. Que perturba a paz dos homens e das nações?  Não são as paixões desordenadas? Não é o egoísmo, a cobiça, a inveja, a preguiça, a maledicência, o ódio, o desejo de vingança, a intemperança, que se desafiam, no triste afã de desunir e inimizar os homens? Se houvesse justiça, haveria caridade, e onde reina a caridade, não há lugar para guerras, perseguições, desprezos, ódios, infidelidades e fraudes. Onde há caridade e justiça, há também temor de Deus, respeito as suas leis, paciência no sofrimento, conformidade na dor e compaixão com a miséria do próximo. Nada é mais injusto que a acusação dos cristãos não poderem ser bons cidadãos, acusação esta antiqüíssima, e já por Santo Agostinho refutada. O cidadão que segue a lei de Cristo, será bom filho, bom chefe de família, professor dedicado, magistrado exemplar e cumpridor das obrigações, onde quer que as circunstâncias lhe requeiram a presença. Não nos compete mudar a face da terra, nem está isto nas nossas mãos. Mas o que poderemos e devemos fazer sempre, é viver como cristãos, em perfeita obediência às leis que Jesus Cristo nos deu.

17 de Fevereiro

Os Sete Santos fundadores da Ordem dos Servitas

Nos princípios do século 13 viviam em Florença sete fidalgos, igualmente distintos pela riqueza, pela posição social e pela piedade, mas principalmente pela devoção extraordinária que tinham a Nossa Senhora. Seus nomes eram: Bonfílio Monáldio, Bonajuncta, Manetto Antellense, Amidéo, Ugúccio, Sosteneo e Aleixo.

O povo italiano, devido a uma política mal orientada, achava-se dividido em muitos partidos que se odiavam e perseguiam. Destes sete nobres cidadãos Deus se serviu para, no meio de uma sociedade dilacerada pelo fanatismo e pelo ódio, estabelecer exemplos vivos de caridade e verdadeira fraternidade. Quando, no dia 15 de agosto de 1233 todos se achavam reunidos em fervorosas orações, a cada um Maria Santíssima apareceu exortando-os a abraçarem um gênero de vida mais perfeito. Fizeram comunicação disto ao Bispo. Trocaram sua vestimenta de nobres com um hábito pobre, usando ainda um cilício por cima e foram residir numa casa de campo, formando assim uma santa comunidade. Escolheram para este seu passo o dia da natividade de Maria Santíssima. Pouco tempo passara, o povo florentino viu-se diante o espetáculo de ver estes mesmos homens andar de porta em porta pedir esmolas. A atitude dos homens, de fidalgos que ontem foram, se transformar em mendigos, causou sensação. Censurados por uns, ridicularizados por outros, pela, maioria porém, admirados e reverenciados, tiveram uma prova da beneplacência divina, quando inesperadamente, com estupefação de todos que presenciaram a cena, vozes de crianças os aclamaram, dizendo: “Eis os Servos de Maria !” Entre estas crianças se achava São Felipe Benício, que contava apenas e 5 meses de idade. O nome que as crianças, por inspiração divina lhes deram, lhes ficou para sempre.

Como a sua residência se tornasse alvo de verdadeiras romarias e assim não pudessem levar a vida de solidão, de penitência, oração e meditação que a Deus tinham prometido, retiraram-se para o monte Senário, quatro léguas distante de Florença. No ermo daquela região se entregaram aos exercícios da mais rigorosa penitência e por assunto quase único e predileto das suas meditações tomaram a Paixão de Nosso Senhor e as Dores de sua Mãe Santíssima.

À Santa Sé pediram, se dignasse dar-lhes uma Regra escrita. Em fervorosas orações se dirigiram a Jesus e Maria recomendando à sua Providência e ao amor esta importante causa. Foram atendidos de uma maneira maravilhosamente encantadora. Na madrugada de 28 de fevereiro de 1239 – que era a terceira dominga da quaresma, apresentou-se-lhes a sua vinha, havia pouco plantada, em toda pujança, toda verde, as parreiras carregadas de cachos de uvas maduras, quando os campos e as montanhas da redondeza se achavam cobertas de gelo e neve. Sua admiração diante deste milagre cresceu ainda, quando o Bispo, a quem relataram o fenômeno, lhes disse que ele, na mesma noite em sonho tinha visto uma parreira viçosa com sete galhos, cada um trazendo sete cachos; e a Maria ouvira dizer que esta parreira iria crescer ainda. A interpretação que o Prelado deu a este seu extraordinário sonho, foi, ser da vontade de Deus e de Nossa Senhora, a Ordem se estender, e os “Servos de Maria” não continuar na atitude de negar admissão, a quem se lhes quisesse associar. Os santos homens prometeram se conformar com este alvitre e aceitar candidatos.

Na noite de Sexta-feira Santa viram-se diante de um outro milagre. Maria Santíssima apareceu aos seus Servos, vestida de pesado luto. Em sua companhia viram anjos, dos quais alguns com instrumentos martirizantes da Sagrada Paixão e Morte de Jesus, outro com o livro aberto da Regra de Santo Agostinho, e ainda outro com o título escrito em ouro: “Servos de Maria”. Seguiam mais anjos trazendo um hábito preto e uma palma. O hábito com a palma Maria deu-o aos Religiosos, dizendo estas palavras: “Escolhi-vos meus Servos, para que, usando do meu nome, vades trabalhar na Vinha de meu Filho. Eis aqui o hábito, que vos dou. Sua cor negra vos lembrará as dores que hoje sofri ao pé da Cruz, assistindo a agonia de meu Filho, Jesus. A Regra de Santo Agostinho recebei-a por norma da vossa vida; a palma far-vos-á lembrar a glória eterna, prêmio da perseverança fiel no meu serviço”. Maria também apareceu ao Bispo e ordem lhe deu, para proceder a solene vestição do hábito preto aos seus Servos. Esta se realizou logo no dia da páscoa. O Papa Inocêncio IV em 1251 deu a aprovação eclesiástica à Ordem dos Servitas. Esta rapidamente se desenvolveu. Setenta anos depois de sua fundação contava já 10.000 Religiosos em diversos estados da Europa. No Brasil se estabeleceu em 1920. Os Servitas têm conventos no Rio de Janeiro, em São Paulo, e na Arquidiocese de Florianópolis, no Rio Grande do Sul e trabalham na Prelazia do Acre.

Reflexões:

A devoção à Nossa Senhora das Dores, pela difusão da qual a ordem dos Servitas de modo especial trabalhava, é tão antiga, como a própria Igreja. Do grande privilegiado Apóstolo São João nós todos devemos aprender esta devoção, porque ele mais do que qualquer outra pessoa teve ocasião, de bem de perto observar Maria Santíssima nas suas tribulações, desde a hora que com ela passou ao pé da Cruz no Calvário, à hora que a recebeu por Mãe, até o momento em que entregou sua alma imaculada ao seu divino Esposo, ao Espírito Santo. Diz a tradição que São João Evangelista, depois da gloriosa Assunção de sua Mãe adotiva passou os dias tristes, cheio de saudades de quem, na terra, depois de Jesus lhe era tudo. Teria chegado a pedir a graça de ainda uma vez poder contemplar o rosto de Maria, no que foi atendido. Jesus teria lhe aparecido junto com sua bendita Mãe; e esta teria pedido a seu divino Filho, uma graça especial para todos os devotos à sua vida dolorosa. Jesus teria respondido: “A todos os devotos a tuas Dores conferirei quatro graças: 1ª) A da contrição perfeita de todos os pecados, algum tempo antes da sua morte; - 2ª) Assistência especial em todas as tribulações, mormente na morte. – 3º) Compreensão profunda das tuas dores e da minha Paixão. – 4ª) A graça de atender as suas súplicas em favor dos teus devotos.

A Igreja estabeleceu duas festas em homenagem à Mãe Dolorosa. Muitas igrejas, capelas e altares lhe são dedicados. A Igreja aprovou a recitação do rosário das sete dores e muitas orações desta devoção são enriquecidas de indulgências.

Que em nós se realize, o que o Evangelho de um modo elogioso afirma a respeito do Apóstolo: “E desde aquela hora a recebeu com Mãe, como Mãe dolorosa. Sejamos discípulos de Jesus, em verdade. Acompanhemos com amor Maria SS. nas suas dores, para que, sofrendo com ela consigamos aliviá-la nas suas tribulações”. (São João Crisóstomo.)

Foto: Os Sete Santos fundadores da Ordem dos Servitas
(17 de Feveiro)

Nos princípios do século 13 viviam em Florença sete fidalgos, igualmente distintos pela riqueza, pela posição social e pela piedade, mas principalmente pela devoção extraordinária que tinham a Nossa Senhora. Seus nomes eram: Bonfílio Monáldio, Bonajuncta, Manetto Antellense, Amidéo, Ugúccio, Sosteneo e Aleixo.

O povo italiano, devido a uma política mal orientada, achava-se dividido em muitos partidos que se odiavam e perseguiam. Destes sete nobres cidadãos Deus se serviu para, no meio de uma sociedade dilacerada pelo fanatismo e pelo ódio, estabelecer exemplos vivos de caridade e verdadeira fraternidade. Quando, no dia 15 de agosto de 1233 todos se achavam reunidos em fervorosas orações, a cada um Maria Santíssima apareceu exortando-os a abraçarem um gênero de vida mais perfeito. Fizeram comunicação disto ao Bispo. Trocaram sua vestimenta de nobres com um hábito pobre, usando ainda um cilício por cima e foram residir numa casa de campo, formando assim uma santa comunidade. Escolheram para este seu passo o dia da natividade de Maria Santíssima. Pouco tempo passara, o povo florentino viu-se diante o espetáculo de ver estes mesmos homens andar de porta em porta  pedir esmolas. A atitude dos homens, de fidalgos que ontem foram, se transformar em mendigos, causou sensação. Censurados por uns, ridicularizados por outros, pela, maioria porém, admirados e reverenciados, tiveram uma prova da beneplacência divina, quando inesperadamente, com estupefação de todos que presenciaram a cena, vozes de crianças os aclamaram, dizendo: “Eis os Servos de Maria !”  Entre estas crianças se achava São Felipe Benício, que contava apenas e 5 meses de idade. O nome que as crianças, por inspiração divina lhes deram, lhes ficou para sempre.

Como a sua residência se tornasse alvo de verdadeiras romarias e assim não pudessem levar a vida de solidão, de penitência, oração e meditação que a Deus tinham prometido, retiraram-se para o monte Senário, quatro léguas distante de Florença. No ermo daquela região se entregaram aos exercícios da mais rigorosa penitência e por assunto quase único e predileto das suas meditações tomaram a Paixão de Nosso Senhor e as Dores de sua Mãe Santíssima.

À  Santa Sé pediram, se dignasse dar-lhes uma Regra escrita. Em fervorosas orações se dirigiram a Jesus e Maria recomendando à sua Providência e ao amor esta importante causa. Foram atendidos de uma maneira maravilhosamente encantadora. Na madrugada de 28 de fevereiro de 1239 – que era a terceira dominga da quaresma, apresentou-se-lhes a sua vinha, havia pouco plantada, em toda pujança, toda verde, as parreiras carregadas de cachos de uvas maduras, quando os campos e as montanhas da redondeza se achavam cobertas de gelo e neve. Sua admiração diante deste milagre cresceu ainda, quando o Bispo, a quem relataram o fenômeno, lhes disse que ele, na mesma noite em sonho tinha visto uma parreira viçosa com sete galhos, cada um trazendo sete cachos; e a Maria ouvira dizer que esta parreira iria crescer ainda. A interpretação que o Prelado deu a este seu extraordinário sonho, foi, ser da vontade de Deus e de Nossa Senhora, a Ordem se estender, e os “Servos de Maria” não continuar na atitude de negar admissão, a quem se lhes quisesse associar. Os santos homens prometeram se conformar com este alvitre e aceitar candidatos.

Na noite de Sexta-feira Santa viram-se diante de um outro milagre. Maria Santíssima apareceu aos seus Servos, vestida de pesado luto. Em sua companhia viram anjos, dos quais alguns com instrumentos martirizantes da Sagrada Paixão e Morte de Jesus, outro com o livro aberto da Regra de Santo Agostinho, e ainda outro com o título escrito em ouro: “Servos de Maria”. Seguiam mais anjos trazendo um hábito preto e uma palma. O hábito com a palma Maria deu-o aos Religiosos, dizendo estas palavras: “Escolhi-vos meus Servos, para que, usando do meu nome, vades trabalhar na Vinha de meu Filho. Eis aqui o hábito, que vos dou. Sua cor negra vos lembrará as dores que hoje sofri ao pé da Cruz, assistindo a agonia de meu Filho, Jesus. A Regra de Santo Agostinho recebei-a por norma da vossa vida; a palma far-vos-á lembrar a glória eterna, prêmio da perseverança fiel no meu serviço”. Maria também apareceu ao Bispo e ordem lhe deu, para proceder a solene vestição do hábito preto aos seus Servos. Esta se realizou logo no dia da páscoa. O Papa Inocêncio IV em 1251 deu a aprovação eclesiástica à Ordem dos Servitas. Esta rapidamente se desenvolveu. Setenta anos depois de sua fundação contava já 10.000 Religiosos em diversos estados da Europa. No Brasil se estabeleceu em 1920. Os Servitas têm conventos no Rio de Janeiro, em São Paulo, e na Arquidiocese de Florianópolis, no Rio Grande do Sul e trabalham na Prelazia do Acre.

Reflexões:

A devoção à Nossa Senhora das Dores, pela difusão da qual a ordem dos Servitas de modo especial trabalhava, é tão antiga, como a própria Igreja. Do grande privilegiado Apóstolo São João nós todos devemos aprender esta devoção, porque ele mais do que qualquer outra pessoa teve ocasião, de bem de perto observar Maria Santíssima nas suas tribulações, desde a hora que com ela passou ao pé da Cruz no Calvário, à hora que a recebeu por Mãe, até o momento em que entregou sua alma imaculada ao seu divino Esposo, ao Espírito Santo. Diz a tradição que São João Evangelista, depois da gloriosa Assunção de sua Mãe adotiva passou os dias tristes, cheio de saudades de quem, na terra, depois de Jesus lhe era tudo. Teria chegado a pedir a graça de ainda uma vez poder contemplar o rosto de Maria, no que foi atendido. Jesus teria lhe aparecido junto com sua bendita Mãe; e esta teria pedido a seu divino Filho, uma graça especial para todos os devotos à sua vida dolorosa. Jesus teria respondido: “A todos os devotos a tuas Dores conferirei quatro graças: 1ª) A da contrição perfeita de todos os pecados, algum tempo antes da sua morte; - 2ª) Assistência especial em todas as tribulações, mormente na morte. – 3º) Compreensão profunda das tuas dores e da minha Paixão. – 4ª) A graça de atender as suas súplicas em favor dos teus devotos.

A Igreja estabeleceu duas festas em homenagem à Mãe Dolorosa. Muitas igrejas, capelas e altares lhe são dedicados. A Igreja aprovou a recitação do rosário das sete dores e muitas orações desta devoção são enriquecidas de indulgências.

Que em nós se realize, o que o Evangelho de um modo elogioso afirma a respeito do Apóstolo: “E desde aquela hora a recebeu com Mãe, como Mãe dolorosa. Sejamos discípulos de Jesus, em verdade. Acompanhemos com amor Maria SS. nas suas dores, para que, sofrendo com ela consigamos aliviá-la nas suas tribulações”. (São João Crisóstomo.)

18 de Fevereiro

São Flaviano

Flaviano, sucessor de São Proclo, ocupou a sede patriarcal de Constantinopla durante os três anos de 446-449. Seu governo coincidiu com uma época agitadíssima da Igreja Oriental. Heresias, graves dissensões e lutas intestinas perturbavam a paz e tornavam quase insuportáveis a permanência na capital do império grego. Flaviano, envolvido fatalmente nas agitações político-religiosas daquele tempo, com a solidez de suas virtudes, com a firmeza de seu caráter conservando-se sempre superior e absoluto senhor da situação, apresenta a figura dum grande Patriarca, digno da admiração de todos os tempos. A modéstia, unida à firmeza, à paciência imperturbável nas situações mais críticas, fizeram com que não se esquecesse nunca de sua alta posição e das obrigações a ela ligadas.

Logo após a sua eleição para Patriarca se deu um fato, presságio de lutas vindouras. Segundo o costume daquele tempo, o Patriarca eleito enviara ao Imperador os tais chamados eulógias, isto é, pão bento, símbolo da paz e concórdia. A oferta de Flaviano foi devolvida, com a retificação que só seriam aceitas eulógias de ouro. O Patriarca respondeu: “Ouro e prata não me pertencem”.

Quando a heresia monofisítica do arquimandrita Eutiches começou a ganhar terreno em Constantinopla, Flaviano se lhe opôs, com toda a energia e franqueza apostólica. Principiou com esta campanha a subida para o Calvário do intemerato antístite. Eusébio de Doriléia, com um solene protesto contra a nova doutrina, dera sinal de alarme. Flaviano convocou um Concílio local em Constantinopla (448); que examinou a doutrina eutichiana e a condenou. Contra o autor foi lançada a excomunhão. Tendo na questão o apoio incondicional do grande Papa Leão I, Flaviano não mais hesitou em entrar em luta aberta contra os poderosos amigos de Eutiches. Os que como tais se revelaram, eram o eunucho Crisáfio, favorito e tesoureiro do Imperador Teodósio II e Dioscuro, Bispo de Alexandria; dois formidáveis adversários, cuja política outra mira não visava, a não ser deposição e expulsão do Patriarca. Para alcançar este fim, todos os meios, por mais indignos que fossem, lhes eram aceitáveis. Vendo que o Patriarca não cedia, nem ameaças com o desagrado do Imperador lhe faziam modificar a atitude, trataram de alcançar de Teodósio a autorização para convocar um concílio, com o intuito de, como diziam, restabelecer a paz religiosa. O Concílio, chamado o latrocínio de Efeso, realizou-se (449), sob a presidência de Dioscuro. Compareceram 135 Bispos. De um sínodo, onde só inimigos tinham representação, que justiça Flaviano podia esperar? De fato o sínodo de Éfeso foi a expressão da paixão, do ódio, do despotismo sem freio contra o Bispo católico.

Primeira humilhação foi à absolvição solene de Eutiches e a reabilitação de sua doutrina condenada. Seguiu-se a vergonha de Bispos subalternos declararem deposto o superior e pronunciarem contra ele a sentença da excomunhão. De nada valeu a apelação de alguns Bispos, que de joelhos suplicaram a Dioscuro que não cometesse tamanha injustiça e retirasse a sentença pronunciada contra Flaviano. A injustiça aí não parou. De chofre apareceu um bando de gente armada, entre outros, monges fanatizados chefiados pelo afamado Barsumas, que com paus e facas se atiraram aos Bispos católicos, exigindo-lhes debaixo de terríveis ameaças, a assinatura do documento da deposição e condenação de Flaviano. Sem exemplo na história eclesiástica foi o tratamento bárbaro que Flaviano mesmo sofreu, no meio dos inimigos. O próprio Dioscuro (segundo outros Barsumas) pisou-o com os pés e as feridas que recebeu dos outros fanáticos foram tão graves, que morreu três dias depois.

O triunfo dos inimigos teve pouca duração. Dois anos depois se realizou o Concílio ecumênico de Chalcedon, que restabeleceu a honra do grande Patriarca, dando-lhe o título de Mártir glorioso, que morreu em testemunho da fé verdadeira. O Papa Hilário, que, como comissário apostólico, tinha presenciado as cenas horríveis do sínodo de Éfeso, construiu uma Igreja em honra do Bispo Mártir. Nela se vê um quadro artístico que representa o martírio de S. Flaviano.

Nota: A Igreja ensina que há em Jesus Cristo duas naturezas, a divina e a humana. A pessoa, porém, é uma só, a de Nosso Senhor Jesus Cristo, Homem-Deus. A heresia de Nestório, condenada pela Igreja, vê em Jesus Cristo duas pessoas, uma divina e uma humana, uma bem diferente da outra. Eutiches ensinou, contrariamente a fé católica, e ao Nestorianismo que em Jesus Cristo há só uma natureza. Que estas heresias, todas orientais pudessem causar tanta desordem e serem defendidas com tanta paixão, tem em parte sua explicação no caráter dos orientais, que pendem mais para a especulação teórica que os ocidentais. Quase sempre havia naquelas questões fortes elementos políticos e pessoais, que faziam com que degenerassem em espetáculos, como os que observamos na vida de S. João Crisóstomo e S. Flaviano.

Reflexões:

Admirável foi a resistência que São Flaviano opôs à heresia de Eutiches. Pondo de lado o respeito humano, desprezando a grande influência do terrível heresiarca, Flaviano preferiu morrer a negar a fé. “Ó Timóteo! Guarda o depósito, evitando as profanas novidades de palavras e as contradições duma ciência de falso nome, da qual fazendo alguns profissão, decairão da fé”. Estas palavras do grande Apóstolo dos gentios a seu discípulo Timóteo, Flaviano observou-as escrupulosamente, como se lhe fossem dirigidas. O mesmo devemos nós fazer: guardar a doutrina que nos foi transmitida e não uma, que outros depois inventaram. Da doutrina que nos veio, não nos é lícito tirar um jota, nem lhe acrescentar uma vírgula. “Deus - diz São Paulo – tendo falado muitas vezes e de muitos modos, noutro tempo, a nossos pais pelos profetas: Ultimamente, nestes dias, nos falou pelo Filho”. (Hebr. 1, 2). A palavra do Filho está documentada e depositada na Igreja, que cuidadosamente a conserva nos livros bíblicos e na tradição. Da Igreja é que todos os fiéis recebem a doutrina pura e imaculada. Para que ninguém possa ter queixa, como se a Igreja lhe quisesse impor coisas impossíveis e “reduzir-lhe a cativeiro e entendimento para que obedeça a Cristo”. (2. Cor. X – 5) Deus prometeu à sua Igreja assistência do Espírito Santo, para que lhe servisse de luz nas trevas e de orientação nas dúvidas. Cristo não fundou a Igreja sobre areia, mas deu-lhe sólido fundamento, capaz de opor firme resistência às tempestades. “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. (Mt, 16, 18) Pedro é o fundamento. Pedro conserva a fé. Onde está Pedro está a verdade. Quem se associa a Pedro, está com a verdade. Cristo não podia deixar sua Igreja e sua doutrina ao vai-vem das opiniões humanas, que não têm fixidez alguma e são como areia do mar. O futuro da Igreja não podia ser confiado ao homem sujeito a paixões, erros, preconceitos e ignorância. Como poderia o espírito humano estudar e compreender coisas que estão muito além do alcance? A fé, a doutrina estão garantidas em toda sua integridade pela infalibilidade da Igreja. Conservemos fielmente o sagrado depósito da fé, como a Igreja infalível de São Pedro nô-lo apresenta.

Foto: São Flaviano
(18 de Fevereiro)

Flaviano, sucessor de São Proclo, ocupou a sede patriarcal de Constantinopla durante os três anos de 446-449. Seu governo coincidiu com uma época agitadíssima da Igreja Oriental. Heresias, graves dissensões e lutas intestinas perturbavam a paz e tornavam quase insuportáveis a permanência na capital do império grego. Flaviano, envolvido fatalmente nas agitações político-religiosas daquele tempo, com a solidez de suas virtudes, com a firmeza de seu caráter conservando-se sempre superior e absoluto senhor da situação, apresenta a figura dum grande Patriarca, digno da admiração de todos os tempos. A modéstia, unida à firmeza, à paciência imperturbável nas situações mais críticas, fizeram com que não se esquecesse nunca de sua alta posição e das obrigações a ela ligadas.

Logo após a sua eleição para Patriarca se deu um fato, presságio de lutas vindouras. Segundo o costume daquele tempo, o Patriarca eleito enviara ao Imperador os tais chamados eulógias, isto é, pão bento, símbolo da paz e concórdia. A oferta de Flaviano foi devolvida, com a retificação que só seriam aceitas eulógias de ouro. O Patriarca respondeu: “Ouro e prata não me pertencem”.

Quando a heresia monofisítica do arquimandrita Eutiches começou a ganhar terreno em Constantinopla, Flaviano se lhe opôs, com toda a energia e franqueza apostólica. Principiou com esta campanha a subida para o Calvário do intemerato antístite. Eusébio de Doriléia, com um solene protesto contra a nova doutrina, dera sinal de alarme. Flaviano convocou um Concílio local em Constantinopla (448); que examinou a doutrina eutichiana e a condenou. Contra o autor foi lançada a excomunhão. Tendo na questão o apoio incondicional do grande Papa Leão I, Flaviano não mais hesitou em entrar em luta aberta contra os poderosos amigos de Eutiches. Os que como tais se revelaram, eram o eunucho Crisáfio, favorito e tesoureiro do Imperador Teodósio II e Dioscuro, Bispo de Alexandria; dois formidáveis adversários, cuja política outra mira não visava, a não ser deposição e expulsão do Patriarca. Para alcançar este fim, todos os meios, por mais indignos que fossem, lhes eram aceitáveis. Vendo que o Patriarca não cedia, nem ameaças com o desagrado do Imperador lhe faziam modificar a atitude, trataram de alcançar de Teodósio a autorização para convocar um concílio, com o intuito de, como diziam, restabelecer a paz religiosa. O Concílio, chamado o latrocínio de Efeso, realizou-se (449), sob a presidência de Dioscuro. Compareceram 135 Bispos. De um sínodo, onde só inimigos tinham representação, que justiça Flaviano podia esperar? De fato o sínodo de Éfeso foi a expressão da paixão, do ódio, do despotismo sem freio contra o Bispo católico.

Primeira humilhação foi à absolvição solene de Eutiches e a reabilitação de sua doutrina condenada. Seguiu-se a vergonha de Bispos subalternos declararem deposto o superior e pronunciarem contra ele a sentença da excomunhão. De nada valeu a apelação de alguns Bispos, que de joelhos suplicaram a Dioscuro que não cometesse tamanha injustiça e retirasse a sentença pronunciada contra Flaviano. A injustiça aí não parou. De chofre apareceu um bando de gente armada, entre outros, monges fanatizados chefiados pelo afamado Barsumas, que com paus e facas se atiraram aos Bispos católicos, exigindo-lhes debaixo de terríveis ameaças, a assinatura do documento da deposição e condenação de Flaviano. Sem exemplo na história eclesiástica foi o tratamento bárbaro que Flaviano mesmo sofreu, no meio dos inimigos. O próprio Dioscuro (segundo outros Barsumas) pisou-o com os pés e as feridas que recebeu dos outros fanáticos foram tão graves, que morreu três dias depois.

O triunfo dos inimigos teve pouca duração. Dois anos depois se realizou o Concílio ecumênico de Chalcedon, que restabeleceu a honra do grande Patriarca, dando-lhe o título de Mártir glorioso, que morreu em testemunho da fé verdadeira. O Papa Hilário, que, como comissário apostólico, tinha presenciado as cenas horríveis do sínodo de Éfeso, construiu uma Igreja em honra do Bispo Mártir. Nela se vê um quadro artístico que representa o martírio de S. Flaviano.

Nota: A Igreja ensina que há em Jesus Cristo duas naturezas, a divina e a humana. A pessoa, porém, é uma só, a de Nosso Senhor Jesus Cristo, Homem-Deus. A heresia de Nestório, condenada pela Igreja, vê em Jesus Cristo duas pessoas, uma divina e uma humana, uma bem diferente da outra. Eutiches ensinou, contrariamente a fé católica, e ao Nestorianismo que em Jesus Cristo há só uma natureza. Que estas heresias, todas orientais pudessem causar tanta desordem e serem defendidas com tanta paixão, tem em parte sua explicação no caráter dos orientais, que pendem mais para a especulação teórica que os ocidentais. Quase sempre havia naquelas questões fortes elementos políticos e pessoais, que faziam com que degenerassem em espetáculos, como os que observamos na vida de S. João Crisóstomo e S. Flaviano.

Reflexões:

Admirável foi a resistência que São Flaviano opôs à heresia de Eutiches. Pondo de lado o respeito humano, desprezando a grande influência do terrível heresiarca, Flaviano preferiu morrer a negar a fé. “Ó Timóteo! Guarda o depósito, evitando as profanas novidades de palavras e as contradições duma ciência de falso nome, da qual fazendo alguns profissão, decairão da fé”. Estas palavras do grande Apóstolo dos gentios a seu discípulo Timóteo, Flaviano observou-as escrupulosamente, como se lhe fossem dirigidas. O mesmo devemos nós fazer: guardar a doutrina que nos foi transmitida e não uma, que outros depois inventaram. Da doutrina que nos veio, não nos é lícito tirar um jota, nem lhe acrescentar uma vírgula. “Deus - diz São Paulo – tendo falado muitas vezes e de muitos modos, noutro tempo, a nossos pais pelos profetas: Ultimamente, nestes dias, nos falou pelo Filho”. (Hebr. 1, 2). A palavra do Filho está documentada e depositada na Igreja, que cuidadosamente a conserva nos livros bíblicos e na tradição. Da Igreja é que todos os fiéis recebem a doutrina pura e imaculada. Para que ninguém possa ter queixa, como se a Igreja lhe quisesse impor coisas impossíveis e “reduzir-lhe a cativeiro e entendimento para que obedeça a Cristo”. (2. Cor. X – 5) Deus prometeu à sua Igreja assistência do Espírito Santo, para que lhe servisse de luz nas trevas e de orientação nas dúvidas. Cristo não fundou a Igreja sobre areia, mas deu-lhe sólido fundamento, capaz de opor firme resistência às tempestades. “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. (Mt,  16,  18) Pedro é o fundamento. Pedro conserva a fé. Onde está Pedro está a verdade. Quem se associa a Pedro, está com a verdade. Cristo não podia deixar sua Igreja e sua doutrina ao vai-vem das opiniões humanas, que não têm fixidez alguma e são como areia do mar. O futuro da Igreja não podia ser confiado ao homem sujeito a paixões, erros, preconceitos e ignorância. Como poderia o espírito humano estudar e compreender coisas que estão muito além do alcance? A fé, a doutrina estão garantidas em toda sua integridade pela infalibilidade da Igreja. Conservemos fielmente o sagrado depósito da fé, como a Igreja infalível de São Pedro nô-lo apresenta.

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São Simeão

Em S. Simeão saudamos um parente próximo de Nosso Senhor Jesus Cristo. O pai, Cleófas, era irmão de São José, e sua mãe , Maria, parenta muito chegada da SS.Virgem. Era irmã do Apóstolo São Tiago Menor, amigo muito dedicado de Nosso Senhor, testemunha ocular de sua Paixão e Ressurreição. Com os demais Apóstolos recebeu o Espírito Santo no dia de Pentecostes, e quando estes procuraram cada um o campo de sua ação evangélica, Simeão ficou em Jerusalém, com seu irmão Tiago, primeiro Bispo daquela cidade. São Tiago sucumbiu à sanha feroz dos judeus e morreu mártir. São Simeão, por ordem do Conselho dos Apóstolos, continuou a obra do irmão, sucedendo-lhe como Bispo de Jerusalém. Com um zelo verdadeiramente apostólico, pregou a doutrina de Cristo a judeus e pagãos, e pelo exemplo edificou a jovem Igreja jerusalemitana. Sob seu governo cumpriu-se a terrível profecia de Nosso Senhor sobre Jerusalém. Os judeus, em vez de ouvir os conselhos dos Apóstolos, correram atrás de falsos profetas e levantaram-se contra os romanos, o que foi sua perdição. Antes, porém, do imperador Vespasiano cercar e atacar a cidade, os cristãos, por um aviso que receberam do céu, tiveram tempo de providenciar o seu êxodo. Simeão, obedecendo à voz de Deus, retirou-se para a cidade de Pela, onde, com toda a calma, pode dedicar- se ao múnus apostólico, enquanto em Jerusalém não ficou pedra sobre pedra. Mais de um milhão de homens morreram de fome, de miséria, vitimados por doenças, ou crucificados pelos romanos; cem mil judeus foram levados à escravidão. Tendo terminado o terrível castigo, com que Deus profligou a cidade deicida, os cristãos voltaram, e por entre os escombros e ruínas construíram casas e continuaram a viver em paz, servindo a Deus Nosso Senhor. Muitos judeus, vendo os grandes milagres que o Apóstolo fazia, converteram-se ao cristianismo. O demônio, inimigo de todo o bem, observou com maus olhos o progresso da religião de Cristo na Capital da Judéia. Não lhe sendo possível causar maiores males, semeou zizânia que medrou produzindo várias heresias, que S. Simeão pode logo abafar.

Trajano era imperador de Roma. Na perseguição que decretou contra os cristãos, visou principalmente evitar, que a família e os descendentes daquela estirpe pudessem conceber a idéia de restaurar o reino davídico ou de proclamar um novo Messias, e levar os judeus a uma grande rebelião. Foi bastante esta preocupação do monarca, para os judeus e herejes de Jerusalém lhe denunciarem o nome de Simeão, que realmente era da família de Davi.

Simeão, ancião de 120 anos, recebeu ordem de prisão e intimação de prestar homenagem aos deuses. “Nunca, nunca – foi à resposta do venerável Apóstolo – nunca jamais farei tal coisa, negando e traindo assim meu Mestre e Senhor. Teus deuses têm sido entes infames e ímpios; Jesus Cristo, porém, é Deus verdadeiro”. – No meio da cruel flagelação, a que o desumano governador o sujeitou, Simeão louvou e bendisse o nome de Deus e o de Jesus Cristo. Vendo que nada conseguia, o governador condenou-o à morte da cruz. Honra maior não lhe podia ser dispensada, e por isso Simeão, ouvindo esta sentença, exultou de alegria. Ele próprio se estendeu sobre o instrumento do martírio e ofereceu aos algozes as mãos e os pés. Do alto da cruz ainda confessou o nome do divino Mestre, rezou pelos inimigos e entregou o espírito a Deus.

Reflexões:

Em testemunho da fé São Simeão foi crucificado. Não é este martírio que Deus te exige; mas muita ocasião se te apresenta de crucificar tua carne; e esta crucificação é necessária para tua salvação. Aqueles que pertencem a Cristo, diz São Paulo, crucificaram a carne com seus apetites. (Gal. 5, 24 ). Segundo Santo Anselmo, a crucificação da carne consiste na prática do jejum e de outras mortificações corporais. Santo Agostinho chama crucificação da carne a guerra contínua contra as más inclinações e paixões. Os Santos Padres vêm na crucificação da carne mortificação exterior dos sentidos, que não devem ter demasiada liberdade para não ofender a Deus. Se queres, pois, crucificar o corpo, observa os dias de jejum e abstinência, embora te custe um pouco. Fecha o ouvido a conversas inconvenientes, inúteis e maldizentes. Guarda a língua de palavras que ofendem a Deus. Não profanes a boca com beijos ilícitos. Afasta a mão de toda impureza, e não a estendas para bem injusto. Não permitas aos pés que te levem a lugares que importam perigo para a alma. Resista aos ímpetos da ira, da vaidade, da ambição, e domine as más inclinações. Desta maneira, crucificando a carne, serás crucificado com Cristo, e pertencerás ao teu Senhor e Deus.

S. Simeão morreu na idade de 120 anos e teve morte gloriosa. Que idade alcançarás? Ninguém o sabe. Como será tua morte? Santo Agostinho responde a esta pergunta: “Não pode ter morte má, quem viveu piedosamente”. Não será provável alcançares a idade de São Simeão; tua esperança, entretanto, é chegar a um bom número de anos. Quais são as razões, que justificam essa esperança? A mocidade? O vigor e a saúde? Muitos há que morreram, quando pareciam ter força e saúde para cem anos. O rico do Evangelho também embalava a doce esperança de viver muito e a morte colheu-o inesperada e prematuramente. Não contes com o futuro, como uma coisa garantida, e toma em consideração as palavras da Imitação de Cristo: “Louco, porque contas com vida longa, não tendo seguro nenhum dia? Quantos que, pensando viver muito, se viram enganados e morreram imprevistamente? Faz agora o que está ao teu alcance, pois não sabes quando a morte te chamará”.

Foto: São Simeão
(18 de Fevereiro)

Em S. Simeão saudamos um parente próximo de Nosso Senhor Jesus Cristo. O pai, Cleófas, era irmão de São José, e sua mãe , Maria, parenta muito chegada da SS.Virgem. Era irmã do Apóstolo São Tiago Menor, amigo muito dedicado de Nosso Senhor, testemunha ocular de sua Paixão e Ressurreição. Com os demais Apóstolos recebeu o Espírito Santo no dia de Pentecostes, e quando estes procuraram cada um o campo de sua ação evangélica, Simeão ficou em Jerusalém, com seu irmão Tiago, primeiro Bispo daquela cidade. São Tiago sucumbiu à sanha feroz dos judeus e morreu mártir. São Simeão, por ordem do Conselho dos Apóstolos, continuou a obra do irmão, sucedendo-lhe como Bispo de Jerusalém. Com um zelo verdadeiramente apostólico, pregou a doutrina de Cristo a judeus e pagãos, e pelo exemplo edificou a jovem Igreja jerusalemitana. Sob seu governo cumpriu-se a terrível profecia de Nosso Senhor sobre Jerusalém. Os judeus, em vez de ouvir os conselhos dos Apóstolos, correram atrás de falsos profetas e levantaram-se contra os romanos, o que foi sua perdição. Antes, porém, do imperador Vespasiano cercar e atacar a cidade, os cristãos, por um aviso que receberam do céu, tiveram tempo de providenciar o seu êxodo. Simeão, obedecendo à voz de Deus, retirou-se para a cidade de Pela, onde, com toda a calma, pode dedicar- se ao múnus apostólico, enquanto em Jerusalém não ficou pedra sobre pedra. Mais de um milhão de homens morreram de fome, de miséria, vitimados por doenças, ou crucificados pelos romanos; cem mil judeus foram levados à escravidão. Tendo terminado o terrível castigo, com que Deus profligou a cidade deicida, os cristãos voltaram, e por entre os escombros e ruínas construíram casas e continuaram a viver em paz, servindo a Deus Nosso Senhor. Muitos judeus, vendo os grandes milagres que o Apóstolo fazia, converteram-se ao cristianismo. O demônio, inimigo de todo o bem, observou com maus olhos o progresso da religião de Cristo na Capital da Judéia. Não lhe sendo possível causar maiores males, semeou zizânia que medrou produzindo várias heresias, que S. Simeão pode logo abafar.

Trajano era imperador de Roma. Na perseguição que decretou contra os cristãos, visou principalmente evitar, que a família e os descendentes daquela estirpe pudessem conceber a idéia de restaurar o reino davídico ou de proclamar um novo Messias, e levar os judeus a uma grande rebelião. Foi bastante esta preocupação do monarca, para os judeus e herejes de Jerusalém lhe denunciarem o nome de Simeão, que realmente era da família de Davi.

Simeão, ancião de 120 anos, recebeu ordem de prisão e intimação de prestar homenagem aos deuses. “Nunca, nunca – foi à resposta do venerável Apóstolo – nunca jamais farei tal coisa, negando e traindo assim meu Mestre e Senhor. Teus deuses têm sido entes infames e ímpios; Jesus Cristo, porém, é Deus verdadeiro”. – No meio da cruel flagelação, a que o desumano governador o sujeitou, Simeão louvou e bendisse o nome de Deus e o de Jesus Cristo. Vendo que nada conseguia, o governador condenou-o à morte da cruz. Honra maior não lhe podia ser dispensada, e por isso Simeão, ouvindo esta sentença, exultou de alegria. Ele próprio se estendeu sobre o instrumento do martírio e ofereceu aos algozes as mãos e os pés. Do alto da cruz ainda confessou o nome do divino Mestre, rezou pelos inimigos e entregou o espírito a Deus.

Reflexões:

Em testemunho da fé São Simeão foi crucificado. Não é este martírio que Deus te exige; mas muita ocasião se te apresenta de crucificar tua carne; e esta crucificação é necessária para tua salvação. Aqueles que pertencem a Cristo, diz São Paulo, crucificaram a carne com seus apetites. (Gal. 5, 24 ). Segundo Santo Anselmo, a crucificação da carne consiste na prática do jejum e de outras mortificações corporais. Santo Agostinho chama crucificação da carne a guerra contínua contra as más inclinações e paixões. Os Santos Padres vêm na crucificação da carne mortificação exterior dos sentidos, que não devem ter demasiada liberdade para não ofender a Deus. Se queres, pois, crucificar o corpo, observa os dias de jejum e abstinência, embora te custe um pouco. Fecha o ouvido a conversas inconvenientes, inúteis e maldizentes. Guarda a língua de palavras que ofendem a Deus. Não profanes a boca com beijos ilícitos. Afasta a mão de toda impureza, e não a estendas para bem injusto. Não permitas aos pés que te levem a lugares que importam perigo para a alma. Resista aos ímpetos da ira, da vaidade, da ambição, e domine as más inclinações. Desta maneira, crucificando a carne, serás crucificado com Cristo, e pertencerás ao teu Senhor e Deus.

S. Simeão morreu na idade de 120 anos e teve morte gloriosa. Que idade alcançarás? Ninguém o sabe. Como será tua morte? Santo Agostinho responde a esta pergunta: “Não pode ter morte má, quem viveu piedosamente”. Não será provável alcançares a idade de São Simeão; tua esperança, entretanto, é chegar a um bom número de anos. Quais são as razões, que justificam essa esperança? A mocidade? O vigor e a saúde? Muitos há que morreram, quando pareciam ter força e saúde para cem anos. O rico do Evangelho também embalava a doce esperança de viver muito e a morte colheu-o inesperada e prematuramente. Não contes com o futuro, como uma coisa garantida, e toma em consideração as palavras da Imitação de Cristo: “Louco, porque contas com vida longa, não tendo seguro nenhum dia? Quantos que, pensando viver muito, se viram enganados e morreram imprevistamente? Faze agora o que está ao teu alcance, pois não sabes quando a morte te chamará”.

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São Teotónio

Nascido em Ganfei, Portugal, no ano de 1082, São Teotónio recebeu uma ótima formação. Primeiramente, junto a um convento beneditino de Coimbra; depois, ao ser assumido por seu tio Crescêncio, Bispo de Coimbra, ele foi correspondendo à graça de Deus em sua vida. Com a morte do tio, dirigiu-se para Viseu, onde terminou seus estudos básicos e recebeu o dom da ordenação sacerdotal.

Homem de oração e penitência, centrado no mistério da Eucaristia, e peregrino, fez duas viagens à Terra Santa, que muito marcaram a sua história, até que os cónegos de Santo Agostinho pediram que ele ficasse ali como um dirigente, mas, em nome da obediência, ele não poderia fazê-lo, uma vez que já ocupava o cargo de prior da Sé de Viseu. No retorno, abriu mão deste serviço e se dedicou ainda mais à evangelização.

Ele já era conhecido e respeitado por muitas autoridades. Inclusive, o rei Afonso Henriques e a rainha, dona Mafalda, por motivos de guerra, acabaram retendo muitos cristãos e ele foi interceder em prol desses cristãos. Muitos foram liberados, mas o santo foi além. Como já tinha fundado, a pedido de amigos, a Nova Ordem dos Cónegos Regulares sob a luz da Santa Cruz, aos pés do Mosteiro, ele não só acolheu aqueles filhos de Deus, mas também pôde mantê-los como um verdadeiro pai. No mosteiro, ele era um pai, um prior não só por serviço e autoridade, mas um exemplo refletindo a misericórdia do mistério da cruz do Senhor, refletindo o seu amor apaixonado pelo mistério da Eucaristia.

Mariano e devoto dos Santos Anjos, ele despojou-se e se retirou em contemplação e intercessão. Foi assim que, em 18 de fevereiro, esse grande santo português, em 1162, partiu para a glória.

Peçamos a intercessão de São Teotónio para que possamos glorificar a Deus pela obediência, sempre voltando-nos para os mais pequeninos.

São Teotónio, rogai por nós!

Foto: São Teotônio
(18 de Fevereiro)

Nascido em Ganfei, Portugal, no ano de 1082, São Teotônio recebeu uma ótima formação. Primeiramente, junto a um convento beneditino de Coimbra; depois, ao ser assumido por seu tio Crescêncio, Bispo de Coimbra, ele foi correspondendo à graça de Deus em sua vida. Com a morte do tio, dirigiu-se para Viseu, onde terminou seus estudos básicos e recebeu o dom da ordenação sacerdotal. 

Homem de oração e penitência, centrado no mistério da Eucaristia, e peregrino, fez duas viagens à Terra Santa, que muito marcaram a sua história, até que os cônegos de Santo Agostinho pediram que ele ficasse ali como um dirigente, mas, em nome da obediência, ele não poderia fazê-lo, uma vez que já ocupava o cargo de prior da Sé de Viseu. No retorno, abriu mão deste serviço e se dedicou ainda mais à evangelização. 

Ele já era conhecido e respeitado por muitas autoridades. Inclusive, o rei Afonso Henriques e a rainha, dona Mafalda, por motivos de guerra, acabaram retendo muitos cristãos e ele foi interceder em prol desses cristãos. Muitos foram liberados, mas o santo foi além. Como já tinha fundado, a pedido de amigos, a Nova Ordem dos Cônegos Regulares sob a luz da Santa Cruz, aos pés do Mosteiro, ele não só acolheu aqueles filhos de Deus, mas também pôde mantê-los como um verdadeiro pai. No mosteiro, ele era um pai, um prior não só por serviço e autoridade, mas um exemplo refletindo a misericórdia do mistério da cruz do Senhor, refletindo o seu amor apaixonado pelo mistério da Eucaristia.

Mariano e devoto dos Santos Anjos, ele despojou-se e se retirou em contemplação e intercessão. Foi assim que, em 18 de fevereiro, esse grande santo português, em 1162, partiu para a glória.

Peçamos a intercessão de São Teotônio para que possamos glorificar a Deus pela obediência, sempre voltando-nos para os mais pequeninos.

São Teotônio, rogai por nós!

19 de Fevereiro

São Conrado

O santo de hoje viveu em Placência, na Itália, lugar onde casou-se também. Um homem de muitos bens, dado aos divertimentos e à caça. Numa ocasião de caçada, acidentalmente provocou um incêndio, prejudicando a muitas pessoas.

Ele então fugiu, e a polícia prendeu um inocente, que não sabendo se defender, estava prestes a ser condenado e executado.

Quando Conrado soube disso, se apresentou como responsável pelo incêndio e se propôs a vender todos os bens para reconstruir tudo o que o incêndio destruiu.

A partir daí, ele e sua esposa começaram a fazer uma caminhada séria e profunda no Cristianismo, buscando a vontade de Deus.

No discernimento dessa vontade, o casal fez o 'voto josefino'. Ambos se consagraram a Deus para viverem o celibato. Ela foi para um convento e ele retirou-se para um alto monte vivendo por quarenta anos como um eremita. Na oração e na intimidade com Deus, se ofertou a muitos. A muitos que hoje causam prejuízos para si e para os outros.

São Conrado, rogai por nós!

Foto: São Conrado
(19 de Fevereiro)

O santo de hoje viveu em Placência, na Itália, lugar onde casou-se também. Um homem de muitos bens, dado aos divertimentos e à caça. Numa ocasião de caçada, acidentalmente provocou um incêndio, prejudicando a muitas pessoas. 

Ele então fugiu, e a polícia prendeu um inocente, que não sabendo se defender, estava prestes a ser condenado e executado.

Quando Conrado soube disso, se apresentou como responsável pelo incêndio e se propôs a vender todos os bens para reconstruir tudo o que o incêndio destruiu.

A partir daí, ele e sua esposa começaram a fazer uma caminhada séria e profunda no Cristianismo, buscando a vontade de Deus.

No discernimento dessa vontade, o casal fez o 'voto josefino'. Ambos se consagraram a Deus para viverem o celibato. Ela foi para um convento e ele retirou-se para um alto monte vivendo por quarenta anos como um eremita. Na oração e na intimidade com Deus, se ofertou a muitos. A muitos que hoje causam prejuízos para si e para os outros.

São Conrado, rogai por nós!

20 de Fevereiro

Beatos Francisco e Jacinta

No ano de 1908, nasceu Francisco Marto. Em 1910, Jacinta Marto. Filhos de Olímpia de Jesus e Manuel Marto. Eles pertenciam a uma grande família; e eram os mais novos de nove irmãos.

A partir da primavera de 1916, a vida dos jovens santos portugueses sofreria uma grande transformação: as diversas aparições do Anjo de Portugal (o Anjo da Paz) na "Loca do Cabeço" e, depois, na "Cova da Iria". A partir de 13 de maio de 1917, Nossa Senhora apareceria por 6 vezes a eles.

O mistério da Santíssima Trindade, a Adoração ao Santíssimo Sacramento, a intercessão, o coração de Jesus e de Maria, a conversão, a penitência... Tudo isso e muito mais foi revelado a eles pelo Anjo e também por Nossa Senhora, a Virgem do Rosário.

Na segunda aparição, no mês de junho, Lúcia (irmã de Jacinta e Francisco) fez um pedido a Virgem do Rosário: que ela levasse os três para o Céu. Nossa Senhora respondeu-lhe: "Sim, mas Jacinta e Francisco levarei em breve". Os bem-aventurados vivenciaram e comunicaram a mensagem de Fátima. Esse fato não demorou muito. Em 4 de abril de 1919, Francisco, atingido pela grave gripe espanhola, foi uma das primeiras vítimas em Aljustrel. Suas últimas palavras foram: "Sofro para consolar Nosso Senhor. Daqui, vou para o céu".

Jacinta Marto, modelo de amor que acolhe, acolheu a dor na grave enfermidade, tendo até mesmo que fazer uma cirurgia sem anestesia. Tudo aceitou e ofereceu, como Nossa Senhora havia lhe ensinado, por amor a Jesus, pela conversão dos pecadores e em reparação aos ultrajes cometidos contra o coração imaculado da Virgem Maria. Por conta da mesma enfermidade que atingira Francisco, em 20 de fevereiro de 1920, ela partiu para a Glória.

No dia 13 de maio do ano 2000, o Papa João Paulo II esteve em Fátima, e do 'Altar do Mundo' beatificou Francisco e Jacinta, os mais jovens beatos cristãos não-mártires.

Beatos Francisco e Jacinta, rogai por nós!

Foto: Beatos Francisco e Jacinta
(20 de Fevereiro)

No ano de 1908, nasceu Francisco Marto. Em 1910, Jacinta Marto. Filhos de Olímpia de Jesus e Manuel Marto. Eles pertenciam a uma grande família; e eram os mais novos de nove irmãos.

A partir da primavera de 1916, a vida dos jovens santos portugueses sofreria uma grande transformação: as diversas aparições do Anjo de Portugal (o Anjo da Paz) na

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Santo Euquério

A França foi a terra deste grande Santo, que nasceu de pais virtuosíssimos, que deram ao filho uma educação esmerada, sobre a base de princípios cristãos.

Antes de dar à luz o menino, a mãe já o dedicara a Deus. De boa inteligência, Euquério ocupou sempre um dos primeiros lugares entre os condiscípulos. Cedo se acostumou a ler um ou outro trecho da Escritura. Certa vez leu as palavras de S. Paulo (I. Cor. 7, 29, 31.) “O tempo é breve! O que resta é que, não só os que têm mulheres, sejam como se as não tivessem, mas também os que choram, como se não chorassem; e os que usam deste mundo, como se dele não usassem; porque a figura deste mundo passa”.

Impressionado e iluminado por estas palavras, conheceu a vaidade do mundo e resolveu dizer-lhe adeus, entrando numa ordem religiosa. Fez-se religioso no convento de Jumièges, na diocese de Rouen. Chegou a um grau tão alto de virtude e santidade que foi eleito sucessor do Bispo, quando este, seu tio do lado paterno, morreu. Prevendo, porém, os eleitores que recusaria aceitar esta dignidade, mandaram uma comissão a Carlos Martelo, com o pedido de aprovar e continuar a eleição. Carlos Martelo, que conhecia o alto valor de Euquério, não só deu a aprovação, mas mandou um mensageiro ao convento onde Euquério estava, com a ordem terminante de trazê-lo à força, caso isto necessário fosse. Euquério, conhecendo bem os perigos que acompanham a dignidade episcopal, pediu que desistissem da sua eleição. Quando, porém, os confrades lhe apresentaram as razões indubitáveis da vontade divina, Euquério obedeceu e aceitou a cruz episcopal.

Exemplaríssimo religioso, como Bispo havia de ser também cumpridor dos deveres. Zelava pela dignidade dos templos, aos sacerdotes dava instruções sobre a vida clerical e para os diocesanos era Apóstolo e Pai.

Com a maior pontualidade fazia as visitas pastorais, procedendo nelas com toda a prudência e energia. A maior parte dos bens distribuiu entre os pobres e necessitados. A bondade e condescendência sabia associar, quando preciso, energia e rigor, sem acepção de pessoas. Quando Carlos Martelo, para poder continuar a guerra contra os sarracenos quis lançar mão dos bens da Igreja, achou enérgica resistência da parte do Bispo. Este convencido da justiça da causa tomou a si as conseqüências desse proceder e pouco se incomodou com as iras do poderoso mordomo. Como este já conhecesse a inflexibilidade do antístite, em negócios de direitos da Igreja, concebeu a idéia de removê-lo ardilosamente da diocese. Passando por Orleans, convidou-o a acompanhá-lo na viagem a Paris. Chegados à Capital, fez ao Bispo a comunicação que de Orleans seria transferido para Colônia. Como em Orleans, também em Colônia era venerado e querido pelos diocesanos, o que ainda foi causa de outra remoção sua para Liège. Seis anos viveu assim no desterro, sem que os companheiros lhe tivessem ouvido uma só palavra de queixa.

Os últimos anos viveu no convento de S. Trondom e teve uma morte santa, aos 20 de fevereiro de 738. As relíquias de Santo Euquério, que repousam da Igreja do convento, foram glorificadas por inúmeros milagres.

Reflexões:

Desde os primeiros momentos de vida, Santo Euquério foi consagrado a Deus. Os pais fizeram esta consagração porque assim julgaram cumprir um dever, de dar ao filho, uma sólida e santa educação. Pais conscienciosos assim procedem, porque sabem que uma boa educação é a raiz, o fundamento de uma vida feliz. Pais que educam cristãmente os filhos, garantem-lhes a eterna salvação, e salvaguardam a própria responsabilidade, que é muito grande. Quantos são os meninos que, já na mais tenra idade, sorvem o veneno do vício, do pecado, da irreligião! Quantos são os entezinhos infelizes que, em vez de bom exemplo dos pais, deles recebem o incitamento para o mal! Terrível será o julgamento dos pais que, desconhecendo sua alta responsabilidade, em vez de educar os filhos para Deus, assim os entregam ao demônio.

“A figura do mundo a cada instante muda”: Esta verdade fez com que Santo Euquério criasse um aborrecimento de tudo que era mundano e procurasse unicamente as coisas divinas. Tudo é vaidade e aflição de espírito. Todos devem convencer-se desta verdade. Tudo é vaidade, menos servir a Deus e só a ele amar. Vaidade é procurar e acumular riquezas. Vaidade é procurar honras e posições honrosas. Vaidade é viver só para este mundo e esquecer-se do outro. Vaidade é amar o que é passageiro e não procurar o que é duradouro. Sábio é aquele que observa a palavra de Nosso Senhor que diz: “Procurai tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem a traça os destroem e onde os ladrões não os desenterram, nem furtam”. (Mt. 6, 20).

Foto: Santo Euquério
(20 de Fevereiro)

A França foi a terra deste grande Santo, que nasceu de pais virtuosíssimos, que deram ao filho uma educação esmerada, sobre a base de princípios cristãos. 

Antes de dar à luz o menino, a mãe já o dedicara a Deus. De boa inteligência, Euquério ocupou sempre um dos primeiros lugares entre os condiscípulos. Cedo se acostumou a ler um ou outro trecho da Escritura. Certa vez leu as palavras de S. Paulo (I. Cor. 7, 29, 31.) “O tempo é breve! O que resta é que, não só os que têm mulheres, sejam como se as não tivessem, mas também os que choram, como se não chorassem; e os que usam deste mundo, como se dele não usassem; porque a figura deste mundo passa”.

Impressionado e iluminado por estas palavras, conheceu a vaidade do mundo e resolveu dizer-lhe adeus, entrando numa ordem religiosa. Fez-se religioso no convento de Jumièges, na diocese de Rouen. Chegou a um grau tão alto de virtude e santidade que foi eleito sucessor do Bispo, quando este, seu tio do lado paterno, morreu. Prevendo, porém, os eleitores que recusaria aceitar esta dignidade, mandaram uma comissão a Carlos Martelo, com o pedido de aprovar e continuar a eleição. Carlos Martelo, que conhecia o alto valor de Euquério, não só deu a aprovação, mas mandou um mensageiro ao convento onde Euquério estava, com a ordem terminante de trazê-lo à força, caso isto necessário fosse. Euquério, conhecendo bem os perigos que acompanham a dignidade episcopal, pediu que desistissem da sua eleição. Quando, porém, os confrades lhe apresentaram as razões indubitáveis da vontade divina, Euquério obedeceu e aceitou a cruz episcopal.

Exemplaríssimo religioso, como Bispo havia de ser também cumpridor dos deveres. Zelava pela dignidade dos templos, aos sacerdotes dava instruções sobre a vida clerical e para os diocesanos era Apóstolo e Pai.

Com a maior pontualidade fazia as visitas pastorais, procedendo nelas com toda a prudência e energia. A maior parte dos bens distribuiu entre os pobres e necessitados. A bondade e condescendência sabia associar, quando preciso, energia e rigor, sem acepção de pessoas. Quando Carlos Martelo, para poder continuar a guerra contra os sarracenos quis lançar mão dos bens da Igreja, achou enérgica resistência da parte do Bispo. Este convencido da justiça da causa tomou a si as conseqüências desse proceder e pouco se incomodou com as iras do poderoso mordomo. Como este já conhecesse a inflexibilidade do antístite, em negócios de direitos da Igreja, concebeu a idéia de removê-lo ardilosamente da diocese. Passando por Orleans, convidou-o a acompanhá-lo na viagem a Paris. Chegados à Capital, fez ao Bispo a comunicação que de Orleans seria transferido para Colônia. Como em Orleans, também em Colônia era venerado e querido pelos diocesanos, o que ainda foi causa de outra remoção sua para Liège. Seis anos viveu assim no desterro, sem que os companheiros lhe tivessem ouvido uma só palavra de queixa.

Os últimos anos viveu no convento de S. Trondom e teve uma morte santa, aos 20 de fevereiro de 738. As relíquias de Santo Euquério, que repousam da Igreja do convento, foram glorificadas por inúmeros milagres.

Reflexões:

Desde os primeiros momentos de vida, Santo Euquério foi consagrado a Deus. Os pais fizeram esta consagração porque assim julgaram cumprir um dever, de dar ao filho, uma sólida e santa educação. Pais conscienciosos assim procedem, porque sabem que uma boa educação é a raiz, o fundamento de uma vida feliz. Pais que educam cristãmente os filhos, garantem-lhes a eterna salvação, e salvaguardam a própria responsabilidade, que é muito grande. Quantos são os meninos que, já na mais tenra idade, sorvem o veneno do vício, do pecado, da irreligião! Quantos são os entezinhos infelizes que, em vez de bom exemplo dos pais, deles recebem o incitamento para o mal! Terrível será o julgamento dos pais que, desconhecendo sua alta responsabilidade, em vez de educar os filhos para Deus, assim os entregam ao demônio.

“A figura do mundo a cada instante muda”: Esta verdade fez com que Santo Euquério criasse um aborrecimento de tudo que era mundano e procurasse unicamente as coisas divinas. Tudo é vaidade e aflição de espírito. Todos devem convencer-se desta verdade. Tudo é vaidade, menos servir a Deus e só a ele amar. Vaidade é procurar e acumular riquezas. Vaidade é procurar honras e posições honrosas. Vaidade é viver só para este mundo e esquecer-se do outro. Vaidade é amar o que é passageiro e não procurar o que é duradouro. Sábio é aquele que observa a palavra de Nosso Senhor que diz: “Procurai tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem a traça os destroem e onde os ladrões não os desenterram, nem furtam”. (Mt. 6, 20).

21 de Fevereiro

São Pedro Damião

São Pedro Damião, Cardeal e Doutor da Igreja nasceu pelos fins do ano 1006, ou em começo de 1007, em Ravena. Com receio de ser parcelada demais a fortuna da família, em virtude da prole numerosa, a mãe expô-lo, retomando-o pouco depois. Pedro perdeu os pais muito cedo e ficou debaixo das ordens de um irmão mais velho, que o tratava com muita dureza e sem a menor caridade. Tendo 10 anos, a sorte de Pedro melhorou. Um outro irmão, também de nome Damião, que era arcipreste em Ravena, recebeu-o em casa, introduzindo-o no estudo das ciências e foi para ele um pai carinhoso. Para mostrar-lhe a gratidão, Pedro adotou o cognome de Damião. Durante alguns anos, teve por professores esse irmão e um outro sacerdote. Mais tarde continuou os estudos em Faenza e Parma. Nesta última cidade e depois em Ravena exerceu o cargo de professor. Em todo este tempo se lhe realizou na alma grande mudança. Tendo 28 anos, fez-se monge do eremitério de Fonte Avelana, na diocese de Faenza. Com dedicação a mais extremada trabalhou na sua santificação, lançando os alicerces de uma vida ascética, que não mais largou até à morte. Diversos outros mosteiros convidaram a Pedro para pregações e para reformá-los em seu espírito. Morto o prior de Fonte Avelana, foi Pedro eleito seu sucessor. Como Superior, dirigiu toda a atenção à formação de um bom espírito ascético nas comunidades. Para este fim, escreveu as biografias dos Santos Odilon, Romualdo, Domingos Loricato e Rodolfo de Eugubio, que apresentavam aos monges exemplos perfeitos da vida religiosa.

Pedro não podia ficar indiferente diante da situação triste em que se achava a Igreja Católica. A Sé apostólica tinha se tornado objeto de aspirações ambiciosas e achava-se em certa pendência da casa imperial da Alemanha. Em condições análogas estavam as dignidades eclesiásticas na Itália, França e Alemanha. Os prepotentes da política vendiam-nas a troco de dinheiro, ou davam-na às suas criaturas. Grande parte do clero tinha-se esquecido de sua alta missão e estava entregue ao vício da simonia ou nicolaitismo. O povo cristão estava sem guias e o espírito da impiedade alastrava-se cada vez mais.

Pedro Damião se opôs com toda a força a este estado de coisas. Pôs-se em comunicação direta com os Papas Gregório VI, Clemente II, Leão IX, Estevão IX, e Nicolau II e conseguiu que se abrisse forte campanha contra os dois abusos, que tanto prejudicavam a obra de Cristo na terra.

Ele mesmo escreveu duas monografias, em que tratou das duas chagas perniciosas no corpo da Igreja. A segunda publicação, contra o nicolaitismo, criou-lhe muitos adversários, por causa do assunto, e do modo franco e enérgico com que desvendou e atacou o mal.

O Papa Estevão IX, porém, nomeou o autor Cardeal-Bispo de Ostia, dignidade a que se achava ligada outra, de decano do Colégio cardinalício.

Para que Pedro Damião se resolvesse a aceitar a púrpura foi preciso o Papa ameaçá-lo de excomunhão.

Grandiosa foi a atividade de Pedro Damião na reforma religiosa, em muitas dioceses. Comissões dificílimas e bem melindrosas foram-lhe confiadas pelos Papas e sua prudência, energia e caridade conseguiram os mais brilhantes resultados. Foi este o motivo porque os Papas tão pouca disposição mostraram de aceitar-lhe o reiterado pedido de exoneração, para poder voltar ao querido eremitério. Muito bem fez a Santa Sé em não se ter privado da cooperação de tão hábil diplomata e santo reformador. A política abusiva do partido imperial, na eleição do sucessor de Nicolau II (1061), necessitava de um regulador prudente e enérgico, da têmpera de um Pedro Damião.

Em muitas questões difíceis e melindrosas, quer entre diocesanos e a autoridade diocesana, quer entre religiosos e Bispos, era-lhe decisivo o arbítrio.

Tendo 67 anos de idade, foi enviado ao “Reichstag” de Francfurt para, na qualidade de delegado pontifício, protestar contra o projeto do imperador Henrique IV, de divorciar-se da legítima mulher.

O Arcebispo de Ravena tinha incorrido na excomunhão e morrido sem absolvição. Reinava na cidade forte animosidade contra Roma. Pedro Damião acalmou os espíritos e restabeleceu a paz. Foi esta a última obra do Santo na sua vida. Ansioso por procurar o merecido descanso em Fonte Avelana, morreu na viagem, em Faenza, no ano de 1089, tendo 83 anos de idade.

São Pedro Damião é enumerado entre as figuras clericais mais eminentes de todos os tempos. Foi grande como sábio, religioso, sacerdote e cardeal. Admiráveis e fora do comum eram-lhe os conhecimentos, principalmente da jurisprudência; admirável era a franqueza apostólica, com que profligava os vícios do tempo; admirável a austeridade e santidade de sua vida; admirável a piedade e zelo sacerdotal; admirável enfim, a dedicação incondicional à Santa Sé e o entusiasmo e atividade pela prosperidade da Igreja. O corpo do grande Santo descansa na Igreja dos Cistercienses, em Faenza. Leão XII deu a S. Pedro o título honroso de Doutor da Igreja.

Reflexões:

“Porque não pensas mais seriamente no negócio de tua salvação?” costumava S. Pedro perguntar-se a si mesmo. A mesma pergunta devíamos dirigir a nós, sendo a salvação de nossa alma o que mais nos devia interessar. Salva a tua alma e tudo está bem; perdida a alma, tudo está perdido. Muitos há e estes pertencem à maioria, que põem esta questão em último plano, considerando-a a mais insignificante de todas as outras e a menos importante. Jesus Cristo pensa diferentemente. “Marta, Marta, disse ele à irmã de Maria, estás te preocupando com muitas coisas, quando uma só é necessária”. (Lc. 10, 41). A salvação da alma é de todos os negócios o mais importante; é o negócio dos negócios; por isto merece nossa maior atenção, o máximo cuidado da nossa parte.

"A vida é curta e seu curso veloz”, diz a Sagrada Escritura. Se a vida é curta e sua passagem rápida, cumpre aproveitá-la para não perder nenhum dia, nenhuma hora. O tempo que se perde, perdido está para sempre. Uma eternidade não nos pode restituir o que no tempo perdemos. “Perdido uma vez o tempo, que Deus na sua bondade nos concedeu, para fazermos penitência e trabalhar para a nossa salvação, nunca mais o recuperaremos. (S. Boaventura).

Foto: São Pedro Damião (21 de Fevereiro) São Pedro Damião, Cardeal e Doutor da Igreja nasceu pelos fins do ano 1006, ou em começo de 1007, em Ravena. Com receio de ser parcelada demais a fortuna da família, em virtude da prole numerosa, a mãe expô-lo, retomando-o pouco depois. Pedro perdeu os pais muito cedo e ficou debaixo das ordens de um irmão mais velho, que o tratava com muita dureza e sem a menor caridade. Tendo 10 anos, a sorte de Pedro melhorou. Um outro irmão, também de nome Damião, que era arcipreste em Ravena, recebeu-o em casa, introduzindo-o no estudo das ciências e foi para ele um pai carinhoso. Para mostrar-lhe a gratidão, Pedro adotou o cognome de Damião. Durante alguns anos, teve por professores esse irmão e um outro sacerdote. Mais tarde continuou os estudos em Faenza e Parma. Nesta última cidade e depois em Ravena exerceu o cargo de professor. Em todo este tempo se lhe realizou na alma grande mudança. Tendo 28 anos, fez-se monge do eremitério de Fonte Avelana, na diocese de Faenza. Com dedicação a mais extremada trabalhou na sua santificação, lançando os alicerces de uma vida ascética, que não mais largou até à morte. Diversos outros mosteiros convidaram a Pedro para pregações e para reformá-los em seu espírito. Morto o prior de Fonte Avelana, foi Pedro eleito seu sucessor. Como Superior, dirigiu toda a atenção à formação de um bom espírito ascético nas comunidades. Para este fim, escreveu as biografias dos Santos Odilon, Romualdo, Domingos Loricato e Rodolfo de Eugubio, que apresentavam aos monges exemplos perfeitos da vida religiosa. Pedro não podia ficar indiferente diante da situação triste em que se achava a Igreja Católica. A Sé apostólica tinha se tornado objeto de aspirações ambiciosas e achava-se em certa pendência da casa imperial da Alemanha. Em condições análogas estavam as dignidades eclesiásticas na Itália, França e Alemanha. Os prepotentes da política vendiam-nas a troco de dinheiro, ou davam-na às suas criaturas. Grande parte do clero tinha-se esquecido de sua alta missão e estava entregue ao vício da simonia ou nicolaitismo. O povo cristão estava sem guias e o espírito da impiedade alastrava-se cada vez mais. Pedro Damião se opôs com toda a força a este estado de coisas. Pôs-se em comunicação direta com os Papas Gregório VI, Clemente II, Leão IX, Estevão IX, e Nicolau II e conseguiu que se abrisse forte campanha contra os dois abusos, que tanto prejudicavam a obra de Cristo na terra. Ele mesmo escreveu duas monografias, em que tratou das duas chagas perniciosas no corpo da Igreja. A segunda publicação, contra o nicolaitismo, criou-lhe muitos adversários, por causa do assunto, e do modo franco e enérgico com que desvendou e atacou o mal. O Papa Estevão IX, porém, nomeou o autor Cardeal-Bispo de Ostia, dignidade a que se achava ligada outra, de decano do Colégio cardinalício. Para que Pedro Damião se resolvesse a aceitar a púrpura foi preciso o Papa ameaçá-lo de excomunhão. Grandiosa foi a atividade de Pedro Damião na reforma religiosa, em muitas dioceses. Comissões dificílimas e bem melindrosas foram-lhe confiadas pelos Papas e sua prudência, energia e caridade conseguiram os mais brilhantes resultados. Foi este o motivo porque os Papas tão pouca disposição mostraram de aceitar-lhe o reiterado pedido de exoneração, para poder voltar ao querido eremitério. Muito bem fez a Santa Sé em não se ter privado da cooperação de tão hábil diplomata e santo reformador. A política abusiva do partido imperial, na eleição do sucessor de Nicolau II (1061), necessitava de um regulador prudente e enérgico, da têmpera de um Pedro Damião. Em muitas questões difíceis e melindrosas, quer entre diocesanos e a autoridade diocesana, quer entre religiosos e Bispos, era-lhe decisivo o arbítrio. Tendo 67 anos de idade, foi enviado ao “Reichstag” de Francfurt para, na qualidade de delegado pontifício, protestar contra o projeto do imperador Henrique IV, de divorciar-se da legítima mulher. O Arcebispo de Ravena tinha incorrido na excomunhão e morrido sem absolvição. Reinava na cidade forte animosidade contra Roma. Pedro Damião acalmou os espíritos e restabeleceu a paz. Foi esta a última obra do Santo na sua vida. Ansioso por procurar o merecido descanso em Fonte Avelana, morreu na viagem, em Faenza, no ano de 1089, tendo 83 anos de idade. São Pedro Damião é enumerado entre as figuras clericais mais eminentes de todos os tempos. Foi grande como sábio, religioso, sacerdote e cardeal. Admiráveis e fora do comum eram-lhe os conhecimentos, principalmente da jurisprudência; admirável era a franqueza apostólica, com que profligava os vícios do tempo; admirável a austeridade e santidade de sua vida; admirável a piedade e zelo sacerdotal; admirável enfim, a dedicação incondicional à Santa Sé e o entusiasmo e atividade pela prosperidade da Igreja. O corpo do grande Santo descansa na Igreja dos Cistercienses, em Faenza. Leão XII deu a S. Pedro o título honroso de Doutor da Igreja. Reflexões: “Porque não pensas mais seriamente no negócio de tua salvação?” costumava S. Pedro perguntar-se a si mesmo. A mesma pergunta devíamos dirigir a nós, sendo a salvação de nossa alma o que mais nos devia interessar. Salva a tua alma e tudo está bem; perdida a alma, tudo está perdido. Muitos há e estes pertencem à maioria, que põem esta questão em último plano, considerando-a a mais insignificante de todas as outras e a menos importante. Jesus Cristo pensa diferentemente. “Marta, Marta, disse ele à irmã de Maria, estás te preocupando com muitas coisas, quando uma só é necessária”. (Lc. 10, 41). A salvação da alma é de todos os negócios o mais importante; é o negócio dos negócios; por isto merece nossa maior atenção, o máximo cuidado da nossa parte.

 

22 de Fevereiro

Festa da Cátedra de São Pedro

“Dareis à luz um filho e este será grande e chamá-lo-ão: Filho do Altíssimo. Ele reinará eternamente sobre a casa de Jacó e o seu reino não terá fim”. Com estas palavras o Arcanjo São Gabriel anunciou a Maria o reino eterno de seu filho. Orientados por uma estrela, chegaram os Magos e renderam homenagens ao Menino Deus. Quando o governador romano Pilatos perguntou a Jesus: “És de fato rei ?” Jesus lhe respondeu: “ Tu o dizes, mas meu reino não é deste mundo”. Quando Jesus Cristo, quarenta dias depois de sua gloriosa ressurreição, se preparou para voltar ao Pai, deu o caráter visível de sua dignidade real a um homem, para lhe servir de substituto até o fim dos séculos.

Para este elevado cargo Jesus Cristo escolheu Simeão, filho de Jonas, cujo nome mais tarde foi mudado em Pedro. “Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus. Rezei por ti, para que tua fé não desfaleça; tu, porém, confirma teus irmãos. Apascenta minhas ovelhas, apascenta meus cordeiros”.

São Pedro, fiel à ordem recebida do Mestre, trabalhou pela propagação da doutrina do Messias. Depois de ter fundado diversas Igrejas na Palestina e na Ásia Menor, dirigiu os passos para Roma, metrópole do mundo civilizado. Foi no ano de 42, que o príncipe dos Apóstolos chegou à capital dos Césares. Achou agasalho na casa do senador Cornélio, parente daquele capitão ilustre de Cesaréia de nome Cornélio, também que, por uma graça especial divina, recebeu de São Pedro o batismo, ele, com toda a família.

Roma achava-se no auge do poder, mas também da corrupção. Nos palácios, templos, parques e teatros reinavam um luxo desmedido. Com as riquezas das províncias mais longínquas, tinham chegado a Roma os ídolos, a supertição e os vícios de outras nações. Se de um lado havia incalculável riqueza, grande parte da população gemia debaixo do jugo da mais vil escravidão. O imperador era considerado “Deus e Senhor”, e como tal recebia dos aduladores as supremas homenagens. O vício, sob as formas mais hediondas, se ostentava publicamente e, para justificá-lo, não faltavam divindades a que se oferecesse incenso.

Foi neste antro de podridão, que o Vigário de Jesus Cristo veio pregar o Evangelho; foi ali que fundou uma Igreja que perdura já vinte séculos e forneceu milhares de mártires; foi aí que estabeleceu a cadeira da verdade e foi aí que, igual ao divino Mestre, exalou a vida no patíbulo da cruz.

São Pedro morreu, mas vive ainda nos seus sucessores. Quem é o sucessor de São Pedro ? A esta pergunta responde a cristandade toda unanimente: o sucessor de São Pedro, na sua dignidade e poder, é o bispo de Roma. O bispo de Roma é o legítimo representante de Cristo na terra; o bispo de Roma é o chefe de todos os fiéis.

O protestantismo tem ido à cata de provas, para mostrar que São Pedro nunca esteve em Roma. Se não esteve em Roma – assim calcula logicamente – os Papas não são sucessores de São Pedro na Cátedra de Roma, e não podem atribuir-se a dignidade apostólica. Não foram felizes os amigos de Lutero nesta campanha, pois tudo diz contra o que asseveram. O resultado de sérios estudos, feitos por historiadores católicos e protestantes sobre o assunto, tem sido este: que São Pedro esteve em Roma. Historiador nenhum cristão pôs em dúvida este fato, que é comprovado pelos escritores dos primeiros séculos, por Caio, presbítero romano, São Dionísio de Corinto, Hegésipo, Justino, Tertuliano, Cipriano, Orígenes, Eusébio, Arnóbio e outros.

Desde imemoráveis tempos é na Igreja celebrado o dia de hoje, em que São Pedro fundou a diocese de Roma. Santo Agostinho, num dos seus sermões, se refere a esta festa. Os calendários e martirológicos mais antigos a mencionam.

Se é festejado na cristandade toda o aniversário da eleição do Papa, se cada diocese celebra o aniversário da sagração do seu bispo, justo é que a Igreja inteira solenize o aniversário da Cátedra de São Pedro em Roma e neste dia dirija preces ao Altíssimo, pela prosperidade do Sumo Pontífice.

A Cátedra, isto é, o trono de São Pedro, até o século 5, guardado no batistério de São Pedro, se acha hoje na abside da Basílica Vaticana. Consta apenas de alguns pedaços de tábuas, ligadas por placas de marfim. Desde o tempo da Renascença está encerrada num grande relicário, obra de Bernini.

Reflexões:

Com que sentimentos celebras hoje a festa da fundação da santa Igreja romana? É com satisfação íntima de tua alma que te dizes filho dessa Igreja? Tens amor a esta tua mãe espiritual, que é a esposa imaculada de Cristo, e a mestra de todos os homens? Sabes que ela é a coluna e o fundamento da verdade? De Cristo lhe veio o poder, que Ele mesmo recebera do Eterno Pai, para o bem e a salvação dos homens. Da Sua assistência gozará até o fim dos séculos. O Espírito Santo governa-a com sabedoria divina, habilitando-a a conduzir os homens à eterna salvação. A Igreja é tua mãe. Foi ela que logo à tua entrada na vida, te recebeu com carinho maternal e tirou de tua alma a lepra do pecado original, e te revestiu com a roupa cândida da graça santificante. Nos santos Sacramentos ela te ofereceu os meios necessários para conservar-te na graça de Deus. Se a Igreja é tua mãe, se lhe deves tudo o que de riqueza e ornamento espiritual possuis, a gratidão exige, que lhe sejas bom filho, que mostres interesse por tudo o que diz respeito a tua Mãe. Com seus triunfos e vitórias deves alegrar-te; com seus padecimentos, humilhações e perseguições deve teu coração encher-se de tristeza e pesar. A Deus deves pedir, dia por dia, que proteja, defenda sua obra na terra, e de à Igreja a vitória sobre os inimigos, que são numerosos e poderosos. Sempre que as circunstâncias o exigirem e tua posição o permitir, deves entrar na luta, para a defesa de tua Mãe contra os assaltos dos inimigos. Os inimigos da Igreja são inimigos da obra de Deus, portanto, de Deus próprio. Cultiva e conserva em teu coração um amor terno e vivo à santa Igreja, para que sejam a expressão também dos teus sentimentos as palavras, que um santo Bispo escreveu: Ó Santa Igreja Católica Romana, Mãe das Igrejas e Mãe de todos os fiéis, Igreja por Deus estatuída para reunir todos os seus filhos na mesma fé e na mesma caridade, hoje e sempre nos declaramos em favor de tua unidade. Mais fácil seja esquecer-me de mim do que de ti, ó Santa Igreja Romana ! Que antes seque a minha língua, do que eu não mais me lembrar de ti, e em ti procurar toda a minha alegria.

Foto: Festa da Cátedra de São Pedro
(22 de Fevereiro)

“Dareis à luz um filho e este será grande e chamá-lo-ão: Filho do Altíssimo. Ele reinará eternamente sobre a casa de Jacó e o seu reino não terá fim”. Com estas palavras o Arcanjo São Gabriel  anunciou a Maria o reino eterno de seu filho. Orientados por uma estrela, chegaram os Magos e renderam homenagens ao Menino Deus. Quando o governador romano Pilatos perguntou a Jesus: “És de fato rei ?”  Jesus lhe respondeu: “ Tu o dizes, mas meu reino não é deste mundo”. Quando Jesus Cristo, quarenta dias depois de sua gloriosa ressurreição, se  preparou para voltar ao Pai, deu o caráter visível de sua dignidade real a um  homem, para lhe servir de substituto até o fim dos séculos.

Para este elevado cargo Jesus Cristo escolheu Simeão, filho de Jonas, cujo nome mais tarde foi mudado em Pedro. “Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus. Rezei por ti, para que tua fé não desfaleça; tu, porém, confirma teus irmãos. Apascenta minhas ovelhas, apascenta meus cordeiros”.

São Pedro, fiel à ordem recebida do Mestre, trabalhou pela propagação da doutrina do Messias. Depois de ter fundado diversas Igrejas na Palestina e na Ásia Menor, dirigiu os passos para Roma, metrópole do mundo civilizado. Foi no ano de 42, que o príncipe dos Apóstolos chegou à capital dos Césares. Achou agasalho na casa do senador Cornélio, parente daquele capitão ilustre de Cesaréia de nome Cornélio, também que, por uma graça especial divina, recebeu de São Pedro o batismo, ele, com toda a família.

Roma achava-se no auge do poder, mas também da corrupção. Nos palácios, templos, parques e teatros reinavam um luxo desmedido. Com as riquezas das províncias  mais  longínquas, tinham chegado a Roma os ídolos, a supertição  e os vícios de outras nações. Se de um lado havia incalculável riqueza, grande parte da população gemia debaixo do jugo da mais vil escravidão. O imperador era considerado “Deus e Senhor”, e como tal recebia dos aduladores as supremas homenagens. O vício, sob as formas mais hediondas, se ostentava publicamente e, para justificá-lo, não faltavam  divindades a que se oferecesse incenso.

Foi neste antro de podridão, que o Vigário de Jesus Cristo veio pregar o Evangelho; foi ali que fundou uma Igreja que perdura já vinte séculos e forneceu milhares de mártires; foi aí que estabeleceu a cadeira da verdade e foi aí que, igual ao divino Mestre, exalou a vida no patíbulo da cruz.

São Pedro morreu, mas vive ainda nos seus sucessores. Quem é o sucessor de São Pedro ? A esta pergunta responde a cristandade toda unanimente: o sucessor de São Pedro, na sua dignidade e poder, é o bispo de Roma. O bispo de Roma é o legítimo representante de Cristo na terra; o bispo de Roma é o chefe de  todos os fiéis.

O protestantismo tem ido à cata de provas, para mostrar que São Pedro nunca esteve em Roma. Se não esteve em Roma – assim calcula logicamente – os Papas não são sucessores de  São Pedro na Cátedra de Roma, e não podem atribuir-se a dignidade apostólica. Não foram felizes os amigos de Lutero nesta campanha, pois tudo diz contra o que asseveram. O resultado de sérios estudos, feitos por historiadores católicos e protestantes sobre o assunto, tem sido este: que São Pedro esteve em Roma. Historiador nenhum cristão pôs em dúvida este fato, que é comprovado pelos escritores dos primeiros séculos, por Caio, presbítero romano, São Dionísio de Corinto, Hegésipo, Justino, Tertuliano, Cipriano, Orígenes, Eusébio, Arnóbio e outros.

Desde imemoráveis tempos é na Igreja celebrado o dia de hoje, em que São Pedro fundou a diocese de Roma. Santo Agostinho, num dos seus sermões, se refere a esta festa. Os calendários e martirológicos mais antigos a mencionam.

Se é festejado na cristandade toda o aniversário da eleição do Papa, se cada diocese celebra o aniversário da sagração do seu bispo, justo é que a Igreja inteira solenize o aniversário da Cátedra de São Pedro em Roma e neste dia dirija preces ao Altíssimo, pela prosperidade do Sumo Pontífice.

A Cátedra, isto é, o trono de São Pedro, até o século 5, guardado no batistério de São Pedro, se acha hoje na abside da Basílica Vaticana. Consta apenas de alguns pedaços de tábuas, ligadas por placas de marfim. Desde o tempo da Renascença está encerrada num grande relicário, obra de Bernini.

Reflexões:

Com que sentimentos celebras hoje a festa da fundação da santa Igreja romana? É com satisfação íntima de tua alma que te dizes filho dessa Igreja? Tens amor a esta tua mãe espiritual, que é a esposa imaculada de Cristo, e a mestra de todos os homens? Sabes que ela é a coluna e o fundamento da verdade? De Cristo lhe veio o poder, que Ele mesmo recebera do Eterno Pai, para o bem e a salvação dos homens. Da Sua assistência gozará até o fim dos séculos. O Espírito Santo governa-a com sabedoria divina, habilitando-a a conduzir os homens à eterna salvação. A Igreja é tua mãe. Foi ela que logo à tua entrada na vida, te recebeu com carinho maternal e tirou de tua alma a lepra do pecado original, e te revestiu com a roupa cândida da graça santificante. Nos santos Sacramentos ela te ofereceu os meios necessários para conservar-te na graça de Deus. Se a Igreja é tua mãe, se lhe deves tudo o que de riqueza e ornamento espiritual possuis, a gratidão exige, que lhe sejas bom filho, que mostres interesse por tudo o que diz respeito a tua Mãe. Com seus triunfos e vitórias deves alegrar-te; com seus padecimentos, humilhações e perseguições deve teu coração encher-se de tristeza e pesar. A Deus deves pedir, dia por dia, que proteja, defenda sua obra na terra, e de à Igreja a vitória sobre os inimigos, que são numerosos e poderosos. Sempre que as circunstâncias o exigirem e tua posição o permitir, deves entrar na luta, para a defesa de tua Mãe contra os assaltos dos inimigos. Os inimigos da Igreja são inimigos da obra de Deus, portanto, de Deus próprio. Cultiva e conserva em teu coração um amor terno e vivo à santa Igreja, para que sejam a expressão também dos teus sentimentos as palavras, que  um santo Bispo escreveu: Ó Santa Igreja Católica Romana, Mãe das Igrejas e Mãe de todos os fiéis, Igreja por Deus estatuída para reunir todos os seus filhos na mesma fé e na mesma caridade, hoje e sempre nos declaramos em favor de tua unidade. Mais fácil seja esquecer-me  de mim do que de ti, ó Santa Igreja Romana !  Que antes seque a minha língua, do que eu não mais me lembrar de ti, e em ti procurar toda a minha alegria.

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Santa Margarida de Cortona

Santa Margarida, natural de Alviano na Toscana, tem o sobrenome de Cortona, cidade onde passou grande parte da vida e morreu. Menina de 8 anos, apenas, perde a mãe, que a tinha educado com todo o cuidado. A perda da mãe foi o princípio da infelicidade da pobre órfã. Não havendo quem lhe guiasse os passos e de certo modo substituísse o cuidado e a vigilância materna, Margarida viu-se em breve rodeada de elementos que pessimamente a influíram na formação do caráter. Bonita, atraente, de temperamento jovial e expansivo, deu ouvidos às vãs lisonjas e fúteis amabilidades, e abriu as portas do coração à vaidade.

Em vão o pai avisou-a do perigo que corria. Esses bons conselhos foram dados a ouvidos surdos. Dezesseis anos contava Margarida, quando abandonou secretamente a casa paterna, procurando a companhia de um jovem fidalgo, com quem viveu ilícita e criminosamente pelo espaço de nove anos, em Montepulciano. Deus, que permitira esta triste queda, não perdeu de vista a ovelhinha desgarrada. A consciência não deixou de fazer-lhe reclamos, com insistência cada vez mais acentuada.

Debalde, Margarida não se animava a deixar a vida, que a algemava aos prazeres ilícitos. Deu-se então um fato que lhe abriu os olhos e a chamou ao bom caminho. O amante tendo empreendido longa viagem de negócio, foi em caminho assaltado e assassinado. O cadáver esteve dois dias e duas noites no lugar do crime, ficando-lhe ao lado o cão, que tinha acompanhado o dono. No terceiro dia apareceu o fiel animal na casa de Margarida e pelo latido plangente, deu sinal de um acontecimento extraordinário.

Como, porém, Margarida não desse atenção, o cão puxou-a pelo vestido, como se quisesse convidá-la a acompanhá-lo. Margarida então atendeu e o cão conduziu-a ao lugar onde se achava o corpo do assassinado, já em estado de decomposição bem adiantada, enchendo o ambiente de cheiro insuportável.

Margarida, diante do espetáculo que se lhe apresentava ante os olhos, impressionou-se profundamente e o primeiro pensamento que lhe veio, foi: “Onde estará sua alma?” Que momento de horror para Margarida! Mas também era a hora da graça e da salvação que se aproximava!

A porta do coração, tanto tempo fechada aos convites de Deus, abriu-se ao Bom Pastor. Jesus, que tinha andado tantos anos atrás desta ovelha tresmalhada achou-a enfim e, pondo-a sobre os ombros, levou-a ao aprisco. Lágrimas de arrependimento borbulhavam dos olhos de Margarida; uma dor profunda e sincera feria-lhe o coração; mas, animada por uma confiança ilimitada na misericórdia de Deus, dizia de si para si: “Deus quer salvar-me. Porque teve tanta paciência comigo? É seu amor, que me deu tanto tempo para fazer penitência; é seu amor que me mandou este tremendo aviso, quem sabe? Talvez o último”.

Profundamente abalada, no seu interior, voltou para casa, resolvida a dizer adeus ao pecado e começar uma nova vida, vida de penitência. Fez o voto de dedicar o resto da vida à mais severa penitência. Caiu-lhe na alma, como um peso enorme, o modo ingrato com que tratara o pai e parecia-lhe ouvir os gemidos de dor, que durante nove anos, seu procedimento tinha arrancado do coração do seu maior benfeitor.

Resolutamente se pôs a caminho, à procura do pai. Embora compenetrada da gravidade da culpa, embora dizendo-se indigna do paternal perdão, resolvida estava a fazer tudo, para reparar a falta e reabilitar-se na amizade do pai. Margarida contava então 25 anos.

Chegando a Alviano, em altos soluços, prostrou-se aos pés do pai, pedindo a recebesse outra vez em sua casa, pois que estava resolvida a mudar de vida. O pai comoveu-se diante do pedido da filha e recebeu-a com todo amor; não assim, porém, a madrasta, que não viu de bons olhos a permanência da pecadora em sua casa. Assim, exposta de novo ao perigo, Margarida, renovou o protesto de antes morrer de fome, do que voltar à vida anterior. Elevando os olhos ao céu, exclamou: “Meu Senhor e Salvador de minha alma, quereis que ela se perca? Ela vos custou tanto como a de Madalena. O’ vós que me remistes, pelo preço de vosso sangue, não me desampareis no meu mísero estado! Tende compaixão de mim!” Deus ouviu a oração da pobre pecadora. Esta, cedendo a um impulso interior, dirigiu-se a Cortona, para lá se confessar e receber do confessor a diretiva de uma nova vida. Fez a confissão geral, com muita contrição, na Igreja dos Padres Franciscanos. O pedido de Margarida de ser aceita entre as penitentes da Ordem Terceira pôde ser atendido, só depois dela ter dado prova suficiente de sua constância.

A partir da conversão, a vida de Margarida foi uma série contínua de práticas de virtudes, principalmente da mortificação, penitência, humildade e paciência. Tinha por alimento só pão e água; por leito o soalho e de travesseiro servia-lhe uma pedra. A maior parte da noite passava em oração e em práticas de penitência. Para castigar e mortificar o corpo sujeitou-o à disciplina diária. A meditação da Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo não só lhe despertou no coração terno amor ao divino Salvador, mas também fez crescer-lhe cada vez mais o desejo de sofrer com ele e por ele. Os sofrimentos, que Deus lhe enviava aceitava-os com a maior paciência e o desprezo que recebia do mundo, causava-lhe prazer. O pesar de ter ofendido a Deus era tão grande, que não só chorava amargamente as infidelidades passadas, mas chegava até a desmaiar.

Vinte e três anos passou Margarida penitenciando-se por seus pecados. Alguns anos depois da conversão lhe sobrevieram tentações as mais terríveis. O inimigo tudo fazia, para convencê-la da insuficiência das obras penitenciais. Surgiram na mente veleidades de abrandar a mortificação, sair de Cortona. Parecia-lhe que as penitências deviam ter já alcançado o completo perdão dos seus pecados e tinha a obrigação de conservar a vida, para poder servir a Deus muito tempo ainda. O bom senso, porém, e mais ainda a graça divina fizeram-lhe conhecer em tudo isto uma tentação diabólica.

Numa ocasião, em que as tentações sobremodo a atormentaram, Margarida prostrou-se aos pés do Crucifixo, clamando a Deus que a socorresse. Cristo se dignou de aparecer a sua serva e disse-lhe: “Tem ânimo, minha filha! Estou contigo, no meio das tentações. Com apoio da minha graça, vencerás todas. Segue em tudo o conselho do teu confessor”. Não foi esta a única aparição que Margarida teve. Distinguiram-na com seus colóquios a SS. Virgem, vários Santos e principalmente o Anjo da Guarda.

Este lhe deu certeza do completo perdão dos seus pecados. Apareciam-lhe também as almas do purgatório em particular aquelas que foram remidas pelas suas orações e penitências.

A visão porém, mais consoladora que Cristo lhe concedeu, foi uma, pouco antes do feliz trânsito, em que Jesus, anunciando-lhe a proximidade da morte, assegurou-lhe a completa remissão dos pecados passados e que sua alma iria para o céu, acompanhada de todas as almas do Purgatório, que deviam a libertação às suas orações e boas obras. Com santa impaciência aguardou Margarida a chegada desta feliz data. Era o dia 22 de fevereiro de 1297. Margarida contava 48 anos. O corpo foi, em grande solenidade, enterrado na Igreja da Ordem de São Francisco, onde até hoje é conservado intacto. Muitos milagres têm provado a santidade da serva de Deus. Bento XIII inseriu-a solenemente no catálogo dos Santos, em 1728.

Reflexões:

Depois de longos anos vividos em pecados, Margarida de Cortona recebeu a graça de converter-se dos seus erros. O companheiro dos seus desvarios morreu assassinado, sem ter dado, um sinal sequer de arrependimento. Arcanos da Providência Divina! – Quantos motivos não tens para agradecer a Deus sua misericórdia e bondade, pois se tivesse te tratado como a justiça o exigia, qual teria sido tua sorte e onde agora estarias?

Uma vez convertida, Margarida não mais tergiversou, mas castigou o corpo com jejuns e penitências. A penitência e o jejum em particular são necessários para justos e pecadores. Para os justos, que assim se defendem contra o mal, que ao pecado; para os pecadores, que devem dar uma satisfação à divina justiça. – Margarida não recaiu mais em pecado e tendo confessado a culpa, não procurou mais ocasiões de pecado. Assim devem fazer todos que, tendo-se deixado levar pela fraqueza da carne, depois voltaram a Deus com sincera penitência. O pecador que volta à pratica do mal, põe em grande perigo a salvação de sua alma. A penitência e conversão sincera, porém, causam alegria a Deus e aos santos Anjos.

Foto: Santa Margarida de Cortona
(22 de Fevereiro)

Santa Margarida, natural de Alviano na Toscana, tem o sobrenome de Cortona, cidade onde passou grande parte da vida e morreu. Menina de 8 anos, apenas, perde a mãe, que a tinha educado com todo o cuidado. A perda da mãe foi o princípio da infelicidade da pobre órfã. Não havendo quem lhe guiasse os passos e de certo modo substituísse o cuidado e a vigilância materna, Margarida viu-se em breve rodeada de elementos que pessimamente a influíram na formação do caráter. Bonita, atraente, de temperamento jovial e expansivo, deu ouvidos às vãs lisonjas e fúteis amabilidades, e abriu as portas do coração à vaidade.

Em vão o pai avisou-a do perigo que corria. Esses bons conselhos foram dados a ouvidos surdos. Dezesseis anos contava Margarida, quando abandonou secretamente a casa paterna, procurando a companhia de um jovem fidalgo, com quem viveu ilícita e criminosamente pelo espaço de nove anos, em Montepulciano. Deus, que permitira esta triste queda, não perdeu de vista a ovelhinha desgarrada. A consciência não deixou de fazer-lhe reclamos, com insistência cada vez mais acentuada.

Debalde, Margarida não se animava a deixar a vida, que a algemava aos prazeres ilícitos. Deu-se então um fato que lhe abriu os olhos e a chamou ao bom caminho. O amante tendo empreendido longa viagem de negócio, foi em caminho assaltado e assassinado. O cadáver esteve dois dias e duas noites no lugar do crime, ficando-lhe ao lado o cão, que tinha acompanhado o dono. No terceiro dia apareceu o fiel animal na casa de Margarida e pelo latido plangente, deu sinal de um acontecimento extraordinário.

Como, porém, Margarida não desse atenção, o cão puxou-a pelo vestido, como se quisesse convidá-la a acompanhá-lo. Margarida então atendeu e o cão conduziu-a ao lugar onde se achava o corpo do assassinado, já em estado de decomposição bem adiantada, enchendo o ambiente de cheiro insuportável.

Margarida, diante do espetáculo que se lhe apresentava ante os olhos, impressionou-se profundamente e o primeiro pensamento que lhe veio, foi: “Onde estará sua alma?” Que momento de horror para Margarida! Mas também era a hora da graça e da salvação que se aproximava!

A porta do coração, tanto tempo fechada aos convites de Deus, abriu-se ao Bom Pastor. Jesus, que tinha andado tantos anos atrás desta ovelha tresmalhada achou-a enfim e, pondo-a sobre os ombros, levou-a ao aprisco. Lágrimas de arrependimento borbulhavam dos olhos de Margarida; uma dor profunda e sincera feria-lhe o coração; mas, animada por uma confiança ilimitada na misericórdia de Deus, dizia de si para si: “Deus quer salvar-me. Porque teve tanta paciência comigo? É seu amor, que me deu tanto tempo para fazer penitência; é seu amor que me mandou este tremendo aviso, quem sabe? Talvez o último”.

Profundamente abalada, no seu interior, voltou para casa, resolvida a dizer adeus ao pecado e começar uma nova vida, vida de penitência. Fez o voto de dedicar o resto da vida à mais severa penitência. Caiu-lhe na alma, como um peso enorme, o modo ingrato com que tratara o pai e parecia-lhe ouvir os gemidos de dor, que durante nove anos, seu procedimento tinha arrancado do coração do seu maior benfeitor.

Resolutamente se pôs a caminho, à procura do pai. Embora compenetrada da gravidade da culpa, embora dizendo-se indigna do paternal perdão, resolvida estava a fazer tudo, para reparar a falta e reabilitar-se na amizade do pai. Margarida contava então 25 anos.

Chegando a Alviano, em altos soluços, prostrou-se aos pés do pai, pedindo a recebesse outra vez em sua casa, pois que estava resolvida a mudar de vida. O pai comoveu-se diante do pedido da filha e recebeu-a com todo amor; não assim, porém, a madrasta, que não viu de bons olhos a permanência da pecadora em sua casa. Assim, exposta de novo ao perigo, Margarida, renovou o protesto de antes morrer de fome, do que voltar à vida anterior. Elevando os olhos ao céu, exclamou: “Meu Senhor e Salvador de minha alma, quereis que ela se perca? Ela vos custou tanto como a de Madalena. O’ vós que me remistes, pelo preço de vosso sangue, não me desampareis no meu mísero estado! Tende compaixão de mim!” Deus ouviu a oração da pobre pecadora. Esta, cedendo a um impulso interior, dirigiu-se a Cortona, para lá se confessar e receber do confessor a diretiva de uma nova vida. Fez a confissão geral, com muita contrição, na Igreja dos Padres Franciscanos. O pedido de Margarida de ser aceita entre as penitentes da Ordem Terceira pôde ser atendido, só depois dela ter dado prova suficiente de sua constância.

A partir da conversão, a vida de Margarida foi uma série contínua de práticas de virtudes, principalmente da mortificação, penitência, humildade e paciência. Tinha por alimento só pão e água; por leito o soalho e de travesseiro servia-lhe uma pedra. A maior parte da noite passava em oração e em práticas de penitência. Para castigar e mortificar o corpo sujeitou-o à disciplina diária. A meditação da Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo não só lhe despertou no coração terno amor ao divino Salvador, mas também fez crescer-lhe cada vez mais o desejo de sofrer com ele e por ele. Os sofrimentos, que Deus lhe enviava aceitava-os com a maior paciência e o desprezo que recebia do mundo, causava-lhe prazer. O pesar de ter ofendido a Deus era tão grande, que não só chorava amargamente as infidelidades passadas, mas chegava até a desmaiar.

Vinte e três anos passou Margarida penitenciando-se por seus pecados. Alguns anos depois da conversão lhe sobrevieram tentações as mais terríveis. O inimigo tudo fazia, para convencê-la da insuficiência das obras penitenciais. Surgiram na mente veleidades de abrandar a mortificação, sair de Cortona. Parecia-lhe que as penitências deviam ter já alcançado o completo perdão dos seus pecados e tinha a obrigação de conservar a vida, para poder servir a Deus muito tempo ainda. O bom senso, porém, e mais ainda a graça divina fizeram-lhe conhecer em tudo isto uma tentação diabólica.

Numa ocasião, em que as tentações sobremodo a atormentaram, Margarida prostrou-se aos pés do Crucifixo, clamando a Deus que a socorresse. Cristo se dignou de aparecer a sua serva e disse-lhe: “Tem ânimo, minha filha! Estou contigo, no meio das tentações. Com apoio da minha graça, vencerás todas. Segue em tudo o conselho do teu confessor”. Não foi esta a única aparição que Margarida teve. Distinguiram-na com seus colóquios a SS. Virgem, vários Santos e principalmente o Anjo da Guarda.

Este lhe deu certeza do completo perdão dos seus pecados. Apareciam-lhe também as almas do purgatório em particular aquelas que foram remidas pelas suas orações e penitências.

A visão porém, mais consoladora que Cristo lhe concedeu, foi uma, pouco antes do feliz trânsito, em que Jesus, anunciando-lhe a proximidade da morte, assegurou-lhe a completa remissão dos pecados passados e que sua alma iria para o céu, acompanhada de todas as almas do Purgatório, que deviam a libertação às suas orações e boas obras. Com santa impaciência aguardou Margarida a chegada desta feliz data. Era o dia 22 de fevereiro de 1297. Margarida contava 48 anos. O corpo foi, em grande solenidade, enterrado na Igreja da Ordem de São Francisco, onde até hoje é conservado intacto. Muitos milagres têm provado a santidade da serva de Deus. Bento XIII inseriu-a solenemente no catálogo dos Santos, em 1728.

Reflexões:

Depois de longos anos vividos em pecados, Margarida de Cortona recebeu a graça de converter-se dos seus erros. O companheiro dos seus desvarios morreu assassinado, sem ter dado, um sinal sequer de arrependimento. Arcanos da Providência Divina! – Quantos motivos não tens para agradecer a Deus sua misericórdia e bondade, pois se tivesse te tratado como a justiça o exigia, qual teria sido tua sorte e onde agora estarias?

Uma vez convertida, Margarida não mais tergiversou, mas castigou o corpo com jejuns e penitências. A penitência e o jejum em particular são necessários para justos e pecadores. Para os justos, que assim se defendem contra o mal, que ao pecado; para os pecadores, que devem dar uma satisfação à divina justiça. – Margarida não recaiu mais em pecado e tendo confessado a culpa, não procurou mais ocasiões de pecado. Assim devem fazer todos que, tendo-se deixado levar pela fraqueza da carne, depois voltaram a Deus com sincera penitência. O pecador que volta à pratica do mal, põe em grande perigo a salvação de sua alma. A penitência e conversão sincera, porém, causam alegria a Deus e aos santos Anjos.

23 de Fevereiro

São Policarpo

São Policarpo, converteu-se ao cristianismo no ano de 80, e teve a grande dita de ter sido discípulo do grande Apóstolo São João Evangelista, de quem recebeu o espírito e a doutrina de Jesus Cristo. Em 96 recebeu a sagração episcopal e foi-lhe confiada a diocese de Smirna. É possível que São João Evangelista no livro Apocalipse tenha-se referido a Policarpo quando escreveu: “Sei tua tribulação e pobreza, porém, és rico”, e mais adiante: “Se fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida”. (Apoc. 2, 9.). O santo Bispo-mártir de Antioquia Inácio, alegrou-se muito com a visita de Policarpo, e escreveu duas epístolas importantes, uma a Policarpo e outra aos fiéis de Smirna, em que lhe dá sábios ensinamentos sobre a santa doutrina.

Policarpo administrou a diocese como verdadeiro Apóstolo, com firmeza e caridade, pela palavra e pelo exemplo. De sua autoria existe uma epístola preciosíssima aos Filipenses, cheia do mais belos ensinamentos e sábios conselhos. No tempo de São Jerônimo esta epístola costumava ser lida publicamente nas igrejas. Muitos infiéis converteram-se ao cristianismo, e para os fiéis Policarpo era verdadeiro Pastor. Já provecto em idade, fez uma viagem a Roma, para tratar com o Papa Aniceto sobre a célebre questão da Páscoa. Em Roma encontrou muitos cristãos, que se tinham deixado enganar pelos hereges Valentim e Marcion, e conduziu-os ao caminho da verdade. Por Marcion perguntado, se o conhecia, respondeu prontamente, que o conhecia, o filho mais velho de Satanás. De volta para a Ásia, encontrou na diocese o decreto de perseguição, publicado pelo imperador Marco Aurélio. Foi o princípio de horrores para a jovem Igreja. O governador de Smirna preludiou a perseguição, pela condenação de doze cristãos, que foram atirados às feras. Policarpo, vendo o rebanho em perigo, redobrou os esforços para conservá-lo na fé e confortá-lo na hora da tribulação. Os cristãos, por seu turno, inquietavam-se muito pela sorte do venerável Bispo. Para salvar-lhe a vida, levaram-no a um sítio fora da cidade, onde o esconderam aos olhos dos fiscais do governo. Três dias antes da sua prisão teve a revelação do martírio que o esperava. Em sonhos viu o travesseiro rodeado de fogo e disse aos amigos: “Meus irmãos, sei que serei condenado à morte pelo fogo. Deus seja bendito, porque se digna de dar-me a coroa do martírio”. Três dias depois se cumpriu o que tinha predito.

A polícia do governador descobriu-lhe o esconderijo e Policarpo, embora lhe fosse fácil efetuar a fuga, entregou-se à autoridade. No caminho para a cidade se encontrou com Herodes, juiz de paz e com Nicetas, pai do mesmo. Estes homens, sem dúvida bem intencionados, insistiram com ele para que conservasse a vida e obedecesse à lei do imperador. Depois de muito discursar, o Bispo disse: “Não farei o que me aconselhais. Nem espada, nem fogo ou qualquer outra tortura, me fará renunciar a Cristo”.

Apresentado ao governador, este lhe perguntou se era Policarpo e ordenou-lhe que abjurasse a religião e injuriasse a Cristo. Policarpo respondeu: “Sim, sou Policarpo. Oitenta e seis anos são que completo no serviço de Jesus Cristo e Ele nunca me fez mal algum; como poderia injuriá-lo?” O governador, porém, continuou a insistir com muito empenho e disse: “Tenho as feras à minha disposição; se não obedeceres, serás atirado a elas!” Policarpo: “Deixa-as vir! Persisto no meu intento e não mudarei!” O governador: “Se não tens medo das feras, temos ainda o fogo; este te porá manso!” Policarpo: “Ameaças com um fogo que arde por algum tempo, para depois se apagar e nada sabes daquele fogo eterno, que é preparado para os ímpios. Não percas tempo! Manda vir as feras ou faze o que quiseres. Sou cristão e não abandonarei a Cristo”. Em dizer isto, o rosto resplandecia-lhe de satisfação, tanto que todos se admiraram, sem poder compreender, como um homem tão avançado em idade pudesse apresentar tamanho heroísmo.

O governador mandou apregoar em alta voz: “Policarpo é cristão, como ele mesmo confessou”. Os judeus e pagãos presentes unânimes exigiram sentença de morte e pediram que fosse queimado vivo. Em poucos minutos foi preparada a fogueira. Alguns queriam que o Santo fosse amarrado num pau, para impossibilitar a fuga. Policarpo, porém, tranqüilizou-os, dizendo: “Aquele que me dá a graça de sofrer a pena do fogo, há de dar-me também força para que fique imóvel no meio das labaredas”. Ataram-lhe então as mãos nas costas e puseram fogo.

Antes que o fogo chegasse a queimar-lhe o corpo venerável, o ancião elevou os olhos ao céu e disse: “Deus todo-poderoso, Pai de Jesus Cristo, vosso Filho Unigênito, por quem recebemos a graça de conhecer-Vos; Deus dos Anjos e das Potestades celestiais, Deus de todas as criaturas e de todo o povo dos justos, que vivem em vossa presença: graças vos dou porque me conservastes a vida até esta hora, para ser associado aos vossos mártires e participar do cálice de amargura do vosso Ungido, e na virtude do Espírito Santo ser ressuscitado para a vida eterna. Aceitei propício, em união àquele sacrifício que para vós preparastes, este meu holocausto e a mim mesmo, para que se cumpra o que me revelastes, Vós que sois Deus verdadeiro. Eu vos louvo em todas as coisas: eu vos bendigo; eu vos glorifico, pelo eterno Sumo Pontífice, Jesus Cristo, vosso dileto Filho, que convosco e o Espírito Santo é louvado e honrado por todos os séculos. Amém”.

Apenas tinha o Santo terminado a oração, quando subiram as labaredas com todo o vigor. Deus, porém, quis manifestar o seu poder e provar que não lhe faltavam os meios de proteger seu servo no meio do fogo. As chamas subiram de todos os lados, mas – ó maravilha! – formaram como que uma abóbada por cima do Santo, sem que lhe queimassem um só cabelo. Ao mesmo tempo se espalhou um cheiro suavíssimo como se fossem queimados doces perfumes. Pavor apoderou-se dos inimigos. Mas, como quisessem ver morto o servo de Cristo, recebeu o algoz a ordem de matá-lo com a espada. Assim terminou o curso glorioso do grande Bispo que, segundo a afirmação dos judeus e pagãos, tinha sido o primeiro mestre dos cristãos e o inimigo mais implacável dos deuses. Os judeus quiseram por todo o transe evitar que o corpo do mártir, fosse entregue aos cristãos. Para este fim, mandaram dizer ao Procônsul: “Se entregares aos cristãos o corpo de Policarpo, eles abandonarão o Crucificado, para prestar honras divinas a este”. “Não sabiam” – assim se exprimem os cristãos que escreveram as atas do martírio – “que não podemos abandonar Jesus Cristo, para adorar um outro. É verdade que veneramos os mártires, mas só porque são discípulos e imitadores de Jesus Cristo, e deram ao seu Rei as provas mais claras de amor”. Para terminar a contenda entre judeus e cristãos, o capitão romano mandou lançar o corpo do mártir ao fogo. Diz ainda o protocolo: “Tiramos das cinzas os ossos, para nós mais preciosos que ouro e pedrarias, e depositamos num lugar conveniente, onde esperamos poder, com a graça de Deus, reuní-los, para festejar o dia do seu aniversário, isto é, o dia dos seu martírio”, que foi o dia 26 de janeiro de 155 ou 156. O túmulo de São Policarpo acha-se numa capela em Smirna.

Reflexões:

“Durante oitenta e seis anos servi a Cristo e nenhum mal ele me fez; como então poderia negá-lo agora e ultrajá-lo?” Palavras de ouro, dignas e um Apóstolo! As palavras de São Policarpo devem ser também teu lema. Nunca Deus te fez mal algum; pelo contrário: é teu maior benfeitor. Podes, com São Policarpo, também afirmar, que a gratidão te obriga a santificar-lhe o nome e fugir do pecado, que é um ultraje a Deus?

Policarpo conheceu ainda os Apóstolos e deles aprendeu a doutrina de Cristo, e no espírito apostólico pastoreou seu rebanho.

A vida do nobre Prelado nos é prova de que, já naquele tempo, as relíquias dos Santos eram muito honradas e os cristãos lhes tinham muita devoção. Esta devoção era tão extraordinária, que chamou a atenção dos próprios judeus, que chegaram a recear que os cristãos, pela veneração que demonstraram a Policarpo, o pudessem pôr no lugar de Cristo. Grandes honras os cristãos deram às relíquias de Santo Inácio de Antioquia, que deixara a vida entre os dentes dos leões. Muitos honrados foram os restos mortais de Santa Sinforosa e seus filhos, dos Santos Justino, Fótino, Epipódio, Alexandre e Sinforiano, que sofreram o martírio no 2º século . A doutrina da veneração das santas relíquias é tão antiga como a própria Igreja. Uma doutrina contrária a este culto foi como heresia anatematizada, no século 4.

Foto: São Policarpo
(23 de Fevereiro)

São Policarpo, converteu-se ao cristianismo no ano de 80, e teve a grande dita de ter sido discípulo do grande Apóstolo São João Evangelista, de quem recebeu o espírito e a doutrina de Jesus Cristo. Em 96 recebeu a sagração episcopal e foi-lhe confiada a diocese de Smirna. É possível que São João Evangelista no livro Apocalipse tenha-se referido a Policarpo quando escreveu: “Sei tua tribulação e pobreza, porém, és rico”, e mais adiante: “Se fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida”. (Apoc. 2,  9.).  O santo Bispo-mártir de Antioquia Inácio, alegrou-se muito com a visita de Policarpo, e escreveu duas epístolas importantes, uma a Policarpo e outra aos fiéis de Smirna, em que lhe dá sábios ensinamentos sobre a santa doutrina.

Policarpo administrou a diocese como verdadeiro Apóstolo, com firmeza e caridade, pela palavra e pelo exemplo. De sua  autoria existe uma epístola preciosíssima aos  Filipenses, cheia do mais belos ensinamentos e sábios conselhos. No tempo de São Jerônimo esta epístola costumava ser lida publicamente nas igrejas. Muitos infiéis converteram-se ao cristianismo, e para os fiéis Policarpo era verdadeiro Pastor. Já provecto em idade, fez uma viagem a Roma, para tratar com o Papa Aniceto sobre a célebre questão da Páscoa. Em Roma encontrou muitos cristãos, que se tinham deixado enganar pelos hereges Valentim e Marcion, e conduziu-os ao caminho da verdade. Por Marcion perguntado, se  o conhecia, respondeu prontamente, que o conhecia, o filho mais velho de Satanás. De volta para a Ásia, encontrou na diocese o decreto de perseguição, publicado pelo imperador Marco Aurélio. Foi o princípio de horrores para a jovem Igreja. O governador de Smirna preludiou a perseguição, pela condenação de doze cristãos, que foram atirados às feras. Policarpo, vendo o rebanho em perigo, redobrou os esforços para conservá-lo na fé e confortá-lo na hora da tribulação. Os cristãos, por seu turno, inquietavam-se muito pela sorte do venerável Bispo. Para salvar-lhe a vida, levaram-no a um sítio fora da cidade, onde o esconderam aos olhos dos fiscais do governo. Três dias antes da sua prisão teve a revelação do martírio que o esperava. Em sonhos viu o travesseiro rodeado de fogo e disse aos amigos: “Meus irmãos, sei  que serei condenado à morte pelo fogo. Deus seja bendito, porque se digna de dar-me a coroa do martírio”. Três dias depois se cumpriu o que tinha predito.

A polícia do governador descobriu-lhe o esconderijo e Policarpo, embora lhe fosse fácil efetuar a fuga, entregou-se à autoridade. No caminho para a cidade se encontrou com Herodes, juiz de paz e com Nicetas, pai do mesmo. Estes homens, sem dúvida bem intencionados, insistiram com ele para que conservasse a vida e obedecesse à lei do imperador. Depois de muito discursar, o Bispo disse: “Não farei o que me aconselhais. Nem espada, nem fogo ou qualquer outra tortura, me fará renunciar a Cristo”.

Apresentado ao governador, este lhe perguntou se era Policarpo e ordenou-lhe que abjurasse a religião e injuriasse a Cristo. Policarpo respondeu: “Sim, sou Policarpo. Oitenta e seis anos são que completo no serviço de Jesus Cristo e Ele nunca me fez mal algum; como poderia injuriá-lo?” O governador, porém, continuou a insistir com muito empenho e disse: “Tenho as feras à minha disposição; se não obedeceres, serás atirado a elas!”  Policarpo: “Deixa-as vir!  Persisto no meu intento e não mudarei!”  O governador: “Se não tens medo das feras, temos ainda o fogo; este te porá manso!”  Policarpo: “Ameaças com um fogo que arde por algum tempo, para depois se apagar e nada sabes daquele fogo eterno, que é preparado para os ímpios. Não percas tempo!  Manda vir as feras ou faze o que quiseres. Sou cristão e não abandonarei a Cristo”.  Em dizer isto, o rosto resplandecia-lhe de satisfação, tanto que todos se admiraram, sem poder compreender, como um homem tão avançado em idade pudesse apresentar tamanho heroísmo.

O governador mandou apregoar em alta voz: “Policarpo é cristão, como ele mesmo confessou”. Os judeus e pagãos presentes unânimes exigiram sentença de morte e pediram que fosse queimado vivo. Em poucos minutos foi preparada a fogueira. Alguns queriam que o Santo fosse amarrado num pau, para impossibilitar a fuga. Policarpo, porém, tranqüilizou-os, dizendo: “Aquele que me dá a graça de sofrer a pena do fogo, há de dar-me também força para que fique imóvel no meio das labaredas”. Ataram-lhe então as mãos nas costas e puseram fogo.

Antes que o fogo chegasse a queimar-lhe o corpo venerável, o ancião elevou os olhos ao céu e disse: “Deus todo-poderoso, Pai de Jesus Cristo, vosso Filho Unigênito, por quem recebemos a graça de conhecer-Vos; Deus dos Anjos e das Potestades celestiais, Deus de todas as criaturas e de todo o povo dos justos, que vivem em vossa presença: graças vos dou porque me conservastes a vida até esta hora, para ser associado aos vossos mártires e participar do cálice de amargura do vosso Ungido, e na virtude do Espírito Santo ser ressuscitado para a vida eterna. Aceitei propício, em união àquele sacrifício que para vós preparastes, este meu holocausto e a mim mesmo, para que se cumpra o que me revelastes, Vós que sois Deus verdadeiro. Eu vos louvo em todas as coisas: eu vos bendigo; eu vos glorifico, pelo eterno Sumo Pontífice, Jesus Cristo, vosso dileto Filho, que convosco e o Espírito Santo é louvado e honrado por todos os séculos. Amém”.

Apenas tinha o Santo terminado a oração, quando subiram as labaredas com todo o vigor. Deus, porém, quis manifestar o seu poder e provar que não lhe faltavam os meios de proteger seu servo no meio do fogo. As chamas subiram de todos os lados, mas – ó maravilha! – formaram como que uma abóbada por cima do Santo, sem que lhe queimassem um só cabelo. Ao mesmo tempo se espalhou um cheiro suavíssimo como se fossem queimados doces perfumes. Pavor apoderou-se dos inimigos. Mas, como quisessem ver morto o servo de Cristo, recebeu o algoz a ordem de matá-lo com a espada. Assim terminou o curso glorioso do grande Bispo que, segundo a afirmação dos judeus e pagãos, tinha sido o primeiro mestre dos cristãos e o inimigo mais implacável dos deuses. Os judeus quiseram por todo o transe evitar que o corpo do mártir, fosse entregue aos cristãos. Para este fim, mandaram dizer ao Procônsul: “Se entregares aos cristãos o corpo de Policarpo, eles abandonarão o Crucificado, para prestar honras divinas a este”. “Não sabiam” – assim se exprimem os cristãos que escreveram as atas do martírio – “que não podemos abandonar Jesus Cristo, para adorar um outro. É verdade que veneramos os mártires, mas só porque são discípulos e imitadores de Jesus Cristo, e deram ao seu Rei as provas mais claras de amor”. Para terminar a contenda entre judeus e cristãos, o capitão romano mandou lançar o corpo do mártir ao fogo. Diz ainda o protocolo: “Tiramos das cinzas os ossos, para nós mais preciosos que ouro e pedrarias, e depositamos num lugar conveniente, onde esperamos poder, com a graça de Deus, reuní-los, para festejar o dia do seu aniversário, isto é, o dia dos seu martírio”, que foi o dia 26 de janeiro de 155 ou 156. O túmulo de São Policarpo acha-se numa capela em Smirna.

Reflexões:

“Durante oitenta e seis anos servi a Cristo e nenhum mal ele me fez; como então poderia negá-lo agora e ultrajá-lo?” Palavras de ouro, dignas e um Apóstolo!  As palavras de São Policarpo devem ser também teu lema. Nunca Deus te fez mal algum; pelo contrário: é teu maior benfeitor. Podes, com São Policarpo, também afirmar, que a gratidão te obriga a santificar-lhe o nome e fugir do pecado, que é um ultraje a Deus?

Policarpo conheceu ainda os Apóstolos e deles aprendeu a doutrina de Cristo, e no espírito apostólico pastoreou seu rebanho.

A vida do nobre Prelado nos é prova de que, já naquele tempo, as relíquias dos Santos eram muito honradas e os cristãos lhes tinham muita devoção. Esta devoção era tão extraordinária, que chamou a atenção dos próprios judeus, que chegaram a recear que os cristãos, pela veneração que demonstraram a  Policarpo, o pudessem pôr no lugar de Cristo. Grandes honras os cristãos deram às relíquias de Santo Inácio de Antioquia, que deixara a vida entre os dentes dos leões. Muitos honrados foram os restos mortais de Santa Sinforosa e seus filhos, dos Santos Justino, Fótino, Epipódio, Alexandre e Sinforiano, que sofreram o martírio no 2º século . A doutrina da veneração das santas relíquias é tão antiga como a própria Igreja. Uma doutrina contrária a este culto foi como heresia anatematizada, no século 4.

24 de Fevereiro

São Sérgio

Celebramos neste dia a santidade de vida do monge Sérgio que chegou ao martírio devido seu grande amor a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. São Sérgio vivia no deserto enquanto os cristãos estavam sendo perseguidos e entregando a vida em sacrifício de louvor.

Certa vez o santo monge e intercessor foi movido pelo Espírito Santo para ir à Cesareia, onde lá ele encontrou no centro da praça a imagem de Júpiter, que era considerado como o maior dos deuses entre os pagãos. Diante da imagem os sacerdotes pagãos acusavam os cristãos e os condenavam, com o motivo de serem eles os culpados da omissão dos deuses diante das necessidades do povo.

Encorajado por Deus, São Sérgio levantou-se para denunciar as mentiras e anunciar no poder do Espírito Santo o Evangelho. Depois de fazer um lindo trabalho de evangelização, São Sérgio foi preso e no século IV partiu para a Glória.

São Sérgio, rogai por nós!

Foto: São Sérgio
(24 de Fevereiro)

Celebramos neste dia a santidade de vida do monge Sérgio que chegou ao martírio devido seu grande amor a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. São Sérgio vivia no deserto enquanto os cristãos estavam sendo perseguidos e entregando a vida em sacrifício de louvor. 

Certa vez o santo monge e intercessor foi movido pelo Espírito Santo para ir à Cesareia, onde lá ele encontrou no centro da praça a imagem de Júpiter, que era considerado como o maior dos deuses entre os pagãos. Diante da imagem os sacerdotes pagãos acusavam os cristãos e os condenavam, com o motivo de serem eles os culpados da omissão dos deuses diante das necessidades do povo.

Encorajado por Deus, São Sérgio levantou-se para denunciar as mentiras e anunciar no poder do Espírito Santo o Evangelho. Depois de fazer um lindo trabalho de evangelização, São Sérgio foi preso e no século IV partiu para a Glória. 

São Sérgio, rogai por nós!

25 de Fevereiro

São Tarásio, Patriarca de Constantinopla

São Tarásio, natural de Constantinopla, foi um dos Patriarcas mais célebres da Igreja oriental. O pai, nobre patrício e bom cristão, teve todo empenho em proporcionar-lhe uma boa educação. O filho satisfez perfeitamente aos desejos e esperanças do progenitor, tanto que, uma vez conhecido na sociedade, era objeto da admiração de todos, por causa do seu saber e belo caráter. Abriam-se-lhe ao futuro as perspectivas mais risonhas e prometedoras. Convidado pelo imperador Constantino V e sua esposa Irene, ocupou o cargo de cônsul e mais tarde de secretário do Estado. Os atrativos do mundo, o brilho de posições elevadas não conseguiram entretanto, ofuscar-lhe a vista. A vida na corte, tão cheia de seduções e escolhos para a virtude, em nada lhe modificou os sentimentos de piedade e a sobriedade de seu caráter. A todos e em todas as emergências, dava o exemplo de cristão reto.

Havia no Oriente uma seita, que combatia o culto das imagens, chamada a dos iconoclastas. Paulo III, Patriarca de Constantinopla embora merecedor dos maiores elogios, como Prelado virtuosíssimo e caridoso que era, teve a fraqueza de não se opor à perniciosa seita, com a energia que as circunstâncias exigiam, tanto que a opinião de muitos católicos o acoimava como fautor da mesma. Uma doença grave, que Deus lhe mandou, abriu-lhe os olhos. Muito arrependido do erro que cometera, renunciou o cargo e retirou-se para a solidão, a fim de fazer penitência. Tão firme ficou nesse propósito, que amigos íntimos não o puderam demover do intento. Uma visita da própria imperatriz Irene, (esposa de Leão IV) e suas insistências para que voltasse ao cargo, não tiveram melhor resultado.

Paulo tomou o hábito de monge e propôs Tarásio para seu sucessor. A indicação não podia ser mais acertada, apesar de Tarásio se opor com toda a força. Paulo morreu pouco depois e Tarásio recebeu a sagração patriarcal, na festa de Natal de 784. Uma das condições principais, sob as quais Tarásio tinha aceito o cargo de Patriarca, fora a convocação de um Concílio, que decidisse a questão do culto das imagens. O Concílio realizou-se em Nicéia, na Bitinia, e o resultado foi à anatematização da heresia dos iconoclastas.

Tarásio, na compreensão nítida da alta missão de Bispo e Patriarca, praticou as virtudes cristãs, procurando ao mesmo tempo implantá-las na alma do povo. A todos dava o exemplo da caridade prática, convidando a pobreza para com ele partilhar as refeições em palácio. Esta praxe não teve a aprovação de todos, e houve quem o censurasse por isso, querendo fazer-lhe ver que a caridade assim compreendida e efetuada, não conduzia a dignidade que representava, como Patriarca. “Minha ambição única, respondia Tarásio, é imitar Nosso Senhor Jesus Cristo, que viveu para servir aos outros e não para ser servido”.

Para que o povo tivesse sempre mestres que o instruíssem na religião e o defendessem contra as heresias, Tarásio fundou alguns conventos e tudo fez para que nada faltasse ao rebanho, que a Divina Providência aos seus cuidados confiara.

Tanto zelo, tanta dedicação não podia subsistir, sem que o inferno contra eles se enfurecesse. Não só iconoclastas, como também maus católicos, moveram uma campanha atroz contra o Prelado. À campanha aberta preferiram a encoberta, e muitos meses não se passaram, sem que Tarásio se visse emaranhado nas malhas de calúnias de toda espécie.

O Bispo opôs à vil campanha as armas da fé em Deus, da paciência e da caridade.

O imperador, tomado de amores ilícitos por uma dama da corte, acusando a esposa de tentativa de morte por veneno, requereu do Patriarca o divórcio, para contrair matrimónio com Teodata, era esse o nome da adúltera. Tarásio opôs-se ao alvitre do monarca, pediu-lhe que desistisse do ímpio projeto e ameaçou-o com os efeitos da vingança divina. Constantino, cego de paixão, não tomando em consideração as advertências e conselhos do Patriarca, exigiu-lhe a aprovação do casamento com Teodata, alegando – infelizmente com razão – a atitude de Patriarcas anteriores, em condições idênticas. Tarásio, porém, ficou firme e disse: “Mais temo cair em desagrado do Rei dos reis, que perder as boas graças de um rei mortal”. Constantino, uma vez no caminho dos desregramentos, adotou o sistema monárquico absoluto, afastando a mãe da gerência nas coisas de política. Irene soube vingar-se. Se no princípio disfarçadamente, mais tarde fez guerra aberta ao filho; moveu contra ele elementos poderosos militares. Constantino foi preso; por ordem da mãe arrancaram-lhe os olhos, com tanta crueldade, que morreu em conseqüência disso. Irene subiu novamente ao trono, mas seu governo pouca duração teve. Vento semeara, tempestade havia de colher e colheu. Em 802 foi derrubada do poder e desterrada para Lesbos, onde morreu desgostosa.

Pela morte de Constantino, voltaram para Tarásio dias de sossego, que não mais foi perturbado por novas lutas. Tanto Irene, como seu sucessor Nicéforo, deixaram a Igreja em paz. Vinte e dois anos pode Tarásio governar o patriarcado, dedicando-se de corpo e alma aos trabalhos na vinha de Cristo.

Embora já velho e doente, celebrava todos os dias o santo sacrifício da Missa, preparando-se assim santamente para a morte.

Antes de entregar a alma ao eterno repouso o demônio armou-lhe uma luta terrível, molestando e martirizando-o com pensamentos de desespero. Pessoas que o puderam observar de perto, viram-no tremer no corpo todo, acusando sinais de temor e de angustia. Uma outra vez ouviram exclamar: “Não fiz tal coisa! É mentira!” – “Sim, isto eu fiz, mas confessei-me sinceramente e espero de Deus misericórdia”. – Os circunstantes, observando esta luta entre a alma e o demônio, puseram-se a rezar fervorosamente. Tarásio, livre daquele pesadelo terrível, serenamente entregou a alma a Deus em 806.

Quatorze anos depois da morte de Tarásio, o imperador Leão, amigo dos iconoclastas, viu em sonhos o falecido Patriarca que lhe lançava olhares ameaçadores, dando a um tal Miguel ordem para que o matassem. Em vão procurou Leão descobrir esse Miguel. Seis dias depois foi assassinado por Miguel, o Gago, que se apoderou do trono imperial.

Reflexões:

O culto das imagens tem inimigos também em nossos dias. Os protestantes, invocando a autoridade bíblica, reprovam a veneração das imagens e chamam-nos de idólatras. De Deus Padre, do Espírito Santo, do mistério da Eucaristia, dos Anjos, temos apenas emblemas, símbolos, não imagens. Imagem só se pode fazer de pessoas visíveis, como de Nosso Senhor, de Nossa Senhora, dos santos Apóstolos, etc. A veneração das imagens é antiqüíssima na Igreja e de origem apostólica. Não veneramos a imagem em si, não se lhe dando de que matéria a mesma seja feita ou possua um poder sobrenatural ou maravilhoso, o que seria superstição e idolatria. Veneramos as imagens, por serem representações de pessoas que amamos e veneramos. Venerando uma imagem sacra, mostramos: 1º O nosso afeto à pessoa por ela representada, como temos amor ao retrato de pessoas queridas; 2º reanimamo-nos na fé e na imitação das virtudes dos Santos; 3º excitamos a nossa devoção e o nosso amor a Deus e aos seus santos Servos.

Vemos que os próprios Santos passam pelo fogo da tentação e da tribulação. O demónio é um terrível acusador. Na hora de nossa morte não faltará sua presença. Oxalá, como São Tarásio, possamos-lhe responder de consciência tranquila e repelir as acusações, que contra nós levantará – “A confissão – diz Santo Agostinho fecha as fauces do inferno e abre as portas do paraíso”. Confiemos em Deus e façamos boa confissão dos nossos pecados. – Deus é fiel e justo para perdoar-nos os pecados e purificar-nos de toda a iniquidade”. (I Jo. 1, 9).

Foto: São Tarásio, Patriarca de Constantinopla
(25 de Fevereiro)

São Tarásio, natural de Constantinopla, foi um dos Patriarcas mais célebres da Igreja oriental. O pai, nobre patrício e bom cristão, teve todo empenho em proporcionar-lhe uma boa educação. O filho satisfez perfeitamente aos desejos e esperanças do progenitor, tanto que, uma vez conhecido na sociedade, era objeto da admiração de todos, por causa do seu saber e belo caráter. Abriam-se-lhe ao futuro as perspectivas mais risonhas e prometedoras. Convidado pelo imperador Constantino V e sua esposa Irene, ocupou o cargo de cônsul e mais tarde de secretário do Estado. Os atrativos do mundo, o brilho de posições elevadas não conseguiram entretanto, ofuscar-lhe a vista. A vida na corte, tão cheia de seduções e escolhos para a virtude, em nada lhe modificou os sentimentos de piedade e a sobriedade de seu caráter. A todos e em todas as emergências, dava o exemplo de cristão reto.

Havia no Oriente uma seita, que combatia o culto das imagens, chamada a dos iconoclastas. Paulo III, Patriarca de Constantinopla embora merecedor dos maiores elogios, como Prelado virtuosíssimo e caridoso que era, teve a fraqueza de não se opor à perniciosa seita, com a energia que as circunstâncias exigiam, tanto que a opinião de muitos católicos o acoimava como fautor da mesma. Uma doença grave, que Deus lhe mandou, abriu-lhe os olhos. Muito arrependido do erro que cometera, renunciou o cargo e retirou-se para a solidão, a fim de fazer penitência. Tão firme ficou nesse propósito, que amigos íntimos não o puderam demover do intento. Uma visita da própria imperatriz Irene, (esposa de Leão IV) e suas insistências para que voltasse ao cargo, não tiveram melhor resultado.

Paulo tomou o hábito de monge e propôs Tarásio para seu sucessor. A indicação não podia ser mais acertada, apesar de Tarásio se opor com toda a força. Paulo morreu pouco depois e Tarásio recebeu a sagração patriarcal, na festa de Natal de 784. Uma das condições principais, sob as quais Tarásio tinha aceito o cargo de Patriarca, fora a convocação de um Concílio, que decidisse a questão do culto das imagens. O Concílio realizou-se em Nicéia, na Bitinia, e o resultado foi à anatematização da heresia dos iconoclastas.

Tarásio, na compreensão nítida da alta missão de Bispo e Patriarca, praticou as virtudes cristãs, procurando ao mesmo tempo implantá-las na alma do povo. A todos dava o exemplo da caridade prática, convidando a pobreza para com ele partilhar as refeições em palácio. Esta praxe não teve a aprovação de todos, e houve quem o censurasse por isso, querendo fazer-lhe ver que a caridade assim compreendida e efetuada, não conduzia a dignidade que representava, como Patriarca. “Minha ambição única, respondia Tarásio, é imitar Nosso Senhor Jesus Cristo, que viveu para servir aos outros e não para ser servido”.

Para que o povo tivesse sempre mestres que o instruíssem na religião e o defendessem contra as heresias, Tarásio fundou alguns conventos e tudo fez para que nada faltasse ao rebanho, que a Divina Providência aos seus cuidados confiara.

Tanto zelo, tanta dedicação não podia subsistir, sem que o inferno contra eles se enfurecesse. Não só iconoclastas, como também maus católicos, moveram uma campanha atroz contra o Prelado. À campanha aberta preferiram a encoberta, e muitos meses não se passaram, sem que Tarásio se visse emaranhado nas malhas de calúnias de toda espécie.

O Bispo opôs à vil campanha as armas da fé em Deus, da paciência e da caridade.

O imperador, tomado de amores ilícitos por uma dama da corte, acusando a esposa de tentativa de morte por veneno, requereu do Patriarca o divórcio, para contrair matrimônio com Teodata, era esse o nome da adúltera. Tarásio opôs-se ao alvitre do monarca, pediu-lhe que desistisse do ímpio projeto e ameaçou-o com os efeitos da vingança divina. Constantino, cego de paixão, não tomando em consideração as advertências e conselhos do Patriarca, exigiu-lhe a aprovação do casamento com Teodata, alegando – infelizmente com razão – a atitude de Patriarcas anteriores, em condições idênticas. Tarásio, porém, ficou firme e disse: “Mais temo cair em desagrado do Rei dos reis, que perder as boas graças de um rei mortal”. Constantino, uma vez no caminho dos desregramentos, adotou o sistema monárquico absoluto, afastando a mãe da gerência nas coisas de política. Irene soube vingar-se. Se no princípio disfarçadamente, mais tarde fez guerra aberta ao filho; moveu contra ele elementos poderosos militares. Constantino foi preso; por ordem da mãe arrancaram-lhe os olhos, com tanta crueldade, que morreu em conseqüência disso. Irene subiu novamente ao trono, mas seu governo pouca duração teve. Vento semeara, tempestade havia de colher e colheu. Em 802 foi derrubada do poder e desterrada para Lesbos, onde morreu desgostosa.

Pela morte de Constantino, voltaram para Tarásio dias de sossego, que não mais foi perturbado por novas lutas. Tanto Irene, como seu sucessor Nicéforo, deixaram a Igreja em paz. Vinte e dois anos pode Tarásio governar o patriarcado, dedicando-se de corpo e alma aos trabalhos na vinha de Cristo.

Embora já velho e doente, celebrava todos os dias o santo sacrifício da Missa, preparando-se assim santamente para a morte.

Antes de entregar a alma ao eterno repouso o demônio armou-lhe uma luta terrível, molestando e martirizando-o com pensamentos de desespero. Pessoas que o puderam observar de perto, viram-no tremer no corpo todo, acusando sinais de temor e de angustia. Uma outra vez ouviram exclamar: “Não fiz tal coisa! É mentira!” – “Sim, isto eu fiz, mas confessei-me sinceramente e espero de Deus misericórdia”. – Os circunstantes, observando esta luta entre a alma e o demônio, puseram-se a rezar fervorosamente. Tarásio, livre daquele pesadelo terrível, serenamente entregou a alma a Deus em 806.

Quatorze anos depois da morte de Tarásio, o imperador Leão, amigo dos iconoclastas, viu em sonhos o falecido Patriarca que lhe lançava olhares ameaçadores, dando a um tal Miguel ordem para que o matassem. Em vão procurou Leão descobrir esse Miguel. Seis dias depois foi assassinado por Miguel, o Gago, que se apoderou do trono imperial.

Reflexões:

O culto das imagens tem inimigos também em nossos dias. Os protestantes, invocando a autoridade bíblica, reprovam a veneração das imagens e chamam-nos de idólatras. De Deus Padre, do Espírito Santo, do mistério da Eucaristia, dos Anjos, temos apenas emblemas, símbolos, não imagens. Imagem só se pode fazer de pessoas visíveis, como de Nosso Senhor, de Nossa Senhora, dos santos Apóstolos, etc. A veneração das imagens é antiqüíssima na Igreja e de origem apostólica. Não veneramos a imagem em si, não se lhe dando de que matéria a mesma seja feita ou possua um poder sobrenatural ou maravilhoso, o que seria superstição e idolatria. Veneramos as imagens, por serem representações de pessoas que amamos e veneramos. Venerando uma imagem sacra, mostramos: 1º O nosso afeto à pessoa por ela representada, como temos amor ao retrato de pessoas queridas; 2º reanimamo-nos na fé e na imitação das virtudes dos Santos; 3º excitamos a nossa devoção e o nosso amor a Deus e aos seus santos Servos.

Vemos que os próprios Santos passam pelo fogo da tentação e da tribulação. O demônio é um terrível acusador. Na hora de nossa morte não faltará sua presença. Oxalá, como São Tarásio, possamos-lhe responder de consciência tranqüila e repelir as acusações, que contra nós levantará – “A confissão – diz Santo Agostinho fecha as fauces do inferno e abre as portas do paraíso”. Confiemos em Deus e façamos boa confissão dos nossos pecados. – Deus é fiel e justo para perdoar-nos os pecados e purificar-nos de toda a iniqüidade”. (I Jo. 1,  9).

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Santa Valburga

Santa Valburga nasceu no ano de 710. Era filha de São Ricardo, rei dos Saxões do Oeste. Santa Valburga tinha dois irmãos: o bispo Vilibaldo e o monge Vunibaldo. Durante uma peregrinação com seu pai, mãe e irmãos aos Lugares Santos, Santa Valburga retirou-se numa abadia. E foi ali que descobriu a beleza do chamado de Deus, consagrando-se inteiramente ao Senhor. Seu pai veio a falecer durante a viagem de volta dessa peregrinação.

Em 748, foi enviada por sua abadessa à Alemanha, junto com outras religiosas, para fundar e implantar mosteiros e escolas entre populações recém-convertidas. Na viagem, uma grande tempestade foi aplacada pelas preces de Valburga, por ela Deus já operava milagres. Naquele país, foi recebida e apoiada pelo bispo Bonifácio, seu tio, que consolidava um grande trabalho de evangelização, auxiliado pelos sobrinhos missionários.

Designou a sobrinha para a diocese de Eichestat onde Vunibaldo havia construído um mosteiro em Heidenheim e tinha projeto para um feminino na mesma localidade. Ambos concluíram o novo mosteiro e Valburga eleita a abadessa. Após a morte do irmão, ela passou a dirigir os dois mosteiros, função que exerceu durante dezessete anos. Nessa época transpareceu a sua santidade nos exemplos de sua mortificação, bem como no seu amor ao silêncio e na sua devoção ao Senhor. As obras assistenciais executadas pelos seus religiosos fizeram destes mosteiros os mais famosos e procurados de toda a região.

Valburga se entregou a Deus de tal forma que os prodígios aconteciam com frequência. Os mais citados são: o de uma luz sobrenatural que envolveu sua cela enquanto rezava, presenciada por todas as outras religiosas e o da cura da filha de um barão, depois de uma noite de orações ao seu lado.

Morreu no dia 25 de fevereiro de 779 e seu corpo foi enterrado no mosteiro de Heidenheim, onde permaneceu por oitenta anos. Mas, ao ser trasladado para a igreja de Eichestat, quando de sua canonização, em 893, o seu corpo foi encontrado ainda intacto. Além disso, das pedras do sepulcro brotava um fluído de aroma suave, como um óleo fino, fato que se repetiu sob o altar da igreja onde o corpo foi colocado.

Nesta mesma cerimônia, algumas relíquias da Santa foram enviadas para a França do Norte, onde o rei Carlos III, o Simples, havia construído no seu palácio de Atinhy, uma igreja dedicada a Santa Valburga. O seu culto, em 25 de fevereiro, se espalhou rápido, porque o óleo continuou brotando. Atualmente é recolhido em concha de prata e guardado em garrafinhas distribuídas para o mundo inteiro. Os devotos afirmam que opera milagres.

Santa Valburga, rogai por nós!

Foto: Santa Valburga
(25 de Fevereiro)

Santa Valburga nasceu no ano de 710. Era filha de São Ricardo, rei dos Saxões do Oeste. Santa Valburga tinha dois irmãos: o bispo Vilibaldo e o monge Vunibaldo. Durante uma peregrinação com seu pai, mãe e irmãos aos Lugares Santos, Santa Valburga retirou-se numa abadia. E foi ali que descobriu a beleza do chamado de Deus, consagrando-se inteiramente ao Senhor. Seu pai veio a falecer durante a viagem de volta dessa peregrinação.

Em 748, foi enviada por sua abadessa à Alemanha, junto com outras religiosas, para fundar e implantar mosteiros e escolas entre populações recém-convertidas. Na viagem, uma grande tempestade foi aplacada pelas preces de Valburga, por ela Deus já operava milagres. Naquele país, foi recebida e apoiada pelo bispo Bonifácio, seu tio, que consolidava um grande trabalho de evangelização, auxiliado pelos sobrinhos missionários. 

Designou a sobrinha para a diocese de Eichestat onde Vunibaldo havia construído um mosteiro em Heidenheim e tinha projeto para um feminino na mesma localidade. Ambos concluíram o novo mosteiro e Valburga eleita a abadessa. Após a morte do irmão, ela passou a dirigir os dois mosteiros, função que exerceu durante dezessete anos. Nessa época transpareceu a sua santidade nos exemplos de sua mortificação, bem como no seu amor ao silêncio e na sua devoção ao Senhor. As obras assistenciais executadas pelos seus religiosos fizeram destes mosteiros os mais famosos e procurados de toda a região.

Valburga se entregou a Deus de tal forma que os prodígios aconteciam com frequência. Os mais citados são: o de uma luz sobrenatural que envolveu sua cela enquanto rezava, presenciada por todas as outras religiosas e o da cura da filha de um barão, depois de uma noite de orações ao seu lado.

Morreu no dia 25 de fevereiro de 779 e seu corpo foi enterrado no mosteiro de Heidenheim, onde permaneceu por oitenta anos. Mas, ao ser trasladado para a igreja de Eichestat, quando de sua canonização, em 893, o seu corpo foi encontrado ainda intacto. Além disso, das pedras do sepulcro brotava um fluído de aroma suave, como um óleo fino, fato que se repetiu sob o altar da igreja onde o corpo foi colocado.

Nesta mesma cerimônia, algumas relíquias da Santa foram enviadas para a França do Norte, onde o rei Carlos III, o Simples, havia construído no seu palácio de Atinhy, uma igreja dedicada a Santa Valburga. O seu culto, em 25 de fevereiro, se espalhou rápido, porque o óleo continuou brotando. Atualmente é recolhido em concha de prata e guardado em garrafinhas distribuídas para o mundo inteiro. Os devotos afirmam que opera milagres.

Santa Valburga, rogai por nós!

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Beato Sebastião de Aparício

Nasceu em Gudinha Galícia (Espanha) em 20 de janeiro de 1502. Quando criança contagiou-se por ocasião de uma epidemia. Os enfermos eram obrigados a viver apartados e sua mãe o levou a uma solitária choupana. Ali uma loba o mordeu e com a hemorragia curou-se a enfermidade. Desde então teve um especial amor e influência com os animais.

Lhe agradava a vida do campo por sua paz e contato íntimo com Deus. Ainda que não tivesse ido à escola, nem aprendido a ler ou escrever, desenvolveu muitas habilidades úteis: construção de edifícios e fabricação de carros, cultivo, toda classe de trabalho rural, etc. Pastoreou as ovelhas de seu pai até a idade de 20 anos, quando se foi como mordomo em uma fazenda situada em Salamanca que pertencia a uma jovem viúva, formosa e rica. Ela enamorou-se dele. Para não cair na tentação, Sebastião deixou o lugar e foi á Zafra, para trabalhar em outra fazenda ao serviço de Pedro de Figueroa, parente do duque de Feria. Porém ali, uma das filhas do dono também começou a rondar-lhe. Voltou a mudar-se, desta vez a Saluncar de Barrameda, onde partiam os barcos para a América. Trabalhou ali sete anos com bom salário e pôde enviar às suas irmãs o dote que se costumava recolher para o matrimônio. Porém, nesse lugar, foi outra vez assediado por moças. Quando a filha do seu patrão passou a lhe assediar em namoro, decidiu embarcar para a América, onde viveria o resto de sua vida.

Desembarcando em Puebla, México, recém-fundada, Sebastião pôs seus diversos talentos em bom uso. Lhe ajudaram inicialmente sua avantajada força física. Havia grande escassez de carros de carga animal. Ele fundou uma empresa onde os construía e fazia transportes. Ajudou também a construir estradas já que por Puebla passava o tráfego entre Vera Cruz e a cidade do México. Auxiliava aos índios e aos pobres, ensinando-lhes suas artes.

Em 1542 Sebastião se muda para a Cidade do México com a finalidade de fundar uma empresa de carros maior. Abriu o primeiro caminho de carros a Zacatecas, empreendimento audaz não só pela distância mas porque atravessava região habitada por índios Chichimecas, então temidos e perigosos. Durante dez anos transportou viajantes e mineiros das minas Zacatecas à Casa da Moeda do México. Em certa ocasião foi assaltado, enquanto transportava mercadorias, por um bando de índios Chichimecas que inicialmente não reconheceram a Sebastião. Porém, quando deram-se conta disso imediatamente o liberaram. “Tu tens sido sempre como um bom pai conosco – disseram – A ti, não faremos dano”.

Com a idade de 50 anos, depois de 18 anos, se retira do comércio das estradas e se estabelece em uma fazenda em Tlalnepantla, próximo à Cidade do México. Pelos bens que havia ganhado com seu trabalho o chamam “Aparício, o Rico”. Em Chapultepec, nos arredores do México, adquire uma fazenda de criação de gado. Sem embargo, vivia com impressionante simplicidade: não tinha cama, mas dormia em um estrado , comia as mesmas refeições dos índios e vestia-se humildemente. Utilizava seus recursos para fazer de sua fazenda um centro de misericórdia para todos. Os trabalhadores de sua fazenda eram tratados com todo respeito, como amigos. A vários arrendatários, lhes escriturou terras para que formassem suas próprias propriedades rurais. Enquanto era comum que os fazendeiros tivessem muitos escravos, só tinha um e este era tratado como um filho, até que acabou concedendo-lhe a liberdade. Porém, o escravo sentia-se tão bem junto a Sebastião que continuou ali como seu empregado.

DOIS MATRIMÔNIOS
Em Chapultepec contrai uma enfermidade muito grave e recebe os últimos sacramentos. Recuperada a saúde, lhe recomendam que se case e encomenda de fato a Deus, com muita oração, a possibilidade de casar-se. Finalmente, aos 60 anos, em 1562, casa-se com a filha de um amigo vizinho de Chapultepec na igreja dos franciscanos de Tacuba, vivendo com sua esposa vida virginal. Seus sogros pensavam em buscar a anulação do matrimônio, quando a esposa acaba morrendo no primeiro ano de casados. Aparício, depois de entregar a seus sogros 2.000 pesos como dote, retorna a Atzcapotzalco.

Ali contraiu um segundo matrimônio aos 67 anos. Foi também este um matrimônio virginal, como Sebastião o assegura em cláusula do testamento de então: “Para maior glória e honra de Deus declaro que minha mulher permanece virgem, como a recebi de seus pais, porque me casei com ela para ter algum privilégio em sua companhia, por achar-me muito só e para ampará-la e servi-la em minha fazenda”. Ela também morre antes de completar-se um ano em um acidente, ao cair de uma árvore enquanto recolhia frutas. Aparício a quis muito, como também a sua primeira esposa, e delas dizia muitos anos depois que “havia criado duas pombinhas para o céu, brancas como a neve”.

VIDA RELIGIOSA
Seu confessor lhe recomenda que ajude as irmãs clarissas que estavam passando miséria. No ano de 1573 cede às clarissas todos os seus bens, que ultrapassavam cerca de 20.000 pesos, ficando com 1000 pesos somente, como lhe pediu o confessor por precaução, se não perseverasse. Passou ele a servir-lhes na qualidade de porteiro.

Em 09 de junho de 1574, aos 72 anos de idade, recebe o hábito franciscano no convento do México. Dá, desde o início, grande exemplo de humildade, fazendo qualquer serviço com prontidão. Sofre muito, em parte pelo trato dos jovens do noviciado e porque seus superiores, ao vê-lo tão velho, não se decidem em deixar-lhe professar. Por fim, aos 73 anos de idade, em 13 de junho de 1575 recita a solene fórmula:

«Eu, frei Sebastião de Aparício, faço voto e prometo a Deus viver em obediência, sem coisa alguma própria e castidade, viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, guardando a Regra dos Frades Menores ».

E um frade firma por ele, pois é analfabeto.

Por aquele convento passou outro franciscano chamado por Deus a ser mártir no Japão: São Felipe de Jesus.

ESMOLER
O frade ancião vai ao seu primeiro destino caminhando 30 KM ao leste de Puebla. É o convento de Santiago de Tecali. Ali é o único irmão leigo e serve nos trabalhos mais humildes. Logo o chamam de volta a Puebla, onde o intenso trabalho dos frades requer um bom esmoler. Sua fórmula era: "Te guarde Deus, irmão. Há algo que dar, por Deus, a São Francisco?". Enquanto tanto dava aos pobres muitas vezes sua própria roupa, repartia dos bens que havia recolhido para o convento.

Disse, quando já ancião, ao seu superior: "Pensa, padre Guardião, que eu gosto de dormir no campo e sem coberta?; não, mas porque este velho verme deve padecer no corpo, porque se não fazemos penitência, não iremos ao céu".

DEVOTO DA VIRGEM MARIA
Percorria a região com seu hábito franciscano, Rosário nas mãos, com o qual sempre caminhava rezando. Em uma festa da Virgem, chega frei Sebastião ao convento de Cholula no momento da comunhão e se aproxima a comungar. Quando depois, estando em ação de graças, se lhe aparece a Virgem. Quando o padre Sancho de Landa se lhe interpõe, lhe diz o irmão Aparício: "Atenção, atenção, não vêem aquela grande Senhora, que desce pelas escadas? Olhem! Não é muito formosa?" O padre Sancho, não vendo nada, disse: "Estais louco, Sebastião, onde está a mulher?" Porém, logo compreendeu que se tratava de uma visão do santo Irmão.

Impugnado pelos demônios
Sebastião sofreu muitas impugnações do demônio. Nas clarissas do México os combates contra o maligno eram tão fortes, que a abadessa lhe pôs dois homens para sua defesa, porém, saíram tão fracos e aterrados por dois leões, que por nada do mundo aceitaram voltar para cumprir tal ofício.

Já do frade, segundo conta o Dr. Pareja, o demônio "lhe tirava de sua pobre cama a pouco roupa com que se cobria e, jogando-a fora pela janela do dormitório, o deixava duro de frio quase ao ponto de tirar-lhe a vida. Outras vezes, dando-lhe grandes golpes, o atormentava e enfraquecia; outras o o pegava e arremessava para o alto, deixando-o cair como quem joga uma bola, para o inquietar e atormentar; de forma que muitas vezes se viu desconsolado e aflito".

Os ataques continuaram em muitas ocasiões. Em uma delas, os demônios lhe disseram que iam derrubá-lo porque Deus lhes havia dado ordem de fazê-lo. Ao que respondeu Sebastião muito tranqüilo: "Pois se Deus os mandou, o que esperais? Fazei o que Ele os manda, que eu estou muito feliz de fazer o que a Deus agrada".

CONSOLADO POR ANJOS
Também recebeu consolações do céu. Teve visões de São Francisco e do apóstolo São Tiago, que lhe confirmaram em sua vocação. Teve grande devoção aos anjos, especialmente ao de sua guarda e experimentou muitas vezes seus favores.

Uma vez se lhe atolou a carreta no barro e se lhe apresentou um jovem vestido de branco para oferecer sua ajuda. "Que ajuda me podeis dar, lhe disse, quando oito bois não podem movê-la!". Porém, quando vê que o jovem tirou o carro com toda facilidade, comenta em voz alta: "Certamente que não sois daqui!"

Regressava frei Sebastião com seu carro bem carregado, de Tlaxcala a Puebla, quando se lhe rompeu um eixo. Não havendo no momento remédio humano possível, invoca a São Francisco, e o carro continuou rodando como antes. E a um que lhe disse assombrado ao ver esta cena: "Padre Aparício, que diremos disto?", lhe contesta simplesmente: "Quê havemos de dizer, senão que meu pai São Francisco vai segurando a roda para que não caia".

SUA RELAÇÃO COM AS CRIATURAS
Em certa ocasião, carregando pedras para a construção do convento de Puebla, a um boi exausto teve que desuni-lo. Frei Sebastião, para continuar com o trabalho, tomou com seu cordão franciscano a uma vaca que estava por ali com seu terneiro e, sem que ela resistisse, lhe pôs o jugo da carreta. Ao terneirinho que protestava sem cessar com grandes e consecutivos mugidos, lhe pediu silêncio, e ele calou.

Regressando uma vez de Atlixco com algumas carretas bem carregadas de trigo, se detém frei Aparício para descansar, momento em que uma imensidão de formigas aproveitam para fazer seu trabalho. "Padre, disse um índio, as formigas estão furtando o trigo a toda pressa, e se não o remediar, levarão tudo". Frei Sebastião se aproxima e com ar sério, diz às formigas: "De São Francisco é o trigo que estão furtando; agora, olhem o que estão fazendo!". Foi o suficiente para que as formigas devolvessem tudo que haviam furtado.

Conta-se que durante uma outra viagem, deitou-se sobre um formigueiro de formigas bravas. Quando acordou-se, estas haviam feito um grande círculo em seu redor.

FINAL DA VIDA
Aos 98 anos sentiu que iria morrer por causa de uma hérnia. Chegou ao convento e caiu prostrado no solo ao modo de São Francisco. Pediu aos franciscanos que rezassem o credo e quando diziam: "Creio na ressureição da da carne e na vida eterna", caiu morto.

Muitíssimos habitantes da Puebla assistiram a seu enterro. Duas vezes foi desenterrado seu cadáver e nas duas apareceu incorrupto. 968 milagres foram documentados em seu processo de beatificação, promulgada em 1789. Atualmente, seu corpo incorrupto descansa em uma urna de cristal no convento franciscano de Puebla dos Angeles no México.

Foto: Beato Sebastião de Aparício
(25 de Fevereiro)

Nasceu em Gudinha Galícia (Espanha) em 20 de janeiro de  1502. Quando criança contagiou-se por ocasião de uma epidemia. Os enfermos eram obrigados a  viver apartados  e  sua mãe o levou a  uma solitária choupana.  Ali uma loba o mordeu e  com a  hemorragia curou-se a  enfermidade. Desde então teve um especial amor e  influência com os  animais. 

Lhe agradava a  vida do campo por sua paz e contato íntimo com Deus. Ainda que não tivesse ido à escola, nem aprendido a  ler ou escrever, desenvolveu muitas habilidades úteis: construção de  edifícios e fabricação de carros, cultivo, toda classe de  trabalho rural, etc.  Pastoreou as  ovelhas de  seu pai até a idade de 20 anos, quando se foi como mordomo em uma fazenda situada  em Salamanca que pertencia a  uma jovem viúva, formosa e rica. Ela enamorou-se dele.  Para não cair na tentação, Sebastião deixou o lugar e  foi á Zafra, para trabalhar em outra fazenda ao serviço de Pedro de Figueroa, parente do duque de Feria. Porém ali, uma das filhas do dono também começou a rondar-lhe. Voltou a mudar-se, desta vez a Saluncar de Barrameda, onde partiam os barcos para a América. Trabalhou ali sete anos com bom salário e  pôde enviar às suas irmãs o dote  que se costumava recolher para o matrimônio.  Porém, nesse lugar, foi outra vez  assediado por moças. Quando a filha do seu patrão passou a lhe assediar em namoro, decidiu  embarcar para a América, onde viveria o resto de sua vida.

Desembarcando em Puebla, México, recém-fundada, Sebastião pôs seus diversos talentos em bom uso. Lhe ajudaram inicialmente sua avantajada força física. Havia grande escassez de carros de carga animal.  Ele fundou uma empresa onde os  construía e  fazia transportes.  Ajudou também a  construir estradas  já que por Puebla passava o tráfego entre Vera Cruz e a  cidade do México. Auxiliava aos  índios e  aos pobres, ensinando-lhes suas artes.

Em 1542 Sebastião se muda para a Cidade do México com a finalidade de  fundar uma empresa de  carros maior.  Abriu o primeiro caminho de carros a  Zacatecas, empreendimento audaz não só pela distância mas porque atravessava região habitada por índios Chichimecas, então temidos e perigosos. Durante dez anos transportou viajantes e mineiros das minas Zacatecas à Casa da Moeda do México. Em certa ocasião foi assaltado, enquanto transportava mercadorias,  por um bando de índios Chichimecas que inicialmente não reconheceram a Sebastião. Porém, quando deram-se conta disso imediatamente o liberaram. “Tu tens sido sempre como um bom pai conosco – disseram – A ti, não faremos dano”.

Com a  idade de  50 anos, depois de  18 anos, se retira do comércio das estradas e  se estabelece em uma fazenda em Tlalnepantla, próximo à Cidade do México. Pelos bens  que havia ganhado com seu trabalho o chamam “Aparício, o Rico”. Em Chapultepec, nos arredores do México,  adquire uma fazenda de criação de gado. Sem embargo, vivia com impressionante simplicidade:  não tinha cama, mas dormia em um estrado , comia as  mesmas refeições dos índios e  vestia-se humildemente. Utilizava seus recursos para fazer de sua fazenda um centro de misericórdia para todos. Os trabalhadores de sua fazenda eram tratados com todo respeito, como amigos. A vários arrendatários, lhes escriturou terras para que formassem suas próprias propriedades rurais. Enquanto era comum que os fazendeiros tivessem muitos escravos,  só tinha um e este era tratado como um filho, até que acabou concedendo-lhe a liberdade. Porém,  o escravo sentia-se tão bem junto a Sebastião que continuou ali como seu empregado.

DOIS MATRIMÔNIOS

Em Chapultepec contrai uma enfermidade muito grave e  recebe os últimos sacramentos. Recuperada a saúde,  lhe recomendam que se case e encomenda de fato a Deus, com muita oração, a possibilidade de  casar-se. Finalmente, aos 60 anos, em 1562, casa-se com a filha de  um amigo vizinho de Chapultepec na igreja dos franciscanos de Tacuba,  vivendo com sua esposa vida virginal. Seus sogros pensavam em buscar a anulação do matrimônio, quando a esposa acaba morrendo no primeiro ano de casados.  Aparício, depois de  entregar a seus sogros 2.000 pesos como dote,  retorna a Atzcapotzalco.

Ali contraiu um segundo matrimônio aos 67 anos.  Foi também este um matrimônio virginal, como Sebastião o assegura em cláusula do testamento de então:  “Para maior glória e  honra de Deus declaro que minha mulher permanece virgem, como a recebi de seus pais, porque me  casei com ela para ter algum privilégio em sua companhia, por achar-me muito só e  para ampará-la e servi-la em minha fazenda”. Ela também morre antes  de  completar-se um ano em um acidente, ao cair de uma árvore enquanto recolhia frutas. Aparício a quis muito, como também a sua primeira esposa, e delas dizia muitos anos depois que “havia criado duas pombinhas para o céu,  brancas  como a neve”.

VIDA RELIGIOSA

Seu confessor lhe recomenda que ajude as irmãs clarissas que estavam passando miséria.  No ano de 1573 cede às clarissas todos os seus bens, que ultrapassavam cerca de 20.000 pesos,  ficando com 1000 pesos somente, como lhe pediu o  confessor por precaução, se não perseverasse. Passou ele  a servir-lhes na qualidade de porteiro. 

Em 09 de junho de  1574, aos 72 anos de  idade, recebe o hábito franciscano no convento do México.  Dá, desde o início, grande exemplo de humildade,  fazendo qualquer serviço com prontidão. Sofre muito,  em parte pelo trato dos jovens do noviciado e  porque seus superiores, ao vê-lo tão velho, não se decidem em deixar-lhe professar.  Por fim, aos 73 anos de idade, em 13 de junho de 1575 recita a  solene fórmula:

«Eu, frei Sebastião de Aparício,  faço voto e prometo a Deus viver em  obediência, sem coisa alguma própria e castidade,  viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, guardando a Regra dos Frades Menores ».

E um frade firma por ele, pois é analfabeto.

Por aquele convento passou outro franciscano chamado por Deus a ser mártir no Japão: São Felipe de Jesus.

ESMOLER

O frade ancião vai ao seu primeiro destino caminhando 30 KM ao leste de Puebla. É o convento de Santiago de Tecali. Ali é o único irmão leigo e serve nos trabalhos mais humildes. Logo o chamam de volta a Puebla, onde o intenso trabalho dos frades requer um bom esmoler. Sua fórmula era:

26 de Fevereiro

São Porfírio

São Porfírio, o vigoroso destruidor da idolatria, nasceu em Tessalônica, na Macedônia. Instruído nas ciências, tendo a idade de 25 anos, retirou-se para a solidão de Scete, onde passou cinco anos numa gruta, nas proximidades do Jordão. A insalubridade do lugar causou-lhe grande mal à saúde, e doente chegou a Jerusalém, onde teve a notícia da morte dos pais. Em sua companhia achava-se um jovem de nome Marco. A este incumbiu de receber a herança e distribuir o dinheiro entre os pobres, o que se fez. Porfírio, não tendo reservado nada para si, viveu sempre pobre.

Na visita diária aos Santos Lugares teve uma vez um desmaio que se transformou em visão. Apareceu-lhe Nosso Senhor na Cruz e com ele o Bom Ladrão. Jesus Cristo deu a este um sinal de ajudar Porfírio a levantar-se do chão. O Bom Ladrão estendeu-lhe a mão e disse: “Agradece a teu Salvador tua cura”. No mesmo momento Jesus Cristo desceu da Cruz e entregou-lhe a mesma, com a recomendação de guardá-la bem. Quando o Santo voltou a si, notou que estava perfeitamente curado. O sentido das palavras de Cristo, porém ficou-lhe enigmático, até que o Bispo de Jerusalém o ordenou e o nomeou guarda do santo Lenho.

Os sacerdotes da diocese de Gaza, tendo perdido o Bispo, insistiram com Porfírio para que aceitasse a direção da diocese orfanada. Embora sua modéstia quisesse fugir dessa dignidade, à obediência teve de sujeitar-se. Existiam em Gaza muitos pagãos e um templo magnífico para o culto das divindades. Os idólatras, conhecendo já de antemão o zelo do novo Bispo, principalmente seu ódio ao culto pagão, assentaram matá-lo antes de tomar posse do rebanho. Este plano ímpio, por qualquer circunstância imprevista, não pôde ser efetuado. Bem se arrependeram da iniquidade, pois Porfírio, apesar de inimigo do paganismo, pela modéstia, paciência e caridade, soube ganhar os corações dos próprios pagãos. Um fato extraordinário, que se deu logo no princípio do seu governo, aumentou ainda a confiança e veneração para com o novo Pastor. Uma seca atroz de muitos meses aniquilara as esperanças dos lavradores e o espectro da fome começava a apavorar os ânimos. Nesta expectativa desoladora os sacerdotes de Marnas, a quem era devotado o templo, se dirigiram à sua divindade com preces e sacrifícios, para obter o benefício de uma chuva. Marnas, porém, chuva nenhuma mandou e a seca continuou a assolar a região. Porfírio, condoído com a miséria pública, ordenou um dia de jejum, organizou uma procissão de penitência a uma capela situada fora da cidade. Apenas recolhida à procissão, caiu uma chuva abundantíssima, refrigerando a terra ressecada. Muitos, diante deste espetáculo e vendo nisto o grande poder do Deus dos cristãos, converteram-se. Outros, porém, encheram-se de inveja e forjaram novos planos malignos contra a vida do santo Bispo e de alguns cristãos.

Entretanto, veio um édito do imperador Arcádio, ordenando o fechamento dos templos pagãos. Esta ordem foi por muitos funcionários obedecida, por outros não. Assim ficou aberto o templo de Marnas. Porfírio, desejando ardentemente a execução da ordem imperial, conseguiu em Constantinopla a autorização para derrubar o templo em Gaza.

A influência, porém, de ministros subornados pelos sacerdotes pagãos, fez com que o imperador revogasse a autorização exarada. Não obstante, algum tempo depois, foi publicada nova ordem no mesmo sentido de fechar os templos pagãos, sob pena de os refratários perderem a colocação; mas mesmo assim, o templo não se fechou. A imperatriz Eudóxia prometeu a Porfírio empregar toda a influência junto ao imperador, para conseguir o fechamento e a destruição do templo. Porfírio, inspirado por Deus, predisse à imperatriz o advento de um filho. Logo que esta profecia se cumpriu, dirigiu-se o Bispo a Constantinopla, para administrar o sacramento do Batismo ao príncipe herdeiro. Aconselhado pela imperatriz, Porfírio redigiu novamente o requerimento ao imperador.

A petição foi entregue ao monarca logo depois do ato religioso, por assim dizer, pela criança recém – batizada. Arcádio achou-a depositada sobre o peito do filhinho. No momento em que a abria, a pessoa que segurava nos braços a criancinha disse-lhe:

“Digne-se Vossa Majestade de deferir o requerimento apresentado por seu filho”. O imperador respondeu com sorriso nos lábios: “Como poderia eu negar o primeiro pedido de meu filhinho?” – Imediatamente foi mandado para Gaza um oficial do exército, com ordem estrita de demolir o templo de Marnas. Poucos dias depois, quando Porfírio se aproximou da cidade, os cristãos, seus diocesanos, receberam-no com muita solenidade. O préstito havia de passar por um lugar onde se achava uma imagem de Vênus, ponto predileto para reuniões de mulheres, que costumavam encontrar-se lá, para tratar projetos de casamentos. Mal o Bispo se achava defronte daquela estátua, quando esta, sem que pessoa alguma lhe tivesse tocado, ruiu por terra, fazendo-se em pedaços. Este fato causou grande sensação e foi o início de muitas conversões. O templo de Marnas desapareceu e em seu lugar se ergueu uma belíssima Igreja, dedicada a Deus vivo e verdadeiro.

O triunfo de Porfírio sobre a idolatria foi completo. Quando, em 421, Deus o chamou para o descanso eterno, o santo Bispo teve a grande satisfação de ver muito reduzido o número de pagãos em sua diocese.

Reflexões:

Estando S. Porfírio em Jerusalém, visitava diariamente os Santos Lugares, cuja história intimamente se liga à Sagrada Paixão e Morte de Nosso Senhor.

O que não te é possível na realidade, deves fazer em espírito. Deve estar bem viva em tua alma a lembrança da Paixão e Morte de teu Salvador. A meditação deste mistério da nossa religião não só fará em ti aumentar o amor e a gratidão para com Jesus Cristo, como será um meio poderosíssimo de afastar-te do mal, que é o pecado, e dar-te um grande arrependimento das faltas que cometeste no passado. É a expressão da verdade, quando o Apóstolo diz, que é pelo pecado que Cristo aparece de novo crucificado. Se cada pecado grave equivale a uma nova crucificação de Jesus Cristo, quantas vezes já te fizeste culpado deste crime? “Todas as vezes que pecas gravemente, crucificas a Jesus Cristo”, diz o Cardeal Hugo. “Os pecadores – diz o mesmo Cardeal, crucificam a Nosso Senhor, porque renovam e reproduzem a causa que levou a Cristo a sofrer e morrer na cruz”.

Em visão Porfírio viu Nosso Senhor no Calvário e ficou livre do mal que o torturava. Jesus recompensou desta maneira a devoção que seu servo tinha à sua Sagrada Paixão e Morte. Também tu verás teu Salvador, no dia em que virá, com grande poder, para julgar os vivos e os mortos. A visão que terás de teu Salvador, será para tua salvação eterna? Para que o seja, é preciso que o tenhas por amigo; é preciso que tua vida não apresente nenhum ato que denuncia má vontade de tua parte. Se crucificares teu Senhor, cometendo pecado mortal, que esperanças poderás ter de aparecer-te como Salvador? “Temei ao Senhor – diz o Apóstolo S. João – e dai-lhe glória, porque é chegada a hora do seu juízo” (Apoc. 14, 7).

Foto: São Porfírio
(26 de Fevereiro)

São Porfírio, o vigoroso destruidor da idolatria, nasceu em Tessalônica, na Macedônia. Instruído nas ciências, tendo a idade de 25 anos, retirou-se para a solidão de Scete, onde passou cinco anos numa gruta, nas proximidades do Jordão. A insalubridade do lugar causou-lhe grande mal à saúde, e doente chegou a Jerusalém, onde teve a notícia da morte dos pais. Em sua companhia achava-se um jovem de nome Marco. A este incumbiu de receber a herança e distribuir o dinheiro entre os pobres, o que se fez. Porfírio, não tendo reservado nada para si, viveu sempre pobre.

Na visita diária aos Santos Lugares teve uma vez um desmaio que se transformou em visão. Apareceu-lhe Nosso Senhor na Cruz e com ele o Bom Ladrão. Jesus Cristo deu a este um sinal de ajudar Porfírio a levantar-se do chão. O Bom Ladrão estendeu-lhe a mão e disse: “Agradece a teu Salvador tua cura”. No mesmo momento Jesus Cristo desceu da Cruz e entregou-lhe a mesma, com a recomendação de guardá-la bem. Quando o Santo voltou a si, notou que estava perfeitamente curado. O sentido das palavras de Cristo, porém ficou-lhe enigmático, até que o Bispo de Jerusalém o ordenou e o nomeou guarda do santo Lenho.

Os sacerdotes da diocese de Gaza, tendo perdido o Bispo, insistiram com Porfírio para que aceitasse a direção da diocese orfanada. Embora sua modéstia quisesse fugir dessa dignidade, à obediência teve de sujeitar-se. Existiam em Gaza muitos pagãos e um templo magnífico para o culto das divindades. Os idólatras, conhecendo já de antemão o zelo do novo Bispo, principalmente seu ódio ao culto pagão, assentaram matá-lo antes de tomar posse do rebanho. Este plano ímpio, por qualquer circunstância imprevista, não pôde ser efetuado. Bem se arrependeram da iniqüidade, pois Porfírio, apesar de inimigo do paganismo, pela modéstia, paciência e caridade, soube ganhar os corações dos próprios pagãos. Um fato extraordinário, que se deu logo no princípio do seu governo, aumentou ainda a confiança e veneração para com o novo Pastor. Uma seca atroz de muitos meses aniquilara as esperanças dos lavradores e o espectro da fome começava a apavorar os ânimos. Nesta expectativa desoladora os sacerdotes de Marnas, a quem era devotado o templo, se dirigiram à sua divindade com preces e sacrifícios, para obter o benefício de uma chuva. Marnas, porém, chuva nenhuma mandou e a seca continuou a assolar a região. Porfírio, condoído com a miséria pública, ordenou um dia de jejum, organizou uma procissão de penitência a uma capela situada fora da cidade. Apenas recolhida à procissão, caiu uma chuva abundantíssima, refrigerando a terra ressecada. Muitos, diante deste espetáculo e vendo nisto o grande poder do Deus dos cristãos, converteram-se. Outros, porém, encheram-se de inveja e forjaram novos planos malignos contra a vida do santo Bispo e de alguns cristãos.

Entretanto, veio um édito do imperador Arcádio, ordenando o fechamento dos templos pagãos. Esta ordem foi por muitos funcionários obedecida, por outros não. Assim ficou aberto o templo de Marnas. Porfírio, desejando ardentemente a execução da ordem imperial, conseguiu em Constantinopla a autorização para derrubar o templo em Gaza.

A influência, porém, de ministros subornados pelos sacerdotes pagãos, fez com que o imperador revogasse a autorização exarada. Não obstante, algum tempo depois, foi publicada nova ordem no mesmo sentido de fechar os templos pagãos, sob pena de os refratários perderem a colocação; mas mesmo assim, o templo não se fechou. A imperatriz Eudóxia prometeu a Porfírio empregar toda a influência junto ao imperador, para conseguir o fechamento e a destruição do templo.  Porfírio, inspirado por Deus, predisse à imperatriz o advento de um filho. Logo que esta profecia se cumpriu, dirigiu-se o Bispo a Constantinopla, para administrar o sacramento do Batismo ao príncipe herdeiro. Aconselhado pela imperatriz, Porfírio redigiu novamente o requerimento ao imperador.

A petição foi entregue ao monarca logo depois do ato religioso, por assim dizer, pela criança recém – batizada. Arcádio achou-a depositada sobre o peito do filhinho. No momento em que a abria, a pessoa que segurava nos braços a criancinha disse-lhe:

“Digne-se Vossa Majestade de deferir o requerimento apresentado por seu filho”. O imperador respondeu com sorriso nos lábios: “Como poderia eu negar o primeiro pedido de meu filhinho?” – Imediatamente foi mandado para Gaza um oficial do exército, com ordem estrita de demolir o templo de Marnas. Poucos dias depois, quando Porfírio se aproximou da cidade, os cristãos, seus diocesanos, receberam-no com muita solenidade. O préstito havia de passar por um lugar onde se achava uma imagem de Vênus, ponto predileto para reuniões de mulheres, que costumavam encontrar-se lá, para tratar projetos de casamentos. Mal o Bispo se achava defronte daquela estátua, quando esta, sem que pessoa alguma lhe tivesse tocado, ruiu por terra, fazendo-se em pedaços. Este fato causou grande sensação e foi o início de muitas conversões. O templo de Marnas desapareceu e em seu lugar se ergueu uma belíssima Igreja, dedicada a Deus vivo e verdadeiro.

O triunfo de Porfírio sobre a idolatria foi completo. Quando, em 421, Deus o chamou para o descanso eterno, o santo Bispo teve a grande satisfação de ver muito reduzido o número de pagãos em sua diocese.

Reflexões:

Estando S. Porfírio em Jerusalém, visitava diariamente os Santos Lugares, cuja história intimamente se liga à Sagrada Paixão e Morte de Nosso Senhor.

O que não te é possível na realidade, deves fazer em espírito. Deve estar bem viva em tua alma a lembrança da Paixão e Morte de teu Salvador. A meditação deste mistério da nossa religião não só fará em ti aumentar o amor e a gratidão para com Jesus Cristo, como será um meio poderosíssimo de afastar-te do mal, que é o pecado, e dar-te um grande arrependimento das faltas que cometeste no passado. É a expressão da verdade, quando o Apóstolo diz, que é pelo pecado que Cristo aparece de novo crucificado. Se cada pecado grave equivale a uma nova crucificação de Jesus Cristo, quantas vezes já te fizeste culpado deste crime? “Todas as vezes que pecas gravemente, crucificas a Jesus Cristo”, diz o Cardeal Hugo. “Os pecadores – diz o mesmo Cardeal, crucificam a Nosso Senhor, porque renovam e reproduzem a causa que levou a Cristo a sofrer e morrer na cruz”.

Em visão Porfírio viu Nosso Senhor no Calvário e ficou livre do mal que o torturava. Jesus recompensou desta maneira a devoção que seu servo tinha à sua Sagrada Paixão e Morte. Também tu verás teu Salvador, no dia em que virá, com grande poder, para julgar os vivos e os mortos. A visão que terás de teu Salvador, será para tua salvação eterna? Para que o seja, é preciso que o tenhas por amigo; é preciso que tua vida não apresente nenhum ato que denuncia má vontade de tua parte. Se crucificares teu Senhor, cometendo pecado mortal, que esperanças poderás ter de aparecer-te como Salvador? “Temei ao Senhor – diz o Apóstolo S. João – e dai-lhe glória, porque é chegada a hora do seu juízo” (Apoc. 14,  7).

27 de Fevereiro

São Leandro

Nasceu em Cartagena este grande Bispo da Espanha, defensor impertérrito dos interesses da Igreja. Como ele, foram canonizados seus irmãos Fulgêncio e Isidoro e sua irmã Florentina. Já na mocidade gozava Leandro fama de grande sábio. Este renome ainda cresceu com a entrada para a Ordem de S. Bento, em Hispalis.

Cumpridor consciencioso de todos os deveres, em pouco tempo Leandro se tornou modelo de religioso perfeito. Morto o Bispo de Sevilla, foi ele eleito sucessor do mesmo. Reinava naquele tempo Leovegildo, fautor e protetor da seita ariana, e inimigo figadal dos católicos. Foi sempre a maior diligência de S. Leandro confirmar na fé os católicos e chamar os hereges ao aprisco do Bom Pastor.

Grande consolação trouxe-lhe a conversão do príncipe real mais velho, Hermenegildo, que mais tarde, em testemunho da fé, sofreu o martírio. Os resultados estupendos que teve, na propaganda entre os hereges, mereceram-lhe o ódio profundo dos arianos, os quais, por diversas vezes tentaram matá-lo; se não conseguiram seu intento, foi por uma proteção divina visível. Sempre alcançaram do rei, amigo e fautor da seita, que Leandro e o irmão Fulgêncio fossem desterrados do reino. Assim tiraram ao Bispo a possibilidade de trabalhar pessoalmente na diocese. Do desterro, porém, dirigia pastorais aos diocesanos, escrevia contra os arianos, desfazendo-lhes as doutrinas errôneas e refutando-lhes as sofísticas objeções.

Decorrido algum tempo, Leandro foi repatriado. O rei., vendo os milagres estupendos que se realizavam no túmulo de seu filho Hermenegildo, arrependeu-se do que tinha feito e estando para entregar a alma a Deus, recomendou ao segundo filho, Recaredo, respeito e obediência ao santo Bispo Leandro. Fez mais: Pediu a este pessoalmente que se interessasse pelos filhos e os instruísse nas verdades da religião. São Gregório Magno escreve que Leovegildo, apesar de ter reconhecido a verdade da religião Católica, não teve coragem nem na hora da morte, de fazer profissão desta mesma fé, receando provocar assim uma sublevação dos arianos. Recaredo converteu-se ao cristianismo, fez valer sua influência, no sentido de reconduzir também os súditos à Igreja-Mãe. A pedido de Leandro, o Papa Gregório Magno convocou um Concílio, no qual se fez representar pelo Bispo de Sevilla. Os trabalhos deste Concílio foram coroados de brilhante êxito. Numerosos súditos, leigos e clérigos, seguiram o exemplo do soberano e entraram no grêmio da Igreja Católica.

Reconhecendo e aplaudindo o zelo apostólico de Leandro, a história conferiu-lhe mui merecidamente o título de “Apóstolo dos Godos”, sendo principalmente devido aos seus esforços, que estes povos foram arrebatados aos erros do heresiarca Ário. Gregório Magno, numa carta autógrafa a Leandro, deu expansão ao seu grande contentamento, pelo fato inesperado da conversão do povo, mas principalmente do rei. A este fez ver a necessidade da concordância que deve haver, entre as regras da religião e da vida prática. Grande era a veneração que São Gregório dedicava a São Leandro. Testemunham esta veneração as numerosas cartas que lhe dirigiu, e nas quais se recomendava às orações do santo Bispo. O Papa, sabendo que Leandro sofria de gota, escreveu-lhe o seguinte: “Como soube, Vossa Excelência é bastante martirizado pela gota. É o mesmo mal que me acompanha. Que havemos de fazer nas nossas dores, senão lembrarmo-nos dos nossos pecados e agradecer ao bom Deus? Pelas dores na carne seremos purificados dos pecados cometidos pela carne. Cuidemos, pois, que não aconteça passarmos deste sofrimento a outros tormentos ainda maiores”.

Esta carta foi um consolo para Leandro, nos seus sofrimentos. Sentindo-se melhor, entregou-se de novo aos trabalhos apostólicos, ensinando os ignorantes, visitando os doentes, consolando e socorrendo os necessitados. Aos ricos recomendava a prática da caridade e aos pobres exortava para que tivessem paciência com a sorte que Deus lhes dera.

Interesse particular dispensava aos convertidos; estes, por sua vez, o amavam como a um pai.

Se antes da conversão lhe tinham amargurado a vida, pela rebeldia e o ódio, agora lhe prestavam filial respeito e obediência. Leandro pregava quase diariamente. Homem de oração, implantava nos corações de outros, particularmente nos dos religiosos, o amor à oração. Numa carta à irmã Florentina se encontram os mais belos e sábios ensinamentos sobre este assunto, como também sobre o desprezo do mundo.

Após uma vida cheia de trabalhos, fadigas, dores e merecimentos, Deus chamou seu fiel servo ao eterno descanso. Leandro, contava 80 anos, quando, em 600, se despediu deste mundo. O corpo do Santo foi entregue na Igreja das Santas Justina e Rufina.

Reflexões:

Leandro, Santo que era, amigo de Deus e zelador das almas, sofreu muita perseguição e injustiça na vida. O mesmo acontece a pessoas tementes a Deus e religiosas de verdade e não são raras as queixas que ouvimos, de gente, aliás bem intencionada e piedosa, contra a Divina Providência, que parece castigar os bons, quando os maus nadam em felicidade e gozo. São Crisóstomo, fazendo considerações sobre o rico do Evangelho e o pobre Lázaro, que comia as migalhas que caiam da mesa do nababo, escreve: “Não é fácil encontrar-se um homem, por mais justo que seja, que não tenha imperfeições e faltas leves. Dificilmente haverá um ímpio que não possua uma boa qualidade e não pratique um ou outro bem. Deus, justo que é não pode deixar impune a injustiça e o pecado, como incompatível seria com sua santidade deixar sem recompensa o bem feito por quem quer que seja. Eis porque os bons recebem os castigos já neste mundo, sendo-lhes reservadas as recompensas para a vida eterna. Os maus terão o galardão aqui na terra, porque o estado de pecado impossibilita recompensas eternas”. Assim disse Abraão ao rico que, queixoso se lhe dirigiu: “Filho, lembra-te que recebeste teus bens em vida e que Lázaro não teve senão males; agora, pois, este é consolado e tu és atormentado”. (Lc. 16, 25).

-É assim que a justiça divina procede. Por isso não nos queixemos da nossa sorte, quando Deus, em sua Providência, nos manda sofrimentos de toda a espécie. O que aqui nos falta, tê-lo-emos em abundância na glória celeste.

Tudo vem de Deus: alegria, dor, contentamento, pesar; e tudo nos deve servir de meio de santificação. Nossa missão outra não pode ser, senão glorificar o nome de Deus. Tendo cumprido este nosso dever, a nossa morte será cheia de consolo e satisfação, como foi a de São Leandro. Servir a Deus, trabalhar sem desfalecimento, levar a cruz com paciência, são as condições de uma morte tranqüila. “Que outra coisa faremos, quando Deus nos mandar uma cruz, senão lembrar-nos dos nossos pecados e agradecer ao nosso bom Pai, que se digna de purificar-nos pela dor, quando pelo gozo da carne transgredimos sua lei?” (São Gregório).

Foto: São Leandro
(27 de Fevereiro)

Nasceu em Cartagena este grande Bispo da Espanha, defensor impertérrito dos interesses da Igreja. Como ele, foram canonizados seus irmãos Fulgêncio e Isidoro e sua irmã Florentina. Já na mocidade gozava Leandro fama de grande sábio. Este renome ainda cresceu com a entrada para a Ordem de S. Bento, em Hispalis.

Cumpridor consciencioso de todos os deveres, em pouco tempo Leandro se tornou modelo de religioso perfeito. Morto o Bispo de Sevilla, foi ele eleito sucessor do mesmo. Reinava naquele tempo Leovegildo, fautor e protetor da seita ariana, e inimigo figadal dos católicos. Foi sempre a maior diligência de S. Leandro confirmar na fé os católicos e chamar os hereges ao aprisco do Bom Pastor.

Grande consolação trouxe-lhe a conversão do príncipe real mais velho, Hermenegildo, que mais tarde, em testemunho da fé, sofreu o martírio. Os resultados estupendos que teve, na propaganda entre os hereges, mereceram-lhe o ódio profundo dos arianos, os quais, por diversas vezes tentaram matá-lo; se não conseguiram seu intento, foi por uma proteção divina visível. Sempre alcançaram do rei, amigo e fautor da seita, que Leandro e o irmão Fulgêncio fossem desterrados do reino. Assim tiraram ao Bispo a possibilidade de trabalhar pessoalmente na diocese. Do desterro, porém, dirigia pastorais aos diocesanos, escrevia contra os arianos, desfazendo-lhes as doutrinas errôneas e refutando-lhes as sofísticas objeções.

Decorrido algum tempo, Leandro foi repatriado. O rei., vendo os milagres estupendos que se realizavam no túmulo de seu filho Hermenegildo, arrependeu-se do que tinha feito e estando para entregar a alma a Deus, recomendou ao segundo filho, Recaredo, respeito e obediência ao santo Bispo Leandro. Fez mais: Pediu a este pessoalmente que se interessasse pelos filhos e os instruísse nas verdades da religião. São Gregório Magno escreve que Leovegildo, apesar de ter reconhecido a verdade da religião Católica, não teve coragem nem na hora da morte, de fazer profissão desta mesma fé, receando provocar assim uma sublevação dos arianos. Recaredo converteu-se ao cristianismo, fez valer sua influência, no sentido de reconduzir também os súditos à Igreja-Mãe. A pedido de Leandro, o Papa Gregório Magno convocou um Concílio, no qual se fez representar pelo Bispo de Sevilla. Os trabalhos deste Concílio foram coroados de brilhante êxito. Numerosos súditos, leigos e clérigos, seguiram o exemplo do soberano e entraram no grêmio da Igreja Católica.

Reconhecendo e aplaudindo o zelo apostólico de Leandro, a história conferiu-lhe mui merecidamente o título de “Apóstolo dos Godos”, sendo principalmente devido aos seus esforços, que estes povos foram arrebatados aos erros do heresiarca Ário. Gregório Magno, numa carta autógrafa a Leandro, deu expansão ao seu grande contentamento, pelo fato inesperado da conversão do povo, mas principalmente do rei. A este fez ver a necessidade da concordância que deve haver, entre as regras da religião e da vida prática. Grande era a veneração que São Gregório dedicava a São Leandro. Testemunham esta veneração as numerosas cartas que lhe dirigiu, e nas quais se recomendava às orações do santo Bispo. O Papa, sabendo que Leandro sofria de gota, escreveu-lhe o seguinte: “Como soube, Vossa Excelência é bastante martirizado pela gota. É o mesmo mal que me acompanha. Que havemos de fazer nas nossas dores, senão lembrarmo-nos dos nossos pecados e agradecer ao bom Deus? Pelas dores na carne seremos purificados dos pecados cometidos pela carne. Cuidemos, pois, que não aconteça passarmos deste sofrimento a outros tormentos ainda maiores”.

Esta carta foi um consolo para Leandro, nos seus sofrimentos. Sentindo-se melhor, entregou-se de novo aos trabalhos apostólicos, ensinando os ignorantes, visitando os doentes, consolando e socorrendo os necessitados. Aos ricos recomendava a prática da caridade e aos pobres exortava para que tivessem paciência com a sorte que Deus lhes dera.

Interesse particular dispensava aos convertidos; estes, por sua vez, o amavam como a um pai.

Se antes da conversão lhe tinham amargurado a vida, pela rebeldia e o ódio, agora lhe prestavam filial respeito e obediência. Leandro pregava quase diariamente. Homem de oração, implantava nos corações de outros, particularmente nos dos religiosos, o amor à oração. Numa carta à irmã Florentina se encontram os mais belos e sábios ensinamentos sobre este assunto, como também sobre o desprezo do mundo.

Após uma vida cheia de trabalhos, fadigas, dores e merecimentos, Deus chamou seu fiel servo ao eterno descanso. Leandro, contava 80 anos, quando, em 600, se despediu deste mundo. O corpo do Santo foi entregue na Igreja das Santas Justina e Rufina.

Reflexões:

Leandro, Santo que era, amigo de Deus e zelador das almas, sofreu muita  perseguição e injustiça na vida. O mesmo acontece a pessoas tementes a Deus e religiosas de verdade e não são raras as queixas que ouvimos, de gente, aliás bem intencionada e piedosa, contra a Divina Providência, que parece castigar os bons, quando os maus nadam em felicidade e gozo. São Crisóstomo, fazendo considerações sobre o rico do Evangelho e o pobre Lázaro, que comia as migalhas que caiam da mesa do nababo, escreve: “Não é fácil encontrar-se um homem, por mais justo que seja, que não tenha imperfeições e faltas leves. Dificilmente haverá um ímpio que não possua uma boa qualidade e não pratique um ou outro bem. Deus, justo que é não pode deixar impune a injustiça e o pecado, como incompatível seria com sua santidade deixar sem recompensa o bem feito por quem quer que seja. Eis porque os bons recebem os castigos já neste mundo, sendo-lhes reservadas as recompensas para a vida eterna. Os maus terão o galardão aqui na terra, porque o estado de pecado impossibilita recompensas eternas”. Assim disse Abraão ao rico que, queixoso se lhe dirigiu: “Filho, lembra-te que recebeste teus bens em vida e que Lázaro não teve senão males; agora, pois, este é consolado e tu és atormentado”. (Lc. 16,  25).

-É assim que a justiça divina procede. Por isso não nos queixemos da nossa sorte, quando Deus, em sua Providência, nos manda sofrimentos de toda a espécie. O que aqui nos falta, tê-lo-emos em abundância na glória celeste.

Tudo vem de Deus: alegria, dor, contentamento, pesar; e tudo nos deve servir de meio de santificação. Nossa missão outra não pode ser, senão glorificar o nome de Deus. Tendo cumprido este nosso dever, a nossa morte será cheia de consolo e satisfação, como foi a de São Leandro. Servir a Deus, trabalhar sem desfalecimento, levar a cruz com paciência, são as condições de uma morte tranqüila. “Que outra coisa faremos, quando Deus nos mandar uma cruz, senão lembrar-nos dos nossos pecados e agradecer ao nosso bom Pai, que se digna de purificar-nos pela dor, quando pelo gozo da carne transgredimos sua lei?” (São Gregório).

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São Gabriel de Nossa Senhora das Dores

Gabriel de Nossa Senhora das Dores, a quem Leão XIII chamava o São Luiz Gonzaga de nossos dias, nasceu em Assis a 1 de março de 1838, filho de Sante Possenti di Terni e Inês Frisciotti. No mesmo dia que viu a luz do mundo, recebeu a graça do batismo, na mesma pia, em que foi batizado o grande patriarca S. Francisco, na Igreja de S. Rufino.

O pai do Santo, já com vinte e dois anos era governador da cidade de Urbânia, cargo que sucessivamente veio a ocupar em S. Ginésio, Corinaldo, Cingoli e Assis. Como um dos magistrados dos Estados Pontifícios, gozava de grande estima do Papa Pio IX e Leão XIII honrava-o com sua sincera amizade. A mãe era de nobre família de Civitanova d’Ancona. Estes dois cônjuges apresentavam modelos de esposos cristãos, vivendo no santo temor de Deus, unidos no vínculo de respeito e amor fidelíssimo, que só a morte era capaz de solver. Deus abençoou esta santa união com treze filhos, dos quais Gabriel era o undécimo. Este, no batismo recebeu nome de Francisco, em homenagem a seu avô e ao Seráfico de Assis.

Dando testemunho da educação que recebiam na família, no Processo da beatificação do Servo de Deus, os seus irmãos declararam: “Nós fomos educados com o máximo cuidado, no que diz respeito à piedade e à instrução. Nossa mãe era piedosíssima e nos educou segundo as máximas da nossa santa Religião”. Nos braços, sobre os joelhos de uma mãe profundamente religiosa o pequeno Francisco aprendeu os rudimentos da vida cristã e pronunciar os santos nomes de Jesus e Maria.

A grande felicidade que na infância reinava, experimentou um grande abalo, quando inesperadamente o anjo da morte veio visitar aquele lar e arrebatar-lhe a mãe. D. Inês sentindo a última hora se aproximar, na compreensão do seu dever de mãe cristã reuniu todos os filhos à cabeceira do leito mortal, estreitou-os, um por um, ao seu coração, selou a sua fronte com o último beijo, deu-lhes a bênção, distinguindo com mais carinho os de tenra idade, entre estes, Francisco; munida de todos os sacramentos, confortada pela graça de Deus, na idade de 38 anos deixou este mundo, para, na eternidade, perto de Deus, receber o prêmio de suas raras virtudes.

Do pai, o próprio filho Francisco ao seu diretor espiritual deu o seguinte testemunho: Meu pai, declarou, tinha por costume levantar-se bem cedo. Dedicava uma hora à oração e meditação; se neste tempo alguém desejava falar-lhe, havia de esperar pelo fim das práticas religiosas. Terminadas estas, ia à igreja assistir a santa Missa e costumava levar consigo dos filhos os que não fossem impedidos. Finda a santa Missa metia-se ao trabalho. À noite reunia seus filhos e dava-lhes sábios conselhos e úteis exortações. Falava-lhes dos deveres para com Deus, do respeito devido à autoridade paternal e do perigo das más companhias. “Os maus companheiros, dizia ele, são os assassinos da juventude, os satélites de Lúcifer, traidores escondidos e por isso para os temer e deles ter cuidado”.

Os biógrafos de Francisco fazem ressaltar em primeiro lugar a extraordinária bondade de coração do menino, principalmente para com os pobres. Muitas vezes ficou ele sem a merenda, por tê-la dado aos pobres. Entre seus irmãos era ele o anjo da paz, sempre pronto para desculpar e para defendê-los, quando acusados injustamente. Não suportava a injúria, fosse ela atirada a si ou a um dos seus. Com a maior facilidade se desfazia de objetos de certo valor, com que tinha sido homenageado. Assim presenteou a um de seus irmãos de uma bela corrente de prata, que tinha recebido de um parente. Estes belos traços no caráter de Francisco não afastam certas sombras que nele subsistiam também. Os que o conheciam meigo, bondoso, compassivo, sabiam-no também ser nervoso, impaciente, irascível.

Por felicidade sua o senhor Sante, seu pai não era daqueles que desculpam os caprichos de seus filhos, pretextando serem crianças, sem pensar que mais tarde terão de pagar bem caro esta condescendência e fraqueza. O verdadeiro amor cristão fê-lo combater sem tréguas todos os defeitos. Francisco era obediente e tinha grande respeito ao pai, o que aliás não impedia que diante de uma severa repreensão desse largas ao seu gênio impulsivo, com palavras e gestos demonstrando o seu descontentamento, sua raiva. Mas tudo isto era fogo fátuo. Logo voltava às boas; sua boa índole não permitia, que estas revoltas interiores durassem muito tempo. Era encantador ver, momentos depois, o menino desfeito em pranto, procurar o pai e por seus modos ingênuos e infantis, assegurar-se do perdão e do amor do Sr. Sante. Este, fingindo não dar crédito a estas demonstrações, retrucava bruscamente: “Nada de carícias; quero ver fatos”. Então o menino se atirava ao colo do pai, beijava-o e sentia-se feliz, em ter voltado a paz, com o perdão paterno. Nesta escola de sábia pedagogia Francisco cedo aprendeu combater e vencer seus defeitos.

Por algum tempo Francisco ficou entregue aos cuidados de um mestre; depois frequentou o colégio dos Irmãos das Escolas Cristãs, onde fez rápidos progressos, figurando sempre entre os melhores alunos. Na idade de sete anos fez a sua primeira confissão.

Um ano depois, em junho de 1846 recebeu o sacramento da confirmação. Tudo isto prova que o menino já se achava bem instruído nas verdades da nossa fé, graças ao sólido ensino que lhe dispensavam os beneméritos Irmãos Sallistas.

Nesse mesmo tempo caiu também a data da sua primeira comunhão, para qual se preparou com todo o esmero. Testemunha de vista desse grandioso ato diz: “O fervor com que o vi chegar-se da sagrada mesa, o espírito de fé, que se estampava no seu semblante, o vigor dos seus afetos foram tais, que se chegava a crer ser ele levado por um Serafim”. Esses sentimentos de fé e de piedade, aquelas chamas de amor ao SS. Sacramento não mais se separaram do coração de Francisco nos anos de sua mocidade, nem no meio de uma vida dissipada de certo modo mundana. Não menos certo é que a frequente recepção da santa comunhão preservou-o de graves desvios no meio das tentações do mundo.

Terminados os estudos elementares, o pai pensou em procurar para Francisco uma educação mais elevada, de acordo com a sua posição social e confiou seu filho aos Padres Jesuítas que na cidade de Spoleto dirigiram um colégio. Neste educandário passou Francisco os anos todos de sua mocidade no mundo e chegou a cursar os quatro semestres de estudos filosóficos. Estudante inteligente e cumpridor exato de seu dever que era, deixou boa memória naquele colégio e formavam-se as mais belas esperanças a seu respeito. Ano não passava, que não tirasse um prêmio; no fim dos seus estudos foi distinguido com uma medalha de ouro. Mestres e colegas igualmente o estimavam. Tudo nele encantava: os seus modos delicados e gentis, a modéstia no falar, o sorriso benévolo que lhe afloravam aos lábios, o garbo com que se sabia ver em circunstâncias mais solenes, os sentimentos nobres que dominam em todo o seu proceder. Aos seus mestres devotava sempre a máxima estima e profunda gratidão. Das práticas de piedade era rígido observador e com regularidade frequentava os santos sacramentos. Não há dúvida, que, dada a ocasião, o seu gênio impetuoso e quente o levava a transportes de veemência e de cólera. Mais estes excessos eram sempre seguidos de lágrimas de arrependimento e de penitência . Desde a sua infância mostrou devoção particular a Nossa Senhora das Dores, uma imagem da qual se conservava em sua família; e cabia-lhe a ele adorná-la de flores e manter acesa uma lâmpada diante da estátua. Afirma um dos seus irmãos, Eurique Possenti, que viu Francisco, no último ano que passou em casa, usar de cilício de couro com pontinhas de ferro. Outro testemunho, da família Parenzi, declara: “Sua conduta religiosa e moral tem sido irrepreensível; dada a grande vigilância de meus pais, não teria sido admitido em nossa família, se não fosse realmente virtuoso”.

Para completar a imagem do jovem estudante e assim melhor poder compreender a mudança que nele mais tarde se efetuou, tenha aqui lugar a descrição da solene distribuição de prêmios, da última em que Francisco tomou parte no colégio dos Jesuítas em Spoleto, em setembro de 1856. Os melhores alunos tinham sido escolhidos para abrilhantar a cerimônia com discursos e declamações poéticas. Entre eles Francisco ocupava o primeiro lugar. Ninguém se lhe igualava em elegância exterior, no garbo de representar, na graça de declamar, na graciosidade da gesticulação, no timbre encantador da voz. Podendo representar no palco, parecia estar no seu elemento e fazia-o com toda a naturalidade e perfeição. Em sua aparência não deixava nada a desejar: tudo obedecia às exigências da última moda: o cabelo esmeradamente penteado, o traje elegante e ricamente adornado, as luvas brancas, gravata de seda, sapatos luzidios e artisticamente acabados, a tudo isso Francisco ligava máxima importância. Em certa ocasião recitou com tanto ardor e tamanho foi o entusiasmo que excitou no auditório, que o delegado apostólico Mons. Guadalupe, que presente se achava, ao pai de Francisco que ao seu lado se achava disse: “se vosso filho aqui presente estivesse, abraçava-o em vosso lugar”.

As raras qualidades morais, que o adornavam, a figura simpática e atraente na flor da mocidade, a extrema vivacidade que nele se observava, não deixaram de emprestar-lhe um leve sombreado de vaidade, que de algum modo chegou a dominá-lo. Esta vaidade se lhe patenteava na exigência que fazia no modo de se trajar, sempre na última moda, de perfumar o cabelo e este sempre tratado com cuidado, de se aborrecer com uma nódoa por mais insignificante que fosse, no fato, no amor que tinha a divertimentos alegres e aos esportes mundanos.

O inimigo das almas tirou proveito dessas fraquezas. Se não conseguiu roubar-lhe a inocência, não foi porque não lhe poupasse contínuos assaltos, bem sucedidos. A paixão pelo teatro, a verdadeira mania por bailes, o amor à leitura de romances eram tantos escolhos, tantos perigos, que é de admirar que o jovem Francisco não caísse presa das ciladas diabólicas. Tão pronunciada era sua paixão às danças, que lhe importou a alcunha de “bailarino”. Assim um dos seus mestres, Pe. Pinceli, Jesuíta, quando soube da inesperada fuga de Possenti do mundo para o convento, disse: “O bailarino fez isto? Quem esperava uma tal coisa! Deixar tudo e fazer-se religioso no noviciado dos Padres Passionistas!”

Francisco bem conhecia o perigo em que nadava, e não faltava quem o chamasse à atenção, o lembrasse da necessidade da oração, da vigilância, da mortificação, da devoção a Jesus e Maria, de não perder de vista a eternidade, etc. Em uma carta que lhe escreveu o Pe. Fedeschini, S. J. há todos estes avisos; o conselho de fugir das más companhias, de dar desprezo à vaidade no vestir e falar, de largar o respeito humano, de fazer meditação diária e receber os sacramentos.

Com todas as leviandades e suas perigosas tendências para o mundo, Francisco não deixava de ser um bom e piedoso jovem, a quem homens sábios e virtuosos não pudessem escrever com confiança, benevolência e estima e cujas palavras não fossem aceitas com respeito e gratidão.

“Muitas vezes” – diz quem bem o conhecia – “Possenti sentiu o chamado de Deus, de deixar a vida no mundo e trocá-la com o estado religioso”. Seu diretor, Pe. Norberto, Passionista, declara: “A vocação, se bem que descuidada e sufocada, estava nele havia muito tempo e ele a sentiu desde os mais tenros anos. Muitas vezes o servo de Deus disse-me isto, lastimando a sua ingratidão e indiferença”.

O mesmo sacerdote relata: “A sua vocação se manifestou do seguinte modo: Não sei em que ano foi, sentiu-se ele acometido de um mal, que o fez pensar na morte. Teve então a inspiração de prometer a Deus entrar numa Ordem religiosa, caso recuperasse a saúde. A promessa foi aceita, pois melhorou prontamente e em pouco tempo se achou restabelecido. A promessa ficou como se não fosse feita. O jovem tornou a dar o seu afeto ao mundo e se entregou à dissipação como antes. Não tardou que Deus lhe mandasse outra enfermidade, uma inflamação interna e externa da garganta, tão grave, que parecia a morte iminente já na primeira noite, tornando-se-lhe dificílima à respiração. Novamente o enfermo recorreu a Deus e invocando Santo André Bobola, aplicou ao lugar dolorido uma estampa do mesmo Santo,e renovou a promessa de abraçar o estado religioso. As melhoras se acentuaram quase instantaneamente e teve o enfermo uma noite tranqüila e não mais voltaram as angústias da dispnéia. Deste extraordinário favor o jovem se lembrou sempre com muita gratidão. Manteve também por algum tempo o propósito de fazer-se religioso, mas diferindo-lhe a execução, o amor ao mundo voltou e no mundo continuou a viver.

Das paixões de Francisco, uma das mais fortes foi a da caça. A esta paixão ele pagava tributos bem pesados e seu diretor espiritual não hesitou em atribuir a este esporte a cruel moléstia, que o ceifou na flor da idade. Certa vez, em pular uma cerca, chegou a cair e com tanta infelicidade, que quebrou-lhe um osso do nariz. O fuzil disparou e o projétil passou-lhe rentinho pela testa, pouco faltando que lhe rebentasse o crânio. Francisco reconhecendo logo a providência deste aviso, renovou a sua promessa. Ficou com as cicatrizes, mas deixou-se ficar no mundo.

A graça divina também não se deu por vencida. Rejeitada três vezes, tentou um quarto golpe, mais doloroso ainda. De todos de sua família Francisco dedicava terníssima amizade a sua irmã Maria Luzia, nove anos mais velha que ele, e esta amizade era correspondida com todo afeto. Em 1855 irrompeu em Spoleto a cólera e Maria Luiza foi a primeira vítima da terrível epidemia. Foi no dia Corpus Christi, e a notícia alcançou Francisco, quando, na procissão, levava a cruz. A morte da irmã feriu profundamente o coração do jovem e mergulhou sua alma em trevas nunca antes experimentadas. Perdeu o gosto de tudo e se entregou a uma tristeza inconsolável. Parecia, que com este golpe a graça divina tivesse removido o último obstáculo de a promessa se cumprir. Assim ainda não foi. Todo acabrunhado, Francisco manifestou ao pai sua resolução de entrar para o convento chegando a dizer que para ele tudo se tinha acabado nesta vida. Possenti, receando perder seu filho a quem muito amava, não recebeu bem a comunicação e pediu-lhe nunca mais tocasse neste assunto. Aconselhou-o a se distrair, a afastar os pensamentos tristes a procurar a sociedade, frequentar o teatro; chegou a insinuar-lhe a ideia de procurar a amizade de uma donzela distinta, de família igualmente conceituada, na esperança de nos entendimentos inocentes ela conseguir de fazê-lo esquecer-se dos seus intentos religiosos.

Na igreja metropolitana de Spoleto gozava de uma veneração singular uma imagem de Nossa Senhora; a esta imagem chamava simplesmente “a Icone”. Na oitava do dia 15 de agosto esta imagem era levada em solene procissão por dentro da igreja e não havia quem não se ajoelhasse à sua passagem. Em 1856 Francisco Possenti achava-se no meio dos fiéis e todo tomado de amor por Maria Santíssima, os seus olhos se fixavam na venerada imagem como que esperando por uma bênção especial. Pois, quando a “Icone” vinha aproximando-se do jovem, parecia ela lhe atirar um olhar todo especial e lhe dizer: “Francisco, o mundo não é para ti; a vida no convento te espera”. Esta palavra, qual uma seta de fogo cravou-lhe no coração; assim saiu da igreja desfeito em lágrimas. Estava resolvido a realizar desta vez o plano de alguns anos. Tratou, porém, de não dar por enquanto nenhuma demonstração do seu intento.

Embora certo de sua vocação, mas desconfiando da sua fraqueza, e para não ser vítima de uma ilusão procurou seu mestre no liceu e diretor espiritual Pe. Bompiani, Jesuíta e a ele se abriu inteiramente, fazendo do conselho do mesmo depender sua resolução definitiva. O exame foi feito com toda sinceridade e tendo tomado em consideração todos os fatores influentes no passado da vida do jovem, o Pe. Bompiani não duvidou de se tratar de uma vocação verdadeira e animou o jovem a segui-la. Consultas que fez com mais dois sacerdotes de sua inteira confiança, tiveram o mesmo resultado. Francisco se resolveu então a pedir sua admissão na Congregação dos Passionistas. Comunicar ao pai a resolução tomada, não foi fácil. Mas desta vez o Sr. Sante, homem consciencioso, vendo a aflição e a firmeza de seu filho, não mais se opôs; tomado, porém, de espanto quando soube que a Congregação por Francisco escolhida, a dos Passionistas, era de todas a mais austera. Se bem que não se opusesse à vontade do filho, tratou de procrastinar a execução do seu plano e impor condições. Francisco, porém, ficou firme. Tomou ainda e pela última vez, parte na solenidade da distribuição dos prêmios, no colégio dos Jesuítas, fez como sempre um papel brilhante no palco, despediu-se dos seus professores, dos seus amigos e em companhia de seu irmão Luiz, da Ordem Dominicana, por ordem de seu pai, fez uma visita a seu tio Cesare, cónego da Basílica de Loreto e a um parente de seu pai, Frei João Batista da Civitanova, guardião de um convento dos capuchinhos, levando para ambos carta de Sante Possenti em que este pedia examinassem a vocação do jovem. Tanto o cônego como o capuchinho carregaram bastante as cores da vida austera na Congregação dos Passionistas, que absolutamente não lhe conviria, a ele, moço de dezoito anos, acostumado a seguir às suas vontades, sem restrição de comodidades. A visita à Santa Casa em Loreto Francisco aproveitou largamente para recomendar-se a N. Sra. Não mais arredou do caminho encetado. De Loreto foi para convento Morrovale, dos Passionistas onde já em 21 de setembro de 1856 recebeu o hábito com o nome de Gabriel dell’Adolorata. Admitido no noviciado, escreveu ao pai e aos irmãos, comunicando-lhes o fato. Ao pai pede perdão, aos irmãos recomenda amor filial e boa conduta. A carta, embora de simplicidade encantadora, é um documento admirável de sentimento filial e católico. Aos companheiros seus de estudo dirigiu cartas também. Despede-se, pede perdão de maus exemplos que julgava ter dado; aconselha-os a fugir das más companhias, do teatro, das más leituras e das conversas inúteis.

Convencidíssimo da sua vocação religiosa, longe do mundo, da sociedade e da família, não mais teve outro ideal que subir as culminâncias da perfeição.

Inconfundível era sua personalidade no meio dos seus companheiros do noviciado. Sem perder as notas características do seu caráter, a jovialidade, a alegria de espírito, a amenidade de trato, era ele inexcedível não só na exatidão do cumprimento dos exercícios regulares, como também na prática das virtudes cristãs e monásticas. E se perscrutarmos as causas profundas desta mudança radical na vida de Gabriel, duas conseguiremos encontrar, aliás suficientes e esclarecedoras: o ardente amor a Jesus Crucificado, à Santa Eucaristia, sua devoção singular a Mãe de Deus, em particular à Nossa Senhora das Dores e sua inalterada mortificação, por meio da qual deu morte aos seus desordenados apetites, um por um.

Tendo corrido o ano de provação, Gabriel foi admitido à profissão e mandado para várias casas da Congregação, com o fim de completar os seus estudos de teologia. Durante os anos de preparação para o sacerdócio, superiores e companheiros viram no santo jovem o modelo mais perfeito de todas as virtudes, e cumpridor exatíssimo dos seus deveres.

Quando chegou à idade de vinte e três anos, anunciaram-se os primeiros sintomas da moléstia, que no prazo de um ano havia de levá-lo ao túmulo: a tuberculose pulmonar. O longo tempo da sua enfermagem Gabriel o aproveitou para ainda mais se aprofundar na sua devoção predileta à Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo e à Maria Santíssima, mãe das dores. Em fevereiro de 1862 ainda pôde andar e receber a santa comunhão na igreja, junto com seus companheiros. Inesperadamente o mal se agravou; foi preciso avisá-lo para receber os últimos sacramentos. A notícia assustou-o por um momento só; mas imediatamente recuperou a habitual calma, que logo se transformou numa alegria antes nunca experimentada. O modo de receber o santo viático comoveu e edificou a todos que assistiram. Não mais largava a imagem do crucificado, que cobria de beijos, e ao seu alcance tinha a estátua de N. Sra. das Dores, que freqüentemente apertava ao seu peito, proferindo afetuosas jaculatórias, como estas: “Minha mãe, faze depressa!” – “Jesus, Maria, José, expire eu em paz em vossa companhia!” – “Maria, mãe da graça, mãe da misericórdia, do inimigo nos protegei, e na hora da morte nos recebei”. – Poucos momentos antes do desenlace, o agonizante, que parecia dormir, de repente, todo a sorrir, virou o rosto para esquerda, fixando olhar para um determinado ponto. Como que tomado de uma grande comoção diante de uma visão impressionante, deu um profundo suspiro de afeto e nesta atitude, sempre sorridente, com as mãos apertando as imagens do crucifixo e da Mater dolorosa, passou desta vida para a outra.

Assim morreu o santo jovem na idade de vinte e quatro anos, na manhã de 27 de fevereiro de 1862. Foi sepultado na igreja da Congregação, em Isola Del Gran Sasso. Trinta anos depois fêz-se o reconhecimento do seu corpo. Nesta ocasião com o simples contacto de suas relíquias verificou-se a cura prodigiosa de uma jovem que a tuberculose pulmonar tinha reduzido ao último estado. Reproduziram-se aos milhares os prodígios que foram constatados à invocação do Santo. Em 1908 o Papa Pio X inscreveu o nome de Gabriel da Virgem Dolorosa no catálogo dos Beatos e em 1920 Bento XV decretou-lhe as solenes honras da canonização.

Pio XI estendeu a sua festa a toda a Igreja, em 1932.

Oração

Ó Deus, que ensinastes a S. Gabriel a honrar com assiduidade as dores de vossa Mãe dulcíssima e por ela o elevaste à glória da Santidade e dos milagres, concedei-nos, pela sua intercessão e seus exemplos, a graça de partilharmos tão intimamente as dores de vossa Mãe Santíssima, que por sua maternal proteção consigamos a salvação eterna.

Foto: São Gabriel de Nossa Senhora das Dores
(27 de Fevereiro)

Gabriel de Nossa Senhora das Dores, a quem Leão XIII chamava o São Luiz Gonzaga de nossos dias, nasceu em Assis a 1 de março de 1838, filho de Sante Possenti di Terni e Inês Frisciotti. No mesmo dia que viu a luz do mundo, recebeu a graça do batismo, na mesma pia, em que foi batizado o grande patriarca S. Francisco, na Igreja de S. Rufino.

O pai do Santo, já com vinte e dois anos era governador da cidade de Urbânia, cargo que sucessivamente veio a ocupar em S. Ginésio, Corinaldo, Cingoli e Assis. Como um dos magistrados dos Estados Pontifícios, gozava de grande estima do Papa Pio IX e Leão XIII honrava-o com sua sincera amizade. A mãe era de nobre família de Civitanova d’Ancona. Estes dois cônjuges apresentavam modelos de esposos cristãos, vivendo no santo temor de Deus, unidos no vínculo de respeito e amor fidelíssimo, que só a morte era capaz de solver. Deus abençoou esta santa união com treze filhos, dos quais Gabriel era o undécimo. Este, no batismo recebeu  nome de Francisco, em homenagem a seu avô e ao Seráfico de Assis.

Dando testemunho da educação que recebiam na família, no Processo da beatificação do Servo de Deus, os seus irmãos declararam: “Nós fomos educados com o máximo cuidado, no que diz respeito à piedade e à instrução. Nossa mãe era piedosíssima e nos educou segundo as máximas da nossa santa Religião”. Nos braços, sobre os joelhos de uma mãe profundamente religiosa o pequeno Francisco aprendeu os rudimentos da vida cristã e pronunciar os santos nomes de Jesus e Maria.

A grande felicidade que na infância reinava, experimentou um grande abalo, quando inesperadamente o anjo da morte veio visitar aquele lar e arrebatar-lhe a mãe. D. Inês sentindo a última hora se aproximar, na compreensão do seu dever de mãe cristã reuniu todos os filhos à cabeceira do leito mortal, estreitou-os, um por um, ao seu coração, selou a sua fronte com o último beijo, deu-lhes a bênção, distinguindo com mais carinho os de tenra idade, entre estes, Francisco; munida de todos os sacramentos, confortada pela graça de Deus, na idade de 38 anos deixou este mundo, para, na eternidade, perto de Deus, receber o prêmio de suas raras virtudes.

Do pai, o próprio filho Francisco ao seu diretor espiritual deu o seguinte testemunho: Meu pai, declarou, tinha por costume levantar-se bem cedo. Dedicava uma hora à oração e meditação; se neste tempo alguém desejava falar-lhe, havia de esperar pelo fim das práticas religiosas. Terminadas estas, ia à igreja assistir a santa Missa e costumava levar consigo dos filhos os que não fossem impedidos. Finda a santa Missa metia-se ao trabalho. À noite reunia seus filhos e dava-lhes sábios conselhos e úteis exortações. Falava-lhes dos deveres para com Deus, do respeito devido à autoridade paternal e do perigo das más companhias. “Os maus companheiros, dizia ele, são os assassinos da juventude, os satélites de Lúcifer, traidores escondidos e por isso para os temer e deles ter cuidado”.

Os biógrafos de Francisco fazem ressaltar em primeiro lugar a extraordinária bondade de coração do menino, principalmente para com os pobres. Muitas vezes ficou ele sem a merenda, por tê-la dado aos pobres. Entre seus irmãos era ele o anjo da paz, sempre pronto para desculpar e para defendê-los, quando acusados injustamente. Não suportava a injúria, fosse ela atirada a si ou a um dos seus. Com a maior facilidade se desfazia de objetos de certo valor, com que tinha sido homenageado. Assim presenteou a um de seus irmãos de uma bela corrente de prata, que tinha recebido de um parente. Estes belos traços no caráter de Francisco não afastam certas sombras que nele subsistiam também. Os que o conheciam meigo, bondoso, compassivo, sabiam-no também ser nervoso, impaciente, irascível.

Por felicidade sua o senhor Sante, seu pai não era daqueles que desculpam os caprichos de seus filhos, pretextando serem crianças, sem pensar que mais tarde terão de pagar bem caro esta condescendência e fraqueza. O verdadeiro amor cristão fê-lo combater sem tréguas todos os defeitos. Francisco era obediente e tinha grande respeito ao pai, o que aliás não impedia que diante de uma severa repreensão desse largas ao seu gênio impulsivo, com palavras e gestos demonstrando o seu descontentamento, sua raiva. Mas tudo isto era fogo fátuo. Logo voltava às boas; sua boa índole não permitia, que estas revoltas interiores durassem muito tempo. Era encantador ver, momentos depois, o menino desfeito em pranto, procurar o pai e por seus modos ingênuos e infantis, assegurar-se do perdão e do amor do Sr. Sante. Este, fingindo não dar crédito a estas demonstrações, retrucava bruscamente: “Nada de carícias; quero ver fatos”. Então o menino se atirava ao colo do pai, beijava-o e sentia-se feliz, em ter voltado a paz, com o perdão paterno. Nesta escola de sábia pedagogia Francisco cedo aprendeu combater e vencer seus defeitos.

Por algum tempo Francisco ficou entregue aos cuidados de um mestre; depois freqüentou o colégio dos Irmãos das Escolas Cristãs, onde fez rápidos progressos, figurando sempre entre os melhores alunos. Na idade de sete anos fez a sua primeira confissão.

Um ano depois, em junho de 1846 recebeu o sacramento da confirmação. Tudo isto prova que o menino já se achava bem instruído nas verdades da nossa fé, graças ao sólido ensino que lhe dispensavam os beneméritos Irmãos Sallistas.

Nesse mesmo tempo caiu também a data da sua primeira comunhão, para qual se preparou com todo o esmero. Testemunha de vista desse grandioso ato diz: “O fervor com que o vi chegar-se da sagrada mesa, o espírito de fé, que se estampava no seu semblante, o vigor dos seus afetos foram tais, que se chegava a crer ser ele levado por um Serafim”. Esses sentimentos de fé e de piedade, aquelas chamas de amor ao SS. Sacramento não mais se separaram do coração de Francisco nos anos de sua mocidade, nem no meio de uma vida dissipada de certo modo mundana. Não menos certo é que a freqüente recepção da santa comunhão preservou-o de graves desvios no meio das tentações do mundo.

Terminados os estudos elementares, o pai pensou em procurar para Francisco uma educação mais elevada, de acordo com a sua posição social e confiou seu filho aos Padres Jesuítas que na cidade de Spoleto dirigiram um colégio. Neste educandário passou Francisco os anos todos de sua mocidade no mundo e chegou a cursar os quatro semestres de estudos filosóficos. Estudante inteligente e cumpridor exato de seu dever que era, deixou boa memória naquele colégio e formavam-se as mais belas esperanças a seu respeito. Ano não passava, que não tirasse um prêmio; no fim dos seus estudos foi distinguido com uma medalha de ouro. Mestres e colegas igualmente o estimavam. Tudo nele encantava: os seus modos delicados e gentis, a modéstia no falar, o sorriso benévolo que lhe afloravam aos lábios, o garbo com que se sabia ver em circunstâncias mais solenes, os sentimentos nobres que dominam em todo o seu proceder. Aos seus mestres devotava sempre a máxima estima e profunda gratidão. Das práticas de piedade era rígido observador e com regularidade freqüentava os santos sacramentos. Não há dúvida, que, dada a ocasião, o seu gênio impetuoso e quente o levava a transportes de veemência e de cólera. Mais estes excessos eram sempre seguidos de lágrimas de arrependimento e de penitência . Desde a sua infância mostrou devoção particular a Nossa Senhora das Dores, uma imagem da qual se conservava em sua família; e cabia-lhe a ele adorná-la de flores e manter acesa uma lâmpada diante da estátua. Afirma um dos seus irmãos, Eurique Possenti, que viu Francisco, no último ano que passou em casa, usar de cilício de couro com pontinhas de ferro. Outro testemunho, da família Parenzi, declara: “Sua conduta religiosa e moral tem sido irrepreensível; dada a grande vigilância de meus pais, não teria sido admitido em nossa família, se não fosse realmente virtuoso”.

Para completar a imagem do jovem estudante e assim melhor poder compreender a mudança que nele mais tarde se efetuou, tenha aqui lugar a descrição da solene distribuição de prêmios, da última em que Francisco tomou parte no colégio dos Jesuítas em Spoleto, em setembro de 1856. Os melhores alunos tinham sido escolhidos para abrilhantar a cerimônia com discursos e declamações poéticas. Entre eles Francisco ocupava o primeiro lugar. Ninguém se lhe igualava em elegância exterior, no garbo de representar, na graça de declamar, na graciosidade da gesticulação, no timbre encantador da voz. Podendo representar no palco, parecia estar no seu elemento e fazia-o com toda a naturalidade e perfeição. Em sua aparência não deixava nada a desejar: tudo obedecia às exigências da última moda: o cabelo esmeradamente penteado, o traje elegante e ricamente adornado, as luvas brancas, gravata de seda, sapatos luzidios e artisticamente acabados, a tudo isso Francisco ligava máxima importância. Em certa ocasião recitou com tanto ardor e tamanho foi o entusiasmo que excitou no auditório, que o delegado apostólico Mons. Guadalupe, que presente se achava, ao pai de Francisco que ao seu lado se achava disse: “se vosso filho aqui presente estivesse, abraçava-o em vosso lugar”.

As raras qualidades morais, que o adornavam, a figura simpática e atraente na flor da mocidade, a extrema vivacidade que nele se observava, não deixaram de emprestar-lhe um leve sombreado de vaidade, que de algum modo chegou a dominá-lo. Esta vaidade se lhe patenteava na exigência que fazia no modo de se trajar, sempre na última moda, de perfumar o cabelo e este sempre tratado com cuidado, de se aborrecer com uma nódoa por mais insignificante que fosse, no fato, no amor que tinha a divertimentos alegres e aos esportes mundanos.

O inimigo das almas tirou proveito dessas fraquezas. Se não conseguiu roubar-lhe a inocência, não foi porque não lhe poupasse contínuos assaltos, bem sucedidos. A paixão pelo teatro, a verdadeira mania por bailes, o amor à leitura de romances eram tantos escolhos, tantos perigos, que é de admirar que o jovem Francisco não caísse presa das ciladas diabólicas. Tão pronunciada era sua paixão às danças, que lhe importou a alcunha de “bailarino”. Assim um dos seus mestres, Pe. Pinceli, Jesuíta, quando soube da inesperada fuga de Possenti do mundo para o convento, disse: “O bailarino fez isto? Quem esperava uma tal coisa! Deixar tudo e fazer-se religioso no noviciado dos Padres Passionistas!”

Francisco bem conhecia o perigo em que nadava, e não faltava quem o chamasse à atenção, o lembrasse da necessidade da oração, da vigilância, da mortificação, da devoção a Jesus e Maria, de não perder de vista a eternidade, etc. Em uma carta que lhe escreveu o Pe. Fedeschini,  S. J. há todos estes avisos; o conselho de fugir das más companhias, de dar desprezo à vaidade no vestir e falar, de largar o respeito humano, de fazer meditação diária e receber os sacramentos.

Com todas as leviandades e suas perigosas tendências para o mundo, Francisco não deixava de ser um bom e piedoso jovem, a quem homens sábios e virtuosos não pudessem escrever com confiança, benevolência e estima e cujas palavras não fossem aceitas com respeito e gratidão.

“Muitas vezes” – diz  quem bem o conhecia – “Possenti sentiu o chamado de Deus, de deixar a vida no mundo e trocá-la com o estado religioso”. Seu diretor, Pe. Norberto, Passionista, declara: “A vocação, se bem que descuidada e sufocada, estava nele havia muito tempo e ele a sentiu desde os mais tenros anos. Muitas vezes o servo de Deus disse-me isto, lastimando a sua ingratidão e indiferença”.

O mesmo sacerdote relata: “A sua vocação se manifestou do seguinte modo: Não sei em que ano foi, sentiu-se ele acometido de um mal, que o fez pensar na morte. Teve então a inspiração de prometer a Deus entrar numa Ordem religiosa, caso recuperasse a saúde. A promessa foi aceita, pois melhorou prontamente e em pouco tempo se achou restabelecido. A promessa ficou como se não fosse feita. O jovem tornou a dar o seu afeto ao mundo e se entregou à dissipação como antes. Não tardou que Deus lhe mandasse outra enfermidade, uma inflamação interna e externa da garganta, tão grave, que parecia a morte iminente já na primeira noite, tornando-se-lhe dificílima à respiração. Novamente o enfermo recorreu a Deus e invocando Santo André Bobola, aplicou ao lugar dolorido uma estampa do mesmo Santo,e renovou a promessa de abraçar o estado religioso. As melhoras se acentuaram quase instantaneamente e teve o enfermo uma noite tranqüila e não mais voltaram as angústias da dispnéia. Deste extraordinário favor o jovem se lembrou sempre com muita gratidão. Manteve também por algum tempo o propósito de fazer-se religioso, mas diferindo-lhe a execução, o amor ao  mundo voltou e no mundo continuou a viver.

Das paixões de Francisco, uma das mais fortes foi a da caça. A esta paixão ele pagava tributos bem pesados e seu diretor espiritual não hesitou em atribuir a este esporte a cruel moléstia, que o ceifou na flor da idade. Certa vez, em pular uma cerca, chegou a cair e com tanta infelicidade, que quebrou-lhe um osso do nariz. O fuzil disparou e o projétil passou-lhe rentinho pela testa, pouco faltando que lhe rebentasse o crânio. Francisco reconhecendo logo a providência deste aviso, renovou a sua promessa. Ficou com as cicatrizes, mas deixou-se ficar no mundo.

A graça divina também não se deu por vencida. Rejeitada três vezes, tentou um quarto golpe, mais doloroso ainda. De todos de sua família Francisco dedicava terníssima amizade a sua irmã Maria Luzia, nove anos mais velha que ele, e esta amizade era correspondida com todo afeto. Em 1855 irrompeu em Spoleto a cólera e Maria Luiza foi a primeira vítima da terrível epidemia. Foi no dia Corpus Christi, e a notícia alcançou Francisco, quando, na procissão, levava a cruz. A morte da irmã feriu profundamente o coração do jovem e mergulhou sua alma em trevas nunca antes experimentadas. Perdeu o gosto de tudo e se entregou a uma tristeza inconsolável. Parecia, que com este golpe a graça divina tivesse removido o  último obstáculo de a promessa se cumprir. Assim ainda não foi. Todo acabrunhado, Francisco manifestou ao pai sua resolução de entrar para o convento chegando a dizer que para ele tudo se tinha acabado nesta vida. Possenti, receando perder seu filho a quem muito amava, não recebeu bem a comunicação e pediu-lhe nunca mais tocasse neste assunto. Aconselhou-o a se distrair, a afastar os pensamentos tristes a procurar a sociedade, freqüentar o teatro; chegou a insinuar-lhe a idéia de procurar a amizade de uma donzela distinta, de família igualmente conceituada, na esperança de nos entendimentos inocentes ela conseguir de fazê-lo esquecer-se dos seus intentos religiosos.

Na igreja metropolitana de Spoleto gozava de uma veneração singular uma imagem de Nossa Senhora; a esta imagem chamava simplesmente “a Icone”. Na oitava do dia 15 de agosto esta imagem era levada em solene procissão por dentro da igreja e não havia quem não se ajoelhasse à sua passagem. Em 1856 Francisco Possenti achava-se no meio dos fiéis e todo tomado de amor por Maria Santíssima, os seus olhos se fixavam na venerada imagem como que esperando por uma bênção especial. Pois, quando a “Icone” vinha aproximando-se do jovem, parecia ela lhe atirar um olhar todo especial e lhe dizer: “Francisco, o mundo não é para ti; a vida no convento te espera”. Esta palavra, qual uma seta de fogo cravou-lhe no coração; assim saiu da igreja desfeito em lágrimas. Estava resolvido a realizar desta vez o plano de alguns anos. Tratou, porém, de não dar por enquanto nenhuma demonstração do seu intento.

Embora certo de sua vocação, mas desconfiando da sua fraqueza, e para não ser vítima de uma ilusão procurou seu mestre no liceu e diretor espiritual Pe. Bompiani, Jesuíta e a ele se abriu inteiramente, fazendo do conselho do mesmo depender sua resolução definitiva. O exame foi feito com toda sinceridade e tendo tomado em consideração todos os fatores influentes no passado da vida do jovem, o Pe. Bompiani não duvidou de se tratar de uma vocação verdadeira e animou o jovem a seguí-la. Consultas que fez com mais dois sacerdotes de sua inteira confiança, tiveram o mesmo resultado. Francisco se resolveu então a pedir sua admissão na Congregação dos Passionistas. Comunicar ao pai a resolução tomada, não foi fácil. Mas desta vez o Sr. Sante, homem consciencioso, vendo a aflição e a firmeza de seu filho, não mais se opôs; tomado, porém, de espanto quando soube que a Congregação por Francisco escolhida, a dos Passionistas, era de todas a mais austera. Se bem que não se opusesse à vontade do filho, tratou de procrastinar a execução do seu plano e impor condições. Francisco, porém, ficou firme. Tomou ainda e pela última vez, parte na solenidade da distribuição dos prêmios, no colégio dos Jesuítas, fez como sempre um papel brilhante no palco, despediu-se dos seus professores, dos seus amigos e em companhia de seu irmão Luiz, da Ordem Dominicana, por ordem de seu pai, fez uma visita a seu tio Cesare, cônego da Basílica de Loreto e a um parente de seu pai, Frei João Batista da Civitanova, guardião de um convento dos capuchinhos, levando para ambos carta de Sante Possenti em que este pedia examinassem a vocação do jovem. Tanto o cônego como o capuchinho carregaram bastante as cores da vida austera na Congregação dos Passionistas, que absolutamente não lhe conviria, a ele, moço de dezoito anos, acostumado a seguir às suas vontades, sem restrição de comodidades. A visita à Santa Casa em Loreto Francisco aproveitou largamente para recomendar-se a N. Sra. Não mais arredou do caminho encetado. De Loreto foi para  convento Morrovale, dos Passionistas onde já em 21 de setembro de 1856 recebeu o hábito com o nome de Gabriel dell’Adolorata. Admitido no noviciado, escreveu ao pai e aos irmãos, comunicando-lhes o fato. Ao pai pede perdão, aos irmãos recomenda amor filial e boa conduta. A carta, embora de simplicidade encantadora, é um documento admirável de sentimento filial e católico. Aos companheiros seus de estudo dirigiu cartas também. Despede-se, pede perdão de maus exemplos que julgava ter dado; aconselha-os  a fugir das más companhias, do teatro, das más leituras e das conversas inúteis.

Convencidíssimo da sua vocação religiosa, longe do mundo, da sociedade e da família, não mais teve outro ideal que subir as culminâncias da perfeição.

Inconfundível era sua personalidade no meio dos seus companheiros do noviciado. Sem perder as notas características do seu caráter, a jovialidade, a alegria de espírito, a amenidade de trato, era ele inexcedível não só na exatidão do cumprimento dos exercícios regulares, como também na prática das virtudes cristãs e monásticas. E se perscrutarmos as causas profundas desta mudança radical na vida de Gabriel, duas conseguiremos encontrar, aliás suficientes e esclarecedoras: o ardente amor a Jesus Crucificado, à Santa Eucaristia, sua devoção singular a Mãe de Deus, em particular à Nossa Senhora das Dores e sua inalterada mortificação, por meio da qual deu morte aos seus desordenados apetites, um por um.

Tendo corrido o ano de provação, Gabriel foi admitido à profissão e mandado para várias casas da Congregação, com o fim de completar os seus estudos de teologia. Durante os anos de preparação para o sacerdócio, superiores e companheiros viram no santo jovem o modelo mais perfeito de todas as virtudes, e cumpridor exatíssimo dos seus deveres.

Quando chegou à idade de vinte e três anos, anunciaram-se os primeiros sintomas da moléstia, que no prazo de um ano havia de levá-lo ao túmulo: a tuberculose pulmonar. O longo tempo da sua enfermagem Gabriel o aproveitou para ainda mais se aprofundar na sua devoção predileta à Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo e à Maria Santíssima, mãe das dores. Em fevereiro de 1862 ainda pôde andar e receber a santa comunhão na igreja, junto com seus companheiros. Inesperadamente o mal se agravou; foi preciso avisá-lo para receber os últimos sacramentos. A notícia assustou-o por um momento só; mas imediatamente recuperou a habitual calma, que logo se transformou numa alegria antes nunca experimentada. O modo de receber o santo viático comoveu e edificou a todos que assistiram. Não mais largava a imagem do crucificado, que cobria de beijos, e ao seu alcance tinha a estátua de N. Sra. das Dores, que freqüentemente apertava ao seu peito, proferindo afetuosas jaculatórias, como estas: “Minha mãe, faze depressa!” – “Jesus, Maria, José, expire eu em paz em vossa companhia!” – “Maria, mãe da graça, mãe da misericórdia, do inimigo nos protegei, e na hora da morte nos recebei”. – Poucos momentos antes do desenlace, o agonizante, que parecia dormir, de repente, todo a sorrir, virou o rosto para esquerda, fixando olhar para um determinado ponto. Como que tomado de uma grande comoção diante de uma visão impressionante, deu um profundo suspiro de afeto e nesta atitude, sempre sorridente, com as mãos apertando as imagens do crucifixo e da Mater dolorosa, passou desta vida para a outra.

Assim morreu o santo jovem na idade de vinte e quatro anos, na manhã de 27 de fevereiro de 1862. Foi sepultado na igreja da Congregação, em Isola Del Gran Sasso. Trinta anos depois fêz-se o reconhecimento do seu corpo. Nesta ocasião com o simples contacto de suas relíquias verificou-se a cura prodigiosa de uma jovem que a tuberculose pulmonar tinha reduzido ao último estado. Reproduziram-se aos milhares os prodígios que foram constatados à invocação do Santo. Em 1908 o Papa Pio X inscreveu o nome de Gabriel da Virgem Dolorosa no catálogo dos Beatos e em 1920 Bento XV decretou-lhe as solenes honras da canonização.

Pio XI estendeu a sua festa a toda a Igreja, em 1932.

Oração 

Ó Deus, que ensinastes a S. Gabriel a honrar com assiduidade as dores de vossa Mãe dulcíssima e por ela o elevaste à glória da Santidade e dos milagres, concedei-nos, pela sua intercessão e seus exemplos, a graça de partilharmos tão intimamente as dores de vossa Mãe Santíssima, que por sua maternal proteção consigamos a salvação eterna.

28 de Fevereiro

Santos Romão e Lupicino

São Romão entrou para a vida religiosa com 35 anos, na França, onde nasceram os dois santos de hoje. Ele foi discernindo sua vocação, que o deixava inquieto, apesar de já estar na vida religiosa. Ao tomar as constituições de Cassiano e também o testemunho dos Padres do deserto, deixou o convento e foi peregrinar, procurando o lugar onde Deus o queria vivendo.

Indo para o Leste, encontrou uma natureza distante de todos e percebeu que Deus o queria ali.

Vivia os trabalhos manuais, a oração e a leitura, até o seu irmão Lupicino, então viúvo, se unir a ele. Fundaram então um novo Mosteiro, que se baseava nas regras de São Pacômio, São Basílio e Cassiano.

Romão tinha um temperamento e caminhada espiritual onde com facilidade era dado à misericórdia, à compreensão e tolerância. Lupicino era justiça e intolerância. Nas diferenças, os irmãos se completavam, e ajudavam aos irmãos da comunidade, que a santidade se dá nessa conjugação: amor, justiça, misericórdia, verdade, inspiração, transpiração, severidade, compreensão. Eles eram iguais na busca da santidade.

O Bispo Santo Hilário ordenou Romão, que faleceu em 463. E em 480 vai para a glória São Lupicino.

Santos Romão e Lupicino, rogai por nós!

Foto: Santos Romão e Lupicino
(28 de Fevereiro)

São Romão entrou para a vida religiosa com 35 anos, na França, onde nasceram os dois santos de hoje. Ele foi discernindo sua vocação, que o deixava inquieto, apesar de já estar na vida religiosa. Ao tomar as constituições de Cassiano e também o testemunho dos Padres do deserto, deixou o convento e foi peregrinar, procurando o lugar onde Deus o queria vivendo.

Indo para o Leste, encontrou uma natureza distante de todos e percebeu que Deus o queria ali.

Vivia os trabalhos manuais, a oração e a leitura, até o seu irmão Lupicino, então viúvo, se unir a ele. Fundaram então um novo Mosteiro, que se baseava nas regras de São Pacômio, São Basílio e Cassiano.

Romão tinha um temperamento e caminhada espiritual onde com facilidade era dado à misericórdia, à compreensão e tolerância. Lupicino era justiça e intolerância. Nas diferenças, os irmãos se completavam, e ajudavam aos irmãos da comunidade, que a santidade se dá nessa conjugação: amor, justiça, misericórdia, verdade, inspiração, transpiração, severidade, compreensão. Eles eram iguais na busca da santidade.

O Bispo Santo Hilário ordenou Romão, que faleceu em 463. E em 480 vai para a glória São Lupicino.

Santos Romão e Lupicino, rogai por nós!

29 de Fevereiro

Santo Osvaldo

O santo do dia de hoje era de origem dinamarquesa, vindo de uma educação religiosa muito forte, tendo como tio o Arcebispo de Cantuária. Osvaldo foi educado sob os cuidados dele e, após ter sido Bispo e confessor, se tornou Cônego de Winchester com seu auxílio.

Tinha um forte desejo de ingressar numa abadia beneditina, o que de fato fez, tornando-se monge em Fleury-sur-Loire, na França. Homem de grande santidade, ativo, generoso e bom, Osvaldo apreciava também a ciência.

Apoiado pelo rei Edgar, em 972, foi nomeado Arcebispo de York, tornando os mosteiros verdadeiros centros de estudos. Mas como houve uma recusa por parte do Clero da Catedral de Worcester, da reforma imposta por Santo Osvaldo, este mandou construir aí uma abadia e uma igreja dedicadas a Nossa Senhora. Gozou da plenitude eterna nos Céus no dia 29 de fevereiro de 992.

Santo Osvaldo, rogai por nós!

Foto: Santo Osvaldo
(29 de Fevereiro)

O santo do dia de hoje era de origem dinamarquesa, vindo de uma educação religiosa muito forte, tendo como tio o Arcebispo de Cantuária. Osvaldo foi educado sob os cuidados dele e, após ter sido Bispo e confessor, se tornou Cônego de Winchester com seu auxílio.

Tinha um forte desejo de ingressar numa abadia beneditina, o que de fato fez, tornando-se monge em Fleury-sur-Loire, na França. Homem de grande santidade, ativo, generoso e bom, Osvaldo apreciava também a ciência.

Apoiado pelo rei Edgar, em 972, foi nomeado Arcebispo de York, tornando os mosteiros verdadeiros centros de estudos. Mas como houve uma recusa por parte do Clero da Catedral de Worcester, da reforma imposta por Santo Osvaldo, este mandou construir aí uma abadia e uma igreja dedicadas a Nossa Senhora. Gozou da plenitude eterna nos Céus no dia 29 de fevereiro de 992.

Santo Osvaldo, rogai por nós!

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