Capítulo 1

1Genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão:

2Abraão gerou Isaac;
Isaac gerou Jacob;
Jacob gerou Judá e seus irmãos;
3Judá gerou, de Tamar, Peres e Zera;
Peres gerou Hesron;
Hesron gerou Rame;
4Rame gerou Aminadab;
Aminadab gerou Nachon;
Nachon gerou Salmon;
5Salmon gerou, de Raab, Booz;
Booz gerou, de Rute, Obed;
Obed gerou Jessé;
6Jessé gerou o rei David.
David, da mulher de Urias, gerou Salomão;
7Salomão gerou Roboão;
Roboão gerou Abias;
Abias gerou Asa;
8Asa gerou Josafat;
Josafat gerou Jorão;
Jorão gerou Uzias;
9Uzias gerou Jotam;
Jotam gerou Acaz;
Acaz gerou Ezequias;
10Ezequias gerou Manassés;
Manassés gerou Amon;
Amon gerou Josias;
11Josias gerou Jeconias e seus irmãos,
na época da deportação para Babilónia.
12Depois da deportação para Babilónia,
Jeconias gerou Salatiel;
Salatiel gerou Zorobabel;
13Zorobabel gerou Abiud.
Abiud gerou Eliaquim;
Eliaquim gerou Azur;
14Azur gerou Sadoc;
Sadoc gerou Aquim;
Aquim gerou Eliud;
15Eliud gerou Eleázar;
Eleázar gerou Matan;
Matan gerou Jacob.
16Jacob gerou José, esposo de Maria,
da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo.

17Assim, o número total das gerações é, desde Abraão até David, catorze; de David até ao exílio da Babilónia, catorze; e, desde o exílio da Babilónia até Cristo, catorze.


Anúncio do nascimento de Jesus (Lc 1,26-38) - 18Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo. 19José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente. 20Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. 21Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados.»

22Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: 23Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão-de chamá-lo Emanuel, que quer dizer: Deus connosco. 24Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor, e recebeu sua esposa. 25E, sem que antes a tivesse conhecido, ela deu à luz um filho, ao qual ele pôs o nome de Jesus.

Capítulo 2

Os Magos do Oriente - 1Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente. 2E perguntaram: «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.» 3Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele. 4E, reunindo todos os sumos sacerdotes e escribas do povo, perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. 5Eles responderam: «Em Belém da Judeia, pois assim foi escrito pelo profeta:

6E tu, Belém, terra de Judá,
de modo nenhum és a menor entre
as principais cidades da Judeia;
porque de ti vai sair o Príncipe
que há-de apascentar o meu povo de Israel.»

7Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e pediu-lhes informações exactas sobre a data em que a estrela lhes tinha aparecido. 8E, enviando-os a Belém, disse-lhes: «Ide e informai-vos cuidadosamente acerca do menino; e, depois de o encontrardes, vinde comunicar-mo para eu ir também prestar-lhe homenagem.» 9Depois de ter ouvido o rei, os magos puseram-se a caminho. E a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o menino, parou. 10Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; 11e, entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. 12Avisados em sonhos para não voltarem junto de Herodes, regressaram ao seu país por outro caminho.


Fuga para o Egipto - 13Depois de partirem, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: «Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egipto e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procurará o menino para o matar.»

14E ele levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egipto, 15permanecendo ali até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciou pelo profeta: Do Egipto chamei o meu filho.


Martírio dos Inocentes - 16Então Herodes, ao ver que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o seu território, da idade de dois anos para baixo, conforme o tempo que, diligentemente, tinha inquirido dos magos. 17Cumpriu-se, então, o que o profeta Jeremias dissera:

18Ouviu-se uma voz em Ramá,
uma lamentação e um grande pranto:
É Raquel que chora os seus filhos
e não quer ser consolada,
porque já não existem.


Jesus em Nazaré - 19Morto Herodes, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, no Egipto, 20e disse-lhe: «Levanta-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino.» 21Levantando-se, ele tomou o menino e sua mãe e voltou para a terra de Israel.

22Porém, tendo ouvido dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de Herodes, seu pai, teve medo de ir para lá. Advertido em sonhos, retirou-se para a região da Galileia 23e foi morar numa cidade chamada Nazaré; assim se cumpriu o que foi anunciado pelos profetas: Ele será chamado Nazareno.

Capítulo 3

Pregação de João Baptista (Mc 1,2-8; Lc 3,1-6; Jo 1,19-23) - 1Naqueles dias, apareceu João, o Baptista, a pregar no deserto da Judeia. 2Dizia: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu.» 3Foi deste que falou o profeta Isaías, quando disse:

Uma voz clama no deserto:
Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas.

4João trazia um traje de pêlos de camelo e um cinto de couro à volta da cintura; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. 5Iam ter com ele os de Jerusalém, os de toda a Judeia e os da região do Jordão, 6e eram por ele baptizados no Jordão, confessando os seus pecados.


Apelo de João à conversão (Mc 1,7-8; Lc 3,7-9.15-18; Jo 1,24-28) - 7Vendo, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao seu baptismo, disse-lhes: «Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera que está para vir? 8Produzi, pois, frutos dignos de conversão 9e não vos iludais a vós mesmos, dizendo: ‘Temos por pai a Abraão!’ Pois, digo-vos: Deus pode suscitar, destas pedras, filhos de Abraão. 10O machado já está posto à raiz das árvores, e toda a árvore que não dá bom fruto é cortada e lançada no fogo.

11Eu baptizo-vos com água, para vos mover à conversão; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu e não sou digno de lhe descalçar as sandálias. Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo. 12Tem na sua mão a pá de joeirar; limpará a sua eira e recolherá o trigo no celeiro, mas queimará a palha num fogo inextinguível.»


Baptismo de Jesus (Mc 1,9-11; Lc 3,21-22; Jo 1,31-34) - 13Então, veio Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser baptizado por ele. 14João opunha-se, dizendo: «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu vens a mim?» 15Jesus, porém, respondeu-lhe: «Deixa por agora. Convém que cumpramos assim toda a justiça.» João, então, concordou.

16Uma vez baptizado, Jesus saiu da água e eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. 17E uma voz vinda do Céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado.»

Capítulo 4

Jesus tentado no deserto (Mc 1,12-13; Lc 4,1-13) - 1Então, o Espírito conduziu Jesus ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo. 2Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome.

3O tentador aproximou-se e disse-lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se convertam em pães.» 4Respondeu-lhe Jesus: «Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus5Então, o diabo conduziu-o à cidade santa e, colocando-o sobre o pináculo do templo, 6disse-lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo, pois está escrito:

Dará a teu respeito ordens aos seus anjos;
eles suster-te-ão nas suas mãos
para que os teus pés não se firam nalguma pedra.»

7Disse-lhe Jesus: «Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus

8Em seguida, o diabo conduziu-o a um monte muito alto e, mostrando-lhe todos os reinos do mundo com a sua glória, 9disse-lhe: «Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.» 10Respondeu-lhe Jesus: «Vai-te, Satanás, pois está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto

11Então, o diabo deixou-o e chegaram os anjos e serviram-no.


Início da pregação (Mc 1,14-15; Lc 4,14-15) - 12Tendo ouvido dizer que João fora preso, Jesus retirou-se para a Galileia. 13Depois, abandonando Nazaré, foi habitar em Cafarnaúm, cidade situada à beira-mar, na região de Zabulão e Neftali, 14para que se cumprisse o que o profeta Isaías anunciara:

15Terra de Zabulão e Neftali,
caminho do mar,
região de além do Jordão,
Galileia dos gentios.
16O povo que jazia nas trevas
viu uma grande luz;
e aos que jaziam na sombria região da morte
surgiu uma luz.

17A partir desse momento, Jesus começou a pregar, dizendo: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu.»


Chamamento dos primeiros discípulos (Mc 1,16-20; Lc 5,1-11; Jo 1,35-51) - 18Caminhando ao longo do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores.19Disse-lhes: «Vinde comigo e Eu farei de vós pescadores de homens.» 20E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-no.

21Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, os quais, com seu pai, Zebedeu, consertavam as redes, dentro do barco. Chamou-os, e 22eles, deixando no mesmo instante o barco e o pai, seguiram-no.


Jesus e a multidão (Mc 3,7-10; Lc 4,42-44; 6,17-18) - 23Depois, começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando entre o povo todas as doenças e enfermidades. 24A sua fama estendeu-se por toda a Síria e trouxeram-lhe todos os que sofriam de qualquer mal, os que padeciam doenças e tormentos, os possessos, os epilépticos e os paralíticos; e Ele curou-os. 25E seguiram-no grandes multidões, vindas da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e de além do Jordão.

Capítulo 5

As Bem-aventuranças (Lc 6, 20-26) - 1Ao ver a multidão, Jesus subiu a um monte. Depois de se ter sentado, os discípulos aproximaram-se dele. 2Então tomou a palavra e começou a ensiná-los, dizendo:

3«Felizes os pobres em espírito,
porque deles é o Reino do Céu.
4Felizes os que choram,
porque serão consolados.
5Felizes os mansos,
porque possuirão a terra.
6Felizes os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
7Felizes os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
8elizes os puros de coração,
porque verão a Deus.
9Felizes os pacificadores,
porque serão chamados filhos de Deus.
10Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça,
porque deles é o Reino do Céu.

11Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa.12Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois também assim perseguiram os profetas que vos precederam.»


Sal da terra, luz do mundo (Mc 4,21; 9,50; Lc 8,16; 11,33; 14,34-35) - 13«Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper, com que se há-de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens.

14Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; 15nem se acende a candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas sim em cima do candelabro, e assim alumia a todos os que estão em casa. 16Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu.»


Jesus e a Lei (Lc 16,14-18) - 17«Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição. 18Porque em verdade vos digo: Até que passem o céu e a terra, não passará um só jota ou um só ápice da Lei, sem que tudo se cumpra.

19Portanto, se alguém violar um destes preceitos mais pequenos, e ensinar assim aos homens, será o menor no Reino do Céu. Mas aquele que os praticar e ensinar, esse será grande no Reino do Céu. 20Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu.»


Homicídio e reconciliação (Lc 12,57-59) - 21«Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás. Aquele que matar terá de responder em juízo. 22Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal; quem lhe chamar ‘imbecil’ será réu diante do Conselho; e quem lhe chamar ‘louco’ será réu da Geena do fogo.

23Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta. 25Com o teu adversário mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos, para não acontecer que ele te entregue ao juiz e este à guarda e te mandem para a prisão. 26Em verdade te digo: Não sairás de lá até que pagues o último centavo.»


Adultério e escândalo (18,6-9; Mc 9, 42-47) - 27«Ouvistes o que foi dito: Não cometerás adultério. 28Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração.

29Portanto, se a tua vista direita for para ti origem de pecado, arranca-a e lança-a fora, pois é melhor perder-se um dos teus órgãos do que todo o teu corpo ser lançado à Geena. 30E se a tua mão direita for para ti origem de pecado, corta-a e lança-a fora, porque é melhor perder-se um só dos teus membros do que todo o teu corpo ser lançado à Geena.»


Jesus e o divórcio (19,3-9; Mc 10,2-12; Lc 16,18) - 31«Também foi dito: Aquele que se divorciar da sua mulher, dê-lhe documento de divórcio. 32Eu, porém, digo-vos: Aquele que se divorciar da sua mulher - excepto em caso de união ilegal - expõe-na a adultério, e quem casar com a divorciada comete adultério.»


Linguagem e juramentos - 33«Do mesmo modo, ouvistes o que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás diante do Senhor os teus juramentos. 34Eu, porém, digo-vos: Não jureis de maneira nenhuma: nem pelo Céu, que é o trono de Deus, 35nem pela Terra, que é o estrado dos seus pés, nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei. 36Não jures pela tua cabeça, porque não tens poder de tornar um só dos teus cabelos branco ou preto. 37Seja este o vosso modo de falar: Sim, sim; não, não. Tudo o que for além disto procede do espírito do mal.»


Lei de talião (Ex 21,23-25; Lv 24,17-21; Lc 6,27-30) - 38«Ouvistes o que foi dito: Olho por olho e dente por dente. 39Eu, porém, digo-vos: Não oponhais resistência ao mau. Mas, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. 40Se alguém quiser litigar contigo para te tirar a túnica, dá-lhe também a capa. 41E se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, caminha com ele duas. 42Dá a quem te pede e não voltes as costas a quem te pedir emprestado.»


Amor aos inimigos (Lc 6,31-36) - 43«Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. 44Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. 45Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está no Céu, pois Ele faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores. 46Porque, se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os cobradores de impostos? 47E, se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos?

48Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste.»

Capítulo 6

A esmola - 1«Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para vos tornardes notados por eles; de outro modo, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está no Céu.

2Quando, pois, deres esmola, não permitas que toquem trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: Já receberam a sua recompensa. 3Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua direita, 4a fim de que a tua esmola permaneça em segredo; e teu Pai, que vê o oculto, há-de premiar-te.»


A oração - 5«Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar de pé nas sinagogas e nos cantos das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. 6Tu, porém, quando orares, entra no quarto mais secreto e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai, pois Ele, que vê o oculto, há-de recompensar-te.

7Nas vossas orações, não sejais como os gentios, que usam de vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. 8Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós lho pedirdes.»


O Pai-Nosso (Lc 11,2-4) - 9«Rezai, pois, assim:

‘Pai nosso, que estás no Céu,
santificado seja o teu nome,
10venha o teu Reino;
faça-se a tua vontade,
como no Céu, assim também na terra.
11Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia;
12perdoa as nossas ofensas,
como nós perdoámos a quem nos tem ofendido;
13e não nos deixes cair em tentação,
mas livra-nos do Mal.’

14Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. 15Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas.»


O jejum - 16«E, quando jejuardes, não mostreis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto para que os outros vejam que eles jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.

17Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18para que o teu jejum não seja conhecido dos homens, mas apenas do teu Pai que está presente no oculto; e o teu Pai, que vê no oculto, há-de recompensar-te.»


O tesouro no céu (Lc 11,34-36; 12,33-35) - 19«Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. 20Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não corroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam. 21Pois, onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.

22A lâmpada do corpo são os olhos; se os teus olhos estiverem sãos, todo o teu corpo andará iluminado. 23Se, porém, os teus olhos estiverem doentes, todo o teu corpo andará em trevas. Portanto, se a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão essas trevas! 24Ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.»


Confiança na Providência (Lc 12,22-31) - 25«Por isso vos digo: Não vos inquieteis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou beber, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Porventura não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestido? 26Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai celeste alimenta-as. Não valeis vós mais do que elas?

27Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?

28Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam! 29Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. 30Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?

31Não vos preocupeis, dizendo: ‘Que comeremos, que beberemos, ou que vestiremos?’ 32Os pagãos, esses sim, afadigam-se com tais coisas; porém, o vosso Pai celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. 33Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. 34Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema.»

Capítulo 7

Não julgar os outros (Lc 6,37-42) - 1«Não julgueis, para não serdes julgados; 2pois, conforme o juízo com que julgardes, assim sereis julgados; e, com a medida com que medirdes, assim sereis medidos. 3Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não vês a trave que está na tua vista? 4Como ousas dizer ao teu irmão: ‘Deixa-me tirar o argueiro da tua vista’, tendo tu uma trave na tua? 5Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás melhor para tirar o argueiro da vista do teu irmão.»


Responsabilidade da fé - 6«Não deis as coisas santas aos cães nem lanceis as vossas pérolas aos porcos, para não acontecer que as pisem aos pés e, acometendo-vos, vos despedacem.»


Confiança na oração (Mc 11,22.24; Lc 11,9-13; Jo 14,13-14; 16,23-24) - 7«Pedi, e ser-vos-á dado; procurai, e encontrareis; batei, e hão-de abrir-vos. 8Pois, quem pede, recebe; e quem procura, encontra; e ao que bate, hão-de abrir. 9Qual de vós, se o seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? 10Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? 11Ora bem, se vós, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está no Céu dará coisas boas àqueles que lhas pedirem.»


A “regra de ouro” (Lc 6,31) - 12«Portanto, o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles, porque isto é a Lei e os Profetas.»


A porta estreita (Lc 13,23-24) - 13«Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que seguem por ele. 14Como é estreita a porta e quão apertado é o caminho que conduz à vida, e como são poucos os que o encontram!»


Os falsos profetas (12,33; Lc 6,43-44) - 15«Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes. 16Pelos seus frutos, os conhecereis. Porventura podem colher-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? 17Toda a árvore boa dá bons frutos e toda a árvore má dá maus frutos. 18A árvore boa não pode dar maus frutos nem a árvore má, dar bons frutos. 19Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao fogo. 20Pelos frutos, pois, os conhecereis.»


O verdadeiro discípulo (Lc 6,39-42; 13,25-27) - 21«Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu.

22Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizámos, em teu nome que expulsámos os demónios e em teu nome que fizemos muitos milagres?’ 23E, então, dir-lhes-ei: ‘Nunca vos conheci; afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.’»


Edificar sobre a rocha (Lc 6,47-49) - 24«Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.

26Porém, todo aquele que escuta estas minhas palavras e não as põe em prática poderá comparar-se ao insensato que edificou a sua casa sobre a areia. 27Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se, e grande foi a sua ruína.»


Autoridade de Jesus (Mc 1,22; Lc 4,32) - 28Quando Jesus acabou de falar, a multidão ficou vivamente impressionada com os seus ensinamentos, 29porque Ele ensinava-os como quem possui autoridade e não como os doutores da Lei.

Capítulo 8

Cura de um leproso (Mc 1,40-45; Lc 5,12-16) - 1Ao descer do monte, seguia-o uma enorme multidão. 2Foi, então, abordado por um leproso que se prostrou diante dele, dizendo-lhe: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me.» 3Jesus estendeu a mão e tocou-o, dizendo: «Quero, fica purificado!» No mesmo instante, ficou purificado da lepra.

4Jesus, porém, disse-lhe: «Vê, não o digas a ninguém; mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta a oferta que Moisés preceituou, para que lhes sirva de testemunho.»


Cura do servo do centurião (Lc 7,1-10; Jo 4,46-54) - 5Entrando em Cafarnaúm, aproximou-se dele um centurião, suplicando nestes termos: 6«Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, sofrendo horrivelmente.» 7Disse-lhe Jesus: «Eu irei curá-lo.» 8Respondeu-lhe o centurião:

«Senhor, eu não sou digno de que entres debaixo do meu tecto; mas diz uma só palavra e o meu servo será curado. 9Porque eu, que não passo de um subordinado, tenho soldados às minhas ordens e digo a um: ‘Vai’, e ele vai; a outro: ‘Vem’, e ele vem; e ao meu servo: ‘Faz isto’, e ele faz.»

10Jesus, ao ouvi-lo, admirou-se e disse aos que o seguiam: «Em verdade vos digo: Não encontrei ninguém em Israel com tão grande fé! 11Digo-vos que, do Oriente e do Ocidente, muitos virão sentar-se à mesa do banquete com Abraão, Isaac e Jacob, no Reino do Céu, 12ao passo que os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.»

13Disse, então, Jesus ao centurião: «Vai, que tudo se faça conforme a tua fé.» Naquela mesma hora, o servo ficou curado.


Cura da sogra de Pedro e outros milagres (Mc 1,29-34; Lc 4,38-41) - 14Entrando em casa de Pedro, Jesus viu que a sogra dele jazia no leito com febre. 15Tocou-lhe na mão, e a febre deixou-a. E ela, levantando-se, pôs-se a servi-lo.

16Ao entardecer, apresentaram-lhe muitos possessos; e Ele, com a sua palavra, expulsou os espíritos e curou todos os que estavam doentes, 17para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: Ele tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas dores.


Condições para seguir Jesus (Lc 9,57-60) - 18Vendo Jesus em torno de si uma grande multidão, decidiu passar à outra margem. 19Saiu-lhe ao encontro um doutor da Lei, que lhe disse: «Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores.» 20Respondeu-lhe Jesus: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.»

21Um dos discípulos disse-lhe: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai.» 22Jesus, porém, respondeu-lhe: «Segue-me e deixa os mortos sepultar os seus mortos.»


Tempestade acalmada (Mc 4,35-41; Lc 8,22-25) - 23Depois subiu para o barco e os discípulos seguiram-no. 24Levantou-se, então, no mar, uma tempestade tão violenta, que as ondas cobriam o barco; entretanto, Jesus dormia. 25Aproximando-se dele, os discípulos despertaram-no, dizendo-lhe: «Senhor, salva-nos, que perecemos!» 26Disse-lhes Ele: «Porque temeis, homens de pouca fé?» Então, levantando-se, falou imperiosamente aos ventos e ao mar, e sobreveio uma grande calma.

27Os homens, admirados, diziam: «Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?»


Possessos de Gádara (Mc 5,1-20; Lc 8,26-39) - 28Chegado à outra margem, à região dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois possessos, que habitavam nos sepulcros. Eram tão ferozes que ninguém podia passar por aquele caminho. 29Vendo-o, disseram em alta voz: «Que tens a ver connosco, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?» 30Ora, andava a pouca distância dali, a pastar, uma grande vara de porcos. 31E os demónios pediram-lhe: «Se nos expulsas, manda-nos para a vara de porcos.» 32Disse-lhes Jesus: «Ide!» Então, eles, saindo, entraram nos porcos, que se despenharam por um precipício, no mar, e morreram nas águas.

33Os guardas fugiram e, indo à cidade, contaram tudo o que se tinha passado com os possessos. 34Toda a cidade saiu ao encontro de Jesus e, vendo-o, rogaram-lhe que se retirasse daquela região.

Capítulo 9

Cura de um paralítico (Mc 2,1-12; Lc 5,17-26; Jo 5,1-9) - 1Depois disto, subiu para o barco, atravessou o mar e foi para a sua cidade. 2Apresentaram-lhe um paralítico, deitado num catre. Vendo Jesus a fé deles, disse ao paralítico: «Filho, tem confiança, os teus pecados estão perdoados.» 3Alguns doutores da Lei disseram consigo: «Este homem blasfema.»

4Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: «Porque alimentais esses maus pensamentos nos vossos corações? 5Que é mais fácil dizer: ‘Os teus pecados te são perdoados’, ou: ‘Levanta-te e anda’? 6Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder para perdoar pecados - disse Ele ao paralítico: ‘Levanta-te, toma o teu catre e vai para tua casa.»

7E ele, levantando-se, foi para sua casa. 8Ao ver isto, a multidão ficou dominada pelo temor e glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens.


Chamamento de Mateus (Mc 2,13-17; Lc 5,27-32) - 9Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me!» E ele levantou-se e seguiu-o.

10Encontrando-se Jesus à mesa em sua casa, numerosos cobradores de impostos e outros pecadores vieram e sentaram-se com Ele e seus discípulos.

11Os fariseus, vendo isto, diziam aos discípulos: «Porque é que o vosso Mestre come com os cobradores de impostos e os pecadores?»

12Jesus ouviu-os e respondeu-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. 13Ide aprender o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.»


Discussão sobre o jejum (Mc 2,18-20; Lc 5,33-35) - 14Depois, foram ter com Ele os discípulos de João, dizendo: «Porque é que nós e os fariseus jejuamos e os teus discípulos não jejuam?»

15Jesus respondeu-lhes: «Porventura podem os convidados para as núpcias estar tristes, enquanto o esposo está com eles? Porém, hão-de vir dias em que lhes será tirado o esposo e, então, hão-de jejuar.»


O velho e o novo (Mc 2,21-22; Lc 5,36-39) - 16«Ninguém põe um remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo puxa parte do tecido e o rasgão torna-se maior. 17Nem se deita vinho novo em odres velhos; de contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho e estragam-se os odres. Mas deita-se o vinho novo em odres novos; e, desta maneira, ambas as coisas se conservam.»


A filha de Jairo e a mulher com hemorragia (Mc 5,21-43; Lc 8,40-56) -18Enquanto Jesus lhes dizia estas coisas, aproximou-se um chefe que se prostrou diante dele e disse: «Minha filha acaba de morrer, mas vem impor-lhe a tua mão e viverá.»

19Jesus, levantando-se, seguiu-o com os discípulos. 20Então, uma mulher, que padecia de uma hemorragia há doze anos, aproximou-se dele por trás e tocou-lhe na orla do manto, 21pois pensava consigo: ‘Se eu, ao menos, tocar nas suas vestes, ficarei curada.’ 22Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse-lhe: «Filha, tem confiança, a tua fé te salvou.» E, naquele mesmo instante, a mulher ficou curada.

23Quando chegou a casa do chefe, vendo os flautistas e a multidão em grande alarido, disse: 24«Retirai-vos, porque a menina não está morta: dorme.» Mas riam-se dele. 25Retirada a multidão, Jesus entrou, tomou a mão da menina e ela ergueu-se. 26A notícia espalhou-se logo por toda aquela terra.


Cura de dois cegos (20,29-34; Mc 8,22-26; 10,46-52; Lc 18,35-43; Jo 9,1-41) - 27Ao sair dali, seguiram-no dois cegos, gritando: «Filho de David, tem misericórdia de nós!» 28Ao chegar a casa, os cegos aproximaram-se dele, e Jesus disse-lhes: «Credes que tenho poder para fazer isso?» Responderam-lhe: «Cremos, Senhor!» 29Então, tocou-lhes nos olhos, dizendo: «Seja-vos feito segundo a vossa fé.» 30E os olhos abriram-se-lhes.

Jesus advertiu-os em tom severo: «Vede lá, que ninguém o saiba.» 31Mas eles, saindo, divulgaram a sua fama por toda aquela terra.


Cura de um possesso (Mc 3,22-27; 7,31-37; Lc 11,14-15) - 32Mal eles se tinham retirado, apresentaram-lhe um mudo, possesso do demónio.

33Depois que o demónio foi expulso, o mudo falou; e a multidão, admirada, dizia: «Nunca se viu tal coisa em Israel.» 34Os fariseus, porém, diziam: «É pelo chefe dos demónios que Ele expulsa os demónios.»


Jesus e as multidões (Mc 6,6.34; Lc 10,2) - 35Jesus percorria as cidades e as aldeias, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando todas as enfermidades e doenças. 36Contemplando a multidão, encheu-se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor.

37Disse, então, aos seus discípulos: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe.»

Capítulo 10

Eleição dos Doze (Mc 3,13-19; Lc 6,12-16; Jo 1,40-49; Act 1,13) - 1Jesus chamou doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos malignos e de curar todas as enfermidades e doenças.

2São estes os nomes dos doze Apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; 3Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; 4Simão, o Zelota, e Judas Iscariotes, que o traiu.


Missão dos Doze (Mc 6,7-11; Lc 9,1-6; 10,1-11) - 5Jesus enviou estes doze, depois de lhes ter dado as seguintes instruções: «Não sigais pelo caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. 6Ide, primeiramente, às ovelhas perdidas da casa de Israel. 7Pelo caminho, proclamai que o Reino do Céu está perto. 8Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça. 9Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; 10nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado; pois o trabalhador merece o seu sustento.

11Em qualquer cidade ou aldeia onde entrardes, procurai saber se há nela alguém que seja digno, e permanecei em sua casa até partirdes. 12Ao entrardes numa casa, saudai-a. 13Se essa casa for digna, a vossa paz desça sobre ela; se não for digna, volte para vós. 14Se alguém não vos receber nem escutar as vossas palavras, ao sair dessa casa ou dessa cidade, sacudi o pó dos vossos pés. 15Em verdade vos digo: No dia do juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma e de Gomorra do que para aquela cidade.»


Perseguição dos discípulos (24,9-14; Mc 13,9-13; Lc 21,12-19; Act 20,29-31) - 16«Envio-vos como ovelhas para o meio dos lobos; sede, pois, prudentes como as serpentes e simples como as pombas. 17Tende cuidado com os homens: hão-de entregar-vos aos tribunais e açoitar-vos nas suas sinagogas; 18sereis levados perante governadores e reis, por minha causa, para dar testemunho diante deles e dos pagãos.

19Mas, quando vos entregarem, não vos preocupeis nem como haveis de falar nem com o que haveis de dizer; nessa altura, vos será inspirado o que tiverdes de dizer. 20Não sereis vós a falar, mas o Espírito do vosso Pai é que falará por vós. 21O irmão entregará o seu irmão à morte, e o pai, o seu filho; os filhos hão-de erguer-se contra os pais e hão-de causar-lhes a morte. 22E vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo. 23Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. Em verdade vos digo: Não acabareis de percorrer as cidades de Israel, antes de vir o Filho do Homem.»


Nada temer (Lc 12,2-7) - 24«O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do senhor. 25Basta ao discípulo ser como o mestre e ao servo ser como o senhor. Se ao dono da casa chamaram Belzebu, o que não chamarão eles aos familiares! 26Não os temais, portanto, pois não há nada encoberto que não venha a ser conhecido. 27O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do dia; e o que escutais ao ouvido, proclamai-o sobre os terraços.

28Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma. Temei antes aquele que pode fazer perecer na Geena o corpo e a alma. 29Não se vendem dois pássaros por uma pequena moeda? E nem um deles cairá por terra sem o consentimento do vosso Pai! 30Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados! 31Não temais, pois valeis mais do que muitos pássaros.»


Coragem e desprendimento (Lc 12,51-53; 14,25-33) - 32«Todo aquele que se declarar por mim, diante dos homens, também me declararei por ele diante do meu Pai que está no Céu. 33Mas aquele que me negar diante dos homens, também o hei-de negar diante do meu Pai que está no Céu. 34Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas a espada. 35Porque vim separar o filho do seu pai, a filha da sua mãe e a nora da sua sogra; 36de tal modo que os inimigos do homem serão os seus familiares.

37Quem amar o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem amar o filho ou filha mais do que a mim, não é digno de mim. 38Quem não tomar a sua cruz para me seguir, não é digno de mim.

39Aquele que conservar a vida para si, há-de perdê-la; aquele que perder a sua vida por causa de mim, há-de salvá-la.»


Acolhimento e recompensa (Mc 9,41; Lc 9,48; 10,16; Jo 13,20) - 40«Quem vos recebe, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.

41Quem recebe um profeta por ele ser profeta, receberá recompensa de profeta; e quem recebe um justo, por ele ser justo, receberá recompensa de justo. 42E quem der de beber a um destes pequeninos, ainda que seja somente um copo de água fresca, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa.»

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