Capítulo 41
ORAÇÃO DE UM HOMEM DOENTE
Tem as tonalidades de um salmo individual de acção de graças, embora também contenha elementos condizentes com um salmo de súplica e lamentação pelo sofrimento, apesar da coragem com que o autor tenta enfrentá-lo.
- 1Ao director do coro. Salmo de David.
-
2Feliz daquele que cuida do pobre;
- no dia da desgraça, o SENHOR o salvará.
- 3O SENHOR o guardará e lhe dará vida
-
e felicidade na terra;
- não o abandonará à mercê dos seus inimigos.
-
4O SENHOR o assistirá no leito do sofrimento;
- quando estiver de cama, o restabelecerá da doença.
-
5Eu disse: «SENHOR, tem compaixão de mim;
- cura-me, embora tenha pecado contra ti!»
-
6Os meus inimigos falam mal de mim e dizem:
- «Quando morrerá e será esquecido o seu nome?»
-
7Os que me visitam dizem palavras triviais,
- o seu coração está cheio de malícia.
- Mal saem à rua, dão-na logo a conhecer.
-
8Todos os que me odeiam murmuram contra mim
- e planeiam contra mim toda a espécie de mal:
-
9«Uma doença maligna o atingiu,
- donde está deitado não voltará a erguer-se.»
-
10Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava
- e que comia do meu pão, até ele se levantou contra mim.
-
11Mas, Tu, SENHOR, tem compaixão de mim;
- levanta-me, para que me possa vingar deles.
-
12Nisto reconhecerei que me queres bem:
- se o meu inimigo não triunfar de mim.
-
13Tu me ajudarás, porque vivo com sinceridade,
- e me farás viver sempre na tua presença.
-
14Bendito seja o SENHOR, Deus de Israel,
- desde agora e para sempre. Ámen! Ámen!
Capítulo 42
NOSTALGIA DE DEUS
Salmo individual de súplica. Ao contrário do habitual, o motivo para a súplica não é uma doença física, mas o não saborear a proximidade de Deus, no seu santuário. Sendo assim, transmite a espiritualidade que se vivia na relação com o templo de Jerusalém. O “eu” que fala aqui pode ser portador de um significado colectivo. O facto de se lhe chamar um “poema” didáctico aponta nesta mesma direcção.
- 1Ao director do coro. Poema dos filhos de Coré.
-
2Como suspira a corça pelas águas correntes,
- assim a minha alma suspira por ti, ó Deus.
-
3A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo!
- Quando poderei contemplar a face de Deus?
-
4Dia e noite as lágrimas são o meu alimento,
- porque a toda a hora me perguntam:
- «Onde está o teu Deus?»
-
5A minha alma estremece ao recordar
- quando passava em cortejo para a Casa do Senhor,
-
entre vozes de alegria e de louvor
- da multidão em festa.
-
6Porque estás triste, minha alma, e te perturbas?
- Confia em Deus: ainda o hei-de louvar.
- Ele é o meu Deus e o meu salvador.
-
7A minha alma está abatida:
- por isso, penso muito em ti,
- desde as terras do Jordão e dos montes Hermon e Miçar.
- 8De abismo em abismo ressoa
-
o fragor das águas revoltas;
- as tuas vagas e torrentes passaram sobre mim.
-
9Durante o dia, o SENHOR há-de enviar-me os seus favores,
- para que eu reze e cante, à noite, ao Deus que me dá vida.
- 10Quero dizer a Deus: «Tu és o meu protector,
-
porque te esqueces de mim?
- Porque hei-de andar triste sob a opressão do inimigo?»
-
11Quebram-se os meus ossos,
- quando os inimigos me insultam
- e repetem a toda a hora:
- «Onde está o teu Deus?»
-
12Porque estás triste, minha alma, e te perturbas?
- Confia em Deus: ainda o hei-de louvar.
- Ele é o meu Deus e o meu salvador.
Capítulo 43
DEUS É O NOSSO REFÚFIO
Provavelmente, os salmos 42 e 43 formavam, na sua origem, um só salmo. Por isso, em 43,5 repete-se o mesmo refrão que se encontra em 42,6.12. Tal como o anterior, este será também um salmo individual de súplica.
-
1Faz-me justiça, ó Deus,
- e defende a minha causa contra a gente sem piedade!
- Livra-me do homem mentiroso e perverso.
-
2Tu, ó Deus, és o meu refúgio. Porque me rejeitaste?
- Porque hei-de andar triste sob a opressão do inimigo?
-
3Envia a tua luz e a tua verdade,
- para que elas me guiem e conduzam
- à tua montanha santa, à tua morada.
-
4Eu irei ao altar de Deus,
- ao Deus que é a alegria da minha vida.
- Ao som da harpa te louvarei, ó Deus, meu Deus.
-
5Porque estás triste, minha alma, e te perturbas?
- Confia em Deus: ainda o hei-de louvar.
- Ele é o meu Deus e o meu salvador.
Capítulo 44
Salmo colectivo de súplica. Compõe-se de um hino, lembrando as maravilhas realizadas por Deus em favor dos antepassados (v.2-9), uma lamentação por desastres que deixaram toda a nação envergonhada diante dos outros povos (v.10-17) e um protesto suplicante, porque o povo considera que não é merecedor de tal abandono por parte de Deus (v.18-27).
- 1Ao director do coro. Poema dos filhos de Coré.
- 2Ó Deus, com os nossos ouvidos ouvimos,
-
os nossos pais nos contaram
- os prodígios que fizeste nos seus dias, em tempos passados.
- 3Com a tua mão expulsaste povos
-
e estabeleceste o teu povo na terra que fora de outros;
- castigaste as outras nações
- e fizeste-os prosperar a eles.
-
4Não foi com a espada que conquistaram a terra,
- não foi o seu braço que lhes trouxe a vitória;
-
mas foi a tua direita, a força do teu braço,
- foi a luz da tua presença,
- porque lhes tinhas amor.
-
5Ó Deus, Tu és o meu rei!
- Tu deste a vitória a Jacob.
-
6Contigo vencemos os nossos inimigos,
- no teu nome esmagámos os nossos opressores.
-
7Não confio no meu arco
- e a minha espada não me salvará.
-
8Tu nos livraste dos nossos inimigos
- e confundiste os que nos odiavam.
-
9A toda a hora te louvaremos, ó Deus,
- e celebraremos o teu nome para sempre.
-
10Contudo, rejeitaste-nos e cobriste-nos de vergonha;
- já não acompanhas os nossos exércitos.
-
11Fizeste-nos recuar diante dos inimigos
- e os que nos odeiam saquearam-nos à vontade.
-
12Entregaste-nos como ovelhas para o matadouro,
- dispersaste-nos entre os pagãos.
-
13Vendeste o teu povo por um preço irrisório
- e pouco lucraste com essa venda.
-
14Fizeste de nós o opróbrio dos nossos vizinhos,
- a irrisão e o desprezo dos que nos rodeiam.
-
15Fizeste de nós objecto de escárnio para os pagãos,
- os povos abanam a cabeça, troçando de nós.
-
16A minha ignomínia está sempre diante de mim
- e a vergonha cobre-me o rosto,
-
17ao ouvir os insultos e as afrontas,
- à vista dos inimigos e opressores.
-
18Tudo isto nos aconteceu, sem nos termos esquecido de ti,
- sem termos traído a tua aliança,
-
19sem o nosso coração te abandonar,
- nem os nossos pés se afastarem do teu caminho.
- 20Contudo, Tu nos esmagaste na região das feras
-
e nos envolveste em profundas trevas.
- 21Se tivéssemos esquecido o nome do nosso Deus
-
e estendido as mãos para um deus estranho,
- 22porventura não teria Deus dado por isso?
-
Pois Ele conhece os segredos do nosso coração.
- 23Por causa de ti, estamos todos os dias expostos à morte;
- tratam-nos como ovelhas para o matadouro.
-
24Desperta, Senhor, porque dormes?
- Desperta e não nos rejeites para sempre!
-
25Porque escondes a tua face
- e te esqueces da nossa miséria e tribulação?
-
26A nossa alma está prostrada no pó,
- e o nosso corpo, colado à terra.
-
27Levanta-te! Vem em nosso auxílio;
- salva-nos, pela tua bondade!
Capítulo 45
POEMA PARA O REI
Salmo real, que apresenta um carácter marcadamente festivo e solene. Pode ser um poema lírico de casamento. Por vezes, tem-se querido ver nele um sentido messiânico estrito, isto é, a representação dos esponsais do Messias com o povo de Deus, Israel (Is 62,5) ou a Igreja (Ef 5,21-32; Ap 19,7; 21,9). Mas o mais comum é o sentido tipológico, pelo qual a figura deste rei sugere os traços do rei ideal futuro.
-
1Ao director do coro. Segundo a melodia «Os lírios».
- Poema dos filhos de Coré. Cântico de amor.
- 2O meu coração vibra com belas palavras;
-
vou recitar ao rei o meu poema!
- A minha língua é como pena de hábil escriba.
- 3Tu és o mais belo dos filhos dos homens!
-
O encanto se derramou em teus lábios!
- Por isso, Deus te abençoou para sempre.
-
4Ó herói, coloca a tua espada à cintura;
- ela é o teu adorno e a tua glória.
-
5Avança e cavalga triunfante
- em defesa da verdade, da misericórdia e da justiça;
- a tua direita realizará prodígios.
- 6As tuas flechas são penetrantes,
-
a ti se submetem os povos,
- perdem a coragem os inimigos do rei.
-
7O teu trono, como o de um deus, é eterno e duradouro,
- um ceptro de justiça é o teu ceptro real.
-
8Amas a justiça e odeias a injustiça;
- por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu
-
com o óleo da alegria,
- preferindo-te aos teus companheiros.
-
9As tuas vestes exalam mirra, aloés e cássia.
- Nos palácios de marfim alegram-te os sons da lira.
-
10Entre as damas da tua corte há filhas de reis,
- à tua direita está a rainha ornada com ouro de Ofir.
-
11Filha, escuta, vê e presta atenção;
- esquece o teu povo e a casa do teu pai.
-
12Porque o rei deixou-se prender pela tua beleza;
- ele é agora o teu senhor: presta-lhe homenagem!
-
13As filhas de Tiro vêm com presentes,
- os mais ricos do povo imploram o teu favor.
-
14A filha do rei é toda formosura,
- os seus vestidos são de brocados de ouro.
-
15Em vestes de muitas cores é apresentada ao rei;
- as donzelas, suas amigas, seguem-na em cortejo.
-
16Avançam com alegria e júbilo
- e entram felizes no palácio real.
-
17No lugar de teus pais, estarão os teus filhos;
- farás deles príncipes sobre toda a terra.
-
18Celebrarei o teu nome por todas as gerações,
- e os povos hão-de louvar-te para sempre.
Capítulo 46
DEUS, NOSSO PROTECTOR E NOSSA FORÇA
Este salmo é o primeiro do grupo dos Cânticos de Sião (Sl 48; 76; 84; 87; 122) e celebra o tema da fé em Deus, fortemente articulada com a presença do seu santuário em Jerusalém. Sião é um nome alternativo de Jerusalém e sublinha particularmente as conotações simbólicas derivadas da presença do templo consagrado a Javé.
-
1Ao director do coro. Dos filhos de Coré,
- com voz de soprano. Cântico.
-
2Deus é o nosso refúgio e a nossa força,
- ajuda permanente nos momentos de angústia.
-
3Por isso, não temos medo, mesmo que a terra trema,
- mesmo que as montanhas se afundem no mar;
-
4mesmo que as águas rujam furiosas
- e os montes tremam com o seu embate.
-
5Um rio, com os seus canais, alegra a cidade de Deus,
- a mais santa entre as moradas do Altíssimo.
-
6Deus está no meio dela, não pode vacilar;
- Deus irá em seu auxílio, ao romper do dia.
-
7As nações murmuram, os reinos agitam-se.
- Ele faz ouvir a sua voz e a terra estremece.
-
8O SENHOR do universo está connosco!
- O Deus de Jacob é a nossa fortaleza!
-
9Vinde e contemplai as obras do SENHOR,
- as maravilhas que Ele realizou na terra.
-
10Ele acaba com as guerras no mundo inteiro,
- quebra os arcos e despedaça as lanças,
- queima no fogo os escudos!
-
11Parai! Reconhecei que Eu sou Deus:
- dominarei sobre os povos e sobre toda a terra.
-
12O SENHOR do universo está connosco!
- O Deus de Jacob é a nossa fortaleza!
Capítulo 47
AO REI UNIVERSAL (96)
Este é o primeiro do grupo de hinos em honra da realeza de Javé, que engloba também os Sl 93, 96, 97, 98 e 99. Nele se afirma a soberania universal do Deus de Israel e se convidam todos os povos a um louvor unânime.
- 1Ao director do coro. Salmo dos filhos de Coré.
-
2Povos todos, batei palmas,
- aclamai a Deus com brados de alegria,
-
3porque o SENHOR, o Altíssimo, é temível;
- Ele é o grande rei de toda a terra.
-
4Ele submeteu os povos ao nosso poder,
- pôs as nações a nossos pés.
-
5Para nós escolheu a nossa herança,
- a glória de Jacob, seu predilecto.
-
6Deus subiu por entre aclamações,
- o SENHOR subiu ao som da trombeta.
-
7Cantai a Deus, cantai!
- Cantai ao nosso rei, cantai!
-
8Pois Deus é o rei de toda a terra,
- cantai-lhe um poema de louvor!
-
9Deus reina sobre as nações,
- Deus está sentado no seu trono santo.
-
10Reuniram-se os príncipes dos povos
- ao povo do Deus de Abraão.
-
Pois dependem de Deus os potentados da terra;
- Ele está acima de todas as coisas!
Capítulo 48
SIÃO, CIDADE DE DEUS (46; 76; 87)
Segundo salmo de Sião. Celebra a fortaleza de Jerusalém, que assenta na força e na presença de Deus. A referência a um ataque de inimigos, que foi repelido, poderia relacionar-se com um acontecimento histórico ou ser apenas um género literário para descrever os perigos dos quais Deus, de Sião, protege o seu povo.
- 1Cântico. Salmo dos filhos de Coré.
-
2Grande é o SENHOR e digno de louvor,
- na cidade do nosso Deus, no seu monte santo.
-
3Belo em altura, alegria de toda a terra,
- o monte Sião, nas alturas do Norte,
- é a cidade do grande rei.
-
4No meio das suas fortalezas,
- Deus mostrou-se um refúgio seguro.
-
5Eis que os reis se coligaram
- e juntos atacaram a cidade.
-
6Mal a viram, ficaram aterrados,
- perturbaram-se e puseram-se em fuga.
-
7Ali mesmo apoderou-se deles o medo,
- uma angústia como a da mulher que dá à luz;
-
8era como o vento leste,
- que destroça as naus de Társis.
-
9Como nos contaram, assim o vimos,
- na cidade do SENHOR do universo,
-
na cidade do nosso Deus.
- Deus consolidou-a para sempre!
-
10Meditamos, ó Deus, sobre o teu amor,
- no interior do teu templo.
- 11Como o teu nome, ó Deus,
-
assim o teu louvor chega aos confins da terra;
- a tua direita está cheia de justiça.
- 12O monte Sião alegra-se,
-
as cidades de Judá exultam,
- porque as tuas decisões são justas.
-
13Percorrei Sião, caminhai em seu redor
- e contai as suas torres;
- 14fixai a vossa atenção nas suas muralhas,
-
contemplai os seus palácios,
- para poderdes narrar às gerações futuras
-
15que este Deus é o nosso Deus, pelos séculos sem fim.
- É Ele o nosso guia!
Capítulo 49
VAIDADE DAS RIQUEZAS
Pode ser considerado sapiencial. De facto, apresenta-se como uma lição: iniciando por uma fórmula destinada a captar a atenção, pretende transmitir o mais puro da sabedoria, com a beleza que a tal tema convém. O essencial da mensagem é que a riqueza não representa nenhuma solução para o problema da morte. O salmista afirma ainda a esperança de que Deus o livre do abismo da morte.
- 1Ao director do coro. Salmo dos filhos de Coré.
-
2Ouvi bem isto, povos de toda a terra;
- escutai, habitantes do mundo inteiro,
-
3humildes ou poderosos,
- ricos ou pobres, todos juntos.
-
4A minha boca falará com sabedoria
- e do meu coração brotam pensamentos profundos.
-
5Prestarei atenção ao provérbio dos sábios,
- interpretarei o seu sentido ao som da lira.
-
6Porque hei-de temer os dias maus,
- quando me cercar a maldade dos meus inimigos?
-
7Eles confiam na sua opulência
- e vangloriam-se nas suas riquezas.
-
8Infelizmente, o homem não consegue escapar
- nem pagar a Deus o seu resgate.
-
9O resgate da sua vida é muito caro
- e nunca se pagaria o suficiente;
-
10nunca chegaria para poder viver para sempre,
- sem chegar a ver a sepultura.
-
11Repara que até os sábios morrem,
- como morrem os loucos e os insensatos,
- deixando aos outros os seus bens.
-
12O sepulcro será a sua morada para sempre,
- a sua habitação por séculos sem fim,
- mesmo para os que deram o seu nome a grandes terras!
-
13O homem que vive na opulência não permanecerá:
- é semelhante aos animais que são abatidos.
-
14Esta é a sorte dos que confiam em si mesmos,
- o fim dos que se comprazem nas suas palavras:
-
15como um rebanho, caminham para o sepulcro,
- e a morte será o seu pastor;
-
no dia seguinte, os justos passam-lhes por cima
- e a sua imagem vai-se desvanecendo;
- o sepulcro será a sua morada permanente.
-
16Mas Deus há-de resgatar a minha vida,
- há-de arrancar-me ao poder da morte.
-
17Não te preocupes, se alguém enriquece,
- se aumenta a fortuna da sua casa.
-
18Quando morrer, nada levará consigo;
- a sua fortuna não há-de acompanhá-lo.
-
19Ainda que em vida o tenham lisonjeado:
- «Serás famoso, porque és um homem rico»,
-
20há-de juntar-se na morte aos antepassados,
- que jamais verão a luz.
-
21O homem que vive na opulência e não reflecte
- é semelhante aos animais que são abatidos.
Capítulo 50
O VERDADEIRO SACRIFÍCIO
Este salmo é do género literário de uma exortação profética, uma espécie de homilia sobre o cumprimento da lei e da aliança. Aparentemente, a reflexão acontece num contexto litúrgico; mas a intenção é mostrar que não são os rituais e o culto que têm maior valor, mas o espírito com que são vividos. Nisto, o salmo é credor da pregação dos profetas (Is 1,11-17; Jr 6,20; 7,21-23; Os 6,6; Am 5,21-25; Mq 6,6-8). Outro elemento deste salmo, também próprio da literatura profética, é o facto de Deus admoestar o povo como quem o chama a tribunal.
- 1Salmo de Asaf.
-
O SENHOR, Deus dos deuses, falou
- e convocou os habitantes da terra,
- desde o nascente até ao poente.
-
2De Sião, cheia de beleza,
- Deus mostra o seu esplendor.
-
3O nosso Deus virá e não ficará calado.
- À sua frente vem um fogo abrasador,
- ao seu redor, a tempestade em fúria.
-
4Lá do alto, Deus convoca o céu e a terra,
- para fazer o julgamento do seu povo:
-
5«Reuni junto a mim os que me são fiéis,
- os que selaram a minha aliança com um sacrifício.»
-
6Até os céus proclamarão a sua justiça,
- porque Deus é quem julga.
-
7«Escuta, meu povo, sou Eu quem vai falar;
- Israel, vou testemunhar contra ti:
- Eu sou o Senhor, teu Deus.
-
8Não te repreendo por causa dos teus sacrifícios;
- os teus holocaustos estão sempre na minha presença.
-
9Não reivindico os novilhos da tua casa,
- nem os cabritos dos teus currais;
-
10pois são meus todos os animais dos bosques,
- e os que se encontram nos altos montes.
-
11Conheço todas as aves do céu
- e pertencem-me os répteis do campo.
-
12Se Eu tivesse fome, não to diria,
- pois o mundo é meu e tudo o que ele contém.
-
13Porventura Eu como a carne dos touros,
- ou bebo o sangue dos cabritos?
-
14Oferece a Deus um sacrifício de louvor
- e cumpre as promessas feitas ao Altíssimo.
-
15Invoca-me no dia da tribulação;
- Eu te livrarei e tu me glorificarás.»
-
16Ao pecador, Deus declara:
- «Porque andas sempre a falar da minha lei
- e trazes na boca a minha aliança,
-
17tu que detestas os meus ensinamentos
- e rejeitas as minhas palavras?
-
18Se vês um ladrão, tornas-te amigo dele
- e fazes sociedade com os adúlteros.
-
19Dás largas à tua boca para o mal
- e a tua língua tece enganos.
-
20Sentas-te a falar contra o teu irmão
- e difamas o filho da tua própria mãe.
-
21Tens feito tudo isto. Poderei Eu calar-me?
- Pensavas que Eu era igual a ti?
-
Vou chamar-te a julgamento
- e lançar-te tudo isto em rosto!»
-
22Meditai nisto, vós que esqueceis a Deus,
- não aconteça que vos extermine,
- sem que ninguém vos possa salvar.
-
23Honra-me quem oferece o sacrifício de louvor;
- a quem anda por este caminho
- farei participar da salvação de Deus.