Capítulo 111
HINO ÀS OBRAS DE DEUS
Hino a Deus pela maravilha das suas obras, abrangendo a natureza e a História. Tais acontecimentos são os do Êxodo e da entrada em Canaã. É um “Salmo alfabético” como os salmos 9/10, 25, 34, 37, 112, 119, 145 (ver 9). Outra semelhança com o Sl 112 é a maneira de se debruçar sobre o destino do mau.
- 1Aleluia!
-
Louvarei o SENHOR de todo o coração,
- no conselho dos justos e na assembleia.
-
2Grandes são as obras do SENHOR,
- dignas de meditação para quem as ama.
-
3As suas obras têm majestade e esplendor;
- a sua justiça permanece para sempre.
-
4Deixou-nos um memorial das suas maravilhas.
- O SENHOR é bondoso e compassivo;
-
5dá sustento aos que o temem
- e jamais se esquece da sua aliança.
-
6Revelou ao seu povo o poder das suas obras,
- dando-lhe a herança das nações.
-
7As obras das suas mãos são rectas e justas,
- são imutáveis todos os seus preceitos.
-
8Foram estabelecidos pelos séculos dos séculos
- e baseiam-se na verdade e na rectidão.
- 9Enviou a redenção ao seu povo,
-
firmou com ele uma aliança para sempre;
- santo e venerável é o seu nome.
- 10O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria;
-
são prudentes todos os que o praticam.
- O seu louvor permanece eternamente.
Capítulo 112
ELOGIO DO HOMEM PIEDOSO
Meditação sapiencial, que procura mostrar as bases de uma vida feliz, à semelhança do que acontecia no Sl 1. É um “Salmo alfabético”, portanto, preocupado com a beleza literária (ver 9 Introdução; 111).
- 1Aleluia!
-
Feliz o homem que teme o SENHOR
- e se compraz nos seus mandamentos.
-
2A sua descendência será poderosa sobre a terra,
- e bendita, a geração dos justos.
-
3Haverá na sua casa abundância e riqueza
- e a sua prosperidade durará para sempre.
-
4Brilha para os homens rectos como luz nas trevas:
- ele é piedoso, clemente e compassivo.
-
5Feliz o homem que se compadece e empresta
- e administra os seus bens com justiça.
-
6Este jamais sucumbirá.
- O justo deixará memória eterna.
-
7Não tem receio das más notícias;
- o seu coração está firme e confiante no SENHOR.
-
8O seu coração está firme; por isso nada teme
- e verá os seus opressores confundidos.
-
9Reparte do que é seu com os pobres;
- a sua generosidade subsistirá para sempre
- e o seu poder crescerá em glória.
-
10Ao ver isto, o ímpio enfurece-se,
- range os dentes e desfalece;
- os desejos dos ímpios fracassam.
Capítulo 113
HINO À MISERICÓRDIA DE DEUS (1 Sm 2,1-10; Lc 1,46-55)
Hino à misericórdia de Deus. Com ele, inicia-se o designado grupo do “Hallel” (113-118), recitado pelos judeus nas grandes solenidades de peregrinação e na festa da Páscoa (Mt 26,30; Mc 14,26). Revela claramente um contexto litúrgico e tem analogias com o Cântico de Ana (1 Sm 2,1-10) e com o Magnificat (Lc 1,46-55).
- 1Aleluia!
-
Louvai, servos do SENHOR,
- louvai o nome do SENHOR.
-
2Bendito seja o nome do SENHOR,
- agora e para sempre.
-
3Desde o nascer ao pôr-do-sol,
- seja louvado o nome do SENHOR.
-
4O SENHOR reina sobre todas as nações,
- a sua majestade está acima dos céus.
-
5Quem é como o SENHOR, nosso Deus,
- que tem o seu trono nas alturas?
-
6Ele se inclina, lá do alto,
- para observar o céu e a terra.
-
7Ele levanta do pó o indigente
- e tira o pobre da miséria,
-
8para o fazer sentar entre os grandes,
- entre os grandes do seu povo.
-
9Ele dá família à mulher estéril
- e faz dela a mãe feliz de muitos filhos.
- Aleluia!
Capítulo 114
HINO PASCAL
Hino de tema pascal, pois narra, num estilo festivo, a maravilhosa saída do Egipto, a passagem do Mar Vermelho e do rio Jordão, assim como o milagre das águas de Meribá. É o tema da água que domina as imagens deste salmo. Na liturgia judaica, é cantado precisamente na oitava da Páscoa. A menção paralela de Judá e Israel (v.2) sugere a sua antiguidade, anterior à conquista do Reino do Norte, em 721.
-
1Quando Israel saiu do Egipto,
- e a casa de Jacob, do meio de um povo estranho,
-
2Judá tornou-se o santuário do SENHOR
- e Israel o seu domínio.
-
3À vista disso, o mar afastou-se
- e o Jordão voltou atrás.
-
4Os montes saltaram como carneiros,
- e as colinas, como cordeiros.
-
5Que tens, ó mar, para assim fugires,
- e tu, Jordão, para retrocederes?
-
6Montes, porque saltais como carneiros,
- e vós, colinas, como cordeiros?
-
7Treme, ó terra, com a chegada do Senhor,
- com a presença do Deus de Jacob,
-
8que transforma as rochas em lagoas,
- e as pedras, em fontes de água.
Capítulo 115
O ÚNICO DEUS VERDADEIRO (135)
Salmo colectivo de confiança. Exprime a preocupação de que Deus dê provas bem visíveis (v.1-8) para ser inteiramente justificada a confiança que nele deposita Israel (v.9-11). Característica do ambiente cultual do salmo é a longa secção de bênçãos (v.12-18).
-
1Não a nós, ó SENHOR, não a nós,
- mas ao teu nome dá glória,
- pelo teu amor e fidelidade.
-
2Se não, os pagãos vão continuar a dizer:
- «Onde está o vosso Deus?»
-
3O nosso Deus, lá do céu,
- faz tudo o que lhe apraz.
-
4Os ídolos dos pagãos são ouro e prata,
- obra das mãos dos homens:
-
5têm boca, mas não falam;
- têm olhos, mas não vêem;
-
6têm ouvidos, mas não ouvem,
- e nariz, mas não cheiram;
-
7têm mãos, mas não apalpam,
- e pés, mas não andam,
- nem da sua garganta emitem qualquer som.
-
8Sejam como eles os que os fabricam
- e todos os que neles confiam.
-
9Casa de Israel, confia no SENHOR,
- porque Ele a todos ajuda e protege.
-
10Casa de Aarão, confia no SENHOR,
- porque Ele a todos ajuda e protege.
-
11Crentes, confiai no SENHOR,
- porque Ele a todos ajuda e protege.
-
12O SENHOR lembrou-se de nós e nos abençoará!
- Abençoará a casa de Israel,
- abençoará a casa de Aarão,
-
13abençoará os crentes do SENHOR,
- tanto pequenos como grandes.
-
14Que o SENHOR vos multiplique,
- a vós e aos vossos filhos.
-
15Sede abençoados pelo SENHOR,
- que fez o céu e a terra.
-
16O céu é pertença do SENHOR;
- mas a terra, Ele a deu aos seres humanos.
-
17Não são os mortos que louvam o SENHOR,
- nem os que descem ao mundo do silêncio.
-
18Mas nós, os vivos, louvaremos o SENHOR
- agora e para sempre.
- Aleluia!
Capítulo 116
ACÇÃO DE GRAÇAS (30)
Salmo individual de acção de graças. Esta encontra-se perfeitamente enquadrada na liturgia. O salmista prometera um sacrifício de acção de graças (v.14), quando se encontrava em perigo. Agora, apresenta-se na assembleia litúrgica (v.14.18) e declara o seu agradecimento, proclamando as lições de fé válida para todos (v.5.6.15) e os propósitos pessoais para o futuro (v.15-19).
-
1Amo o SENHOR,
- porque ouviu a voz do meu lamento.
-
2Ele inclinou para mim os seus ouvidos,
- no dia em que o invoquei.
-
3Cercaram-me os laços da morte,
- caíram sobre mim as angústias do sepulcro;
- estava aflito e cheio de ansiedade,
-
4mas invoquei o nome do SENHOR:
- «Ó SENHOR, salva-me a vida!»
-
5O SENHOR é bondoso e compassivo,
- o nosso Deus é misericordioso.
-
6O SENHOR guarda os simples;
- eu estava sem forças e Ele salvou-me.
-
7Volta, minha alma, ao teu repouso,
- porque o SENHOR foi bom para contigo.
-
8Ele livrou da morte a minha vida,
- das lágrimas, os meus olhos,
- da queda, os meus pés.
-
9Andarei na presença do SENHOR,
- no mundo dos vivos.
-
10Eu tinha confiança, mesmo quando disse:
- «A minha aflição é muito grande!»
-
11Na minha perturbação, eu dizia:
- «Todo o homem é mentiroso!»
-
12Como retribuirei ao SENHOR
- todos os seus benefícios para comigo?
-
13Elevarei o cálice da salvação,
- invocando o nome do SENHOR.
-
14Cumprirei as minhas promessas feitas ao SENHOR
- na presença de todo o seu povo.
-
15É preciosa aos olhos do SENHOR
- a morte dos seus fiéis.
-
16SENHOR, sou teu servo, filho da tua serva;
- quebraste as minhas cadeias.
-
17Hei-de oferecer-te sacrifícios de louvor,
- invocando, SENHOR, o teu nome.
-
18Cumprirei as minhas promessas feitas ao SENHOR
- na presença de todo o seu povo,
-
19nos átrios da casa do SENHOR,
- no meio de ti, Jerusalém!
- Aleluia!
Capítulo 117
LOUVAI AO SENHOR
Este salmo é excepcionalmente curto, mas contém as características de um hino a Deus pela sua acção, que atinge o mundo e particularmente a História de Israel.
-
1Louvai o SENHOR, todas as nações!
- Exaltai-o, todos os povos!
-
2Porque o seu amor para connosco não tem limites
- e a fidelidade do SENHOR é eterna!
- Aleluia!
Capítulo 118
CÂNTICO DE ACÇÃO DE GRAÇAS
Este salmo colectivo de acção de graças contém um esquema ritual muito claro. Começa fora do templo (v.1-18) e, depois de passadas as «portas da justiça» (v.19-20), proclama a acção de graças (v.21-25), seguindo com a bênção (v.26-27) e um convite final que renova o chamamento inicial ao louvor. Com este salmo termina o grupo do Hallel (ver 113).
-
1Louvai o SENHOR, porque Ele é bom,
- porque o seu amor é eterno.
-
2Diga a casa de Israel:
- «O seu amor é eterno.»
-
3Diga a casa de Aarão:
- «O seu amor é eterno.»
-
4Digam os que crêem no SENHOR:
- «O seu amor é eterno.»
-
5Na minha angústia clamei ao SENHOR:
- o SENHOR escutou-me e pôs-me a salvo.
-
6O SENHOR está comigo, nada tenho a temer;
- que mal me poderão fazer os homens?
-
7O SENHOR está comigo e protege-me;
- hei-de ver humilhados os meus inimigos.
-
8É melhor confiar no SENHOR
- do que fiar-se nos homens;
-
9é melhor confiar no SENHOR
- do que fiar-se nos poderosos.
-
10Cercaram-me todos os povos,
- mas eu aniquilei-os em nome do SENHOR.
-
11Rodearam-me e cercaram-me,
- mas eu aniquilei-os em nome do SENHOR.
- 12Cercaram-me como um enxame de vespas,
-
a sua fúria crepitava como fogo entre espinhos,
- mas eu aniquilei-os em nome do SENHOR.
-
13Empurraram-me com violência para eu cair,
- mas o SENHOR veio em meu auxílio.
-
14O SENHOR é o meu refúgio e a minha força;
- Ele é a minha salvação.
-
15Ouvem-se vozes de alegria e de vitória
- nas tendas dos justos:
- «A mão do SENHOR fez maravilhas,
-
16a mão do SENHOR foi magnífica;
- a mão do SENHOR fez maravilhas.»
-
17Não morrerei, antes viverei,
- para narrar as obras do SENHOR.
-
18O SENHOR castigou-me com dureza,
- mas não me deixou morrer.
-
19Abri-me as portas da justiça:
- quero entrar para dar graças ao SENHOR.
-
20Esta é a porta do SENHOR:
- os justos entrarão por ela.
-
21Eu te darei graças, porque me respondeste,
- porque foste o meu salvador.
-
22A pedra que os construtores rejeitaram
- veio a tornar-se pedra angular.
-
23Isto foi obra do SENHOR
- e é um prodígio aos nossos olhos.
-
24Este é o dia da vitória do SENHOR:
- cantemos e alegremo-nos nele!
-
25SENHOR, salva-nos!
- SENHOR, dá-nos a vitória!
-
26Bendito o que vem em nome do SENHOR!
- Da casa do SENHOR nós vos abençoamos.
-
27O SENHOR é Deus; Ele tem-nos iluminado!
- Entrançai as ramagens de festa até às hastes do altar.
-
28Tu és o meu Deus e eu te dou graças.
- Sim, Tu és o meu Deus e eu te exaltarei.
-
29Louvai o SENHOR, porque Ele é bom,
- porque o seu amor é eterno.
Capítulo 119
ELOGIO DA LEI
Meditação de género sapiencial. Este é o mais longo de todos os salmos e aquele que obedece a um esquema literário mais rigoroso. Está distribuído em estrofes com oito versos cada uma e todos os versos da mesma estrofe começam pela mesma letra do alfabeto hebraico (ver Sl 9). O tema é o louvor da lei divina, abarcando toda a revelação de Deus, o que há de mais sagrado e louvável no povo judaico. A lei não é apenas um código de regras, mas a manifestação do amor de Deus junto do seu povo. Esta meditação sobre a lei pode ter sido composta antes do Exílio, com algum eco ao pensamento do Deuteronómio. Outros salmos desenvolvem reflexões semelhantes à deste, nomeadamente: 18; 25; 33; 78; 89; 93; 94; 99; 103; 105; 111; 112; 147; 148.
-
-
- Alef
-
-
1Felizes os que seguem o caminho da rectidão
- e vivem segundo a lei do SENHOR.
-
2Felizes os que cumprem os seus preceitos
- e o procuram com todo o coração,
-
3que não praticam o mal,
- mas andam nos caminhos do SENHOR.
-
4Promulgaste os teus preceitos
- para se cumprirem fielmente.
-
5Oxalá os meus passos sejam firmes
- no cumprimento dos teus decretos.
-
6Então não terei de que me envergonhar,
- se observar os teus mandamentos.
-
7Poderei louvar-te de coração sincero,
- instruído pelos teus justos juízos.
-
8Hei-de cumprir as tuas leis;
- não me abandones mais!
-
-
- Bet
-
-
9Como poderá um jovem manter puro o seu caminho?
- Só guardando as tuas palavras.
-
10Eu procuro-te com todo o coração;
- não deixes que me afaste dos teus mandamentos.
-
11Guardo no meu coração as tuas promessas,
- para não pecar contra ti.
-
12Bendito sejas, SENHOR!
- Ensina-me as tuas leis.
-
13Anuncio com os meus lábios
- todos os decretos da tua boca.
-
14Alegro-me mais em seguir as tuas ordens,
- do que em possuir qualquer riqueza.
-
15Meditarei nos teus preceitos
- e prestarei atenção aos teus caminhos.
-
16Hei-de alegrar-me com as tuas leis;
- não esquecerei as tuas palavras.
-
-
- Guimel
-
-
17Concede ao teu servo uma longa vida
- e eu cumprirei as tuas palavras.
-
18Abre os meus olhos
- para que eu veja as maravilhas da tua lei.
-
19Sou um peregrino nesta terra;
- não me escondas os teus mandamentos.
-
20A minha alma suspira sem cessar,
- desejando conhecer os teus juízos.
-
21Tu repreendes os soberbos;
- amaldiçoas os que se afastam dos teus mandamentos.
-
22Livra-me dos seus insultos e desprezos,
- porque tenho cumprido os teus preceitos.
-
23Ainda que os grandes conspirem contra mim,
- o teu servo meditará nas tuas leis.
-
24Os teus preceitos são as minhas delícias;
- são eles os meus conselheiros.
-
-
- Dalet
-
-
25A minha alma está prostrada por terra;
- dá-me vida segundo a tua palavra.
-
26Expus-te os meus caminhos e Tu me respondeste;
- ensina-me as tuas leis.
-
27Faz-me compreender o caminho dos teus preceitos
- para meditar nas tuas maravilhas.
-
28A minha alma chora de tristeza;
- reconforta-me, segundo a tua palavra.
-
29Afasta-me dos caminhos da mentira;
- concede-me a graça da tua lei.
-
30Escolhi o caminho da verdade
- e preferi as tuas sentenças.
-
31Abraço as tuas ordens;
- não permitas, SENHOR, que seja confundido.
-
32Correrei pelo caminho dos teus mandamentos,
- porque deste largas ao meu coração.
-
-
- He
-
-
33Ensina-me, SENHOR, o caminho das tuas leis
- e eu hei-de cumpri-las com fidelidade.
-
34Dá-me entendimento para cumprir a tua lei;
- hei-de obedecer-lhe de todo o coração.
-
35Conduz-me pela senda dos teus mandamentos,
- porque neles estão as minhas delícias.
-
36Inclina o meu coração para as tuas ordens,
- e não para a cobiça.
-
37Desvia os meus olhos dos deuses vãos;
- faz-me viver nos teus caminhos.
-
38Confirma ao teu servo a tua promessa
- destinada aos que te obedecem.
-
39Afasta de mim a afronta, que eu temo,
- pois são agradáveis os teus decretos.
-
40Vê como tenho desejado os teus preceitos;
- faz-me viver segundo a tua justiça.
-
-
- Vau
-
-
41Desça sobre mim, SENHOR, a tua bondade;
- salva-me, segundo a tua promessa!
-
42Darei, então, resposta aos que me insultam,
- porque confio na tua palavra.
-
43Não me tires da boca a palavra da verdade,
- porque pus a minha esperança nas tuas sentenças.
-
44Assim, cumprirei continuamente a tua lei,
- para todo o sempre.
-
45Andarei seguro no meu caminho,
- porque busquei as tuas instruções.
-
46Diante dos reis falarei dos teus preceitos
- e ninguém me há-de envergonhar.
-
47Deleito-me nos teus mandamentos,
- que muito amo.
-
48Levanto as mãos para os teus mandamentos
- e meditarei nas tuas leis.
-
-
- Zain
-
-
49Lembra-te da palavra que deste ao teu servo,
- pois nela me fizeste colocar a minha esperança.
-
50É esta a consolação na minha angústia:
- que a tua palavra me dê vida!
-
51Os soberbos zombaram de mim,
- mas não me afastei da tua lei.
-
52Recordo-me dos teus decretos de outrora;
- neles encontro consolação, ó SENHOR.
-
53Fico indignado à vista dos ímpios,
- que rejeitam a tua lei.
-
54Os teus preceitos são o motivo dos meus cânticos
- na terra do meu peregrinar.
-
55Durante a noite lembro-me do teu nome, SENHOR,
- e penso muito na tua lei.
-
56Só isto conta para mim:
- obedecer às tuas instruções!
-
-
- Het
-
-
57SENHOR, eu disse: «A herança que me toca
- é pôr em prática as tuas ordens.»
-
58De todo o coração imploro:
- tem piedade de mim, segundo a tua promessa!
-
59Reflecti sobre os meus caminhos
- e voltei a obedecer aos teus preceitos.
-
60Apressei-me e não demorei
- em cumprir os teus mandamentos.
-
61Cercaram-me os laços dos ímpios,
- mas não me esqueci da tua lei.
-
62A meio da noite levanto-me para te louvar,
- por causa das tuas justas sentenças.
-
63Sou amigo de todos os que te obedecem
- e cumprem as tuas ordens.
-
64SENHOR, a terra está cheia da tua bondade;
- ensina-me as tuas leis.
-
-
- Tet
-
-
65Trataste com bondade o teu servo,
- segundo a tua palavra, SENHOR.
-
66Dá-me sabedoria e conhecimento,
- pois confio nos teus mandamentos.
-
67Antes de me teres humilhado, eu pecava;
- mas, agora, cumpro a tua palavra.
-
68Tu és bom e generoso;
- ensina-me as tuas leis.
-
69Os soberbos forjam mentiras contra mim,
- mas eu cumpro as tuas instruções de todo o coração.
-
70O seu coração tornou-se insensível,
- mas eu deleito-me na tua lei.
-
71Foi bom para mim ter sido castigado,
- pois assim aprendi os teus decretos.
-
72Prezo mais a lei da tua boca
- do que milhões em ouro e prata.
-
-
- Yod
-
-
73As tuas mãos me criaram e formaram;
- dá-me inteligência para aprender os teus mandamentos.
-
74Ao verem-me, os teus fiéis hão-de alegrar-se,
- porque assentei a minha esperança na tua palavra.
-
75SENHOR, eu sei que as tuas sentenças são justas
- e que me castigaste para meu proveito.
-
76Que a tua bondade me sirva de conforto,
- conforme o que prometeste ao teu servo.
-
77Mostra-me a tua misericórdia e viverei,
- porque a tua lei faz as minhas delícias.
-
78Sejam confundidos os insolentes,
- que injustamente me torturam,
- a mim que medito nos teus preceitos.
-
79Unam-se a mim os que te obedecem
- e conheçam os teus preceitos.
-
80Que o meu coração obedeça às tuas leis,
- para não ter de que me envergonhar.
-
-
- Caf
-
-
81A minha alma espera na tua salvação:
- confio na tua palavra.
-
82Os meus olhos suspiram pelo cumprimento da tua promessa:
- «Quando virás consolar-me?»
-
83Estou como um odre exposto ao fumo,
- mas não me esqueci dos teus preceitos.
-
84Quantos dias restarão ao teu servo?
- Quando condenarás os que me perseguem?
-
85Os orgulhosos, que não obedecem à tua lei,
- abriram covas para mim.
-
86Todos os teus mandamentos são verdadeiros;
- ajuda-me contra os que me perseguem à traição.
-
87Por pouco não me eliminaram desta terra,
- mas nunca reneguei os teus preceitos.
-
88Dá-me a vida, segundo a tua bondade,
- e cumprirei as ordens da tua boca.
-
-
- Lamed
-
-
89SENHOR, a tua palavra permanece para sempre,
- mais estável do que os céus.
-
90A tua fidelidade atravessa as gerações;
- formaste a terra e ela continua firme.
-
91Pelos teus decretos, tudo se mantém até hoje,
- porque tudo está ao teu serviço.
-
92Se a tua lei não fizesse as minhas delícias,
- já teria sucumbido na minha aflição.
-
93Jamais esquecerei os teus preceitos,
- pois é por eles que me dás a vida.
-
94Eu sou teu: salva-me,
- pois sempre tenho seguido os teus preceitos!
-
95Os ímpios procuram a minha perdição,
- mas eu estou atento às tuas ordens.
-
96Descubro limites em tudo o que parece perfeito,
- mas os teus mandamentos são infinitos.
-
-
- Mem
-
-
97Quanto amo, SENHOR, a tua lei!
- Nela medito todos os dias.
-
98Fizeste-me mais sábio do que os meus inimigos,
- porque os teus mandamentos estão sempre comigo.
-
99Tornei-me mais sábio do que todos os mestres,
- porque medito sempre nos teus preceitos.
-
100Entendo mais do que os anciãos,
- porque cumpro as tuas instruções.
-
101Desviei os meus pés de todo o mau caminho
- para obedecer às tuas palavras.
-
102Não me tenho desviado das tuas sentenças,
- pois és Tu quem me ensina.
-
103Como são doces, ao meu paladar, as tuas palavras!
- Mais doces do que o mel para a minha boca.
-
104Dos teus preceitos recebi entendimento;
- por isso detesto os caminhos da mentira.
-
-
- Nun
-
-
105A tua palavra é farol para os meus passos
- e luz para os meus caminhos.
-
106Jurei e vou cumprir:
- hei-de guardar os teus justos decretos.
-
107SENHOR, sinto-me angustiado;
- dá-me a vida, segundo a tua promessa.
-
108SENHOR, aceita os louvores da minha boca
- e dá-me a conhecer os teus decretos.
-
109A minha vida está continuamente em perigo,
- mas não me esqueço da tua lei.
-
110Os pecadores armaram-me ciladas,
- mas nunca me afastei dos teus preceitos.
-
111As tuas ordens são a minha herança para sempre,
- porque elas alegram o meu coração.
-
112O meu coração decidiu cumprir as tuas leis;
- seja essa para sempre a minha recompensa.
-
-
- Samec
-
-
113Odeio a hipocrisia,
- mas tenho afeição à tua lei.
-
114Tu és o meu amparo e a minha protecção;
- na tua palavra pus a minha esperança.
-
115Afastai-vos de mim, pecadores,
- pois quero cumprir os mandamentos do meu Deus.
-
116Ampara-me, segundo a tua promessa, e viverei;
- não desiludas a minha esperança.
-
117Ajuda-me e estarei salvo;
- assim observarei sempre os teus decretos.
-
118Repudias todos os que se afastam das tuas leis,
- porque os seus pensamentos são enganadores.
-
119Consideras como escória os malvados da terra;
- por isso, amo os teus preceitos.
-
120O meu corpo estremece de temor na tua presença,
- e os teus decretos inspiram-me respeito.
-
-
- Ain
-
-
121Tenho praticado o que é recto e justo;
- não me abandones ao poder dos meus inimigos.
-
122Defende o bem do teu servo,
- para que não me oprimam os arrogantes.
-
123Os meus olhos consomem-se à espera da tua ajuda
- e do prometido pela tua justiça.
-
124Trata o teu servo segundo o teu amor,
- e ensina-lhe as tuas leis.
-
125Sou teu servo: dá-me entendimento
- para eu conhecer os teus preceitos.
-
126É tempo de agires, SENHOR;
- eles desprezaram a tua lei.
-
127Por isso amo os teus mandamentos,
- muito mais que o ouro fino.
-
128Por isso sigo os teus preceitos
- e tenho horror aos caminhos da mentira.
-
-
- Phe
-
-
129Os teus preceitos são admiráveis;
- por isso a minha alma os observa.
-
130O conhecimento dos teus ensinamentos ilumina
- e dá inteligência aos simples.
-
131Abro, com avidez, a minha boca,
- porque tenho fome dos teus mandamentos.
-
132Olha para mim, tem piedade de mim,
- como costumas fazer com os que amam o teu nome.
-
133Dá firmeza aos meus passos, segundo a tua promessa;
- não permitas que me domine qualquer maldade.
-
134Livra-me da opressão dos homens,
- para eu cumprir os teus preceitos.
-
135Que a tua presença ilumine o teu servo;
- ensina-me as tuas leis.
-
136Dos meus olhos correm rios de água,
- porque a tua lei já não é cumprida.
-
-
- Sadé
-
-
137SENHOR, Tu és justo
- e as tuas sentenças são rectas.
-
138Deste-nos os teus preceitos com justiça
- e exigiste de nós total fidelidade.
-
139O meu zelo me consome,
- ao ver que os meus inimigos desprezam as tuas palavras.
-
140As tuas promessas já foram provadas;
- por isso o teu servo as prefere.
-
141Sou humilde e desprezível,
- mas não me esqueço dos teus preceitos.
-
142A tua justiça é eterna,
- e a tua lei, verdadeira.
-
143Estou cheio de angústia e tribulação,
- mas encontro alívio nos teus mandamentos.
-
144As tuas prescrições são sempre justas;
- ajuda-me a conhecê-las, e viverei.
-
-
- Qof
-
-
145SENHOR, eu te invoco de todo o coração;
- ouve-me, pois quero cumprir os teus decretos.
-
146Por ti clamo; salva-me
- e cumprirei os teus preceitos.
-
147De manhã cedo imploro o teu auxílio
- e espero na tua palavra.
-
148Meus olhos antecipam-se às vigílias da noite
- para meditar na tua promessa.
-
149Ouve, SENHOR, a minha voz, pelo teu amor;
- dá-me vida, conforme prometeste.
-
150Aproximam-se os que correm atrás da iniquidade
- e se afastam da tua lei.
-
151Mas também Tu, SENHOR, estás perto;
- todos os teus mandamentos são verdadeiros.
-
152Desde muito novo conheço os teus preceitos;
- Tu os estabeleceste para sempre.
-
-
- Resh
-
-
153Vê as minhas aflições e livra-me,
- pois não me esqueci da tua lei.
-
154Defende a minha causa e salva-me;
- dá-me vida, segundo a tua promessa.
-
155A salvação está longe dos ímpios,
- porque não observam os teus decretos.
-
156Grande é a tua bondade, SENHOR;
- dá-me vida, segundo as tuas promessas.
-
157Muitos são os meus inimigos e opressores,
- mas eu não me afasto dos teus preceitos.
-
158Ao ver os transgressores, fico desgostoso
- porque não guardam a tua palavra.
-
159Vê como amo os teus decretos;
- dá-me vida, pela tua bondade, SENHOR.
-
160A essência da tua palavra é a verdade;
- os teus decretos são justos e eternos.
-
-
- Shin
-
-
161Os poderosos perseguem-me sem razão,
- mas o meu coração só teme a tua palavra.
-
162Sinto-me feliz com a tua promessa,
- como quem encontra um grande tesouro.
-
163Odeio e detesto a mentira,
- mas amo a tua lei.
-
164Sete vezes por dia te louvo,
- por causa dos teus justos decretos.
-
165Os que amam a tua lei gozam de grande paz;
- não há nada que os perturbe.
-
166SENHOR, espero na tua ajuda
- e cumpro os teus mandamentos.
-
167A minha alma observa os teus preceitos
- e ama-os profundamente.
-
168Observo os teus preceitos e as tuas leis,
- pois Tu conheces todos os meus caminhos.
-
-
- Tau
-
-
169SENHOR, chegue à tua presença o meu clamor;
- ensina-me, segundo a tua palavra.
-
170Suba à tua presença a minha súplica;
- livra-me, conforme a tua promessa.
-
171Os meus lábios anunciam os teus louvores,
- porque me ensinas os teus preceitos.
-
172A minha língua proclame a tua palavra,
- porque todos os teus mandamentos são justos.
-
173Que a tua mão venha em meu auxílio,
- porque escolhi os teus preceitos.
-
174Eu suspiro, SENHOR, pela tua ajuda;
- a tua lei faz as minhas delícias.
-
175Viva eu sempre para te louvar;
- que os teus decretos me ajudem.
-
176Ando errante, como ovelha perdida;
- vem à procura do teu servo,
- pois não me esqueci dos teus mandamentos.
Capítulo 120
SÚPLICA CONTRA OS MALDIZENTES
Salmo individual de súplica, em que os temas básicos são expressos de maneira directa e concisa. Ao mesmo tempo, este é o primeiro dos salmos chamados “Cânticos de peregrinação” (120-134), usados na subida a Jerusalém por ocasião das grandes festas, de que se fala em Ex 23,14-17. Por isso chamam-se, literalmente, “Cânticos das subidas”. No entanto, não se utilizavam apenas para acompanhar o acesso a Jerusalém, mas continuavam a servir para vários temas.
- 1Cântico das peregrinações.
-
Na minha angústia, clamei ao SENHOR
- e Ele ouviu-me.
-
2Livra-me, SENHOR, dos lábios mentirosos
- e da língua traiçoeira.
-
3Que poderás ganhar e lucrar,
- ó língua traiçoeira?
-
4São setas agudas de guerreiro
- e carvões acesos de giesta!
-
5Ai de mim, que vivo entre bárbaros
- e tenho de habitar com gente estranha!
-
6Já vivi tempo demais
- entre aqueles que odeiam a paz.
-
7Quando lhes falo de paz,
- logo eles falam de guerra!