Capítulo 11

Prémio do justo e castigo do ímpio

1A balança fraudulenta é abo­mi­nável aos olhos do Senhor,

mas o peso justo é-lhe agradável.

2Onde há soberba, há ignomínia,

mas onde há humildade há tam­bém sabedoria.

3A integridade dos justos servir-lhes-á de guia,

mas a perversidade dos maus ar­rastá-los-á à ruína.

4No dia da ira, a riqueza de nada serve,

mas a justiça livra da morte.

5A justiça do homem íntegro aplana-lhe o caminho,

mas o ímpio cai no abismo da sua impiedade.

6A justiça dos rectos salvá-los-á,

mas os traidores serão presa da sua cobiça.

7Morto o ímpio, desaparece a sua esperança,

e a expectativa dos iníquos pere­cerá.

8O justo liberta-se da angústia;

e, em vez dele, cairá nela o mal­vado.

9Com a sua língua o ímpio ar­ruína o seu próximo,

mas os justos serão salvos pelo seu conhecimento.

10A cidade exulta com a felici­dade dos justos

e alegra-se com a perdição dos ímpios.

11A cidade prosperará com a bên­ção dos justos

e será destruída pelas palavras dos ímpios.

12Quem despreza o seu próximo é um insensato;

o homem prudente sabe calar-se.

13O perverso revela os segredos,

mas encobre-os quem tem um co­ração leal.

14Por falta de governo, arruína-se o povo;

onde há muitos conselheiros, aí haverá salvação.

15Quem fica por fiador de um es­tranho cairá na desventura,

mas o que evita compromissos viverá tranquilo.

16A mulher formosa alcançará gló­ria,

e os homens diligentes alcança­rão fortuna.


Benefícios de uma boa conduta

17O homem misericordioso faz bem a si mesmo,

mas o cruel tortura o seu próprio corpo.

18O ímpio alcança um ganho fic­tício,

mas o que semeia justiça tem cer­ta a recompensa.

19O que observa a justiça cami­nha para a vida

e o que pratica o mal vai para a morte.

20O Senhor abomina os de cora­ção perverso,

mas são-lhe agradáveis os que vivem na integridade.

21Na verdade, o iníquo não ficará impune,

mas a descendência dos justos será salva.

22Anel de ouro em focinho de porco,

tal é a mulher formosa, mas in­sen­sata.

23O desejo dos justos é unica­mente o bem,

mas o ímpio apenas pode esperar a ira.

24Uns dão generosamente e ficam mais ricos;

outros poupam demais e vivem na pobreza.

25A alma generosa será cumu­lada de bens

e aquele que dá com largueza, assim também receberá.

26O que esconde o trigo será amal­diçoado pelo povo,

mas a bênção descerá sobre a cabeça dos que o vendem.

27O que procura o bem, obterá o favor;

o que busca o mal será por ele oprimido.

28O que confia na sua riqueza cairá,

mas os justos reverdecerão como a folhagem.

29O que perturba a sua casa, só herdará ventos;

o insensato será escravo do sá­bio.

30O fruto do justo é uma árvore de Vida,

e quem sabe cativar as pessoas é sábio.

31Se o justo, aqui na terra, re­cebe a sua paga,

quanto mais o ímpio e o pecador!

Capítulo 12

Bons e maus

1Aquele que ama a disciplina, ama o conhecimento,

mas o que detesta a repreensão é um insensato.

2O homem de bem alcançará a benevolência do Senhor,

mas Ele condenará o homem que maquina o mal.

3O homem não se pode firmar na impiedade,

mas a raiz dos justos não será aba­lada.

4A mulher virtuosa é a coroa do seu marido,

mas a indigna é uma doença para os seus ossos.

5Os pensamentos dos justos são rectos,

mas os planos dos ímpios são frau­­dulentos.

6As palavras dos ímpios são cila­das mortais,

mas a boca dos justos é a sua sal­vação.

7Os ímpios serão derrubados e não subsistirão,

mas a casa dos justos permane­cerá sempre firme.

8O homem é estimado pela sua prudência,

mas o perverso de coração será desprezado.

9Mais vale o homem humilde, que sabe ganhar a vida,

do que o arrogante, que não tem que comer.

10O justo cuida das necessidades do seu gado,

mas as entranhas dos ímpios são cruéis.

11Aquele que cultiva a sua terra será saciado de pão,

mas o que procura futilidades é um insensato.

12A cobiça do ímpio é uma rede de males,

mas a raiz do justo é que dá fruto.


Uso da língua

13O ímpio enreda-se nos pecados da língua,

mas o justo liberta-se da an­gús­tia.

14O homem sacia-se com o fruto da sua boca:

cada um recebe a recompensa, se­­gundo a obra das suas mãos.

15Ao insensato parece recto o seu proceder,

porém, o que é sábio escuta os con­selhos.

16O louco mostra logo a sua ira,

o homem circunspecto dissimula o ultraje.

17O que fala verdade, proclama a justiça;

a testemunha falsa proclama a mentira.

18Há palradores que ferem como uma espada;

porém, a língua dos sábios cura as feridas.

19A palavra verdadeira perma­nece firme para sempre;

a língua mentirosa dura apenas um instante.

20No coração dos que maquinam o mal, há falsidade,

mas aqueles que têm conselhos de paz, viverão na alegria.

21Nenhum mal atingirá o justo,

mas os ímpios serão amaldiçoa­dos.

22O Senhor abomina os lábios men­­tirosos,

agradam-lhe, porém, os que di­zem a verdade.

23O homem prudente encobre o seu saber,

mas o coração dos insensatos pro­­­clama a sua loucura.

24A mão diligente dominará,

mas a mão preguiçosa será es­crava.

25A preocupação deprime o cora­ção do homem,

mas uma boa palavra restitui-lhe a alegria.

26O justo guia o seu próximo,

mas o caminho dos ímpios faz com que eles se percam.

27O indolente não assará a presa que caçou;

mas a diligência é uma riqueza preciosa para o homem.

28A vida está nas sendas da jus­tiça,

porém, o caminho tortuoso con­duz à morte.

Capítulo 13

Sabedoria e insensatez

1O filho sábio é fruto da cor­recção paterna,

mas o insolente não aceita a re­preensão.

2O homem de bem comerá do fruto da sua boca,

mas o apetite dos pérfidos ali­menta-se de violência.

3Aquele que vigia a sua boca, guarda a sua vida;

o que é imponderado no falar, busca a sua ruína.

4O preguiçoso cobiça, mas nada obtém;

o desejo dos diligentes será satis­feito.

5O justo detesta a mentira,

o ímpio espalha a calúnia e a de­sonra.

6A justiça protege o homem de vida íntegra,

mas a maldade arruína o peca­dor.

7Há quem pareça rico, não tendo nada,

e quem pareça pobre e possua grandes riquezas.

8A riqueza de um homem é res­gate para a sua vida,

mas o pobre não ouve ameaças.

9A luz do justo brilha alegre­mente;

mas a lâmpada dos ímpios extin­guir-se-á.

10O orgulho origina contendas;

mas a sabedoria está com os que aceitam conselho.

11Os bens adquiridos à pressa, de­pressa desaparecem,

mas quem acumula pouco a pou­co enriquece.

12A esperança retardada aflige o coração,

mas o desejo satisfeito é uma ár­vore de Vida.

13Aquele que menospreza a pala­vra, perder-se-á;

mas o que respeita o manda­men­to, será recompensado.

14O ensinamento do sábio é uma fonte de vida

para evitar os laços da morte.

15Uma inteligência sã alcança fa­vor,

mas é áspero o caminho dos trai­dores.

16O homem prudente age com dis­cernimento,

mas o insensato põe a descoberto a sua loucura.

17Um mensageiro malvado cai na desgraça,

mas o enviado fiel traz a salva­ção.

18O que despreza uma advertên­cia terá miséria e vergonha,

mas o que aceita correcção será coroado de glória.

19O desejo satisfeito deleita a alma;

fugir do mal é uma abominação para os insensatos.

20Aquele que anda com os sábios será sábio;

o que acompanha os insensatos tornar-se-á mau como eles.

21A desgraça persegue os peca­dores;

a felicidade é a recompensa dos justos.

22O homem virtuoso deixa he­rança aos descendentes,

mas a riqueza do pecador está re­servada aos justos.

23O campo do pobre dá comida abun­dante,

mas pode perder-se por falta de justiça.

24Aquele que poupa o chicote, odeia o seu filho;

aquele que o ama, corrige-o sem demora.

25O justo come até se saciar,

mas o ventre dos maus passa fome.

Capítulo 14

1A mulher sábia edifica a sua casa,

a insensata derruba-a com as suas próprias mãos.

2Aquele que anda pelo caminho direito, teme o Senhor;

o que anda pelo caminho tor­tuoso, despreza-o.

3Da boca do insensato brota a so­berba,

mas os lábios dos sábios são a sua protecção.

4Onde não há bois, a manjedoura está vazia;

da força dos bois provém a abun­dância da colheita.

5A testemunha fiel não mente,

a testemunha falsa profere men­tiras.

6O insolente busca a sabedoria, mas em vão;

para o prudente é fácil encontrar o conhecimento.

7Afasta-te do homem insensato:

em seus lábios não encontrarás palavras sábias.

8A sabedoria do prudente está em conhecer o seu caminho;

a loucura dos insensatos é um engano.

9O insensato ri-se do pecado;

a benevolência mora entre os ho­mens rectos.

10O coração conhece as suas pró­prias amarguras,

e o estranho não partilha da sua alegria.

11A habitação dos ímpios será des­truída,

mas a tenda dos justos flores­cerá.

12Há caminhos que ao homem pa­recem rectos,

e, no fim, conduzem à morte.

13Mesmo a sorrir, o coração pode estar triste;

a alegria pode terminar em afli­ção.

14O insensato será saciado com os seus próprios erros,

e o homem de bem, com os seus actos.

15O ingénuo dá crédito a tudo o que se diz,

mas o prudente reflecte sobre os seus passos.

16O sábio teme o mal e desvia-se dele;

o insensato avança com arro­gân­cia e julga-se seguro.

17O homem impaciente comete lou­curas;

o mal intencionado torna-se odioso.

18Os ingénuos têm por herança a insensatez,

e os prudentes, a coroa do saber.

19Os maus prostram-se diante dos bons,

e os ímpios, às portas dos justos.

20O pobre é odiado até pelo seu companheiro;

o rico, porém, tem muitos ami­gos.

21Aquele que despreza o seu pró­ximo, comete um pecado;

mas feliz daquele que tem com­paixão dos pobres.

22Acaso não erram os que ma­qui­nam o mal?

Mas os que praticam o bem terão misericórdia e fidelidade.

23Todo o trabalho traz proveito,

mas as muitas palavras só pro­du­zem miséria.

24A coroa dos sábios é a sua ri­queza;

a loucura dos insensatos é a sua imprudência.

25A testemunha fiel põe as vidas a salvo,

mas o que profere mentiras é um impostor.

26O temor do Senhor é a con­fiança do forte;

os seus filhos nele encontrarão refúgio.

27O temor do Senhor é fonte de vida;

Ele afasta dos laços da morte.

28O povo numeroso é a glória do rei,

a falta de gente é a ruína do prín­cipe.

29O que é lento na ira, é rico de in­teligência;

o que é irascível, manifesta a sua insensatez.

30Um coração tranquilo é a vida do corpo,

mas a inveja é doença para os os­sos.

31O que oprime o pobre, injuria o seu criador;

honra-o aquele que se compadece do indigente.

32O ímpio será derrubado, por causa da sua malícia;

o justo, porém, mesmo na morte, conserva a confiança.

33A sabedoria repousa no coração ponderado,

mas não se faz sentir no meio dos insensatos.

34A justiça engrandece as nações;

o pecado é a ruína dos povos.

35O servo prudente goza do favor do rei;

o insolente sentirá a sua cólera.

Capítulo 15

1A resposta branda aplaca o furor,

a palavra dura provoca a ira.

2A língua dos sábios irradia conhe­­­cimento;

a boca dos insensatos espalha lou­­curas.

3Em todo o lugar estão os olhos do Senhor,

observando os maus e os bons.

4A língua branda é uma árvore de Vida,

a língua perversa despedaça o es­pí­rito.

5O insensato despreza a adver­tên­cia do seu pai,

mas o que aceita a repreensão mostra-se prudente.

6Na casa do justo há riqueza abun­dante;

mas o rendimento dos maus é fonte de perturbação.

7Os lábios dos sábios derramam sabedoria;

mas não assim o coração dos in­sensatos.

8Os sacrifícios dos ímpios são abo­mináveis ao Senhor;

mas é-lhe agradável a oração dos homens rectos.

9O Senhor abomina a conduta do ímpio,

mas ama o que procura a justiça.

10Severa é a correcção para o trans­­­viado;

aquele que aborrece a repreen­são, perecerá .

11A habitação dos mortos e o abis­mo estão diante do Se­nhor,

quanto mais os corações dos ho­mens!

12O insolente não gosta de quem o repreende,

nem vai para junto dos sábios.

13O coração alegre torna feliz o sem­blante;

a tristeza do coração abate o es­pírito.

14O coração do sábio procura o co­nhecimento;

a boca dos insensatos apascenta-se de loucura.

15Para o pobre, todos os dias são maus,

mas a alegria do coração é um pe­rene festim.

16Mais vale o pouco com o temor do Senhor,

do que um grande tesouro com a inquietação.

17Mais vale um prato de legumes com amizade,

do que um vitelo gordo com ódio.

18O homem irascível provoca ques­tões,

mas o paciente acalma as conten­das.

19O caminho do preguiçoso é como uma sebe de espinhos;

mas o dos justos é estrada plana.

20O filho sábio alegra o seu pai;

o insensato envergonha a sua mãe.

21A loucura diverte o insensato,

mas o homem inteligente segue o caminho recto.

22Os projectos desfazem-se à falta de conselho,

mas com muitos conselheiros realizam-se com êxito.

23Saber dar uma resposta é causa de alegria;

como é agradável uma palavra no tempo certo!

24O sábio sobe pelo caminho da vida,

para evitar a descida à morada dos mortos.

25O Senhor destrói a casa dos so­berbos,

mas assegura a propriedade da viúva.

26Os desígnios perversos são abo­mináveis ao Senhor,

mas são boas as palavras benfa­zejas.

27O homem ganancioso perturba a sua casa,

porém, o que detesta os pre­sen­tes, viverá.

28O coração do justo medita a sua resposta,

mas a boca dos maus vomita mal­­dades.

29O Senhor está longe dos maus,

mas atende a oração dos justos.

30Um olhar sereno alegra o co­ra­ção;

uma boa notícia tonifica os ossos.

31Aquele que presta atenção às re­preensões salutares,

habita entre os sábios.

32O que rejeita uma advertência des­preza-se a si próprio;

mas quem escuta a repreensão adquire sabedoria.

33O temor do Senhor é uma es­cola de sabedoria;

e antes da glória está a humil­dade.

Capítulo 16

1São do homem os projectos do coração,

mas a resposta vem do Senhor.

2Todos os caminhos parecem pu­ros ao homem,

mas o Senhor é quem pesa os corações.

3Confia ao Senhor todos os teus empreendimentos,

e os teus projectos terão bom êxito.

4O Senhor fez tudo, tendo em vista um fim;

até mesmo o ímpio, para o dia do castigo.

5O Senhor aborrece o altivo de coração;

cedo ou tarde, não ficará sem cas­­­tigo.

6O pecado expia-se pela bon­dade e pela fidelidade;

o mal evita-se pelo temor do Se­nhor.

7Quando a conduta do homem agrada ao Senhor,

reconciliará com ele os seus pró­prios inimigos.

8Vale mais o pouco com justiça,

do que muitos bens sem equi­dade.

9O coração do homem dispõe o seu caminho,

mas é o Senhor quem dirige os seus passos.

10As palavras do rei são como orá­culos;

a sua boca não errará ao pro­nun­ciar a sentença.

11Balança e pesos justos são do Se­nhor;

são obra sua todos os pesos do saco.

12Os reis praticarem o mal é coisa abominável,

porque o trono firma-se pela jus­tiça.

13Os lábios justos agradam ao rei;

ele ama o que fala com rectidão.

14A indignação do rei é prenúncio de morte,

porém, o sábio saberá aplacá-la.

15Na serenidade do semblante do rei está a vida;

a sua clemência é como nuvem de chuva primaveril.

16Adquirir a sabedoria vale mais do que o ouro;

adquirir a inteligência vale mais do que a prata.

17O caminho dos justos consiste em evitar o mal;

o que vela sobre o seu caminho, guarda a sua vida.

18A soberba precede a ruína,

e a presunção precede a queda.

19Mais vale ser humilde com os fra­­cos,

do que repartir os despojos com os soberbos.

20O que ouve a palavra com aten­ção encontra a felicidade;

ditoso quem confia no Senhor.

21O sábio de coração será tido por inteligente;

as palavras doces são mais con­vincentes.

22O bom senso é a fonte da vida para quem o possui;

o castigo dos insensatos é a sua insensatez.

23O coração dos sábios instruirá a sua boca,

e aos seus lábios aumentará o saber.

24As palavras amáveis são como um favo de mel;

doçura para o paladar e força para os ossos!

25Há caminhos que ao homem pa­re­cem rectos

e, afinal, conduzem à morte.

26É a fome que faz trabalhar o ope­rário,

porque a sua boca a isso o obriga.

27O perverso produz a desgraça:

há em seus lábios um fogo devo­rador.

28O homem desordeiro semeia dis­córdias,

o caluniador divide os amigos.

29O homem violento seduz o seu próximo

e arrasta-o para mau caminho.

30O que fecha os olhos, maquina in­­­trigas;

o que morde os lábios já praticou o mal.

31Os cabelos brancos são uma co­roa de glória,

a qual se encontra no caminho da justiça.

32Vale mais um homem paciente do que um herói;

vale mais dominar-se a si mesmo do que conquistar uma cidade.

33As sortes lançam-se no regaço,

mas o que elas decidem é do Se­nhor.

Capítulo 17

1Vale mais um bocado de pão seco, com paz,

do que uma casa cheia com ban­quetes e discórdia.

2O servo prudente prevalece sobre um filho indigno

e tomará parte na herança com os irmãos.

3O fogo prova a prata, e o crisol, o ouro,

mas é o Senhor quem examina os corações.

4O mau dá ouvidos aos lábios ma­lignos;

o mentiroso presta atenção à língua maliciosa.

5Aquele que despreza o pobre insulta o seu criador;

o que ri de um infeliz, não ficará impune.

6Os netos são a coroa dos mais velhos,

e a glória dos filhos são os seus pais.

7Uma linguagem elevada não con­vém ao insensato;

nem a um nobre palavras menti­rosas.

8O suborno é uma pedra mágica aos olhos de quem o pratica;

para onde quer que se vire, é bem sucedido.

9Quem busca a amizade encobre as faltas;

quem as conta e repete, afasta os amigos.

10Uma repreensão faz mais efei­to ao homem inteligente

do que cem açoites num insen­sato.

11O perverso só busca rixas,

mas será enviado contra ele um mensageiro cruel.

12É melhor encontrar uma ursa, privada dos seus filhinhos

do que um insensato, no excesso da sua loucura.

13Quem retribui o bem com o mal,

jamais verá a desgraça sair da sua casa.

14Começar uma questão é como sol­tar as torrentes;

desiste, antes que se inflame a con­tenda.

15Aquele que absolve o culpado e o que condena o inocente,

ambos são abomináveis diante do Senhor.

16Para que serve o dinheiro na mão do insensato?

Para comprar sabedoria?

Mas ele não tem inteligência!

17Aquele que é amigo, é-o em todo o tempo;

e torna-se um irmão no tempo da desgraça.

18É insensato o que com um aperto de mão

fica de fiador do seu próximo.

19Aquele que ama as discórdias ama o pecado;

e o que ergue demais a sua porta, busca a ruína.

20O homem de coração falso não encontra a felicidade;

o de língua perversa cai na des­graça.

21O que gera um insensato, gera-o para sua desgraça;

o pai do louco não poderá ter alegria.

22O coração alegre é, para o corpo, remédio salutar;

o espírito triste seca os ossos.

23O ímpio recebe suborno às ocul­tas,

para desviar o caminho da jus­tiça.

24A sabedoria está no rosto do in­teligente;

os olhos do insensato vagueiam pelos confins da terra.

25Um filho insensato é o tor­men­to de seu pai

e a amargura daquela que o deu à luz.

26Não é bom punir o justo,

nem é recto castigar o homem ho­nesto.

27Aquele que modera as palavras possui conhecimento;

e o homem reflectido tem espírito calmo.

28Um insensato silencioso passa por sábio;

se fecha a boca parece inteli­gente.

Capítulo 18

1O homem egoísta segue os seus caprichos

e irrita-se perante todo e qual­quer êxito.

2O insensato não se interessa por compreender,

mas somente por manifestar os seus sentimentos.

3Com a impiedade vem a desonra;

com o desprezo, a vergonha.

4Águas profundas são as pala­vras de um homem,

são torrente transbordante, fonte de sabedoria.

5Não é bom favorecer o ímpio,

para prejudicar o justo no julga­mento.

6Os lábios do insensato levam a contendas,

e a sua boca atrai o castigo.

7A boca do insensato é a sua ruína;

os seus lábios são uma armadi­lha para a sua vida.

8As palavras do intriguista são como guloseimas;

penetram até às entranhas.

9O que é preguiçoso no seu tra­balho

é irmão do dissipador.

10O nome do Senhor é uma tor­re fortificada;

nela se acolhe o justo e encontra segurança.

11A fortuna do rico é a sua praça forte;

no seu entender, ela é uma mu­ra­lha sólida.

12O coração do homem exalta-se antes da sua queda,

mas a humildade precede a gló­ria.

13Aquele que responde antes de ouvir,

passa por insensato e fica enver­go­nhado.

14O espírito do homem sustenta-o na sua aflição,

mas quem levantará um espírito abatido?

15O coração do sensato adquire o conhecimento;

e o ouvido dos sábios procura-o.

16Os presentes que um homem dá abrem-lhe caminho

e dão-lhe acesso junto dos gran­des.

17O primeiro que advoga a sua causa, parece ter razão,

mas sobrevém a parte adversa e refuta-o.

18A sorte apazigua as contendas

e decide entre os poderosos.

19Um irmão ofendido é mais ina­cessível que uma praça forte;

as contendas são como os fer­ro­lhos de uma fortaleza.

20Um homem nutre-se do fruto da sua boca

e sacia-se com o produto dos seus lábios.

21A morte e a vida estão à mercê da língua;

os que a amam comerão dos seus frutos.

22Aquele que acha uma esposa acha a felicidade,

e recebe um dom do Senhor.

23O pobre fala, suplicando,

e o rico responde com aspereza.

24Há amigos que levam à ruína,

mas também os há mais dedi­ca­dos que um irmão.

Capítulo 19

1Mais vale um pobre que vive honestamente,

do que um insensato de lábios mentirosos.

2Sem o conhecimento, nem o zelo é bom;

quem anda precipitado, desenca­minha-se.

3A loucura do homem leva-o a mau caminho,

e, logo, o seu coração se irrita con­­tra o Senhor.

4As riquezas aumentam o núme­ro dos amigos,

mas o pobre é abandonado até pe­los amigos.

5A testemunha falsa não ficará sem castigo,

e o que diz mentiras não esca­pará.

6O homem generoso tem muitos aduladores;

todos são amigos de quem dá.

7Ao pobre até os seus irmãos o abor­recem;

quanto mais os seus amigos não se hão-de afastar dele!

Ele bem tenta falar, mas eles já lá não estão.

8Aquele que adquire bom senso, ama-se a si próprio;

e o que guarda o entendimento, encontra a felicidade.

9A testemunha falsa não ficará impune,

e o que diz mentiras perecerá.

10Não convém que o insensato viva entre delícias,

e muito menos um escravo, do­minar os chefes.

11O homem sábio sabe dominar a sua ira,

e a sua honra é passar por cima de uma ofensa.

12A ira do rei é rugido de leão,

e o seu favor é como orvalho so­bre a erva.

13O filho insensato é o tormento do seu pai;

e as intrigas de mulher são uma goteira contínua.

14Casas e bens são herança dos pais,

mas uma mulher sensata é dom do Senhor.

15A preguiça dá sono,

e a pessoa indolente passará fome.

16O que observa os mandamentos conserva a sua vida;

mas o que descuida o seu pro­ce­der, morrerá.

17Quem dá ao pobre empresta ao Senhor,

e Ele lhe retribuirá o benefício.

18Corrige o teu filho, enquanto há esperança,

mas não te arrebates, a ponto de lhe dares a morte.

19O homem irascível sofrerá o cas­tigo;

se o poupares, ainda o farás mais violento.

20Ouve os conselhos e aceita a ins­trução,

e acabarás por te tornares sábio.

21Há muitos projectos no coração do homem,

mas é a vontade do Senhor que prevalece.

22O encanto de um homem é a bon­dade;

mais vale o pobre que o menti­roso.

23O temor do Senhor conduz à vida;

quem o tem em abundância passa a noite sem desgraça.

24O preguiçoso mete a mão no prato

e não quer ter o trabalho de a le­var à boca.

25Castiga o insolente, e o ingé­nuo tornar-se-á sábio;

repreende o homem sensato, e ele compreenderá.

26Aquele que maltrata o seu pai e expulsa a sua mãe

é um filho infame e desgraçado.

27Se te cansares, meu filho, de ou­vir as advertências,

também te afastarás das lições da sabedoria.

28A testemunha falsa ri-se da jus­tiça,

e a boca dos ímpios devora a ini­quidade.

29Os castigos estão preparados para os insolentes,

e os açoites para o dorso dos in­sensatos.

Capítulo 20

1Escarnecedor é o vinho, de­sor­deiro o licor!

Quem a eles se entrega não será sábio.

2A ira do rei é como um rugido de leão;

aquele que o provoca, prejudica a sua vida.

3É uma glória para o homem afas­tar-se das contendas,

porém, os insensatos envolvem-se nelas.

4O preguiçoso não lavra no In­verno;

procura no tempo da colheita, mas nada encontra.

5Água profunda é a reflexão no coração do homem,

mas o homem inteligente chega até ela.

6Muitos homens apregoam a sua bondade,

mas quem achará um homem ver­­­dadeiramente fiel?

7O justo caminha na integridade;

ditosos os filhos que vierem de­pois dele.

8O rei, que está sentado no trono da justiça,

só com seu olhar dissipa todo o mal.

9Quem poderá dizer:

«O meu coração está puro, estou limpo de pecado?»

10Ter um peso e outro peso, uma medida e outra medida:

eis duas coisas que o Senhor abo­­mina.

11É pelos seus actos que um jovem dá a conhecer

se o seu proceder é puro e recto.

12O ouvido que ouve e o olho que vê,

ambas as coisas fê-las o Senhor.

13Não sejas amigo do sono, para que não empobreças;

abre os olhos e terás pão à von­tade.

14«É mau, é mau!», diz o compra­dor;

mas, ao afastar-se, gaba-se da com­­pra.

15Há ouro e pérolas em abundân­cia;

mas a jóia mais preciosa é a boca do sábio.

16Tira a veste àquele que ficou por fiador de outrem,

toma o penhor que ele deve aos estranhos.

17O pão mal adquirido é saboroso para o homem,

mas depois de encher a boca, é só areia.

18Consolida os projectos mediante a reflexão,

conduz a guerra, fazendo bem os cálculos.

19O intriguista revela os segre­dos;

não te familiarizes com o falador.

20Àquele que amaldiçoa o seu pai ou a sua mãe

apagar-se-á a sua lâmpada no meio das trevas.

21O património adquirido, a prin­cípio, com avareza,

não será abençoado no fim.

22Não digas: «Hei-de vingar-me!»

Põe a tua esperança no Senhor e Ele te salvará.

23Ter um peso e outro é abomi­na­ção para o Senhor;

a balança falsa não é coisa boa.

24O Senhor é quem dirige os pas­sos do homem;

como poderá o ser humano com­preender o seu destino?

25É um laço para o homem decla­rar: «Consagrado»,

e só reflectir depois de fazer os seus votos.

26O rei sábio joeira os ímpios

e faz passar sobre eles a roda.

27O espírito do homem é lâmpada do Senhor,

que penetra todos os recônditos do ser.

28A bondade e a fidelidade guar­dam o rei;

o seu trono está assente na bon­dade.

29A força é a glória dos jovens,

e a glória dos velhos são os cabe­los brancos.

30As cicatrizes são remédio con­tra o mal,

e as pancadas curam o mais re­côndito do ser.

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