Capítulo 51

Exortação aos israelitas fiéis

1Ouvi-me, vós que seguis a jus­­­tiça, os que buscais o Senhor! Considerai a rocha de que fostes talhados, a pedreira de onde fostes tirados. 2Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz. Ele era um só, quando o chamei, mas abençoei-o e multipliquei-o. 3O Senhor consolará Sião e reparará todas as suas ruínas. Transformará o seu deserto num lugar de delícias, a sua solidão num paraíso do Se­nhor, onde haverá gozo e alegria, cânticos de louvor e melodias de música. 4Prestai-me atenção, ó meu povo, dai-me ouvidos, minha nação. É de mim que vem a lei, os meus mandamentos são a luz dos povos. 5A minha vitória está perto, a minha salvação está mesmo a chegar. O meu braço governará os povos. As ilhas estão à minha espera, e põem a sua esperança no meu braço. 6Levantai os olhos ao céu, e observai, lá em baixo, a terra: o céu passa como o fumo, e a terra gasta-se como um ves­tido. Os seus habitantes morrem como moscas, mas a minha salvação subsistirá sempre, e a minha justiça não terá fim. 7Ouvi-me, vós que conheceis a jus­tiça, o povo que leva a minha lei no coração: não temais os insultos dos homens, nem vos deixeis abater pelos seus ultrajes, 8porque a traça os comerá como a um vestido, e os vermes da traça os roerão como a lã. Mas a minha justiça subsistirá sempre, e a minha salvação nunca mais terá fim.


Desperta, Senhor! (Sl 74; 93)

9Desperta! Desperta! Reveste-te de fortaleza, braço do Senhor. Desperta como nos dias antigos, como nos tempos de outrora. Não foste Tu que esmagaste o monstro Raab, que trespassaste o dragão dos ma­­res? 10Não foste Tu que secaste o mar, as águas do grande abismo? Não transformaste as profun­de­zas do mar em caminho, para que passassem os resga­ta­dos? 11Os que o Senhor libertou vol­ta­rão e virão para Sião com cânticos de triunfo. Uma alegria eterna iluminará o seu rosto, um regozijo transbordante os se­guirá, e as aflições desaparecerão.


Resposta do Senhor

12Sou Eu, sou Eu o vosso conso­la­dor. Quem és tu para teres medo de um simples mortal, de um homem que acabará como a erva? 13Esqueceste o Senhor, teu cria­dor, que estendeu os céus e fundou a terra. Todos os dias tremias diante da cólera do opressor, quando te procurava destruir. Onde está agora a fúria do opres­sor? 14Em breve o prisioneiro será li­bertado, não morrerá no cárcere, nem lhe faltará pão. 15Eu, o Senhor, é que sou o teu Deus, que envolvo o mar e faço rugir as suas ondas; o meu nome é: Senhor do uni­verso. 16Pus as minhas palavras na tua boca, escondi-te na palma da minha mão. Estendo os céus e assento a terra, e digo a Sião: «Tu és o meu povo.»


Desperta, Jerusalém! (Lm 1-2)

17Desperta! Desperta! Levanta-te, Jerusalém! Já bebeste da mão do Senhor a taça da sua ira. Já esgotaste até ao fundo o cálice que atordoa. 18De todos os filhos que ela gerou, nenhum deles a orientou; de todos os filhos que ela criou, nenhum a segurou pela mão. 19Esses dois males te acontece­ram. Quem se compadece de ti? Só há desolação e ruína, fome e espada. Quem é que te consola? 20Os teus filhos jazem desfalecidos nas encruzilhadas dos caminhos, como antílopes aprisionados na rede, apanhados pela ira do Senhor, pela ameaça do teu Deus. 21Portanto, ouve com atenção, Jerusalém infeliz, que estás embriagada, mas não de vinho. 22Isto diz o Senhor, teu Senhor e teu Deus, defensor do seu povo: «Vou retirar da tua mão a taça que atordoa; nunca mais beberás do cálice da minha ira. 23Vou pô-la na mão dos teus tiranos, daqueles que te diziam: ‘Curva-te para passarmos por ci­ma de ti’. E apresentaste as costas como terra que se calca, como calçada para os transeun­tes.»

Capítulo 52

Desperta, Sião!

1Desperta! Desperta! Reveste-te da tua força, Jerusalém, cidade santa, Sião! Veste os teus trajes de gala, porque já não entrarão mais den­tro de ti nem pagãos nem impuros. 2Sacode o pó e põe-te de pé, Jerusalém cativa! Desata as cadeias do teu pescoço, Sião prisioneira! 3Eis o que diz o Senhor: «Fostes vendidos por nada, sereis resgatados sem pagar.» 4Eis o que diz ainda o Senhor Deus: «O meu povo refugiou-se outrora no Egipto, para ali habitar como estran­geiro; no fim, Assur oprimiu-o. 5Diante desta situação, que devo Eu fazer? – Oráculo do Senhor. Levam o meu povo gratuitamente, os seus opressores soltam brados de triunfo e todos os dias ultrajam o meu nome. – Oráculo do Senhor. 6Por isso, o meu povo conhecerá o meu nome; nesse dia compreenderá que era Eu que dizia: ‘Aqui estou!’»


Os mensageiros da boa-nova

7Que formosos são sobre os mon­­tes os pés do mensageiro que anun­cia a paz, que apregoa a boa-nova e que proclama a salvação! Que diz a Sião: «O rei é o teu Deus!» 8Ouve: as tuas sentinelas gritam, cantam em coro, porque vêem olhos nos olhos o regresso do Senhor a Sião. 9Ruínas de Jerusalém, irrompei em cânticos de alegria, porque o Senhor consola o seu povo, com a libertação de Jerusalém. 10O Senhor mostra a força do seu braço poderoso aos olhos das nações, e todos os confins da terra verão o triunfo do nosso Deus. 11Saí da Babilónia! Fugi para longe dela! Não toqueis no que é impuro! Conservai-vos puros, vós que levais os objectos de cul­to do Senhor. 12Porque não partireis com preci­pi­tação, não vos retirareis como fugitivos. Porque o Senhor irá diante de vós, e o Deus de Israel seguirá na re­ta­­guarda.


Paixão e glória

13Olhai, o meu servo terá êxito, será muito engrandecido e exal­tado. 14Assim como muitos ficaram es­pan­tados diante dele, ao verem o seu rosto desfigurado e o seu aspecto disforme, 15agora fará com que muitos po­vos fiquem bem impressionados. Os reis ficarão boquiabertos, ao verem coisas inenarráveis, e ao contemplarem coisas inaudi­tas.

Capítulo 53

1Quem acreditou no nosso anúncio? A quem foi revelado o braço do Senhor? 2O servo cresceu diante do Se­nhor como um rebento, como raiz em terra árida, sem figura nem beleza. Vimo-lo sem aspecto atraente, 3desprezado e abandonado pelos homens, como alguém cheio de dores, habituado ao sofrimento, diante do qual se tapa o rosto, menosprezado e desconsiderado. 4Na verdade, ele tomou sobre si as nossas doenças, carregou as nossas dores. Nós o reputávamos como um le­proso, ferido por Deus e humilhado. 5Mas foi ferido por causa dos nos­sos crimes, esmagado por causa das nossas iniquidades. O castigo que nos salva caiu so­bre ele, fomos curados pelas suas chagas. 6Todos nós andávamos desgarra­dos como ovelhas perdidas, cada um seguindo o seu caminho. Mas o Senhor carregou sobre ele todos os nossos crimes. 7Foi maltratado, mas humilhou-se e não abriu a boca, como um cordeiro que é levado ao matadouro, ou como uma ovelha emudecida nas mãos do tosquiador. 8Sem defesa, nem justiça, leva­ram-no à força. Quem é que se preocupou com o seu destino? Foi suprimido da terra dos vivos, mas por causa dos pecados do meu povo é que foi ferido. 9Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios, e uma tumba entre os malfei­to­res, embora não tenha cometido cri­me algum, nem praticado qualquer fraude. 10Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo com sofrimento, para que a sua vida fosse um sa­crifício de reparação. Terá uma posteridade duradoura e viverá longos dias, e o desígnio do Senhor realizar-se-á por meio dele. 11Por causa dos trabalhos da sua vida verá a luz. O meu servo ficará satisfeito com a experiência que teve. Ele, o justo, justificará a muitos, porque carregou com o crime de­les. 12Por isso, ser-lhe-á dada uma mul­­tidão como herança, há-de receber muita gente como despojos, porque ele próprio entregou a sua vida à morte e foi contado entre os pecadores, tomando sobre si os pecados de muitos, e sofreu pelos culpados.

Capítulo 54

Glória da nova Jerusalém

1Exulta de alegria, estéril, tu que não tinhas filhos, entoa cânticos de júbilo, tu que não davas à luz, porque os filhos da desamparada são mais numerosos do que os da mulher casada. É o Senhor quem o diz. 2Alarga o espaço da tua tenda, estende sem medo as lonas que te abrigam, e estica as tuas cordas, fixa bem as tuas estacas, 3porque vais aumentar por todos os lados. Os teus descendentes possuirão as nações, e povoarão cidades desertas.


Jerusalém, esposa do Senhor

4Não tenhas medo, porque não voltarás a ser humi­lhada. Não te envergonhes, porque não voltarás a ser deson­rada. Esquecer-te-ás da vergonha do teu estado de solteira, e não te lembrarás da desonra da tua viuvez. 5Com efeito, o teu criador é que é o teu esposo, o seu nome é Senhor do universo. O teu redentor é o Santo de Is­rael, chama-se Deus de toda a terra. 6O Senhor chamou-te novamente como a uma mulher abandonada e angustiada. Na verdade, como se pode repu­diar a esposa da juventude? É o teu Deus quem o diz. 7Por um curto momento Eu te aban­­donei, mas, com grande amor, volto a unir-me a ti. 8Num acesso de ira, e por um ins­tante, escondi de ti a minha face, mas Eu tenho por ti um amor eterno. É o Senhor teu redentor quem o diz. 9Vou agir como no tempo de Noé: jurei que nunca mais o dilúvio se abateria sobre a terra. Do mesmo modo, juro nunca mais me irritar contra ti, nem te ameaçar. 10Ainda que os montes sejam aba­lados e tremam as colinas, o meu amor por ti nunca mais será abalado, e a minha aliança de paz nunca mais vacilará. Quem o diz é o Senhor, que tan­to te ama.


Reconstrução de Jerusalém

11Infeliz Jerusalém, sacudida pela tempestade, cidade desconsolada! Eu mesmo te vou reconstruir com pedras assentes em jaspe, com alicerces assentes em safira. 12Farei as tuas ameias de rubis e as tuas portas de esmeraldas. As tuas muralhas serão de pe­dras preciosas. 13Todos os teus habitantes serão dis­cípulos do Senhor e gozarão de uma grande paz os teus filhos. 14Serás fundada sobre a justiça. Viverás longe de qualquer opres­são, sem temer nenhum mal; livre de qualquer terror, pois nada te poderá atingir. 15Se te atacarem, não será da mi­nha parte; mas quem te atacar cairá diante de ti. 16Sou Eu quem cria o ferreiro que sopra nas brasas de fogo e que produz os instrumentos ade­quados. Mas também criei quem os há-de destruir. 17Nenhuma arma fabricada contra ti terá sucesso, nenhuma língua que te acusar em tribunal poderá condenar-te. Esta é a herança dos servos do Senhor, esta é a vitória que Eu lhes ga­ranto. – Oráculo do Senhor.

Capítulo 55

A aliança do Senhor

1Atenção! Todos vós que ten­des sede, vinde beber desta água. Mesmo os que não tendes di­nheiro, vinde, comprai trigo para comer sem pagar nada. Levai vinho e leite, que é de graça. 2Porque gastais o vosso dinheiro naquilo que não alimenta? E o vosso salário naquilo que não pode saciar-vos? Se me escutardes, havereis de co­mer do melhor, e saborear pratos deliciosos. 3Prestai-me atenção e vinde a mim. Escutai-me e vivereis. Farei convosco uma aliança eterna, e a promessa a David será man­tida. 4Fiz dele o meu testemunho para os povos, um chefe e um soberano das na­ções. 5  Chamarás um povo que nunca conheceste; um povo que não te conhecia acor­rerá a ti, por causa do Senhor, teu Deus, e do Santo de Israel, que te glo­rifica.


A palavra do Senhor é semente

6Buscai o Senhor, enquanto se pode encontrar; invocai-o, enquanto está perto. 7Deixe o ímpio os seus caminhos, e o criminoso os seus projectos. Volte-se para o Senhor, que terá piedade dele, para o nosso Deus, que é gene­roso em perdoar. 8Os meus planos não são os vossos planos, os vossos caminhos não são os meus caminhos. –Oráculo do Senhor. 9Tanto quanto os céus estão aci­ma da terra, assim os meus caminhos são mais altos que os vossos, e os meus planos, mais altos que os vossos planos. 10Assim como a chuva e a neve descem do céu, e não voltam mais para lá, senão depois de empapar a terra, de a fecundar e fazer germinar, para que dê semente ao semea­dor e pão para comer, 11o mesmo sucede à palavra que sai da minha boca: não voltará para mim vazia, sem ter realizado a minha von­tade e sem cumprir a sua missão.


Epílogo: Alegria do novo Êxodo (48,20-22)

12Sim, saireis radiantes de alegria, e sereis reconduzidos em paz à vossa casa. Montanhas e colinas irromperão a cantar diante de vós, e todas as árvores do campo vos aplaudirão. 13Em vez das silvas, crescerão os ciprestes, em vez das urtigas, crescerá a murta. Isto será um título de glória para o Senhor, e um sinal eterno que jamais pe­recerá!

Capítulo 56

Judeus e pagãos (Act 8,26-40)

1Eis o que diz o Senhor: «Respeitai o direito, praticai a jus­tiça, porque a minha salvação está mes­­­mo a chegar, e a minha vitória prestes a apa­recer. 2Feliz o homem que assim procede, e o mortal que assim actua com firmeza, que guarda o sábado sem o pro­fanar, e conserva as suas mãos limpas de toda a obra má. 3Não diga o estrangeiro que se con­verteu ao Senhor: ‘O Senhor me excluirá do seu povo.’ E não diga o eunuco: ‘Eu sou apenas um lenho seco.’» 4Eis, com efeito, o que diz o Se­nhor: «Aos eunucos que guardaram os meus sábados, que escolheram o que me é agra­dável e se afeiçoaram à minha aliança, 5dar-lhes-ei, no meu templo e dentro das minhas muralhas, um monumento e um nome mais valioso que os filhos e as fi­lhas; dar-lhes-ei um nome eterno que não perecerá. 6Quanto aos estrangeiros que se converterem ao Senhor, para o servirem e amarem e se­rem seus servos, se guardarem o sábado sem o pro­fanar e forem fiéis à minha aliança, 7hei-de conduzi-los ao meu san­to monte, hei-de cumulá-los de alegria na minha casa de oração; os seus holocaustos e sacrifícios ser-me-ão agradáveis sobre o meu altar, porque a minha casa é casa de oração, e assim será para todos os povos 8– oráculo do Senhor Deus, que reúne os exilados de Israel: ‘Hei-de reunir ainda outros aos que já foram reunidos.’»


Pecados dos chefes

9Feras dos campos, vinde comer; e vós, todas as feras da selva. 10Os guardas estão todos cegos, nada vêem; são cães mudos, incapazes de la­drar; deitam-se a ressonar e só gostam de dormir. 11São cães vorazes, insaciáveis. E são estes os pastores! Eles nada compreendem. Cada qual segue o seu caminho e busca o seu interesse, do pri­meiro ao último. 12«Vinde, vou buscar vinho, embebedemo-nos com licor! Amanhã será como hoje, pois haverá sempre em abundân­cia.»

Capítulo 57

A sorte dos justos

1O inocente perece e nin­guém se importa, os homens bons são levados, e não há quem compreenda 2que o inocente é uma vítima dos maus. Mas há-de vir a paz, e descansarão nos seus leitos os que seguem por caminhos rec­tos.


Contra a idolatria

3Vós, porém, aproximai-vos, fi­lhos da feitiçaria, descendência adúltera e prosti­tuída. 4De quem escarneceis? A quem fazeis caretas e mostrais a língua? Porventura não sois filhos rebel­des, uma geração falsa? 5Ardeis de concupiscência de­bai­xo dos terebintos, debaixo de toda a árvore fron­dosa. Sacrificais crianças no leito das torrentes e nas cavernas dos rochedos. 6As pedras polidas da torrente se­rão a tua herança, elas é que serão o teu quinhão. Foi a elas que ofereceste as tuas libações e elevaste as tuas oferendas. Poderás, deste modo, aplacar-me? 7Sobre um monte alto e elevado colocavas o teu leito, e subias até lá para oferecer sa­crifícios. 8Detrás das ombreiras da porta punhas os teus feitiços. Sem fazer caso de mim, despias-te e subias para um leito confortável. Fazias pacto com eles, apre­ciando o seu leito e admirando o ídolo obsceno. 9Corrias para o deus Moloc com unguentos, derramando os teus perfumes. Enviavas os teus mensageiros a terras longínquas. Desceste até ao abismo dos mor­tos. 10Cansavas-te de tanto caminhar, e nunca dizias: «Já basta!» Recobravas novas forças e seguias sem parar. 11Quem te metia tanto medo para me renegares, para não te lembrares de mim, nem me prestares atenção? Não é verdade que estive calado por muito tempo e que por isso tu não me temias? 12Pois bem, vou denunciar a tua justiça e as tuas obras. Os teus ídolos de nada te ser­vi­rão. 13Quando pedires socorro, que a co­­lecção dos teus ídolos te va­lha. Serão todos levados pelo vento, e um sopro os arrebatará. Mas o que tem confiança em mim herdará o país e possuirá o meu monte santo.


Poema de consolação

14Então há-de dizer-se: «Abri, abri caminho; aplanai-o. Tirai todos os tropeços do cami­nho do meu povo!» 15Porque isto diz o Alto e o Ex­celso, cujo assento é eterno e cujo nome é santo: «Eu habito num lugar alto e santo, mas estou com as pessoas aca­brunhadas e humilhadas, para reanimar os humildes, para reanimar o coração dos de­primidos. 16Não quero contender eterna­mente, nem me irritar para sempre; de contrário, destruiria o sopro de vida de todos quantos criei. 17Irritei-me um momento por cul­pa sua, castiguei-o e, na minha irritação, não o queria mais ver. Ele afastou-se e tomou o seu ca­minho preferido. 18Eu vi os seus caminhos, mas hei-de curá-lo e guiá-lo, prodigando-lhe reconforto. Aos que estão em luto, 19porei nos seus lábios este cân­tico: ‘Paz para os de longe e os de perto!’ O Senhor afirma-o: «Eu o hei-de curar!» 20Mas os maus são como o mar en­capelado, que não se pode acalmar, cujas ondas revolvem lodo e lama. 21Não há paz para os maus. É o meu Deus quem o afirma.

Capítulo 58

O jejum que agrada a Deus (1,10-20; Zc 7)

1Grita em voz alta, sem te can­sa­res. Levanta a tua voz como uma trom­­­beta. Denuncia ao meu povo as suas faltas, aos descendentes de Jacob, os seus pecados. 2Consultam-me dia após dia, mostram desejos de conhecer o meu caminho, como se fosse um povo que pra­ticasse a justiça e não abandonasse a lei de Deus. Pedem-me sentenças justas querem aproximar-se de Deus. 3Dizem-me: «Para quê jejuar, se vós não fazeis caso? Para quê humilhar-nos, se não prestais atenção?» É porque no dia do vosso jejum só cuidais dos vossos negócios e oprimis todos os vossos empre­gados. 4Jejuais entre rixas e disputas, dando bofetadas sem dó nem piedade. Não jejueis como tendes feito até hoje, se quereis que a vossa voz seja ouvida no alto. 5Acaso é esse o jejum que me agrada, no dia em que o homem se mor­tifica? Curvar a cabeça como um junco, deitar-se sobre saco e cinza? Podeis chamar a isto jejum e dia agradável ao Senhor? 6O jejum que me agrada é este: libertar os que foram presos injus­tamente, livrá-los do jugo que levam às cos­tas, pôr em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de opres­são, 7repartir o teu pão com os esfo­meados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não des­prezar o teu irmão. 8Então, a tua luz surgirá como a aurora, e as tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se. A tua justiça irá à tua frente, e a glória do Senhor atrás de ti. 9Então invocarás o Senhor e Ele te atenderá, pedirás auxílio e te dirá: «Aqui estou!» Se retirares da tua vida toda a opressão, o gesto ameaçador e o falar ofen­sivo, 10se repartires o teu pão com o fa­minto e matares a fome ao pobre, a tua luz brilhará na tua escu­ri­dão, e as tuas trevas tornar-se-ão como o meio-dia. 11O Senhor te guiará constante­mente, saciará a tua alma no árido de­serto, dará vigor aos teus ossos. Serás como um jardim bem re­gado, como uma fonte de águas ines­go­táveis. 12Reconstruirás ruínas antigas, levantarás sobre antigas funda­ções. Serás chamado: «Reparador de bre­­chas, restaurador de casas em ruínas.»


O sábado que agrada a Deus (Jr 17,19-27)

13Se te abstiveres de trabalhar ao sábado, de te ocupares dos teus negócios no meu dia santo, se chamares ao sábado a tua de­lícia, consagrando-o à glória do Senhor; se o solenizares, abstendo-te de viagens, de procurares os teus interesses e de tratares os teus negócios, 14então, encontrarás a tua felici­dade no Senhor. Far-te-ei desfilar sobre as altu­ras da terra, alimentar-te-ei com a herança do teu pai Jacob. É o próprio Senhor quem o diz!

Capítulo 59

Liturgia penitencial

1Não, a mão do Senhor não é curta para salvar, nem o seu ouvido demasiado sur­do para ouvir. 2Foram as vossas faltas que ca­va­ram o abismo entre vós e o vosso Deus. Foram os vossos pecados que o levaram a esconder a sua face, para não vos ouvir. 3Com efeito, as vossas mãos es­tão manchadas de sangue, e os vossos dedos, de iniquidade; os vossos lábios dizem mentiras, e a vossa língua profere calúnias. 4Não há quem clame pela justiça, quem julgue no tribunal confor­me a verdade. As suas provas apoiam-se na con­fusão e os seus argumentos na falsi­dade. Concebem o crime e dão à luz a maldade. 5Chocam ovos de serpente e tecem teias de aranha. O que comer desses ovos, morre; se os descascam, saem víboras. 6As suas teias não servem para fazer roupa, ninguém se pode cobrir com o que eles tecem. Fazem obras infamantes, as suas mãos produzem a vio­lên­cia. 7Os seus pés correm para fazer o mal, apressam-se a derramar o san­gue inocente. Os seus projectos são projectos criminosos; à sua passagem deixam estrago e ruína. 8Não conhecem o caminho da paz. Por onde andam, não existe o di­reito, abriram para si mesmos cami­nhos tortuosos; quem os segue, não conhece a paz.


Confissão do pecado (Sl 51)

9Por causa disto, anda afastado de nós o direito, e não se aproxima de nós a jus­tiça; esperávamos a luz e vemos ape­nas trevas, a claridade do dia, e andamos às escuras. 10Vamos como cegos apalpando as paredes, andamos às apalpadelas como os que não vêem; em pleno dia tropeçando, como no crepúsculo, estamos cheios de saúde e somos como mortos. 11Todos grunhimos como ursos e gememos como pombas. Esperamos a justiça, mas não aparece; a salvação, e ela está longe de nós. 12Porque os nossos crimes multi­pli­­caram-se contra ti. Os nossos pecados são os nossos acusadores; de facto, os nossos crimes acom­pa­nham-nos, e reconhecemos as nossas culpas. 13Revoltámo-nos e esquecemo-nos do Senhor, voltámos as costa ao nosso Deus. Não temos falado senão de opres­são e de revolta, urdimos dentro de nós palavras mentirosas. 14Assim se engana o direito e se afasta de nós a justiça, porque a lealdade tropeça na pra­­­ça pública e a rectidão não encontra acesso. 15A boa fé está ausente, e quem se afasta do mal é espo­liado.


Intervenção do Senhor

O Senhor vê com indignação que já não há justiça. 16Vê que não há nem sequer um homem a reagir, admira-se de que ninguém in­ter­venha. Então interveio com o seu poder, e a sua justiça o susteve. 17Revestiu-se da justiça como de uma couraça, e da vitória como de um capa­cete. A vingança é a sua veste de guer­reiro e a indignação, o manto que leva para o combate. 18Retribuirá a cada um conforme o que merece: a fúria é para os seus inimigos, e a represália é para os seus adver­sários; também as ilhas terão represá­lia. 19Os do Ocidente temerão o Se­nhor, e os do Oriente respeitarão a sua glória. A sua vinda será como rio impe­tuoso, impelido pelo sopro do Senhor. 20Mas virá a Sião como redentor, para os que renegam o crime, em Jacob. – Oráculo do Senhor.


Oráculo de salvação

21Pela minha parte, diz o Se­nhor, esta é a minha aliança com eles; o meu espírito repousa sobre ti, as palavras que pus na tua boca não se afastarão da tua boca, nem da boca de teus filhos, nem da dos teus outros des­cen­dentes, desde agora e para sempre – diz o Senhor.

Capítulo 60

Glória da nova Jerusalém (Ap 21-22)

1Levanta-te e resplandece, Je­ru­salém, que está a chegar a tua luz! A glória do Senhor amanhece so­bre ti! 2Olha: as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos, mas sobre ti amanhecerá o Se­nhor. A sua glória vai aparecer sobre ti. 3As nações caminharão à tua luz, e os reis ao esplendor da tua au­rora. 4Levanta os olhos e vê à tua vol­ta: todos esses se reuniram para vir ao teu encontro. Os teus filhos chegam de longe, e as tuas filhas são transpor­ta­das nos braços. 5Quando vires isto, ficarás radiante de alegria; o teu coração palpitará e se dila­tará, porque para ti afluirão as rique­zas do mar, e a ti virão os tesouros das na­ções. 6Serás invadida por uma multi­dão de camelos, pelos dromedários de Madian e de Efá. De Sabá virão todos trazendo ouro e incenso, e proclamando os louvores do Se­nhor. 7Os rebanhos de Quedar se reu­nirão à tua volta, e os carneiros de Nebaiot estarão ao teu dispor; serão apresentados no meu altar, como vítimas agradáveis, e glorificarei o templo com o es­plendor da minha glória. 8Quem são estes que voam como nuvens e como pombas para o pombal? 9São as frotas que convergem para mim: os navios de Társis abrem a mar­cha, para trazer de longe os teus fi­lhos, com a sua prata e o seu ouro. Vêm honrar o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, que assim te enche de honra.


Homenagem dos povos

10Os estrangeiros reconstruirão as tuas muralhas, e os seus reis te servirão. Se te feri na minha indignação, agora quero mostrar-te o meu amor e benevolência. 11As tuas portas estarão sempre abertas, não se fecharão nem de dia nem de noite, para te trazerem as riquezas das nações, acompanhadas dos seus reis. 12As nações ou o reino que recu­sa­rem servir-te serão destruídos; essas nações serão arrasadas. 13A glória do Líbano virá sobre ti, com o cipreste, o abeto e o pi­nheiro, para adornar o lugar do meu san­tuário, e mostrar a glória do trono em que me sento. 14Os filhos dos teus opressores virão a ti humilhados, todos os que te desprezaram pros­trar-se-ão a teus pés. Chamar-te-ão: «Cidade do Se­nhor», «Sião do Santo de Israel.» 15Eras uma cidade abandonada, aborrecida e desabitada, mas agora farei de ti o orgulho dos séculos, a delícia de todas as idades. 16Beberás do leite das nações e serás amamentada com a ri­queza dos reis; saberás que Eu, o Senhor, serei o teu salvador. O teu redentor sou Eu, o herói de Jacob. 17Em lugar de bronze irei trazer-te ouro, em vez de ferro irei trazer-te pra­ta; em vez de madeira, bronze, e em vez de pedra, ferro. Por inspectores, dar-te-ei a paz e por capatazes, a justiça. 18Não mais se ouvirá falar de vio­lência na tua terra, nem de devastações ou de ruínas dentro do teu território. Darás às tuas muralhas o nome de «Salvação», e às tuas portas, o nome de «Lou­vor.»


O Senhor é luz eterna

19Já não será o Sol que te ilu­mi­nará durante o dia, nem a Lua, durante a noite. O Senhor será a tua luz eterna, o teu Deus será o teu esplendor. 20Não se porá mais o teu Sol, e a tua Lua não mais se esconderá, porque o Senhor será a tua luz eterna e terão fim os dias do teu luto. 21No teu povo todos serão justos e possuirão a terra para sempre. Serão como vergônteas que Eu plantei, obras das minhas mãos, para manifestarem a minha gló­ria. 22A família mais pequena che­ga­rá a mil pessoas, a mais modesta será como uma nação poderosa. Eu sou o Senhor, e tudo isto em breve o realizarei.

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