Capítulo 31

Contra o pacto com o Egi­pto (19,1-15; 30,1-5)

1Ai dos que descem ao Egipto a pedir socorro e põem a sua confiança na cava­laria! Confiam nos carros, porque são muitos, e nos cavaleiros porque são for­tes. Não olham para o Santo de Is­rael, nem consultam o Senhor. 2Mas Ele é sábio para provocar a desgraça e não deixa de cumprir a sua pala­vra. Levantar-se-á contra o bando dos maus e contra o auxílio dos que co­me­tem iniquidade. 3Os egípcios são homens e não deuses, os seus cavalos têm a fraqueza da carne e não a força do espí­rito. O Senhor estenderá a sua mão; o protector tropeçará e o prote­gido cairá; e ambos perecerão igualmente.


Protecção divina

4O Senhor disse-me isto: «Assim como o leão e as suas crias rugem sobre a presa, e, ainda que venha contra eles um tropel de pastores, não se deixam intimidar pelos gri­­tos, nem alarmar diante do tumulto, assim o Senhor do universo des­cerá para pelejar sobre o monte Sião, sobre a sua colina. 5Como aves que estendem as asas, assim o Senhor do universo de­fen­derá Jerusalém: será a sua protecção libertadora e o seu resgate salvador.»


Conversão de Judá e fim da Assí­ria

6Convertei-vos, filhos de Israel, àquele de quem tão profun­da­mente vos separastes. 7Naquele dia, cada um lançará fora os seus ídolos de prata e os ídolos de ouro, obras das vossas mãos pecadoras. 8A Assíria cairá ao fio de uma es­pada não humana, a espada de alguém imortal a de­vorará. Os seus jovens guerreiros fugirão desta espada, mas serão submetidos à servi­dão. 9A sua valentia desfalecerá de ter­ror, e os seus chefes, espavoridos, aban­­­­­donarão o estandarte. Este é o oráculo do Senhor, que tem um fogo em Sião e uma fornalha em Jerusalém.

Capítulo 32

Reino da justiça

1Olhai: virá um rei que rei­na­rá segundo a justiça, e os príncipes governarão com equi­dade. 2Serão como um refúgio contra o vento, como um abrigo contra a tem­pes­tade, como regos de água em terra res­sequida e como a sombra de um grande penhasco, em terra árida. 3Os olhos dos que vêem não esta­rão fechados, e os ouvidos dos que ouvem esta­rão atentos. 4Os espíritos insensatos aprende­rão a compreender, os gagos exprimir-se-ão com pron­­tidão e clareza. 5Já não se chamará nobre ao in­sensato, nem gente boa ao fraudulento. 6Com efeito, o insensato só diz lou­curas, e o seu coração só pensa fazer o mal: cometer a impiedade e escarne­cer do Senhor, deixar o faminto sem nada para comer e tirar a água ao que tem sede. 7As armas do fraudulento são des­leais, planeia desígnios criminosos para prejudicar os pobres com mentiras, e o desvalido, que reclama pelos seus direitos. 8O nobre, porém, só tem pensa­men­tos nobres, e é nobre o seu proceder.


Contra as mulheres frívolas (3,16-24; Am 4,1-3)

9Mulheres despreocupadas, levantai-vos e escutai a minha voz; damas altivas, ouvi as minhas pa­­la­vras: 10Dentro de um ano e alguns dias, ó altivas, haveis de tremer, porque a vindima está perdida e a colheita frustrada. 11Tremei, ó despreocupadas, estremecei, ó altivas. Despi-vos, até ficardes nuas, deixando apenas a cintura sobre os rins. 12Batei no peito em sinal de luto, pelos campos férteis e pelas vinhas abundantes, 13pela terra do meu povo, onde só crescem silvas, pela alegria das casas e pela cidade divertida. 14O palácio está abandonado, a cidade tumultuosa está de­serta, a fortaleza de Ofel e a torre de vigia estão transformadas para sem­pre em cavernas, para delícia dos asnos selvagens e pastagem dos rebanhos.


Restauração final

15Uma vez mais virá sobre nós o espírito do alto. Então o deserto se converterá em pomar, e o pomar será como uma flo­resta. 16Na terra, agora deserta, habi­tará o direito, e a justiça no pomar. 17A paz será obra da justiça, e o fruto da justiça será a tran­quilidade e a segurança para sempre. 18O povo de Deus repousará nu­ma mansão serena, em moradas seguras e em luga­res tranquilos. 19A floresta será abatida e a cidade humilhada. 20Bem-aventurados vós, que se­meais à beira da água, e deixais o boi e o asno em li­ber­dade.

Capítulo 33

Salmo de esperança

1Ai de ti, devastador, que ain­da não foste devastado, traidor, que ainda não foste traído! Quando acabares de devastar, se­­rás devastado; quando acabares de trair, serás atraiçoado. 2Senhor, tem piedade de nós, porque confiamos em ti. Sê o nosso auxílio todas as ma­nhãs e o nosso socorro no tempo da tribulação. 3À tua voz poderosa fogem os po­vos; quando te levantas, as nações dis­­­persam-se. 4Recolhem os despojos como se apa­nham os gafanhotos e lançam-se sobre eles como os saltões. 5O Senhor é grande, porque ha­bita no alto; encherá Sião de rectidão e de jus­tiça. 6A fidelidade será o adorno de Sião, a sabedoria e o conhecimento se­rão o seu refúgio salvador, e o temor do Senhor será o seu tesouro.


Lamentação

7Vede! Os arautos gemem nas ruas, os mensageiros de paz choram amargamente. 8Os caminhos estão desertos, ninguém passa pelas estradas; violou a aliança, desprezou as tes­temunhas e não respeitou os homens. 9A terra está de luto, entriste­cida. O Líbano perdeu as cores, está mirrado. Saron tornou-se um deserto. Basan e o Carmelo estão escal­va­dos.


Intervenção de Deus

10O Senhor diz: «Agora vou intervir. Agora vou erguer-me e levantar-me. 11Concebereis palha e dareis à luz restolho. O meu sopro será fogo que vos consumirá. 12Os povos serão reduzidos a cinzas, como cardos cortados, lançados ao fogo. 13Vós, os que estais longe, ouvi o que Eu fiz! Vós, os que estais perto, reconhe­cei o meu poder!» 14Em Sião, os pecadores estão cheios de medo e os ímpios tremem: «Qual de nós poderá permanecer neste fogo devorador? Qual de nós poderá habitar nesta fogueira sem fim?» 15Aquele que anda na justiça e fala a verdade, que recusa benefícios extorqui­dos pela violência, cuja mão rejeita o suborno, que fecha os ouvidos a propostas assassinas e fecha os olhos para não ver o mal. 16Esse habitará nas alturas, terá o seu refúgio em rochas ele­vadas, terá pão e água em abundância.


Restauração de Jerusalém

17Os teus olhos contemplarão um rei no seu esplendor e contemplarão um país imenso. 18Recordarás os terrores passados: «Onde está o cobrador? Onde es­tá o fiscal? Onde está o que inspeccionava as fortificações?» 19Já não verás mais este povo in­so­lente, povo de fala ininteligível, de língua estranha que ninguém compreende. 20Contempla Sião, cidade das nos­­sas festas: os teus olhos verão Jerusalém, habitação tranquila, tenda bem segura, cujas estacas não serão arranca­das, nem as cordas partidas. 21Ali o Senhor é magnífico para nós, num lugar de rios e canais lar­guíssimos, por onde não passará embarca­ção a remo, nem atravessará nenhum grande navio. 22Porque o Senhor é o nosso juiz, o Senhor é o nosso legislador, o Senhor é o nosso rei, Ele é a nossa salvação. 23Os teus cordames cederam: nem seguram o mastro nem per­mitem içar o estandarte. Então a presa a repartir será enor­me, e até os coxos tomarão parte na pilhagem. 24Nenhum habitante de Jerusa­lém dirá: «Estou doente»; porque o povo que lá habitar terá o perdão das suas culpas.

Capítulo 34

Julgamento dos pagãos

1Aproximai-vos, nações, e ouvi; povos, estai atentos; ouça a terra e tudo o que ela con­tém, o mundo inteiro e tudo o que ele produz! 2Porque o Senhor está irado con­tra todas as nações, enfurecido contra todos os seus exércitos. Destina-os ao anátema, entrega-os ao extermínio. 3Os seus mortos ficam sem sepul­tura, e os seus cadáveres exalam mau cheiro, os montes são banhados no san­gue deles. 4O exército das estrelas desfa­lece, os céus enrolam-se como um per­gaminho, os seus exércitos extinguem-se e caem como folhas mortas de vinha ou de figueira.


Castigo de Edom (Jr 49,7-22)

5Porque a espada do Senhor apa­rece nos céus cheia de sangue: vede como se precipita sobre Edom, sobre o povo que Ele destinou ao extermínio. 6A espada do Senhor está cheia de sangue, impregnada de gordura, como do sangue dos cordeiros e dos bodes, como a gordura das entranhas dos carneiros. É que o Senhor faz carnificina em Bosra, grande matança na terra de Edom. 7Caem juntos os búfalos com os touros e novilhos. A sua terra embriaga-se de san­gue, e o chão está coberto de gordura, 8porque é o dia da vingança do Senhor, ano de desforra para a causa de Sião. 9As torrentes de Edom converter-se-ão em pez, e o seu chão em enxofre. A sua terra tornar-se-á pez ar­dente, 10que não se apaga nem de dia nem de noite, como fumo a subir continua­mente. Edom ficará desolada para sem­pre, de geração em geração ninguém passará por ela. 11Apoderam-se dela as gralhas e os ouriços, e habitam-na a coruja e o corvo. O Senhor estende sobre ela a corda da destruição, e o fio-de-prumo da desolação. 12Não fica lá ninguém para se po­der considerar um reino, e todos os seus príncipes desa­parecerão. 13Os espinhos crescem nos seus palácios, as urtigas e os cardos nas suas fortalezas. Converte-se em covil de chacais e em morada para as crias das avestruzes. 14Nela se reúnem hienas e gatos bravos, e os bodes chamarão uns pelos outros. Até o fantasma Lilit ali habita e encontra o seu repouso. 15A serpente faz ali o ninho e põe os ovos, choca-os e saem os filhos. É lá também que se reúnem os abutres e se acasalam. 16Investigai no livro do Senhor e vereis que nenhuma destas coi­sas lá faltará, porque foi o Senhor quem as man­dou, o seu espírito quem as juntou. 17Foi Ele quem lhes designou a sua porção, foi a sua mão que lhes mediu a terra com um cordel. Eles a possuirão para sempre, e de geração em geração habi­ta­rão nela.

Capítulo 35

Regresso a Sião

1O deserto e a terra árida vão alegrar-se, a estepe exultará e dará flores belas como narcisos. 2Vai cobrir-se de flores e transbordar de júbilo e de ale­gria. Tem a glória do Líbano, a formosura do monte Carmelo e da planície de Saron. Verão a glória do Senhor e o esplendor do nosso Deus. 3Fortalecei as mãos débeis, robustecei os joelhos vacilantes. 4Dizei aos que têm o coração inde­ciso: «Tomai ânimo, não temais!» Eis o vosso Deus, que vem para vos vingar. Deus vem em pessoa retribuir-vos e salvar-vos. 5Então se abrirão os olhos do cego, os ouvidos do surdo ficarão a ouvir, 6o coxo saltará como um veado, e a língua do mudo dará gritos de alegria; porque as águas jorraram no de­serto e as torrentes na estepe. 7A terra queimada mudar-se-á em lago, e as fontes brotarão da terra seca. No covil onde repousavam os cha­­cais, crescerão canas e juncos. 8Haverá ali uma estrada e um caminho que se chamará Via Sagrada. Nenhum impuro passará por ele; é para aqueles que por ele devem andar e os menos espertos não se per­derão. 9Ali não haverá leões, e nenhum animal feroz por ali passará. Apenas passarão os remidos. 10Os que o Senhor libertar é que passarão por ela. Chegarão a Sião entre cânticos de júbilo com a alegria estampada nos seus rostos, transbordando de gozo e de ale­gria; nos seus corações, não haverá mais tristeza nem aflição.

Capítulo 36

A invasão de Senaquerib (2 Rs 18,13-37; 2 Cr 32,1-19) – 1No décimo quarto ano do rei­nado de Ezequias, Sena­que­rib, rei da Assí­ria, atacou as cida­des for­ti­fi­ca­das de Judá, e apo­derou-se delas. 2Desde Láquis, o rei dos assírios en­viou o copeiro-mor a Jerusalém, con­tra o rei Ezequias, com um poderoso con­tin­gente de tropas. O copeiro-mor tomou posi­ção ao pé do canal da pis­cina superior, na calçada que leva ao campo do Lavadouro. 3Elia­quim, filho de Hilquias, chefe do palácio real, foi ter com ele, acompanhado do secre­tário Chebna e do chanceler Joá, filho de Asaf.

4O copeiro-mor disse-lhes: «Dizei a Ezequias: “Assim fala o grande rei, o rei da Assíria: Donde te vem essa tua confiança? 5Tu pensas que a es­tra­tégia e a valentia militares são pa­la­vras vãs? Em quem confias para te revoltares contra mim? 6Con­­fias no Egipto, que não passa de uma cana rachada? Se alguém confiar nela, espeta-se-lhe na mão e dá cabo dela. Assim é o faraó para os que confiam nele.

7Se me respondes: ‘É no Senhor, nosso Deus, que nós con­fiamos’, por­ventura não é esse aquele mesmo Deus de quem Ezequias man­dou des­truir os luga­res sagrados e os alta­res, ordenando a Judá e a Je­ru­salém: ‘So­mente diante do altar de Jerusalém vos prostrareis?’ 8Por­tanto, faz um acordo com o meu sobe­rano, o rei da Assíria, e dar-te-ei dois mil cavalos, se é que tens cavaleiros para tantos cavalos. 9Como te atre­ves a repelir um oficial do meu sobe­rano, mesmo que seja um dos menores, confiando no Egipto para te arran­jar carros e cavaleiros? 10Além disso, pensas que foi sem o consentimento do Senhor, que invadi esta terra para a des­truir? O próprio Senhor é que me dis­se: Entra nessa terra e devasta-a.”»

11Então Eliaquim, Chebna e Joá disseram ao copeiro-mor: «Por favor, fala-nos em aramaico, porque nós entendemo-lo. Mas não nos fales em hebraico, porque os que estão sobre a muralha podem ouvir-nos.» 12Mas o copeiro-mor respondeu-lhes: «Por­ventura é ao teu senhor e a ti que o meu soberano me encarregou de trans­mitir esta mensagem? Não é antes aos homens que estão sobre a muralha e que vão ser condenados, como vós, a comer os seus excremen­tos e a beber a sua urina?»

13En­tão o copeiro-mor levantou-se e gritou na língua judaica: «Ouvi o que diz o grande rei, o rei da As­síria: 14 “Não vos deixeis enganar por Ezequias, porque ele não vos poderá livrar! 15E não vos leve Ezequias a confiar no Senhor, dizendo: ‘O Se­nhor certa­mente nos livrará e esta cidade não cairá nas mãos do rei da Assíria!’ 16Não escuteis o rei Eze­quias, por­que eis o que diz o rei da Assíria: ‘Fa­zei a paz comigo, rendei-vos, e cada um de vós poderá comer o fruto da sua vinha e da sua fi­gueira e beber a água do seu poço, 17até que eu ve­nha e vos leve para uma terra, seme­lhante à vossa, terra de trigo e de vinho, terra de cereais e de vinhas’.

18Não vos iluda Ezequias, di­zendo: ‘O Senhor nos livrará’. Porventura, os deuses das outras nações ­livra­ram os seus países da mão do rei da Assíria? 19Onde estão os deuses de Hamat e de Arpad? Onde estão os deuses de Sefarvaim? Quem livrou a Samaria do meu poder? 20Entre todos estes deuses, algum pode livrar o seu país da minha mão? Como é que o Se­nhor pode salvar Jerusalém da mi­­nha mão?”»

21Eles calaram-se e não lhe res­ponderam nada, porque o rei lhes proibira que respondessem. 22Então Eliaquim, filho de Hilquias, prefeito do palácio, Chebna, o secretário, e o chanceler Joá, filho de Asaf, foram ter com Ezequias, com as vestes ras­­gadas, e referiram-lhe tudo o que o copeiro-mor lhes tinha dito.

Capítulo 37

Ezequias consulta o pro­fe­ta Isaías (2 Rs 19,1-7) – 1Tendo ouvido isto, Ezequias ras­gou as ves­tes, vestiu-se de roupas grosseiras e dirigiu-se ao templo do Senhor. 2E enviou Elia­quim, chefe do palácio real, Chebna, o secretário e os sa­cer­dotes mais idosos, tam­bém vestidos de roupas grosseiras, para irem ter com o profeta Isaías, filho de Amós, 3os quais lhe disse­ram:

«Eis o que diz Ezequias: ‘Este é um dia de aflição, castigo e humi­lha­ção. Como se costuma dizer: os filhos estão pres­tes a nascer, mas a mãe não tem força para os dar à luz. 4O rei da Assíria mandou o seu copeiro-mor para in­sultar o Deus vivo. Oxalá o Senhor, teu Deus, tenha ouvido semelhan­tes insultos e o castigue pe­las pala­vras que pronunciou. In­tercede, pois, junto do Senhor, em favor do que resta do seu povo.’»

5Os servos do rei Ezequias apre­sentaram-se a Isaías. 6Este respon­deu-lhes: «Direis ao vosso soberano o seguinte: Eis o que diz o Senhor: ‘Não te assustes com as palavras que ouviste, com os ultrajes que profe­ri­ram contra mim os oficiais do rei da Assíria. 7Vou insuflar-lhe um tal es­pí­rito que, ao receber uma certa no­tícia, voltará para a sua terra, onde morrerá assassinado.’»


Segunda embaixada assíria (10,5-16; 2 Rs 19,8-13) – 8O copeiro-mor do rei da Assíria soube, entretanto, que o rei tinha deixado Lá­quis, para ir combater contra Libna e foi lá ter com ele. 9É que o rei da Assíria ti­nha sa­bido que Tiraca, o rei da Etió­pia, o vinha atacar. Sena­querib en­viou, então, mensageiros a Israel com esta mensagem:

10«Isto direis a Eze­quias, rei de Judá: ‘Não te dei­xes en­ganar pelo Deus em quem confias, pen­sando que Jerusa­lém não será entregue nas minhas mãos. 11Não ou­viste con­tar como é que os reis da Assíria tra­ta­­ram todos os países que devas­ta­ram? E poderás tu salvar-te? 12Porven­tura foram sal­vos pelos seus deuses as nações que os meus antepassados aniquilaram: Gozan, Haran, Récef e os habitantes de Éden que estavam em Telassar? 13Onde está o rei de Ha­mat, de Arpad, de Lair, de Sefar­vaim, de Hena e de Ava?’»


Oração de Ezequias (2 Rs 19,14-19; 2 Cr 32,20-23) – 14Ezequias tomou a car­ta da mão dos mensageiros e leu-a. De­pois subiu ao templo, abriu-a diante do Senhor, 15  e suplicou-lhe, dizendo:


16«Senhor do universo, Deus de Israel, sentado sobre os querubins: Tu és o único Deus de todos os reinos da terra, Tu que fizeste os céus e a terra. 17Presta atenção, Senhor, e es­cuta! Abre os olhos e vê! Repara na mensagem que me di­rige Senaquerib, para ultrajar o Deus vivo. 18É verdade, Senhor! Os reis da Assíria destruiram to­das as nações. 19Queimaram todos os seus deu­ses, porque não são Deus, mas apenas estátuas de madeira e de pedra feitas pelos homens. 20Agora, Senhor, nosso Deus, livra-nos das mãos de Sena­que­rib, e todos os povos da terra conhe­cerão que só Tu, Senhor, és Deus.»


Resposta de Isaías (2 Rs 19,20-34) – 21En­tão, Isaías, filho de Amós, man­dou dizer a Ezequias: «Eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: ‘Ouvi a tua súplica por causa de Sena­que­rib, rei da Assí­ria’. 22É esta a sentença que o Senhor pronuncia contra ele:


A donzela de Sião escarnece de ti. A donzela de Jerusalém meneia a cabeça nas tuas costas. 23A quem é que insultaste e ul­tra­jaste? Contra quem levantaste a tua voz, e o teu olhar soberbo? Foi contra o Santo de Israel! 24Por meio dos teus embaixa­do­res ultrajaste o Senhor, dizendo: ‘Com a multidão dos meus carros, subi ao cimo dos montes, aos cumes do Líbano. Cortei os seus cedros mais altos e os seus ciprestes mais belos. Cheguei até ao cimo mais alto e entrei nos lugares mais densos do seu bosque. 25Eu cavei poços e bebi a água dos outros povos. Com a planta dos meus pés, sequei todos os canais do Egipto.’ 26Porventura não percebeste que, desde há muito, fui Eu quem preparei este plano, e que, desde tempos remotos, fiz este projecto que agora estou a realizar? Por isso, reduziste a ruínas as ci­dades fortificadas. 27Os seus habitantes, sem força nos braços, estão cheios de vergonha e humi­lhados. São como a vegetação dos cam­pos e o verde dos prados; como as ervas dos telhados, que murcham antes de crescer. 28Eu sei quando te levantas e quan­do te sentas, quando sais e quando entras e quando te enfureces contra mim. 29Os meus ouvidos percebem quando te enfureces contra mim e quando te acalmas. Colocarei a minha argola no teu nariz e o meu freio nos teus lábios, e far-te-ei voltar pelo caminho por onde vieste.


Um sinal para Ezequias

30Isto te servirá de sinal: este ano comereis o trigo do res­tolho; no próximo ano, o que crescer sem sementeira; no terceiro ano, porém, já semea­reis e ceifareis, plantareis vinhas e comereis os seus frutos. 31Os sobreviventes do reino de Judá serão como a árvore que lança as raízes para baixo, e se cobre de frutos por cima. 32É que de Jerusalém sairá um resto, os sobreviventes do monte de Sião.» O zelo do Senhor do universo isto mesmo realizará. 33Eis o que diz o Senhor a res­peito do rei da Assíria: «Ele não entrará nesta cidade, não lançará setas contra ela, nem virá para ela empunhando o seu escudo, nem a rodeará de trincheiras. 34Regressará pelo caminho por onde veio, mas não entrará nesta cidade – oráculo do Senhor. 35Protegerei esta cidade para a salvar, por minha honra e pela de David, meu servo.»


Morte de Senaquerib (2 Rs 19,35-37) 36Naquela mesma noite, veio o anjo do Senhor e matou no campo dos assírios cento e oitenta mil ho­mens. No dia seguinte, de manhã, ao des­pertar, não se via senão cadá­veres. 37Senaquerib, rei da Assíria, levan­tou o acampamento, regressou a Ní­nive e ali ficou.

38Certo dia, en­quanto ele orava no templo de Nis­seroc, seu deus, os seus filhos Adra­mélec e Sarécer, as­sassina­ram-no à espada e fugi­ram para a terra de Ararat. Sucedeu-lhe no trono seu fi­lho Assaradon.

Capítulo 38

Doença e cura de Eze­quias (2 Rs 20,1-11; 2 Cr 32,24-29) – 1Por este tempo, o rei Eze­quias adoeceu de uma enfermidade mor­tal. O profeta Isaías, filho de Amós, veio visitá-lo e disse-lhe: «Eis o que diz o Senhor: Faz o testamento, por­que vais mor­rer muito brevemente.» 2Ezequias vol­tou o rosto para a pa­rede e fez ao Se­nhor esta oração:


3«Senhor, lembra-te

que tenho andado fielmente dian­te de ti,

com um coração sincero e íntegro,

pois fiz sempre a tua vontade.»

E começou a chorar, derramando lágrimas abundantes. 4Então, a pa­la­vra do Senhor foi dirigida a Isaías nestes termos: 5«Vai e diz a Eze­quias: ‘Eis o que diz o Senhor, o Deus de teu pai David: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; vou acres­cen­tar à tua vida mais quinze anos. 6Hei-de livrar-te, a ti e a esta cidade, das mãos do rei da Assíria e protegê-la-ei.’» 7Isaías disse-lhe: «É este o sinal, da parte do Senhor, para que sai­bas que Ele cumprirá a promessa: 8No re­­lógio de sol de Acaz farei retro­ce­der a sombra dez graus, tantos quan­tos tinha avançado.» E o sol retro­ce­deu os dez graus que já tinha avan­çado.


Cântico de Ezequias (Sl 30; 88) – 9Poema que Ezequias, rei de Judá, compôs por ter sido curado da sua doença:


10 «Eu pensei: ‘A meio dos meus dias vou ter de descer às portas do Abismo, privado do resto dos meus anos’. 11Eu pensei: ‘Não mais verei o Se­nhor na terra dos vivos. Não mais verei os homens entre os habitantes do mundo. 12A minha morada é levada para longe de mim, como uma tenda de pastor; enrolei a minha vida como um te­celão, mas acabou-se-me por falta de fio. Dia e noite, Senhor, me estais con­sumindo, 13e soluço até ao amanhecer. Como um leão, Ele me quebrou todos os ossos, dia e noite me estais consumindo. 14Pio como a andorinha, arrulho como a pomba. Os meus olhos cansam-se de olhar para o alto. Senhor, estou em agonia, con­for­tai-me!’ 15Mas que poderei dizer-lhe para que me responda, se é Ele quem faz isto? Hei-de aguentar todos os meus anos, com esta amargura na alma? 16Aqueles que o Senhor protege vi­vem, e entre eles viverei também eu. Tu me curaste, ó Deus, e me con­servaste a vida. 17A minha amargura converteu-se em paz, quando preservaste a minha vida do túmulo vazio; lançaste para trás de ti todos os meus pecados. 18 O abismo dos mortos não te lou­vará, nem a morte te celebrará, nem esperam na tua fidelidade os que descem à sepultura. 19Apenas os vivos te podem louvar como eu te louvo agora. O pai dará a conhecer aos seus filhos a tua fidelidade. 20Senhor, salva-me e tocaremos as nossas harpas todos os dias da nossa vida, na casa do Senhor.» 21Depois, Isaías deu esta ordem: «Tragam um emplastro de figos e apliquem-no na parte doente e fi­cará curado.» 22E Ezequias per­gun­tou: «Qual é o sinal que me garanta que ainda poderei ir ao templo do Senhor?»

Capítulo 39

Embaixada de Merodac-Ba­ladan (2 Rs 20,12-19) – 1Por este tempo, o rei da Babi­ló­nia Mero­dac-Baladan, filho de Bala­dan, rei da Babilónia, enviou a Eze­quias em­bai­xadores com uma carta e presentes, porque tivera notícia da sua doença e do restabelecimento.

2Ezequias sentiu-se lisonjeado e mos­­trou aos embai­xadores os tesou­ros do seu palácio: a porta, o ouro, os per­fumes, os un­guentos preciosos, o seu arsenal de guerra e tudo o que se encontrava nos seus depósitos. Não houve nada, nem no seu palácio nem em todas as suas dependências, que Ezequias não mostrasse. 3Então o profeta Isaías foi ter com o rei Eze­quias e disse-lhe: «Que é que te dis­seram estes homens, e de onde vie­ram eles para te visitar?» Ezequias respondeu: «Vieram ver-me, de lon­ge, da terra da Babilónia.» Replicou Isaías: 4«E que viram eles no teu palácio?». Ezequias respondeu: «Eles vi­ram tudo o que se encontra no meu palácio. Mostrei-lhes tudo o que se encontrava nos meus tesouros.»

5En­tão Isaías disse a Ezequias: «Ouve com atenção a palavra do Se­nhor do universo: 6«Eis que virá tempo em que tudo aquilo que há no teu palácio e tudo o que os teus pais acumularam será levado para a Ba­bi­lónia. Não ficará nada, diz o Se­nhor. 7Tomarão até alguns dos teus próprios filhos, para fazerem deles eunucos no palácio do rei da Babi­lónia.» 8Ezequias respondeu a Isaías: «A palavra do Senhor, que acabas de proferir, é favorável.» E dizia para consigo: «Ao menos assim haverá paz e segurança durante a minha vida.»

Capítulo 40

Promessa do novo Êxodo

1Consolai, consolai o meu povo, é o vosso Deus quem o diz. 2Falai ao coração de Jerusalém e gritai-lhe: «Terminou a vossa servidão, estão perdoados os vossos cri­mes, pois já recebeu da mão do Senhor o dobro do castigo por todos os seus pecados.» 3Uma voz grita: «Preparai no deserto o caminho do Senhor, aplanai na estepe uma estrada para o nosso Deus. 4Todo o vale seja levantado, e todas as colinas e montanhas sejam abaixadas, todos os cumes sejam aplanados, e todos os terrenos escarpados se­jam nivelados!» 5Então a glória do Senhor mani­festar-se-á, e toda a gente a há-de ver ao mes­mo tempo. É o Senhor quem o declara. 6Diz uma voz: «Proclama!» Respondo: «Que hei-de procla­mar?» «Proclama que toda a gente é como a erva e toda a sua beleza como a flor dos campos! 7A erva seca e a flor murcha, quan­do o sopro do Senhor passa sobre elas. Verdadeiramente o povo é seme­lhante à erva. 8A erva seca e a flor murcha, mas a palavra do nosso Deus per­manece eternamente.» 9Sobe a um alto monte, arauto de Sião. Grita com voz forte, arauto de Jerusalém; levanta a voz, sem receio, e diz às cidades de Judá: «Aí está o vosso Deus! 10Olhai, o Senhor Deus vem com a força do seu braço dominador; olhai, vem com o preço da sua vi­tória, e com a recompensa antecipada. 11É como um pastor que apas­centa o rebanho, reúne-o com o cajado na mão, leva os cordeiros ao colo e faz repousar as ovelhas que têm crias.»


Polémica contra os ídolos (41,21-29; 44,6-8; Sb 13-15; Br 6)

12Quem mediu as águas do mar com a sua mão, e quem mediu o céu a palmo, ou o pó da terra com o alqueire? Quem pesou as montanhas na bás­cula e as colinas na balança? 13Quem mediu o espírito do Se­nhor? Quem lhe mostrou o seu projecto? 14De quem recebeu Ele conselho para julgar, para lhe indicar o caminho certo? Quem lhe ensinou a ciência e lhe sugeriu o caminho da pru­dência? 15As nações são como uma gota de água num balde, como um grão de poeira no prato de uma balança; e as ilhas não pesam mais do que o pó mais fino. 16As florestas do Líbano não che­gam para a lenha, nem os seus animais para os ho­locaustos. 17Diante dele, todos os povos são como se não existissem; para Ele contam menos que nada. 18  A quem, pois, ireis comparar Deus? Com que imagem o podeis con­frontar? 19Um ídolo, é um artista que o modela, o ourives reveste-o de ouro e junta-lhe alguns retoques de prata. 20Quem tem pouco para oferecer escolhe uma madeira que não apo­­dreça, procura um artista hábil, para lhe fazer um ídolo dura­douro.

21Porventura não o sabíeis nem aprendestes? Não vo-lo disseram de antemão? Não chegou ao vosso conheci­men­to como se fundou a terra? 22Ele está sentado sobre a cúpula da terra; os seus habitantes são como ga­fanhotos. Foi Ele quem estendeu os céus como um toldo e os desdobrou como uma tenda para habitar. 23Ele reduz a nada os poderosos, e converte em nada os gover­nan­tes. 24Logo que estejam plantados ou semeados, mal tenham criado raízes na terra, sopra sobre eles e secam ime­dia­tamente; e depois são levados como palha por um vendaval. 25«A quem, pois, me comparareis, que seja igual a mim?» – pergunta o Deus Santo. 26Levantai os olhos ao céu e vede! Quem criou todos estes astros? Aquele que os conta e os faz mar­char como um exército. A todos Ele chama pelos seus no­mes. É tão grande o seu poder e tão robusta a sua força, que nem um só falta à chamada.


Polémica de Deus com o povo

27Porque andas falando, Jacob, e murmurando, Israel: «O Senhor não compreende o meu destino, o meu Deus ignora a minha causa!» 28Porventura não sabes? Será que não ouviste? O Senhor é um Deus eterno, que criou os confins da terra. Não se cansa nem perde as for­ças.


Deus, superior aos poderosos da Terra

É insondável a sua sabedoria. 29Ele dá forças ao cansado e enche de vigor o fraco. 30Até os adolescentes se cansam e se fatigam, e os jovens tropeçam e vacilam. 31Mas aqueles que confiam no Se­nhor renovam as suas forças. Têm asas como a águia, correm sem se cansar, marcham sem desfalecer.

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