Capítulo 21
Queda da Babilónia (13-14; 47; Jr 50-51)
1Oráculo contra a região marítima. Como os temporais que atravessam o Négueb, assim o inimigo virá do deserto, de um país de terror. 2 É uma visão terrível que me foi revelada: «O traidor a cometer traições, o destruidor a devastar tudo. Avante, habitantes de Elam! Ao assalto, habitantes da Média! Vou pôr fim aos vossos gemidos.» 3Perante isto, fiquei cheio de angústia e sou possuído de dores como as de uma parturiente. Estou aturdido por tais coisas ouvir e aterrorizado de as ver. 4O meu coração perturba-se, e o terror me invade. Desejava a frescura da tarde, mas ela encheu-me de pavor. 5Preparai a mesa, estendei a toalha; comei e bebei! De pé, capitães! Preparai as armas! 6Porque assim me disse o Senhor: «Vai e põe uma sentinela que anuncie tudo o que vir! 7Se ela vir a cavalaria, com cavaleiros dois a dois, montados em jumentos ou montados em camelos, que preste atenção, muita atenção, 8e grite: ‘Já a vejo!’» Na torre de vigia, Senhor, mantenho-me de pé todo o dia e permaneço como sentinela durante todas as noites. 9Olhai: chega a cavalaria, os cavaleiros vêm dois a dois e anunciam: «Caiu, caiu a Babilónia! As estátuas dos seus deuses encontram-se em pedaços, por terra.» 10O meu povo é pisado como trigo na eira. O que eu ouvi do Senhor do universo, Deus de Israel, isso vo-lo anuncio.
Oráculo contra a Idumeia
11Oráculo contra Dumá. Chamam por mim desde Seir: «Sentinela, que vês na noite? Sentinela, que vês na noite?» 12E a sentinela responde: «Chega a manhã e a noite também. Se quereis uma resposta, voltai a perguntar.»
Oráculo contra a Arábia
13Oráculo contra a Arábia: «Vós passais a noite em terras desertas, caravanas de Dedan. 14Habitantes de Tema, levai a água àqueles que têm sede e dai pão aos fugitivos, porque fogem diante da espada, 15da espada desembainhada, diante dos arcos retesados, diante do rude combate.»
Oráculo contra Quedar
16Eis o que me disse o Senhor: «Dentro de um ano, exactamente um ano, desaparecerá toda a nobreza de Quedar. 17Ficarão muito poucos dos valentes archeiros de Quedar. O Senhor, Deus de Israel, assim o declarou.»
Capítulo 22
Oráculo contra Jerusalém
1Oráculo sobre o Vale da Visão: «Que se passa contigo para que toda a tua gente suba aos terraços? 2Porque és uma cidade ruidosa, cheia de tumulto e de alegria? Os teus mortos não morreram à espada, nem morreram em combate. 3Os teus oficiais fugiram todos, mas foram aprisionados pelo arco; os teus guerreiros foram presos em massa, quando tentavam fugir. 4Por isso vos suplico: afastai-vos de mim, deixai-me derramar lágrimas amargas; não procureis consolar-me pela ruína do meu povo. 5Porque foi um dia de derrota, de angústia e de confusão, enviado pelo Senhor Deus do universo. No Vale da Visão derrubaram a muralha e os gritos ecoaram pela montanha. 6Elam pôs ao ombro a aljava, os homens aparelharam os cavalos, Quir apresentou os escudos. 7Os teus vales mais belos encheram-se de carros, os cavaleiros colocaram-se junto às portas. 8Ficou exposta a cidade de Judá. Naquele dia, inspeccionastes o arsenal no palácio da floresta, 9examinastes as inúmeras brechas da muralha da cidade de David, recolhestes as águas na piscina inferior, 10contastes as casas de Jerusalém, demolistes algumas delas para reforçar a muralha. 11Fizestes um reservatório entre os dois muros para armazenar as águas da piscina velha. Contudo não olhastes para aquele que dispôs estas coisas, não reparastes naquele que as preparou de longe. 12O Senhor Deus do universo tinha-vos convidado, naquele dia, ao pranto e à penitência, a raparem a cabeça e a vestirem-se de luto. 13Mas, em vez disso, há festa e alegria, matança de bois e ovelhas, come-se carne e bebe-se vinho: ‘Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.’ 14Porém, o Senhor do universo revelou-me ao ouvido: «Este pecado jamais será perdoado até que sejais mortos.» O Senhor Deus do universo assim o proclamou.
Oráculo contra Chebna
15Isto diz o Senhor Deus do universo: «Vai ter com Chebna, esse tal administrador do palácio real, 16que lavra para si próprio, lá em cima, um sepulcro e escava na pedra uma morada, e diz-lhe: ‘Que estás aqui a fazer, que parentes tens tu, para estares a lavrar um sepulcro? 17Vê bem, homem forte! O Senhor vai arremessar-te de uma só vez, e arrojar-te com violência, 18far-te-á girar e dar voltas como um arco numa planície imensa. Ali morrerás, ali ficarão os teus coches de gala, ó vergonha da corte do teu senhor! 19Vou depor-te do teu cargo, destituir-te do teu posto. 20Naquele dia, chamarei o meu servo Eliaquim, filho de Hilquias. 21Vesti-lo-ei com a tua túnica, cingi-lo-ei com a tua faixa, porei nas suas mãos o teu poder; será como pai para os habitantes de Jerusalém, para o povo de Judá. 22Porei sobre os seus ombros a chave do palácio de David: o que ele abrir ninguém fechará, o que ele fechar ninguém abrirá. 23Fixá-lo-ei como prego em lugar firme, será como um trono de glória para a casa de seu pai.’» 24Mas penduram-se nele todos os nobres da casa de seu pai, filhos e netos, tal como se penduram num prego os utensílios de cozinha, desde os copos aos jarros. 25Naquele dia – oráculo do Senhor do universo – o prego fixado em lugar firme cederá, a carga que dele pendia soltar-se-á, cairá e será feita em pedaços. O Senhor assim o declarou.
Capítulo 23
Oráculo contra Tiro e Sídon (Ez 26-28)
1Oráculo contra Tiro: «Gemei, naus de Társis, porque o vosso porto foi destruído.» Foi no regresso de Chipre que lhes deram a notícia. 2«Ficai estupefactos, habitantes da costa do mar, que negociais com Sídon, que atravessais os mares 3e enviais mensageiros pelo oceano.» O grão de Chior, as colheitas do Nilo e o comércio estrangeiro eram as riquezas de Sídon. Ela era o mercado dos povos. 4Envergonha-te, Sídon, fortaleza do mar! É o mar quem assim te fala: «Eu não dei à luz entre dores, não eduquei rapazes nem raparigas.» 5Quando o Egipto receber esta notícia sobre Tiro, ficará aterrado. 6Regressai a Társis, bradai, habitantes do litoral. 7Porventura não é esta a vossa animada cidade de origem tão antiga, que criou colónias em terras longínquas? 8Quem tomou esta decisão contra Tiro, cidade que distribuía coroas, cujos negociantes eram como príncipes, e cujos comerciantes eram como nobres da terra? 9Foi o Senhor do universo quem o decretou, para derrubar o orgulho da nobreza, e humilhar os grandes da terra. 10Regressa à tua terra, povo de Társis, pois o teu porto já não existe mais. 11O Senhor estendeu a sua mão sobre o mar, abalou os reinos e ordenou a destruição das fortalezas de Canaã. 12Disse: «Não continues a alegrar-te, povo de Sídon, pois és como uma donzela violada. Levanta-te e navega para Chipre. Mesmo ali não terás descanso. 13Considera a terra dos caldeus: é um povo que já não existe. A Assíria transformou-a em lugar ermo. Levantaram torres de vigia, demoliram as suas fortalezas e reduziram-na a ruínas. 14Bradai, naus de Társis, porque o vosso porto foi destruído.» 15Naquele tempo, Tiro ficará esquecida durante setenta anos, os anos da vida de um rei. No fim destes setenta anos, Tiro será como diz a cantiga da prostituta: 16«Pega na cítara e percorre a cidade, ó prostituta esquecida; toca com perfeição e canta sem parar, para que se lembrem de ti.» 17Depois de setenta anos, o Senhor ocupar-se-á de Tiro. Ela recomeçará o seu tráfego, prostituindo-se com todos os reinos da terra. 18Mas os seus ganhos e lucros serão consagrados ao Senhor, em vez de serem guardados e entesourados. O lucro do seu comércio será para aqueles que habitam na presença do Senhor, para que comam e se saciem e se vistam com magnificência.
Capítulo 24
Destruição da Terra (34-35;Ez 38-39)
1Vede como o Senhor devasta a terra e a torna deserta, transtorna a sua face e dispersa os seus habitantes. 2A mesma sorte terá o leigo e o sacerdote, o escravo e o seu senhor, a serva e a sua senhora, o que compra como o que vende, o prestamista e o que pede emprestado, o credor como o devedor. 3A terra será totalmente devastada, despojada, porque o Senhor assim o decretou. 4A terra está triste e murcha, o mundo está de luto e desfalece. Desfalecem o céu e a terra. 5A terra está profanada pelos seus habitantes, porque transgrediram as leis, violaram os mandamentos, romperam a aliança eterna. 6Por isso, a maldição devora a terra e os seus habitantes expiam a pena. Por isso, os habitantes da terra serão consumidos e poucos ficam para serem contados. 7O vinho novo está triste, a vinha murcha, suspiram os que andavam alegres. 8Cessou a alegria dos tambores, acabou o ruído dos foliões e calou-se o som alegre da cítara. 9Já não bebem vinho a cantar, e as bebidas fortes sabem a amargo. 10A cidade, desolada, cai aos pedaços, as entradas das casas estão fechadas. 11Gritam nas ruas: já não há vinho! Acabou-se a alegria, esvaneceu-se o regozijo do país. 12Na cidade só há escombros, e a porta está podre e em ruínas. 13Isto acontecerá na terra, no meio dos povos, como no varejo da azeitona ou como no rebusco, depois da vindima. 14Eles levantarão a voz do lado do mar e vitoriarão a grandeza do Senhor: 15«Aclamai desde o Ocidente, respondei desde o Oriente; glorificai o Senhor desde as ilhas do mar! Ele é o Senhor, o Deus de Israel! 16Desde os confins da terra ouvimos o cântico: ‘Glória ao justo!’» Porém eu digo: «Infeliz de mim! Ai de mim!» Os traidores atraiçoam, os traidores agem com perfídia. 17O terror, a cova e o laço é o que vos espera, habitantes da terra! 18O que fugir aos gritos de terror cairá na cova, e o que escapar da cova será preso no laço. Abrem-se as cataratas lá do alto e tremem os fundamentos da terra. 19A terra cambaleia e bamboleia. A terra treme e espanta-se. A terra move-se e contorce-se. 20Ela agita-se e cambaleia como um ébrio, e oscila como uma cabana. Pesam sobre ela os seus pecados; cairá para não mais se levantar.
Julgamento e reino de Deus
21Naquele dia, o Senhor julgará: lá no alto, julgará os exércitos do céu, e cá em baixo, os reis da terra. 22Serão amontoados, encarcerados na prisão, e aí ficarão fechados. Depois de muitos dias comparecerão no tribunal. 23A Lua corará de vergonha, o Sol empalidecerá, quando o Senhor do universo reinar glorioso no monte Sião, em Jerusalém, diante dos seus anciãos.
Capítulo 25
Cântico de acção de graças
1Senhor, Tu és o meu Deus. Exaltar-te-ei e celebrarei o teu nome, porque realizaste maravilhas, projectos antigos, firmes e seguros. 2Reduziste a cidade a um montão de pedras. A cidade fortificada está aniquilada, derrubaste a fortaleza dos inimigos, que jamais será reedificada. 3Por isso, um povo forte te glorifica, a capital dos povos tiranos te respeita, 4porque foste o refúgio do fraco, o refúgio do pobre na sua tribulação, amparo contra a tempestade e sombra contra o calor. Com efeito, o sopro dos poderosos é como uma tempestade de Inverno, 5ou como o sol ardente em terra seca. Tu farás cessar o clamor dos orgulhosos. Como cessa o calor à sombra de uma nuvem, assim também humilhas o canto dos tiranos.
O banquete do Senhor
6No monte Sião, o Senhor do universo prepara para todos os povos um banquete de carnes gordas, acompanhadas de vinhos velhos, carnes gordas e saborosas, vinhos velhos e bem tratados. 7Neste monte, Ele arrancará o véu de luto que cobre todos os povos, o pano que encobre todas as nações. 8Aniquilará a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e eliminará a desonra que pesa sobre o seu povo, sobre toda a nação. Foi o Senhor quem o proclamou. 9Dir-se-á naquele dia: «Este é o nosso Deus, nele confiámos e Ele nos salva. Este é o Senhor em quem confiámos. Congratulemo-nos e rejubilemos com a sua salvação. 10A mão do Senhor repousará sobre este monte.» Moab, porém, a rebelde, será pisada no seu próprio terreno, como se pisa a palha na lixeira. 11Aí estenderá as suas mãos como as estende o nadador para nadar. Mas o seu orgulho será abatido, apesar dos esforços das suas mãos. 12O Senhor derrubará e abaterá os altos baluartes das tuas muralhas, deixando-os por terra, reduzidos a pó.
Capítulo 26
Hino de vitória – 1Naquele dia será cantado este cântico na terra de Judá:
«Temos uma cidade forte. Para a defender, o Senhor ergueu muralhas e baluartes. 2Abri as portas, para que entre um povo justo, que cumpre com os seus compromissos, 3que tem carácter firme e conserva a paz, porque põe a sua confiança em Deus. 4Confiai sempre no Senhor, porque o Senhor é a rocha perene: 5abateu os habitantes das alturas e a cidade soberba; humilhou-a, derrubou-a por terra, reduziu-a a pó. 6Ela é calcada pelos pés dos humildes, pelos pés dos pobres.»
Oração
7O caminho do justo é recto; é o Senhor quem prepara o caminho do justo. 8Seguindo os caminhos dos teus desejos, Senhor, esperamos em ti. E com que ansiedade pronunciamos o teu nome e nos lembramos de ti! 9A minha alma suspira por ti de noite, e do mais profundo do meu espírito, eu te procuro pela manhã, porque quando exerces sobre a terra os teus julgamentos, os habitantes do mundo aprendem a justiça. 10Se tratarmos com clemência o malvado, ele não aprende o que é justo. Na terra da rectidão pratica o mal, sem ver a majestade do Senhor. 11Senhor, a tua mão está levantada, mas eles não se apercebem. Que eles vejam o teu zelo pelo povo e sejam confundidos! Que um fogo devore os teus inimigos! 12Senhor, dá-nos a paz, porque és Tu que realizas todos os nossos empreendimentos. 13Senhor, nosso Deus, outros senhores, que não Tu, nos dominaram, mas só a ti queremos reconhecer e invocar o teu nome.
Ressurreição (Ez 37,1-14; 1 Cor 15)
14Os outros são mortos que não vivem, sombras que não voltam a levantar-se; Tu é que os julgaste e destruíste, e apagaste toda a sua memória. 15Senhor, Tu multiplicaste o povo e assim lhe manifestaste a tua glória, e dilataste as fronteiras da nação. 16Senhor, na tribulação, nós recorríamos a ti, quando a força do teu castigo nos abatia. 17Como a mulher grávida, prestes a dar à luz, se contorce e grita nas suas dores, assim éramos nós na tua presença, Senhor. 18Nós concebemos, sofremos dores de parto, e o que demos à luz foi vento. Não demos a salvação ao nosso país, nem nasceram novos habitantes na terra. 19Os teus mortos reviverão, os seus cadáveres ressuscitarão. Despertai e rejubilai vós que jazeis no sepulcro! Pois o teu orvalho é um orvalho de luz, que fará renascer os que não passavam de sombras. 20Vamos, povo meu, entra nos teus aposentos e fecha as portas por dentro. Esconde-te por um momento, até que passe o castigo. 21Porque o Senhor vai sair da sua morada para castigar os crimes dos habitantes da terra. A terra descobrirá o sangue derramado e não ocultará mais as vítimas que nela se encontram.
Capítulo 27
1Naquele dia, o Senhor ferirá com a sua espada grande, temperada e forte, o monstro Leviatan, serpente sinuosa, o monstro Leviatan, serpente fugidia, e matará esse dragão do mar.
Canção da vinha (5,1-7)
2Naquele dia, cantareis a vinha mais apreciada: 3«Eu, o Senhor, sou o seu guarda; Eu a rego a cada momento e a guardo dia e noite, para impedir qualquer assalto. 4Não me aborreço mais com ela. Mas se nela crescem as silvas e os espinhos, abro guerra contra ela para queimar tudo de uma vez; 5ou, então, que se coloquem sob a minha protecção, façam as pazes comigo e estejam de bem comigo.»
Renovação de Israel
6Dias virão em que Jacob lançará novas raízes, Israel produzirá botões e flores, e encherá o mundo de seus frutos. 7Porventura o Senhor feriu-o como fez com os que o feriram? Matou-o como fez com os que o mataram? 8Apenas os castigou com o exílio e os expulsou, com o seu sopro impetuoso, como o vento do oriente. 9Assim se expiará a falta de Jacob, e este será o resultado do perdão do seu pecado: pulverizará todas as pedras dos altares pagãos, como se trituram pedras de cal, e não se levantarão mais os símbolos da deusa Achera nem as suas estelas. 10A cidade fortificada ficou sem ninguém, é como mansão abandonada, despovoada como um deserto. Nela pastam os vitelos, nela se deitam e comem os seus ramos. 11Quando os ramos estão secos, partem-se, vêm as mulheres e queimam-nos. Porque é um povo insensato; por isso, o seu criador não tem piedade dele, aquele que os criou não se compadece deles.
Reunião final em Jerusalém
12Naquele dia, o Senhor debulhará as espigas, desde o Eufrates à torrente do Egipto, e vós, filhos de Israel, sereis recolhidos um a um. 13Naquele dia, tocará a grande trombeta, e virão os dispersos da terra da Assíria e os fugitivos na terra do Egipto; adorarão o Senhor no monte santo de Jerusalém.
Capítulo 28
Destruição da Samaria
1Ai da Samaria, coroa soberba dos ébrios de Efraim! Ai da flor caduca, jóia do seu atavio, que está na cabeça de um fértil vale! 2Eis que vai chegar, por ordem do Senhor, um guerreiro forte e robusto, como uma saraivada de granizo e um torvelinho destruidor; como trombas de águas caudalosas, transbordantes. 3Atira ao chão com as mãos e pisa com os pés a coroa soberba dos ébrios de Efraim, 4a flor caduca, jóia do seu atavio, que está na cabeça do fértil vale. Será como o figo temporão: mal alguém o vê, colhe-o e come-o. 5Virá o dia em que o Senhor do universo será a coroa de glória e o diadema cintilante dos sobreviventes do seu povo: 6espírito de justiça para os que julgam no tribunal, e espírito de valentia para os que repelem o inimigo, diante das portas da cidade.
Contra os chefes religiosos de Judá
7Também os sacerdotes e os profetas cambaleiam por causa do vinho e andam estonteados com as bebidas alcoólicas. Cambaleiam por causa do álcool, andam atordoados por causa do vinho e estonteados com o licor. Vêem as coisas de modo confuso e não cuidam da sentença a pronunciar. 8As suas mesas estão todas cheias de vómitos, e não há sequer um lugar sem porcaria. 9Perguntam: «Quem julga ele que está a ensinar? A quem julga ele que dá a lição? A crianças recém-desmamadas? A bebés que acabaram de deixar o peito? 10Ele diz: «Tsav latsav, tsav latsav, kav lakav, kav lakav, menino aqui, menino ali!» 11Pois bem, é com uma linguagem balbuciante, com uma linguagem estranha que o Senhor falará a esse povo. 12Antes já lhes tinha dito: «Nisto consiste o repouso: deixem descansar os fatigados; nisto consiste o descanso.» Mas eles não quiseram obedecer. 13Então o Senhor vai falar-lhes: «Tsav latsav, tsav latsav, kav lakav, kav lakav, menino aqui, menino ali!» E assim, ao andarem, caem de costas, quebram os ossos e são apanhados na rede.
A pedra angular
14Escutai, pois, a palavra do Senhor, ó gente insolente, vós que dominais o povo de Jerusalém. 15Vós dizeis: «Fizemos um pacto com a Morte, uma aliança com o Abismo e, por isso, o flagelo passará sem nos atingir, porque fizemos da mentira um abrigo e da fraude um refúgio.» 16Por isso, assim fala o Senhor Deus: Vou colocar em Sião uma pedra que vos ponha à prova. Será uma pedra preciosa, angular, bem firme. Aquele que confiar nela não tropeçará. 17Usarei o direito como cordel de medir e a justiça como nível. Mas a saraiva arrasará o vosso abrigo de mentira e as águas torrenciais levarão o vosso refúgio. 18O vosso pacto com a Morte será quebrado, a vossa convenção com o Abismo não subsistirá. Quando a catástrofe passar sereis esmagados por ela. 19Ela passará cada manhã, de dia e de noite, e sempre que ela passar vos enrolará. O terror que ela espalha bastará para que aprendais a lição. 20Como diz o provérbio: «O leito é muito pequeno para alguém se deitar e o cobertor muito estreito para alguém se cobrir.» 21Pois o Senhor se levantará como no monte Perasim e despertará como no vale de Guibeon, para realizar a sua obra e para executar o seu trabalho; uma obra extraordinária e um trabalho inaudito. 22Portanto, cessai de zombar, para que não se apertem ainda mais as vossas cadeias; porque eu ouvi a sentença de destruição, determinada por ordem do Senhor Deus do universo, contra a vossa terra.
A sabedoria dos agricultores
23Escutai-me e prestai-me atenção! Ouvi atentamente o meu discurso: 24Porventura o lavrador nada mais faz do que arar e abrir regos na terra? 25Depois de ter aplanado a terra, não semeia a nigela e o cominho? Não semeia o trigo, o milho miúdo e a cevada e ainda o trigo duro nas bordas? 26É o seu Deus quem o instrui e o ensina como deve fazer. 27A nigela não se debulha com o trilho de ferro, nem as rodas do carro devem passar sobre o cominho. A nigela deve ser sacudida com uma vara e o cominho com um pau. 28Quanto ao trigo, tem que ser debulhado, mas sem ser triturado em demasia. As rodas do carro passam por cima dele, mas sem o esmagar. 29Também este proceder vem do Senhor do universo, cujo conselho é admirável e grande a sua eficiência.
Capítulo 29
Cerco e libertação de Israel
1Ai de Ariel, ai de Ariel, a cidade que David sitiou! Juntai um ano a outro ano, gire o ciclo das festas. 2Virá o tempo em que cercarei Ariel, e então haverá prantos e gemidos, e tu serás para mim como Ariel. 3Sitiar-te-ei como te sitiou David, cercar-te-ei de trincheiras e levantarei baluartes contra ti. 4Humilhada, falarás das profundezas da terra; as tuas palavras mal se ouvirão porque virão do pó, serão como voz de fantasma proveniente do solo; a tua palavra sussurrará do pó. 5A multidão dos teus inimigos será como uma nuvem de poeira; e como uma nuvem de flocos de palha a multidão dos teus opressores. Mas, de repente, de improviso, 6será auxiliada pelo Senhor do universo, por meio de fortes trovões, tremores de terra e estrondos, com furacões, vendavais e chamas devoradoras. 7Como se dissipa um pesadelo e uma visão nocturna, assim desaparecerá a multidão das nações que atacam Ariel: as suas trincheiras, os seus baluartes, os seus sitiadores. 8Como o esfomeado sonha que come e desperta com o estômago vazio; como o ressequido sonha que bebe e acorda de garganta seca, isso mesmo sucederá à multidão das nações que atacam o monte Sião. 9Pasmai, ficai espantados, ficai cegos, deixai de ver. Embriagai-vos, mas não de vinho, cambaleai, mas não de álcool. 10É o Senhor que vos mergulha num estado de sonolência: fechará os vossos olhos, ó profetas! E cobrirá as vossas cabeças, ó videntes! 11Qualquer visão será para vós como um livro selado. Quando o dão a um que sabe ler, pedindo-lhe: «Por favor, lê isto», ele responde: «Não posso. O livro está selado.» 12Se o dão a um que não sabe ler, pedindo-lhe: «Por favor, lê isto»; ele responde: «Não sei ler.»
Formalismo religioso
13O Senhor disse: «Este povo aproxima-se de mim só com palavras e honra-me só com os lábios, pois o seu coração está longe de mim e o culto que me presta é apenas preceito humano e rotineiro. 14Por isso, continuarei a usar com este povo de prodígios grandiosos. Fracassará a sabedoria dos seus sábios, e será confundida a prudência dos seus prudentes.»
Contra os maus conselheiros
15Ai dos que se ocultam do Senhor para esconderem os seus planos. Fazem as suas obras no meio das trevas e dizem: «Quem nos vê? Quem vai saber disto?» 16Que perversidade a vossa! Como se o barro fosse igual ao oleiro! Como se o objecto dissesse ao que o fabricou: «Não foste tu que me fizeste!»; ou o vaso ao oleiro: «Não entendes nada disto!»
O povo escolhido voltará a Deus
17Dentro de muito pouco tempo, o Líbano converter-se-á em pomar, e o pomar será como uma floresta. 18Nesse dia, os surdos ouvirão as palavras do livro, e, livres da obscuridade e das trevas, os olhos dos cegos verão. 19Os oprimidos voltarão a alegrar-se no Senhor, e os pobres exultarão no Santo de Israel. 20Foi eliminado o tirano e desapareceu o cínico, e todos os que buscam a iniquidade serão exterminados: 21os que acusam de crime os inocentes, os que procuram enganar o juiz, os que por uma coisa de nada condenam os outros. 22Por isso, o Senhor fala aos descendentes de Jacob, Ele que resgatou Abraão: «Daqui em diante, Jacob não será mais envergonhado, o seu rosto não mais ficará corado. 23Quando os seus filhos virem o que Eu fiz por eles, bendirão o meu nome, bendirão o Santo de Jacob e temerão o Deus de Israel. 24Os espíritos desencaminhados compreenderão, e os que protestavam, aprenderão a lição.»
Capítulo 30
Contra a aliança com o Egipto (19,1-15; 31,1-3)
1O Senhor declara: «Ai de vós, filhos rebeldes, que fazeis projectos sem contar comigo, que estabeleceis alianças contrárias ao meu espírito, acumulando, assim, pecados sobre pecados! 2Tomais o caminho do Egipto sem me consultar; ides pedir protecção ao Faraó e abrigo à sombra do Egipto. 3Mas a protecção do Faraó será a vossa vergonha, e o abrigo do Egipto será a vossa humilhação. 4Quando os vossos chefes estiverem em Soan, e os vossos embaixadores chegarem a Hanés, 5todos se envergonharão deste povo inútil, que não vos pode auxiliar nem socorrer; nada mais será do que motivo de vergonha e de afronta!»
Contra a embaixada do Egipto
6Oráculo contra a Besta do Sul: «Por terra deserta e temível, de leões e leoas a rugir, de víboras e áspides voadoras, conduzem as suas riquezas sobre o dorso dos jumentos, e seus tesouros sobre o dorso dos camelos, para um povo que de nada lhes serve. 7Irão para o Egipto cujo socorro é vão e nulo. Por isso, Eu chamo-lhe: ‘Monstro que nada pode.’»
Testamento de Isaías (8,16-20) 8Agora, pois, vai e escreve isto sobre uma tabuazinha, grava-o num documento, que sirva para o futuro como testemunho perpétuo: 9«É um povo rebelde, são filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor.» 10Dizem aos videntes: «Deixem-se de visões!» E aos profetas: «Deixem-se de anunciar verdades! Dizei-nos, antes, coisas agradáveis, profetizai-nos ilusões! 11Afastai-vos do caminho recto, retirai-vos da boa direcção, deixai de colocar diante dos nossos olhos o Santo de Israel!» 12Por isso, diz o Santo de Israel: «Visto que rejeitais esta palavra, confiais na opressão e na perversidade e nelas vos apoiais, 13este pecado será para vós como uma fenda numa alta muralha. Aparece a saliência e, de repente, num instante, tudo se desmorona. 14A muralha quebra-se como a vasilha de barro, é feita em cacos, sem piedade, de modo que dos destroços não fica sequer um caco para apanhar uma brasa do braseiro, ou para tirar uma gota de água da cisterna.» 15Vede o que diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: «A vossa salvação está na conversão e em terdes calma; a vossa força está em terdes confiança e em permanecerdes tranquilos.» Mas não quisestes. 16Dissestes: «Não; fugiremos a cavalo!» – Pois bem, fugireis. «Correremos a galope!» – Pois bem, serão mais velozes os vossos perseguidores. 17Fugirão mil perante a ameaça de um, fugireis todos perante a ameaça de cinco, até que fiqueis como um mastro abandonado no cimo de um monte, ou como um estandarte numa colina.
Conversão do povo
18Mas o Senhor espera para se apiedar de vós, aguenta para se compadecer de vós; porque o Senhor é um Deus justo, e ditosos os que nele esperam. 19Povo de Sião, que habitas em Jerusalém, já não chorarás mais, porque o Senhor terá piedade de ti quando ouvir a tua súplica, e, mal te ouça, logo te responderá. 20Embora o Senhor te dê o pão da angústia e a água da tribulação, já não se esconderá mais o teu mestre. Tu o verás com os teus próprios olhos. 21Ouvirás atrás de ti esta palavra, quando tiveres de caminhar para a direita ou para a esquerda: «Este é o caminho a seguir.» 22Terás como impuros os teus ídolos prateados e as tuas estátuas cobertas de ouro. Lançá-los-ás fora como coisa imunda, dizendo: «Fora daqui!» 23Então o Senhor te enviará as chuvas para a sementeira que semeares na terra, e o pão que a terra produzir será nutritivo e saboroso. Naquele dia, o teu gado pastará em amplas pastagens. 24Os bois e os jumentos que lavrarem a terra comerão uma forragem salgada, remexida com a pá e a forquilha. 25No dia da grande mortandade, em que desabarão as fortalezas, haverá torrentes de água abundante em todas as montanhas e colinas. 26No dia em que o Senhor curar a ferida do seu povo, e tratar da chaga que lhe foi infligida, a Lua refulgirá como um Sol, e o Sol brilhará sete vezes mais.
Castigo dos assírios (Hab 3)
27Vede! É o Senhor em pessoa que vem de longe, a sua cólera é ardente como fogo espesso, os seus lábios estão cheios de furor, e a sua língua é um fogo abrasador. 28O seu sopro é uma torrente transbordante que sobe até ao pescoço. Vai crivar as nações com o crivo do extermínio e pôr um freio de engano nas mandíbulas dos povos. 29Vós, porém, entoareis um cântico como na noite sagrada de festa. Haverá alegria no vosso coração, semelhante à do que caminha ao som da flauta, enquanto ides ao monte do Senhor, à Rocha de Israel. 30O Senhor fará ouvir a majestade da sua voz, mostrará o seu braço ameaçador, no ardor da sua cólera e no fogo devorador, na tempestade e nas tormentas de granizo. 31À voz do Senhor, a Assíria tremerá, castigada pelos seus golpes. 32Cada golpe da vara de castigo, que o Senhor lhe infligir, será ao som de tambores, cítaras e danças. 33Também em Tofet está preparada, desde há muito, uma cova profunda e espaçosa, com pira de lenha abundante, e o sopro do Senhor, como torrente de enxofre, acendê-la-á.