Capítulo 21

Queda da Babilónia (13-14; 47; Jr 50-51)

1Oráculo contra a região ma­rí­tima. Como os temporais que atra­ves­sam o Négueb, assim o inimigo virá do deserto, de um país de terror. É uma visão terrível que me foi revelada: «O traidor a cometer traições, o destruidor a devastar tudo. Avante, habitantes de Elam! Ao assalto, habitantes da Média! Vou pôr fim aos vossos gemidos.» 3Perante isto, fiquei cheio de an­gústia e sou possuído de dores como as de uma parturiente. Estou aturdido por tais coisas ouvir e aterrorizado de as ver. 4O meu coração perturba-se, e o terror me invade. Desejava a frescura da tarde, mas ela encheu-me de pavor. 5Preparai a mesa, estendei a toa­lha; comei e bebei! De pé, capitães! Preparai as ar­mas! 6Porque assim me disse o Senhor: «Vai e põe uma sentinela que anun­­­­cie tudo o que vir! 7Se ela vir a cavalaria, com cava­leiros dois a dois, montados em jumentos ou mon­tados em camelos, que preste atenção, muita aten­ção, 8e grite: ‘Já a vejo!’» Na torre de vigia, Senhor, man­te­nho-me de pé todo o dia e permaneço como sentinela du­rante todas as noites. 9Olhai: chega a cavalaria, os ca­va­leiros vêm dois a dois e anunciam: «Caiu, caiu a Babi­ló­nia! As estátuas dos seus deuses encontram-se em pedaços, por terra.» 10O meu povo é pisado como trigo na eira. O que eu ouvi do Senhor do uni­verso, Deus de Israel, isso vo-lo anuncio.


Oráculo contra a Idumeia

11Oráculo contra Dumá. Chamam por mim desde Seir: «Sentinela, que vês na noite? Sentinela, que vês na noite?» 12E a sentinela responde: «Chega a manhã e a noite tam­bém. Se quereis uma resposta, voltai a perguntar.»


Oráculo contra a Arábia

13Oráculo contra a Arábia: «Vós passais a noite em terras de­­sertas, caravanas de Dedan. 14Habitantes de Tema, levai a água àqueles que têm sede e dai pão aos fugitivos, porque fogem diante da espada, 15da espada desembainhada, diante dos arcos retesados, diante do rude combate.»


Oráculo contra Quedar

16Eis o que me disse o Senhor: «Dentro de um ano, exactamente um ano, desaparecerá toda a nobreza de Quedar. 17Ficarão muito poucos dos valen­tes archeiros de Quedar. O Senhor, Deus de Israel, assim o declarou.»

Capítulo 22

Oráculo contra Jerusalém

1Oráculo sobre o Vale da Vi­são: «Que se passa contigo para que toda a tua gente suba aos terraços? 2Porque és uma cidade ruidosa, cheia de tumulto e de alegria? Os teus mortos não morreram à espada, nem morreram em combate. 3Os teus oficiais fugiram todos, mas foram aprisionados pelo arco; os teus guerreiros foram presos em massa, quando tentavam fugir. 4Por isso vos suplico: afastai-vos de mim, deixai-me derramar lágrimas amar­­­gas; não procureis consolar-me pela ruína do meu povo. 5Porque foi um dia de derrota, de angústia e de confusão, enviado pelo Senhor Deus do uni­­­verso. No Vale da Visão derrubaram a muralha e os gritos ecoaram pela monta­nha. 6Elam pôs ao ombro a aljava, os homens aparelharam os cava­los, Quir apresentou os escudos. 7Os teus vales mais belos enche­ram-se de carros, os cavaleiros colocaram-se junto às portas. 8Ficou exposta a cidade de Judá. Naquele dia, inspeccionastes o ar­senal no palácio da floresta, 9examinastes as inúmeras brechas da muralha da cidade de Da­vid, recolhestes as águas na piscina inferior, 10contastes as casas de Jerusa­lém, demolistes algumas delas para reforçar a muralha. 11Fizestes um reservatório entre os dois muros para armazenar as águas da pis­cina velha. Contudo não olhastes para aquele que dispôs estas coisas, não reparastes naquele que as preparou de longe. 12O Senhor Deus do universo tinha-vos convidado, naquele dia, ao pranto e à penitência, a raparem a cabeça e a vestirem-se de luto. 13Mas, em vez disso, há festa e ale­gria, matança de bois e ovelhas, come-se carne e bebe-se vinho: ‘Comamos e bebamos, porque ama­­nhã morreremos.’ 14Porém, o Senhor do universo revelou-me ao ouvido: «Este pecado jamais será per­doado até que sejais mortos.» O Senhor Deus do universo as­sim o proclamou.


Oráculo contra Chebna

15Isto diz o Senhor Deus do uni­verso: «Vai ter com Chebna, esse tal admi­nistrador do palácio real, 16que lavra para si próprio, lá em cima, um sepulcro e escava na pedra uma morada, e diz-lhe: ‘Que estás aqui a fazer, que pa­rentes tens tu, para estares a lavrar um se­pul­cro? 17Vê bem, homem forte! O Senhor vai arremessar-te de uma só vez, e arrojar-te com violência, 18far-te-á girar e dar voltas como um arco numa planície imensa. Ali morrerás, ali ficarão os teus coches de gala, ó vergonha da corte do teu senhor! 19Vou depor-te do teu cargo, destituir-te do teu posto. 20Naquele dia, chamarei o meu ser­vo Eliaquim, filho de Hilquias. 21Vesti-lo-ei com a tua túnica, cingi-lo-ei com a tua faixa, porei nas suas mãos o teu poder; será como pai para os habitantes de Jerusalém, para o povo de Judá. 22Porei sobre os seus ombros a cha­ve do palácio de David: o que ele abrir ninguém fechará, o que ele fechar ninguém abrirá. 23Fixá-lo-ei como prego em lugar firme, será como um trono de glória para a casa de seu pai.’» 24Mas penduram-se nele todos os no­bres da casa de seu pai, fi­lhos e netos, tal como se penduram num prego os utensílios de cozinha, desde os copos aos jarros. 25Naquele dia – oráculo do Se­nhor do universo – o prego fixado em lugar firme ce­derá, a carga que dele pendia soltar-se-á, cairá e será feita em pedaços. O Senhor assim o declarou.

Capítulo 23

Oráculo contra Tiro e Sí­don (Ez 26-28)

1Oráculo contra Tiro: «Gemei, naus de Társis, porque o vosso porto foi des­truído.» Foi no regresso de Chipre que lhes deram a notícia. 2«Ficai estupefactos, habitantes da costa do mar, que negociais com Sídon, que atravessais os mares 3e enviais mensageiros pelo ocea­no.» O grão de Chior, as colheitas do Nilo e o comércio estrangeiro eram as riquezas de Sídon. Ela era o mercado dos povos. 4Envergonha-te, Sídon, fortaleza do mar! É o mar quem assim te fala: «Eu não dei à luz entre dores, não eduquei rapazes nem rapa­rigas.» 5Quando o Egipto receber esta notícia sobre Tiro, ficará aterrado. 6Regressai a Társis, bradai, habitantes do litoral. 7Porventura não é esta a vossa animada cidade de origem tão antiga, que criou colónias em terras lon­gínquas? 8Quem tomou esta decisão contra Tiro, cidade que distribuía co­roas, cujos negociantes eram como prín­­cipes, e cujos comerciantes eram como nobres da terra? 9Foi o Senhor do universo quem o decretou, para derrubar o orgulho da no­breza, e humilhar os grandes da terra. 10Regressa à tua terra, povo de Társis, pois o teu porto já não existe mais. 11O Senhor estendeu a sua mão sobre o mar, abalou os reinos e ordenou a destruição das forta­lezas de Canaã. 12Disse: «Não continues a alegrar-te, povo de Sídon, pois és como uma donzela vio­lada. Levanta-te e navega para Chi­pre. Mesmo ali não terás descanso. 13Considera a terra dos caldeus: é um povo que já não existe. A Assíria transformou-a em lu­gar ermo. Levantaram torres de vigia, demoliram as suas fortalezas e reduziram-na a ruínas. 14Bradai, naus de Társis, porque o vosso porto foi des­truído.» 15Naquele tempo, Tiro ficará esquecida durante setenta anos, os anos da vida de um rei. No fim destes setenta anos, Tiro será como diz a cantiga da pros­ti­tuta: 16«Pega na cítara e percorre a ci­dade, ó prostituta esquecida; toca com perfeição e canta sem parar, para que se lembrem de ti.» 17Depois de setenta anos, o Se­nhor ocupar-se-á de Tiro. Ela recomeçará o seu tráfego, pros­­­tituindo-se com todos os reinos da terra. 18Mas os seus ganhos e lucros se­rão consagrados ao Senhor, em vez de serem guardados e en­tesourados. O lucro do seu comércio será para aqueles que habitam na presença do Senhor, para que comam e se saciem e se vistam com magnificência.

Capítulo 24

Destruição da Terra (34-35;Ez 38-39)

1Vede como o Senhor de­vas­ta a terra e a torna deserta, transtorna a sua face e dispersa os seus habitantes. 2A mesma sorte terá o leigo e o sacerdote, o escravo e o seu senhor, a serva e a sua senhora, o que compra como o que vende, o prestamista e o que pede em­prestado, o credor como o devedor. 3A terra será totalmente devas­tada, despojada, porque o Senhor assim o decre­tou. 4A terra está triste e murcha, o mundo está de luto e desfalece. Desfalecem o céu e a terra. 5A terra está profanada pelos seus habitantes, porque transgrediram as leis, violaram os mandamentos, romperam a aliança eterna. 6Por isso, a maldição devora a terra e os seus habitantes expiam a pena. Por isso, os habitantes da terra se­rão consumidos e poucos ficam para serem con­tados. 7O vinho novo está triste, a vinha murcha, suspiram os que andavam ale­gres. 8Cessou a alegria dos tambores, acabou o ruído dos foliões e calou-se o som alegre da cítara. 9Já não bebem vinho a cantar, e as bebidas fortes sabem a amargo. 10A cidade, desolada, cai aos pe­da­­ços, as entradas das casas estão fe­cha­­das. 11Gritam nas ruas: já não há vi­nho! Acabou-se a alegria, esvaneceu-se o regozijo do país. 12Na cidade só há escombros, e a porta está podre e em ruínas. 13Isto acontecerá na terra, no meio dos povos, como no varejo da azeitona ou como no rebusco, depois da vindima. 14Eles levantarão a voz do lado do mar e vitoriarão a grandeza do Se­nhor: 15«Aclamai desde o Ocidente, res­pondei desde o Oriente; glorificai o Senhor desde as ilhas do mar! Ele é o Senhor, o Deus de Israel! 16Desde os confins da terra ouvimos o cântico: ‘Glória ao justo!’» Porém eu digo: «Infeliz de mim! Ai de mim!» Os traidores atraiçoam, os traidores agem com perfídia. 17O terror, a cova e o laço é o que vos espera, habitantes da terra! 18O que fugir aos gritos de terror cairá na cova, e o que escapar da cova será preso no laço. Abrem-se as cataratas lá do alto e tremem os fundamentos da terra. 19A terra cambaleia e bamboleia. A terra treme e espanta-se. A terra move-se e contorce-se. 20Ela agita-se e cambaleia como um ébrio, e oscila como uma cabana. Pesam sobre ela os seus pecados; cairá para não mais se levantar.


Julgamento e reino de Deus

21Naquele dia, o Senhor julgará: lá no alto, julgará os exércitos do céu, e cá em baixo, os reis da terra. 22Serão amontoados, encarcerados na prisão, e aí ficarão fechados. Depois de muitos dias compa­re­ce­rão no tribunal. 23A Lua corará de vergonha, o Sol empalidecerá, quando o Senhor do universo reinar glorioso no monte Sião, em Jerusalém, diante dos seus anciãos.

Capítulo 25

Cântico de acção de graças

1Senhor, Tu és o meu Deus. Exaltar-te-ei e celebrarei o teu nome, porque realizaste maravilhas, projectos antigos, firmes e segu­ros. 2Reduziste a cidade a um montão de pedras. A cidade fortificada está aniqui­lada, derrubaste a fortaleza dos ini­mi­gos, que jamais será reedificada. 3Por isso, um povo forte te glori­fica, a capital dos povos tiranos te res­peita, 4porque foste o refúgio do fraco, o refúgio do pobre na sua tri­bu­lação, amparo contra a tempestade e sombra contra o calor. Com efeito, o sopro dos poderosos é como uma tempestade de In­verno, 5ou como o sol ardente em terra seca. Tu farás cessar o clamor dos orgu­lhosos. Como cessa o calor à sombra de uma nuvem, assim também humilhas o canto dos tiranos.


O banquete do Senhor

6No monte Sião, o Senhor do universo prepara para todos os povos um banquete de carnes gordas, acompanhadas de vinhos velhos, carnes gordas e saborosas, vinhos velhos e bem tratados. 7Neste monte, Ele arrancará o véu de luto que cobre todos os povos, o pano que encobre todas as na­ções. 8Aniquilará a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lá­grimas de todas as faces e eliminará a desonra que pesa sobre o seu povo, sobre toda a na­ção. Foi o Senhor quem o proclamou. 9Dir-se-á naquele dia: «Este é o nosso Deus, nele con­fiá­mos e Ele nos salva. Este é o Senhor em quem con­fiá­mos. Congratulemo-nos e rejubilemos com a sua salvação. 10A mão do Senhor repousará sobre este monte.» Moab, porém, a rebelde, será pi­sada no seu próprio terreno, como se pisa a palha na lixeira. 11Aí estenderá as suas mãos como as estende o nadador para nadar. Mas o seu orgulho será abatido, apesar dos esforços das suas mãos. 12O Senhor derrubará e abaterá os altos baluartes das tuas mu­ralhas, deixando-os por terra, reduzidos a pó.

Capítulo 26

Hino de vitória1Naquele dia será cantado este cântico na ter­ra de Judá:

«Temos uma cidade forte. Para a defender, o Senhor er­gueu muralhas e baluartes. 2Abri as portas, para que entre um povo justo, que cumpre com os seus com­pro­missos, 3que tem carácter firme e con­serva a paz, porque põe a sua confiança em Deus. 4Confiai sempre no Senhor, porque o Senhor é a rocha pe­rene: 5abateu os habitantes das alturas e a cidade soberba; humilhou-a, derrubou-a por terra, reduziu-a a pó. 6Ela é calcada pelos pés dos hu­mildes, pelos pés dos pobres.»


Oração

7O caminho do justo é recto; é o Senhor quem prepara o cami­nho do justo. 8Seguindo os caminhos dos teus desejos, Senhor, esperamos em ti. E com que ansiedade pronuncia­mos o teu nome e nos lembramos de ti! 9A minha alma suspira por ti de noite, e do mais profundo do meu espí­rito, eu te procuro pela manhã, porque quando exerces sobre a terra os teus julgamentos, os habitantes do mundo apren­dem a justiça. 10Se tratarmos com clemência o malvado, ele não aprende o que é justo. Na terra da rectidão pratica o mal, sem ver a majestade do Senhor. 11Senhor, a tua mão está levan­tada, mas eles não se apercebem. Que eles vejam o teu zelo pelo povo e sejam confundidos! Que um fogo devore os teus ini­migos! 12Senhor, dá-nos a paz, porque és Tu que realizas todos os nossos empreendimentos. 13Senhor, nosso Deus, outros se­nho­­res, que não Tu, nos domi­naram, mas só a ti queremos reconhecer e invocar o teu nome.


Ressurreição (Ez 37,1-14; 1 Cor 15)

14Os outros são mortos que não vivem, sombras que não voltam a levan­tar-se; Tu é que os julgaste e destruíste, e apagaste toda a sua memória. 15Senhor, Tu multiplicaste o povo e assim lhe manifestaste a tua glória, e dilataste as fronteiras da nação. 16Senhor, na tribulação, nós recor­ríamos a ti, quando a força do teu castigo nos abatia. 17Como a mulher grávida, pres­tes a dar à luz, se contorce e grita nas suas dores, assim éramos nós na tua pre­sen­ça, Senhor. 18Nós concebemos, sofremos do­res de parto, e o que demos à luz foi vento. Não demos a salvação ao nosso país, nem nasceram novos habitantes na terra. 19Os teus mortos reviverão, os seus cadáveres ressuscitarão. Despertai e rejubilai vós que ja­zeis no sepulcro! Pois o teu orvalho é um orvalho de luz, que fará renascer os que não pas­savam de sombras. 20Vamos, povo meu, entra nos teus aposentos e fecha as portas por dentro. Esconde-te por um momento, até que passe o castigo. 21Porque o Senhor vai sair da sua morada para castigar os crimes dos habi­tantes da terra. A terra descobrirá o sangue der­ramado e não ocultará mais as vítimas que nela se encontram.

Capítulo 27

1Naquele dia, o Senhor fe­rirá com a sua espada grande, temperada e forte, o monstro Leviatan, serpente si­nuosa, o monstro Leviatan, serpente fu­gidia, e matará esse dragão do mar.


Canção da vinha (5,1-7)

2Naquele dia, cantareis a vinha mais apreciada: 3«Eu, o Senhor, sou o seu guarda; Eu a rego a cada momento e a guardo dia e noite, para impedir qualquer assalto. 4Não me aborreço mais com ela. Mas se nela crescem as silvas e os espinhos, abro guerra contra ela para quei­mar tudo de uma vez; 5ou, então, que se coloquem sob a minha protecção, façam as pazes comigo e estejam de bem comigo.»


Renovação de Israel

6Dias virão em que Jacob lançará novas raízes, Israel produzirá botões e flores, e encherá o mundo de seus fru­tos. 7Porventura o Senhor feriu-o como fez com os que o feriram? Matou-o como fez com os que o mataram? 8Apenas os castigou com o exílio e os expulsou, com o seu sopro impetuoso, como o vento do oriente. 9Assim se expiará a falta de Ja­cob, e este será o resultado do perdão do seu pecado: pulverizará todas as pedras dos altares pagãos, como se trituram pedras de cal, e não se levantarão mais os sím­bolos da deusa Achera nem as suas estelas. 10A cidade fortificada ficou sem nin­guém, é como mansão abandonada, despovoada como um deserto. Nela pastam os vitelos, nela se deitam e comem os seus ramos. 11Quando os ramos estão secos, par­­tem-se, vêm as mulheres e queimam-nos. Porque é um povo insensato; por isso, o seu criador não tem pie­dade dele, aquele que os criou não se com­padece deles.


Reunião final em Jerusalém

12Naquele dia, o Senhor debulhará as espigas, desde o Eufrates à torrente do Egipto, e vós, filhos de Israel, sereis reco­lhidos um a um. 13Naquele dia, tocará a grande trombeta, e virão os dispersos da terra da Assíria e os fugitivos na terra do Egipto; adorarão o Senhor no monte santo de Jerusalém.

Capítulo 28

Destruição da Samaria

1Ai da Samaria, coroa so­ber­ba dos ébrios de Efraim! Ai da flor caduca, jóia do seu ata­vio, que está na cabeça de um fértil vale! 2Eis que vai chegar, por ordem do Senhor, um guerreiro forte e robusto, como uma saraivada de granizo e um torvelinho destruidor; como trombas de águas cauda­losas, transbordantes. 3Atira ao chão com as mãos e pisa com os pés a coroa soberba dos ébrios de Efraim, 4a flor caduca, jóia do seu atavio, que está na cabeça do fértil vale. Será como o figo temporão: mal alguém o vê, colhe-o e come-o. 5Virá o dia em que o Senhor do uni­verso será a coroa de glória e o diadema cintilante dos sobreviventes do seu povo: 6espírito de justiça para os que julgam no tribunal, e espírito de valentia para os que repelem o inimigo, diante das portas da cidade.


Contra os chefes religiosos de Judá

7Também os sacerdotes e os pro­fetas cambaleiam por causa do vinho e andam estonteados com as be­bidas alcoólicas. Cambaleiam por causa do álcool, andam atordoados por causa do vinho e estonteados com o licor. Vêem as coisas de modo confuso e não cuidam da sentença a pro­nunciar. 8As suas mesas estão todas cheias de vómitos, e não há sequer um lugar sem porcaria. 9Perguntam: «Quem julga ele que está a ensinar? A quem julga ele que dá a lição? A crianças recém-desmamadas? A bebés que acabaram de deixar o peito? 10Ele diz: «Tsav latsav, tsav latsav, kav lakav, kav lakav, menino aqui, menino ali!» 11Pois bem, é com uma lingua­gem balbuciante, com uma linguagem estranha que o Senhor falará a esse povo. 12Antes já lhes tinha dito: «Nisto con­siste o repouso: deixem descansar os fatigados; nisto consiste o descanso.» Mas eles não quiseram obedecer. 13Então o Senhor vai falar-lhes: «Tsav latsav, tsav latsav, kav lakav, kav lakav, menino aqui, menino ali!» E assim, ao andarem, caem de cos­tas, quebram os ossos e são apanha­dos na rede.


A pedra angular

14Escutai, pois, a palavra do Se­nhor, ó gente insolente, vós que dominais o povo de Jeru­salém. 15Vós dizeis: «Fizemos um pacto com a Morte, uma aliança com o Abismo e, por isso, o flagelo passará sem nos atingir, porque fizemos da mentira um abrigo e da fraude um refúgio.» 16Por isso, assim fala o Senhor Deus: Vou colocar em Sião uma pedra que vos ponha à prova. Será uma pedra preciosa, angu­lar, bem firme. Aquele que confiar nela não tro­peçará. 17Usarei o direito como cordel de medir e a justiça como nível. Mas a saraiva arrasará o vosso abrigo de mentira e as águas torrenciais levarão o vosso refúgio. 18O vosso pacto com a Morte será quebrado, a vossa convenção com o Abismo não subsistirá. Quando a catástrofe passar sereis esmagados por ela. 19Ela passará cada manhã, de dia e de noite, e sempre que ela passar vos enro­lará. O terror que ela espalha bastará para que aprendais a li­ção. 20Como diz o provérbio: «O leito é muito pequeno para alguém se deitar e o cobertor muito estreito para alguém se cobrir.» 21Pois o Senhor se levantará como no monte Perasim e despertará como no vale de Guibeon, para realizar a sua obra e para executar o seu trabalho; uma obra extraordinária e um tra­balho inaudito. 22Portanto, cessai de zombar, para que não se apertem ainda mais as vossas cadeias; porque eu ouvi a sentença de des­­truição, determinada por ordem do Senhor Deus do uni­verso, contra a vossa terra.


A sabedoria dos agricultores

23Escutai-me e prestai-me aten­ção! Ouvi atentamente o meu discurso: 24Porventura o lavrador nada mais faz do que arar e abrir regos na terra? 25Depois de ter aplanado a terra, não semeia a nigela e o cominho? Não semeia o trigo, o milho miú­do e a cevada e ainda o trigo duro nas bordas? 26É o seu Deus quem o instrui e o ensina como deve fazer. 27A nigela não se debulha com o trilho de ferro, nem as rodas do carro devem pas­sar sobre o cominho. A nigela deve ser sacudida com uma vara e o cominho com um pau. 28Quanto ao trigo, tem que ser de­bulhado, mas sem ser triturado em de­ma­sia. As rodas do carro passam por cima dele, mas sem o esmagar. 29Também este proceder vem do Senhor do universo, cujo conselho é admirável e gran­de a sua eficiência.

Capítulo 29

Cerco e libertação de Is­rael

1Ai de Ariel, ai de Ariel, a cidade que David sitiou! Juntai um ano a outro ano, gire o ciclo das festas. 2Virá o tempo em que cercarei Ariel, e então haverá prantos e ge­mi­dos, e tu serás para mim como Ariel. 3Sitiar-te-ei como te sitiou David, cercar-te-ei de trincheiras e levantarei baluartes contra ti. 4Humilhada, falarás das profun­de­zas da terra; as tuas palavras mal se ouvirão porque virão do pó, serão como voz de fantasma pro­veniente do solo; a tua palavra sussurrará do pó. 5A multidão dos teus inimigos será como uma nuvem de poeira; e como uma nuvem de flocos de palha a multidão dos teus opressores. Mas, de repente, de improviso, 6será auxiliada pelo Senhor do uni­­verso, por meio de fortes trovões, tre­mo­­res de terra e estrondos, com furacões, vendavais e cha­mas devoradoras. 7Como se dissipa um pesadelo e uma visão nocturna, assim desaparecerá a multidão das nações que atacam Ariel: as suas trincheiras, os seus ba­luartes, os seus sitiadores. 8Como o esfomeado sonha que come e desperta com o estômago vazio; como o ressequido sonha que bebe e acorda de garganta seca, isso mesmo sucederá à multidão das nações que atacam o monte Sião. 9Pasmai, ficai espantados, ficai cegos, deixai de ver. Embriagai-vos, mas não de vinho, cambaleai, mas não de álcool. 10É o Senhor que vos mergulha num estado de sonolência: fechará os vossos olhos, ó profetas! E cobrirá as vossas cabeças, ó vi­dentes! 11Qualquer visão será para vós como um livro selado. Quando o dão a um que sabe ler, pedindo-lhe: «Por favor, lê isto», ele responde: «Não posso. O livro está selado.» 12Se o dão a um que não sabe ler, pedindo-lhe: «Por favor, lê isto»; ele responde: «Não sei ler.»


Formalismo religioso

13O Senhor disse: «Este povo aproxima-se de mim só com palavras e honra-me só com os lábios, pois o seu coração está longe de mim e o culto que me presta é apenas preceito humano e rotineiro. 14Por isso, continuarei a usar com este povo de prodígios grandiosos. Fracassará a sabedoria dos seus sábios, e será confundida a prudência dos seus prudentes.»


Contra os maus conselheiros

15Ai dos que se ocultam do Senhor para esconderem os seus planos. Fazem as suas obras no meio das trevas e dizem: «Quem nos vê? Quem vai saber disto?» 16Que perversidade a vossa! Como se o barro fosse igual ao oleiro! Como se o objecto dissesse ao que o fabricou: «Não foste tu que me fizeste!»; ou o vaso ao oleiro: «Não enten­des nada disto!»


O povo escolhido voltará a Deus

17Dentro de muito pouco tempo, o Líbano converter-se-á em po­mar, e o pomar será como uma floresta. 18Nesse dia, os surdos ouvirão as pa­lavras do livro, e, livres da obscuridade e das tre­vas, os olhos dos cegos verão. 19Os oprimidos voltarão a alegrar-se no Senhor, e os pobres exultarão no Santo de Israel. 20Foi eliminado o tirano e desa­pa­receu o cínico, e todos os que buscam a iniqui­dade serão exterminados: 21os que acusam de crime os ino­centes, os que procuram enganar o juiz, os que por uma coisa de nada co­n­denam os outros. 22Por isso, o Senhor fala aos des­cendentes de Jacob, Ele que resgatou Abraão: «Daqui em diante, Jacob não será mais envergonhado, o seu rosto não mais ficará co­rado. 23Quando os seus filhos virem o que Eu fiz por eles, bendirão o meu nome, bendirão o Santo de Jacob e temerão o Deus de Israel. 24Os espíritos desencaminhados com­­preenderão, e os que protestavam, aprende­rão a lição.»

Capítulo 30

Contra a aliança com o Egi­pto (19,1-15; 31,1-3)

1O Senhor declara: «Ai de vós, filhos rebeldes, que fazeis projectos sem contar comigo, que estabeleceis alianças contrá­rias ao meu espírito, acumulando, assim, pecados sobre pecados! 2Tomais o caminho do Egipto sem me consultar; ides pedir protecção ao Faraó e abrigo à sombra do Egipto. 3Mas a protecção do Faraó será a vossa vergonha, e o abrigo do Egipto será a vossa humilhação. 4Quando os vossos chefes estive­rem em Soan, e os vossos embaixadores che­ga­rem a Hanés, 5todos se envergonharão deste povo inútil, que não vos pode auxiliar nem so­­­correr; nada mais será do que motivo de vergonha e de afronta!»


Contra a embaixada do Egipto

6Oráculo contra a Besta do Sul: «Por terra deserta e temível, de leões e leoas a rugir, de víboras e áspides voadoras, conduzem as suas riquezas sobre o dorso dos jumentos, e seus tesouros sobre o dorso dos camelos, para um povo que de nada lhes serve. 7Irão para o Egipto cujo socorro é vão e nulo. Por isso, Eu chamo-lhe: ‘Monstro que nada pode.’»


Testamento de Isaías (8,16-20) 8Agora, pois, vai e escreve isto so­bre uma tabuazinha, grava-o num documento, que sirva para o futuro como tes­temunho perpétuo: 9«É um povo rebelde, são filhos men­­tirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor.» 10Dizem aos videntes: «Deixem-se de visões!» E aos profetas: «Deixem-se de anun­­ciar verdades! Dizei-nos, antes, coisas agradá­veis, profetizai-nos ilusões! 11Afastai-vos do caminho recto, retirai-vos da boa direcção, deixai de colocar diante dos nos­sos olhos o Santo de Israel!» 12Por isso, diz o Santo de Israel: «Visto que rejeitais esta palavra, confiais na opressão e na perversidade e nelas vos apoiais, 13este pecado será para vós como uma fenda numa alta mu­ralha. Aparece a saliência e, de repente, num instante, tudo se desmorona. 14A muralha quebra-se como a va­si­lha de barro, é feita em cacos, sem piedade, de modo que dos destroços não fica sequer um caco para apanhar uma brasa do bra­seiro, ou para tirar uma gota de água da cisterna.» 15Vede o que diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: «A vossa salvação está na con­ver­são e em terdes calma; a vossa força está em terdes con­fiança e em permanecerdes tranquilos.» Mas não quisestes. 16Dissestes: «Não; fugiremos a cavalo!» – Pois bem, fugireis. «Correremos a galope!» – Pois bem, serão mais velozes os vossos perseguidores. 17Fugirão mil perante a ameaça de um, fugireis todos perante a ameaça de cinco, até que fiqueis como um mastro abandonado no cimo de um monte, ou como um estandarte numa co­lina.


Conversão do povo

18Mas o Senhor espera para se apie­dar de vós, aguenta para se compadecer de vós; porque o Senhor é um Deus justo, e ditosos os que nele esperam. 19Povo de Sião, que habitas em Je­rusalém, já não chorarás mais, porque o Senhor terá piedade de ti quando ouvir a tua súplica, e, mal te ouça, logo te respon­derá. 20Embora o Senhor te dê o pão da angústia e a água da tribulação, já não se esconderá mais o teu mestre. Tu o verás com os teus próprios olhos. 21Ouvirás atrás de ti esta pala­vra, quando tiveres de caminhar para a direita ou para a esquerda: «Este é o caminho a seguir.» 22Terás como impuros os teus ído­los prateados e as tuas estátuas cobertas de ouro. Lançá-los-ás fora como coisa imun­­da, dizendo: «Fora daqui!» 23Então o Senhor te enviará as chuvas para a sementeira que semeares na terra, e o pão que a terra produzir será nutritivo e saboroso. Naquele dia, o teu gado pastará em amplas pastagens. 24Os bois e os jumentos que lavra­rem a terra comerão uma forragem salgada, remexida com a pá e a forquilha. 25No dia da grande mortandade, em que desabarão as fortalezas, haverá torrentes de água abun­dante em todas as montanhas e coli­nas. 26No dia em que o Senhor curar a ferida do seu povo, e tratar da chaga que lhe foi in­fligida, a Lua refulgirá como um Sol, e o Sol brilhará sete vezes mais.


Castigo dos assírios (Hab 3)

27Vede! É o Senhor em pessoa que vem de longe, a sua cólera é ardente como fogo espesso, os seus lábios estão cheios de fu­ror, e a sua língua é um fogo abrasa­dor. 28O seu sopro é uma torrente trans­­bordante que sobe até ao pescoço. Vai crivar as nações com o crivo do extermínio e pôr um freio de engano nas man­díbulas dos povos. 29Vós, porém, entoareis um cântico como na noite sagrada de festa. Haverá alegria no vosso coração, semelhante à do que caminha ao som da flauta, enquanto ides ao monte do Se­nhor, à Rocha de Israel. 30O Senhor fará ouvir a majestade da sua voz, mostrará o seu braço ameaçador, no ardor da sua cólera e no fogo devorador, na tempestade e nas tormentas de granizo. 31À voz do Senhor, a Assíria tre­merá, castigada pelos seus golpes. 32Cada golpe da vara de castigo, que o Senhor lhe infligir, será ao som de tambores, cítaras e danças. 33Também em Tofet está prepa­rada, desde há muito, uma cova profunda e espaçosa, com pira de lenha abundante, e o sopro do Senhor, como torrente de enxofre, acendê-la-á.

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