Capítulo 31
Contra o Faraó. Alegoria do cedro (Is 14,4-23; Dn 4) – 1No terceiro mês do décimo primeiro ano, no primeiro dia do mês, foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:
2«Filho de homem, diz ao faraó, rei do Egipto,
e ao seu numeroso povo:
‘A que te hei-de comparar na tua grandeza?
3És como um cedro do Líbano,
de belas ramagens, de folhagem espessa,
de tronco alto, cuja copa se eleva até às nuvens.
4As águas fizeram-no crescer;
o abismo fê-lo subir,
fazendo correr as suas ondas em volta do lugar onde estava plantado
e dirigindo os seus regatos
a todas as árvores do campo.
5Por isso, o seu tronco se elevava
mais do que todas as árvores do campo;
os ramos multiplicavam-se,
a ramagem desenvolvia-se,
graças à abundância das águas
que o tinham feito crescer.
6Nos seus ramos faziam ninho
todas as aves do céu;
sob as suas ramagens se abrigavam
todos os animais do campo;
à sua sombra se sentavam
povos de todas as raças.
7Era belo na sua grandeza,
na extensão dos seus ramos;
porque as raízes mergulhavam em águas abundantes.
8Nenhum cedro do jardim de Deus rivalizava com ele,
os ciprestes não se assemelhavam aos seus ramos,
e os plátanos não igualavam as suas ramagens.
Nenhuma árvore no jardim de Deus
se lhe comparava em beleza.
9Porque o fiz belo,
com uma copa frondosa,
invejavam-no todas as árvores do Éden,
que estavam no jardim de Deus.’
10Por isso, eis o que diz o Senhor Deus: Porque foi tão orgulhoso da sua altura e fez tocar o cimo nas nuvens do céu, e porque o coração se ensoberbeceu por causa da sua altura, 11por isso, Eu entreguei-o nas mãos do príncipe das nações, para que ele o trate segundo a sua malícia; Eu o destruirei.
12Os estrangeiros, as nações mais bárbaras cortaram-no e lançaram-no por terra. Os seus ramos caíram pelas montanhas e pelos vales; os seus rebentos partidos juncaram todas as ravinas do país; todos os povos da terra deixaram a sua sombra e abandonaram-no. 13Sobre os seus destroços pousaram as aves do céu; entre os seus ramos meteram-se todos os animais selvagens.
14Tudo isto para que nenhuma árvore que cresce à beira das águas se eleve no seu orgulho; para que nenhuma faça tocar a copa nas nuvens; e para que nenhuma bem irrigada pelas águas se fie na sua altura. Pois que todas estão votadas à morte, descerão às profundezas da terra, em companhia do comum dos mortais, que descem à cova.
15Por isso, diz o Senhor Deus: No dia em que o cedro desceu ao mundo dos mortos, ordenei o luto, fechei sobre ele o Abismo, fiz parar os rios, e as suas águas abundantes estacaram. Por causa dele, o Líbano encheu-se de tristeza, e todas as árvores do campo definharam por causa dele. 16Ao ruído da sua queda, fiz estremecer as nações, quando o precipitei no mundo dos mortos, juntamente com os que descem à sepultura. Nas regiões subterrâneas foram consoladas todas as árvores do Éden, as mais belas e magníficas árvores do Líbano, todas aquelas que são irrigadas pelas águas. 17E com ele também desceram à morada dos mortos, para junto daqueles que tombaram ao fio da espada, os que eram o seu braço e se mantinham à sua sombra, entre as nações.
18Quem te igualava em glória e em grandeza entre as árvores do Éden? E, apesar disso, foste precipitado nas regiões subterrâneas, juntamente com as árvores do Éden. Eis que jazes no meio dos incircuncisos com os que tombaram ao fio da espada. Esse é o destino do Faraó e do seu numeroso povo» – oráculo do Senhor Deus.
Capítulo 32
Lamentação pelo Faraó – 1No décimo segundo ano, no primeiro dia do décimo segundo mês, foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: 2«Filho de homem, pronuncia sobre o faraó, rei do Egipto, uma lamentação. Dir-lhe-ás:
‘Parecias um leãozinho entre as nações.
Eras como o crocodilo dos mares.
Lançavas-te nos rios, com as tuas patas
agitavas as águas e turvavas a corrente.
3Assim fala o Senhor Deus:
Lançarei sobre ti a minha rede,
perante grande multidão de povos;
eles te recolherão na minha rede.
4Arremessar-te-ei à terra;
lançar-te-ei sobre a superfície dos campos,
farei pousar sobre ti todas as aves do céu
e saciarei com a tua carne todos os animais da terra.
5Abandonarei o teu cadáver nos montes,
encherei os vales com os teus restos mortais.
6 Derramarei o teu sangue
até que ele corra pelas montanhas
e encha as ravinas.
7Quando te apagares,
encobrirei os céus e obscurecerei as estrelas,
cobrirei de nuvens o céu,
e a Lua deixará de brilhar.
8Por causa de ti,
obscurecerei todos os astros dos céus
e sobre a terra espalharei as trevas’ – oráculo do Senhor Deus.
9Mergulharei na dor o coração de muitos povos, espalhando os teus cativos por entre as nações, por países que tu desconheces. 10Com o teu exemplo, encherei de espanto muitos povos, cujos reis estremecerão de terror, quando diante deles brandir a minha espada; tremerão incessantemente cada um por sua vida, no dia da tua ruína. 11Eis o que diz o Senhor Deus:
‘A espada do rei da Babilónia há-de atingir-te.
12Pela espada de homens poderosos
farei tombar todo o teu povo;
os mais bárbaros entre os homens
esmagarão o orgulho do Egipto;
toda a sua população será aniquilada.
13Exterminarei todos os teus rebanhos,
à beira dos grandes rios,
cujas águas jamais serão turvadas
por qualquer pé de homem ou animal.
14Então, acalmarei as suas águas,
farei correr os seus rios como azeite’
–oráculo do Senhor Deus.
15Quando tiver feito do Egipto um deserto, quando for despojado de tudo o que contém, quando tiver castigado os seus habitantes, saberão que Eu sou o Senhor.
16Tal é a lamentação que cantarão as filhas das nações. Elas a recitarão sobre o Egipto e sobre a sua população» – oráculo do Senhor Deus.
O Faraó na morada dos mortos 17No décimo segundo ano, no décimo quinto dia do mês, foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:
18«Filho de homem, lamenta a multidão dos habitantes do Egipto e precipita-os a eles e às filhas das nações poderosas nas profundezas da terra, juntamente com os que descem à sepultura: 19‘Desce e deita-te com os incircuncisos, trespassados pela espada.’ 20Eles tombarão no meio dos que morrem ao fio da espada, e toda a sua força desaparecerá.
21Os heróis famosos, com os seus aliados, dirigir-lhe-ão a palavra, do fundo do abismo da terra: ‘Quem te ultrapassa em beleza?’ 22É lá que se encontra a Assíria com toda a sua gente de guerra à volta do seu túmulo, todos degolados, tombados ao fio da espada. 23As suas sepulturas estão no mais profundo da cova; o seu exército está à volta da sua sepultura, todos mortos, caídos ao fio da espada, eles que espalhavam o terror na terra dos vivos.
24Eis Elam e suas tropas à volta do seu túmulo; todos mortos, caídos ao fio da espada, desceram incircuncisos aos reinos subterrâneos, eles que espalhavam o terror entre os vivos; levaram a sua ignomínia com os que descem à cova. 25No meio destes mortos foi-lhe preparado um leito, com todas as tropas à volta do seu túmulo, todos incircuncisos, tombados ao fio da espada, eles que espalhavam o terror na terra dos vivos; levaram a sua ignomínia com os que descem à cova. Foram abandonados entre os mortos.
26Eis Méchec, Tubal e todas as suas tropas à volta do seu túmulo, todos incircuncisos, mortos ao fio da espada por terem espalhado o terror na terra dos vivos. 27Não dormirão com os heróis aqueles que tombaram entre os incircuncisos e desceram ao abismo dos mortos com as suas armas de guerra; as suas espadas caíram sobre as suas próprias cabeças e as suas culpas voltaram-se contra os seus ossos, porque eles eram o terror dos heróis na terra dos vivos. 28Mas tu dormirás entre os incircuncisos, entre aqueles que tombaram ao fio da espada.
29Eis Edom, os seus reis e príncipes que, apesar da sua valentia, foram colocados entre aqueles que tombaram ao fio da espada; eles repousam entre os incircuncisos, entre aqueles que desceram à cova. 30Eis todos os príncipes do Norte e todos os de Sídon que desceram para junto dos mortos, apesar do terror que inspirava a sua valentia; eles repousam, incircuncisos, ao lado dos que tombaram ao fio da espada e levaram a sua ignomínia para junto dos que desceram à cova. 31O Faraó consolar-se-á, ao vê-los a todos, os seus mortos, tombados ao fio da espada e seu exército – oráculo do Senhor Deus. 32Apesar de ter espalhado o terror na terra dos vivos, ei-lo que jaz entre os incircuncisos, entre os que tombaram ao fio da espada: o Faraó e toda a sua gente» – oráculo do Senhor Deus.
Capítulo 33
Exortações e advertências (3; 18) – 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 2«Filho de homem, fala aos filhos do teu povo e diz-lhes: Quando Eu faço vir a espada sobre um país, as gentes deste país escolhem de entre eles um homem e põem-no de sentinela. 3Se este homem vê chegar a espada sobre o país, toca a trombeta e adverte o povo; 4e se aquele que ouve a trombeta não presta atenção e a espada o surpreende, é responsável pela sua própria morte. 5Ele ouviu o som da trombeta, mas não prestou atenção, é responsável pela sua própria morte, pois se tivesse prestado atenção, salvaria a sua vida. 6Se a sentinela, pelo contrário, vir chegar a espada e não tocar a trombeta; se o povo não foi advertido e a espada vem tirar a vida a alguém, este morrerá por causa da sua iniquidade; e Eu pedirei contas do seu sangue à sentinela.
7A ti, filho de homem, Eu constituí-te sentinela da casa de Israel. Deves ouvir a palavra que sai da minha boca e adverti-los, da minha parte. 8Se Eu digo ao ímpio que vai morrer e tu não lhe falas para o pôr de sobreaviso contra a sua má conduta, ele perecerá em razão do próprio pecado; mas é a ti que Eu pedirei contas do seu sangue. 9Mas, se advertes o pecador para o afastar do mau caminho e ele não se converte, ele morrerá na sua iniquidade; mas tu salvarás a tua vida.»
Cada um será castigado pelos seus pecados (18,21-32) – 10«Filho de homem, diz aos israelitas: Vós dizeis: ‘Os nossos pecados e as nossas faltas pesam sobre nós e é por causa deles que morremos. Como poderemos nós viver?’ 11Diz-lhes isto: ‘Por minha vida – oráculo do Senhor Deus – não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim na sua conversão, a fim de que tenha a vida. Convertei-vos! Afastai-vos desse mau caminho que seguis; porque persistis em querer morrer, casa de Israel?’
12Filho de homem, diz aos filhos do teu povo: No dia em que o justo se tornar infiel, a justiça dele não o salvará; do mesmo modo que a malícia do pecador não o fará sucumbir, se um dia renunciar à sua perversidade. O justo, desde que tenha pecado, não poderá viver pela sua justiça. 13Quando digo ao justo: ‘Tu viverás’, mas ele, confiando na sua justiça, pratica o mal, não será recordada a sua justiça, mas morrerá por causa da iniquidade que fez. 14Quando digo ao pecador: ‘Tu morrerás’, e ele se afasta dos seus pecados e pratica o direito e a justiça; 15se ele restitui o penhor que lhe foi confiado, se devolve o que roubou, se observa as leis que dão a vida, e se se abstém de todo o mal, viverá e será preservado da morte. 16Serão esquecidos todos os pecados que cometeu: se observar o direito e a justiça, viverá.
17Os filhos do teu povo dizem: ‘O modo de proceder do Senhor não é justo.’ Mas o vosso modo de agir é que não é justo. 18Quando o justo se afasta da justiça, para praticar o mal, ele morre por causa disso. 19Mas se o pecador se converte dos seus pecados e pratica o direito e a justiça, ele viverá por esse motivo.
20E vós dizeis ainda: ‘O modo de proceder do Senhor não é justo!’ Pois Eu vos julgarei, a cada um segundo a sua conduta, casa de Israel.»
Queda de Jerusalém – 21No décimo segundo ano do nosso cativeiro, no dia cinco do décimo mês, um homem que tinha escapado de Jerusalém veio até junto de mim e anunciou: «A cidade foi conquistada!»
22Ora, a mão do Senhor estivera sobre mim, na tarde que antecedeu a vinda do fugitivo; Ele abriu-me a boca, antes que o fugitivo chegasse junto de mim, de manhã; a minha boca abriu-se e, desde então, deixei de estar mudo.
Devastação do país – 23Então foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: 24«Filho de homem, os que habitam no meio destas ruínas, no país de Israel dizem: ‘Abraão estava só e recebeu o país em herança. Com maior razão, a nós que somos numerosos, nos será dada a terra como património.’ 25Por isso, diz-lhes: Assim fala o Senhor Deus: Vós comeis os vossos alimentos com sangue, levantais os vossos olhos para os ídolos e espalhais o sangue. Como é que tereis a posse do país? 26Vós apoiais-vos na vossa espada, cometeis acções abomináveis, cada um desonra a mulher do seu próximo. Como é que tereis a posse do país?
27Dir-lhes-ás isto: Assim fala o Senhor Deus: ‘Pela minha vida, os que se encontram no meio das ruínas, tombarão ao fio da espada; os que se encontram nos campos, entregá-los-ei aos animais, para que os devorem; e os que se encontram nas fortalezas e nas cavernas perecerão de peste. 28Reduzirei o país à solidão e farei dele um deserto; o orgulho da sua força chegará ao seu termo. As montanhas de Israel serão arrasadas e ninguém por elas passará.’ 29Então, saberão que Eu sou o Senhor, quando reduzir o país à solidão e fizer dele um deserto, por causa de todos os seus pecados abomináveis.»
Resultado da pregação – 30«E tu, filho de homem, fica sabendo que os filhos do teu povo te criticam, ao longo das paredes e às portas das casas. Dizem uns aos outros: ‘Vinde ouvir a palavra que vem da parte do Senhor.’ 31Depois, acorrem em multidão a tua casa, sentam-se diante de ti, escutam o que dizes, mas não o põem em prática. Não fazem senão o que lhes agrada e não procuram senão o seu proveito. 32És para eles como um trovador dotado de bela voz e que toca bem a sua cítara. Ouvem as tuas palavras, mas não as põem em prática. 33Porém, quando tudo isto se realizar – e eis que já está a acontecer – reconhecerão que havia um profeta entre eles.»
Capítulo 34
O pastor e o rebanho (Sl 23;Jr 23,1-8;Jo 10,1-21) – 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: 2«Filho de homem, profetiza contra os pastores de Israel, profetiza e diz a esses pastores:
Assim fala o Senhor Deus: ‘Ai dos pastores de Israel, que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar o rebanho? 3Vós, porém, bebestes o leite, vestistes-vos com a sua lã, matastes as rezes mais gordas e não apascentastes as ovelhas. 4Não tratastes das que eram fracas, não cuidastes da que estava doente, não curastes a que estava ferida; não reconduzistes a transviada; não procurastes a que se tinha perdido; mas a todas tratastes com violência e dureza.
5Por isso, à falta de pastor, elas dispersaram-se e, na sua debandada, tornaram-se a presa de todos os animais dos campos. 6As minhas ovelhas vagueiam por toda a parte, pelas montanhas e pelas colinas elevadas; o meu rebanho anda disperso por toda a superfície do país; ninguém se preocupa nem as vai procurar.’
7Por isso, pastores, ouvi a palavra do Senhor: 8‘Pela minha vida – oráculo do Senhor Deus – porque as minhas ovelhas ficaram entregues à pilhagem e se tornaram a presa de todos os animais dos campos, por falta de pastor; porque os meus pastores não se preocupam com o meu rebanho; porque eles se apascentam a si mesmos e não apascentam o meu rebanho’. 9Por isso, pastores, ouvi a palavra do Senhor. 10Assim fala o Senhor Deus: ‘Aqui estou Eu contra os pastores! Vou tirar as minhas ovelhas das suas mãos e não permitirei que apascentem mais as minhas ovelhas; e eles não se apascentarão mais a si mesmos. Da sua boca arrancarei as minhas ovelhas, e elas nunca mais serão uma presa para eles.’»
O Senhor é o Bom Pastor – 11Porque assim fala o Senhor Deus: «Eis que Eu mesmo cuidarei das minhas ovelhas e me interessarei por elas. 12Como o pastor se preocupa com o seu rebanho, quando se encontra entre as ovelhas dispersas, assim me preocuparei Eu com o meu. Reconduzi-lo-ei de todas as partes por onde tenha sido disperso, num dia de nuvens e de trevas. 13Arrancá-los-ei de entre os povos e os reunirei dos vários países, a fim de os reconduzir à sua própria terra e os apascentar nos montes de Israel, nos vales e em todos os lugares habitados da região.
14Eu os apascentarei em boas pastagens; o seu pasto será nas montanhas elevadas de Israel; estarão tranquilas em bons pastos; comerão em férteis prados, nos montes de Israel. 15Sou Eu que apascentarei as minhas ovelhas, sou Eu quem as fará descansar – oráculo do Senhor Deus. 16Procurarei aquela que se tinha perdido, reconduzirei a que se tinha tresmalhado; cuidarei a que está ferida e tratarei da que está doente. Vigiarei sobre a que está gorda e forte. A todas apascentarei com justiça.»
Separação entre as ovelhas – 17«Quanto a vós, minhas ovelhas, assim fala o Senhor Deus: Eis que vou julgar entre ovelhas e ovelhas – entre carneiros e bodes. 18Não era bastante alimentar-vos numa boa pastagem, para que calqueis ainda aos pés o resto do prado? Parece-vos pouco beber água límpida, para irdes turvar ainda o resto com os vossos pés? 19E as minhas ovelhas devem pastar o que pisastes com os pés e beber o que os vossos pés turvaram?»
20Por isso, assim fala o Senhor Deus: «Eis que julgarei entre a ovelha gorda e a ovelha magra. 21Porque feristes com o flanco e com as espáduas, e investistes com os chifres contra todas as ovelhas fracas até as atirar para fora, 22Eu virei em socorro das minhas ovelhas, para que elas sejam poupadas à pilhagem; vou julgar entre ovelhas e ovelhas.»
David, único pastor – 23«Estabelecerei sobre elas um único pastor, que as apascentará, o meu servo David; será ele que as levará a pastar e lhes servirá de pastor. 24Eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o meu servo David será um príncipe no meio delas. Fui Eu, o Senhor, que o disse. 25Com ele farei uma aliança de paz; eliminarei de Israel as feras; habitarão com segurança no deserto e dormirão no meio das florestas. 26Conduzi-los-ei para as imediações da minha colina e farei cair a chuva no devido tempo: será uma chuva de bênção. 27As árvores dos campos darão o seu fruto, e a terra os seus produtos. Eles habitarão com segurança no seu país. E saberão que Eu sou o Senhor, quando tiver quebrado as cadeias do seu jugo e os tiver libertado da mão dos que os oprimiam.
28Nunca mais serão expostos à pilhagem das nações, nem as feras da terra os devorarão: habitarão com segurança e ninguém os perturbará mais. 29Farei crescer para eles uma vegetação viçosa; não serão consumidos pela fome e nunca mais terão de suportar os insultos das nações.
30Então, reconhecerão que Eu, o Senhor, o seu Deus, estou com eles, e que eles, a casa de Israel, são o meu povo – diz o Senhor Deus. 31E vós, minhas ovelhas, sois o rebanho que Eu apascento. Eu sou o vosso Deus» – oráculo do Senhor Deus.
Capítulo 35
Oráculo contra Seir-Edom (25,12-14; Abd) – 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 2«Filho de homem, volta o rosto contra a montanha de Seir e profetiza contra ela. 3Dir-lhe-ás: Assim fala o Senhor Deus:
‘Eis que Eu me declaro contra ti,
montanha de Seir.
Estendo a minha mão contra ti
e reduzo-te a solidão e deserto.
4Reduzirei a ruínas as tuas cidades
e tu tornar-te-ás solidão.
Então, reconhecerás que Eu sou o Senhor.’
5Tu alimentaste um ódio eterno contra os israelitas e os entregaste ao fio da espada, no dia da sua calamidade e no auge da sua aflição. 6Por isso, pela minha vida – oráculo do Senhor Deus – Eu entregar-te-ei ao sangue, e o sangue te há-de perseguir. Visto que não tens horror de derramares o sangue, o sangue te perseguirá.
7Transformarei a montanha de Seir em solidão e deserto e exterminarei todos os que percorrem o país. 8Cobrirei de cadáveres os teus montes; sobre as tuas colinas, nos teus vales e em todas as tuas ravinas cairão os que tombarem ao fio da espada. 9Reduzir-te-ei a uma solidão eterna e as tuas cidades serão despovoadas. Assim, saberás que Eu sou o Senhor.
10Porque disseste: ‘Os dois povos e os dois países serão meus; tomarei posse deles, ainda que o Senhor aí resida’; 11por isso, pela minha vida –oráculo do Senhor Deus – Eu agirei; tratar-te-ei com o mesmo furor e com a mesma cólera com que tu te manifestaste no teu ódio contra eles, e Eu me farei conhecer, quando te julgar. 12Saberás que Eu, o Senhor, ouvi todas as blasfémias que proferiste contra as montanhas de Israel, quando dizias: ‘Elas estão devastadas, elas foram-nos entregues, para serem arrasadas.’ 13Injuriaste-me com uma série de ditos insolentes contra mim; Eu ouvi tudo isso.
14Pois, isto diz o Senhor Deus: Quando todo o país estiver em alegria, Eu te mudarei em solidão. 15Porque te alegraste com a devastação da casa de Israel, por isso Eu te tratarei do mesmo modo. Tornar-te-ás um deserto, montanha de Seir, tu e todo o Edom. Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor.»
Capítulo 36
Restauração de Israel – 1E tu, filho de homem, profetiza sobre os montes de Israel e diz:
«Montes de Israel, ouvi a palavra do Senhor. 2Assim fala o Senhor Deus: Porque o inimigo gritou contra vós: ‘Ah! Ah! Estas colinas antigas tornaram-se propriedade nossa!’ 3Por isso, profetiza e diz: Assim fala o Senhor Deus: Porque fostes devastadas e tomadas pelas outras nações, e porque fostes objecto de maledicência e calúnias dos povos, 4por isso, montes de Israel, escutai o que diz o Senhor Deus: Eis o que diz o Senhor Deus às montanhas, às colinas, às ravinas, aos vales, às ruínas desoladas, às cidades abandonadas, que foram entregues à pilhagem e ao escárnio das nações vizinhas. 5Por causa de tudo isto, assim fala o Senhor Deus: Eu juro no ardor da minha cólera; dirijo-me ao resto das nações e a todo o Edom, porque, na alegria do coração e com o maior desprezo, se apoderaram da minha terra, para a entregar à pilhagem.
6Por isso, profetiza sobre o país de Israel, diz aos montes, às colinas e às ravinas e aos vales: Assim fala o Senhor Deus: Eis que é no ímpeto do meu furor que falo, porque vós carregastes a injúria das nações. 7Por isso, assim fala o Senhor Deus: Levanto a minha mão e juro que são as nações que vos cercam que hão-de carregar os seus próprios insultos. 8E vós, montes de Israel, fareis crescer os vossos ramos e dareis os vossos frutos para o meu povo de Israel, pois está próximo o seu regresso. 9Porque eis que venho até vós e me volto para vós, para que sejais cultivados e semeados.
10Multiplicarei no vosso solo os habitantes em toda a casa de Israel, as cidades serão habitadas e as ruínas reconstruídas. 11Multiplicarei sobre o vosso solo os habitantes e os animais: serão numerosos e se propagarão; quero que sejais habitados como outrora, e Eu vos tornarei mais prósperos do que nunca. Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor. 12Farei que os homens caminhem sobre o vosso solo, ó meu povo de Israel. Serás a sua herança e a sua propriedade e não mais os privarás dos seus filhos.
13Assim fala o Senhor Deus: Porque vos disseram: ‘Tu és uma devoradora de homens, tu privaste a tua nação dos teus filhos’, 14por isso, não devorarás mais homens e não privarás a tua nação dos seus filhos – oráculo do Senhor Deus. 15Farei com que nunca mais ouças as injúrias das nações e não sofras mais a injúria dos povos; tu não privarás mais a tua nação dos seus filhos» – oráculo do Senhor Deus.
Purificação do povo – 16Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:
17«Filho de homem, quando os israelitas habitavam no seu território, mancharam-se com a sua conduta e com os próprios actos; o seu comportamento era, a meus olhos, como a menstruação da mulher.
18Então, desencadeei o meu furor contra eles, por causa do sangue que haviam derramado no país e dos ídolos com que o profanaram. 19Dispersei-os entre as nações e distribuí-os pelos países estrangeiros; julguei-os segundo o seu comportamento e os seus actos.
20Entre os povos por onde se dispersaram, profanaram o meu santo nome, pelo que se dizia deles: ‘É o povo do Senhor; saíram do seu país.’ 21Então Eu quis salvar a honra do meu santo nome, que os israelitas tinham profanado entre as nações, para onde haviam ido.
22Por isso, fala à casa de Israel: Assim fala o Senhor Deus: Não é por causa de vós que faço isto, ó casa de Israel, mas por causa do meu santo nome, que vós profanastes entre as nações para onde fostes. 23Quero santificar o meu santo nome, que vós aviltastes, profanastes entre as nações, para que eles saibam que Eu sou o Senhor – oráculo do Senhor Deus – quando a seus olhos for santificado por vós.
24Eu vos retirarei de entre as nações, recolher-vos-ei de todos os países e vos reconduzirei à vossa terra. 25Derramarei sobre vós uma água pura e sereis purificados; Eu vos purificarei de todas as manchas e de todos os pecados. 26Dar-vos-ei um coração novo e introduzirei em vós um espírito novo: arrancarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um coração de carne. 27Dentro de vós porei o meu espírito, fazendo com que sigais as minhas leis e obedeçais e pratiqueis os meus preceitos.
28Habitareis no país que dei a vossos pais; sereis o meu povo e Eu serei o vosso Deus. 29Libertar-vos-ei de todas as manchas; farei crescer o trigo e o multiplicarei, e nunca mais vos enviarei a fome. 30Multiplicarei os frutos das árvores e os produtos dos campos, a fim de que nunca mais tenhais que suportar a vergonha da fome, entre as nações.
31Então, vos lembrareis da vossa má conduta e das vossas obras, que não eram boas; sentireis repugnância por causa das vossas iniquidades e dos vossos pecados. 32Ficai a saber que não é por causa de vós que Eu faço isto – oráculo do Senhor Deus. Tende vergonha e corai da vossa conduta, ó israelitas.
33Assim fala o Senhor Deus: No dia em que vos purificar de todas as vossas iniquidades, repovoarei as cidades, e as ruínas serão reedificadas. 34A terra inculta será cultivada, quando antes era espectáculo de desolação aos olhos dos que passavam. 35Estes dirão: ‘Esta terra que se encontrava devastada tornou-se um jardim do Éden; e estas cidades em ruínas, desertas e assoladas, estão agora restauradas e repovoadas.’
36Então, os povos que estão à vossa volta reconhecerão, que Eu, o Senhor, reconstruí o que estava em ruína e plantei o que estava devastado. Eu, o Senhor, o disse e o farei.
37Assim fala o Senhor Deus: Ainda nisto me deixarei enternecer e realizarei um pedido da casa de Israel: multiplicarei os seus habitantes como um rebanho. 38Como um rebanho de animais consagrados, como o rebanho reunido em Jerusalém, durante as solenidades. É assim que as vossas cidades em ruínas se encherão de um rebanho humano. E saberão que Eu sou o Senhor.»
Capítulo 37
Visão dos ossos ressequidos (Is 26,14-19;1 Cor 15) – 1A mão do Senhor desceu sobre mim; então, conduziu-me em espírito e colocou-me no meio de um vale que estava cheio de ossos. 2Fez-me passar junto deles, à sua volta, e eis que eles eram muitos sobre o solo do vale; e estavam completamente ressequidos.
3O Senhor disse-me: «Filho de homem, estes ossos poderão voltar à vida?» Eu respondi: «Senhor Deus, só Tu o sabes.» 4Ele disse-me: «Profetiza sobre estes ossos e diz-lhes: Ossos ressequidos, ouvi a palavra do Senhor. 5Assim fala o Senhor Deus a estes ossos: Eis que vou introduzir em vós o sopro da vida para que revivais. 6Dar-vos-ei nervos, farei crescer a carne, que revestirei de pele e depois dar-vos-ei o sopro da vida, para que revivais. Assim, sabereis que Eu sou o Senhor.»
7Profetizei, segundo a ordem recebida. E aconteceu que, enquanto eu profetizava, ouviu-se um ruído, depois um tumulto ensurdecedor; entretanto, os ossos iam-se juntando uns aos outros. 8Olhei, e eis que se formavam nervos, a carne crescia, e a pele cobria-os por cima; mas neles não havia espírito.
9Então, Ele disse-me: «Profetiza! Profetiza, filho de homem, e diz ao espírito: Assim fala o Senhor Deus: ‘Espírito, vem dos quatro ventos, sopra sobre estes mortos, para que eles recuperem a vida’.»
10Profetizei como me era ordenado e, imediatamente, o espírito penetrou neles. Retomando a vida, endireitaram-se sobre os pés; era um exército muito numeroso.
11Ele disse-me: «Filho de homem, esses ossos são toda a casa de Israel. Eles dizem: ‘Os nossos ossos estão completamente ressequidos, a nossa esperança desvaneceu-se; ficámos reduzidos a isto.’ 12Por conseguinte, profetiza e diz-lhes: Assim fala o Senhor Deus: Eis que abrirei as vossas sepulturas e vos farei sair delas, meu povo, e vos reconduzirei à terra de Israel. 13Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor Deus, quando abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, ó meu povo. 14Introduzirei em vós o meu espírito e vivereis; estabelecer-vos-ei na vossa terra. Então, reconhecereis que Eu, o Senhor, falei e agi» –oráculo do Senhor.
Unificação de Israel (Is 11,10-16) – 15Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: 16«Filho de homem, toma uma vara e na parte superior escreve: ‘A Judá e aos israelitas que estão com ele.’ Depois tomarás uma outra, sobre a qual escreverás: ‘A José, vara de Efraim, e a todos os israelitas que estão com ele.’ 17Juntá-las-ás, depois uma à outra, para que formem na tua mão apenas uma vara. 18E quando os filhos do teu povo te disserem: ‘Não queres explicar-nos o que isso significa?’, 19tu lhes responderás: Assim fala o Senhor Deus: Eis que Eu tomarei a vara de José, que está na mão de Efraim, e as tribos de Israel, que lhe estão associadas, e as juntarei à vara de Judá; e deles formarei uma só vara, para que sejam uma só, na minha mão.
20As varas sobre as quais escreverás estarão na tua mão, à vista deles. 21E então lhes dirás: Assim fala o Senhor Deus: Eis que Eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações, por onde se dispersaram; vou reuni-los de toda a parte e reconduzi-los ao seu país. 22Farei deles uma só nação na minha terra, nas montanhas de Israel, e apenas um rei reinará sobre todos eles; nunca mais serão duas nações, nem serão divididos em dois reinos. 23Não se mancharão mais com os seus ídolos e nunca mais cometerão infames abominações. Eu os salvarei das suas rebeldias, pelas quais pecaram, e os purificarei; eles serão o meu povo e Eu serei o seu Deus.
24O meu servo David será o seu rei e eles terão um só pastor; caminharão segundo os meus preceitos, observarão os meus mandamentos e os porão em prática. 25Habitarão o país que Eu dei ao meu servo Jacob e no qual habitaram seus pais; aí ficarão eles, os seus filhos e os filhos de seus filhos para sempre. David, meu servo, será para sempre o seu chefe. 26Farei com eles uma aliança de paz; será uma aliança eterna; Eu os estabelecerei e os multiplicarei; e colocarei o meu santuário no meio deles estará sempre. 27A minha morada será no meio deles. Serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
28Então, reconhecerão as nações que Eu sou o Senhor que santifica Israel, quando tiver colocado o meu santuário no meio deles para sempre.»
Capítulo 38
Poder e ameaças de Gog (Is 24-27;Jl 3-4; Ap 20,8-9) – 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 2«Filho de homem, volta-te para Gog, no país de Magog, o príncipe soberano de Méchec e Tubal; profere contra ele o seguinte oráculo 3e diz: Assim fala o Senhor Deus: Eis que Eu venho a ti, Gog, príncipe soberano de Méchec e de Tubal. 4Eu te arrastarei e porei ganchos à tua volta; Eu te farei sair, a ti e a todo o teu exército, teus cavalos e cavaleiros, todos perfeitamente equipados, tropa numerosa, munida de escudos e de broquéis, todos armados de espadas. 5A Pérsia, a Etiópia e o país de Put são seus aliados, todos munidos de escudos e capacetes. 6Gómer e as suas tropas, Bet-Togarma, no extremo norte, com as suas tropas, povos numerosos, estão a teu lado.
7Prepara-te, está atento, tu e toda a multidão reunida à tua volta; e fica à minha disposição. 8Ao fim de um período de tempo considerável, receberás ordens. Passados anos, avançarás contra o país cujos habitantes escaparam à espada, contra um povo que foi reunido de entre muitos povos, sobre as montanhas de Israel, as quais durante muito tempo foram um deserto: eles foram separados de entre os outros povos e habitam todos com segurança em suas moradas. 9Tu te levantarás e avançarás como uma tempestade; serás como uma nuvem que cobrirá o país, tu e todo o teu exército, e os numerosos povos que estão contigo.
10Assim fala o Senhor Deus: Naquele dia, em teu coração surgirão projectos, conceberás desígnios perversos 11e dirás: ‘Subirei contra um país deserto, lançar-me-ei contra gentes pacíficas, que habitam em segurança; habitam cidades sem muralhas, sem portas nem ferrolhos. 12Irei aí para pilhar, para fazer despojos; levantarei a mão contra ruínas habitadas e contra um povo reunido de entre as nações, que se entrega à criação de gado e ao comércio, que habita no centro da terra.’
13Sabá, Dedan, os mercadores de Társis e todos os seus jovens leões te dirão: ‘Foi para pilhar que vieste? Foi para fazer despojos que reuniste as tuas tropas? ‘Foi para levar ouro e prata, para te apoderares de rebanhos e mercadorias, para fazer um enorme espólio?’»
Invasão de Israel por Gog – 14«Por isso, profetiza, filho de homem, e diz a Gog:
Assim fala o Senhor Deus: ‘Sim, naquele dia, quando o meu povo habitar em segurança, porventura não te porás a caminho? 15Deixarás a tua residência no extremo Norte, tu e os povos numerosos que estão contigo, todos montados a cavalo, imensa multidão, exército poderoso. 16Ó Gog, subirás contra Israel, meu povo, como uma nuvem, para cobrir o país. Será no fim dos dias que Eu te conduzirei contra o meu povo, para que as nações me conheçam, quando tiver revelado, por teu intermédio, a minha santidade a seus olhos.’ 17Assim fala o Senhor Deus: ‘Tu és aquele de quem Eu falei outrora por meio dos meus servos, os profetas de Israel, que então profetizaram, anunciando a tua vinda contra eles.’»
Extermínio de Gog – 18«Naquele dia, quando Gog chegar à terra de Israel, aconteceráque o furor me subirá às narinas – oráculo do Senhor Deus. 19E na explosão da minha cólera e no fogo da minha ira que Eu o afirmo: naquele dia haverá certamente grande tumulto no país de Israel. 20Ao verem-me, tremerão de pavor os peixes do mar e as aves do céu, os animais dos campos e todos os répteis que rastejam sobre a terra, assim como todos os homens que vivem sobre a face da terra. As montanhas desmoronar-se-ão, os rochedos despedaçar-se-ão e todas as muralhas serão arrasadas. 21Chamarei contra Gog toda a espécie de flagelos – oráculo do Senhor Deus – e a espada de cada um voltar-se-á contra seu irmão. 22E o castigarei com a peste e o sangue, farei cair uma chuva torrencial, saraiva, fogo e enxofre, sobre ele e as suas tropas, e sobre os numerosos povos que estão com ele.
23Desta maneira, manifestarei a minha grandeza e a minha santidade, e far-me-ei conhecer aos olhos de muitas nações. Então, reconhecerão que Eu sou o Senhor.»
Capítulo 39
Derrota e morte de Gog – 1«E tu, filho de homem, profetiza contra Gog e diz: Assim fala o Senhor Deus: Eis que Eu venho a ti, Gog, príncipe soberano de Méchec e de Tubal. 2Eu te arrastarei e te conduzirei; Eu te farei subir do extremo Norte e te levarei às montanhas de Israel. 3Mas lá, esmagarei o teu arco na tua mão esquerda e farei cair as tuas flechas da tua mão direita. 4Tombarás sobre os montes de Israel, tu, as tropas e os povos que estão contigo; dar-te-ei por pasto às aves de rapina, a toda a espécie de aves e aos animais selvagens. 5Tombarás sobre a face dos campos; porque Eu falei, diz o Senhor Deus.
6Mandarei o fogo a Magog e àqueles que habitam as ilhas em segurança. Então, reconhecerão que Eu sou o Senhor. 7Assim, tornarei conhecido o meu santo nome entre o meu povo de Israel, e nunca mais deixarei profanar o meu santo nome, para que os povos saibam que Eu sou o Senhor, o Santo de Israel. 8Eis que isso se vai cumprir – oráculo do Senhor – eis o dia que anunciei.
9Então, os habitantes das cidades de Israel sairão a queimar e a entregar às chamas as armas, os broquéis e os escudos, os arcos e as flechas, as lanças e os dardos; com tudo isso farão lume durante sete anos. 10Não irão mais aos campos apanhar lenha e não cortarão mais árvores na floresta, porque é com armas que farão fogueira. Assaltarão aqueles que os haviam assaltado, apoderar-se-ão dos despojos daqueles que os haviam pilhado» – oráculo do Senhor Deus.
Sepultura de Gog – 11«Naquele dia, darei a Gog, para sua sepultura em Israel, um sítio célebre, o Vale de Abarim, a leste do mar, aquele que barra o caminho aos que passam; é aí que será enterrado Gog e toda a sua gente. E será chamado Vale de Hamon-Gog. 12A casa de Israel fará esse enterro durante sete meses, a fim de purificar o país. 13Toda a gente da nação trabalhará a enterrá-los; será para eles um título de glória o dia em que Eu manifestar a minha glória – oráculo do Senhor Deus.
14Serão escolhidos homens para percorrer o país, a fim de sepultar os que ficam sobre a face da terra, a fim de a purificar. Durante sete meses, eles os procurarão. 15Ao percorrerem o país, se um deles vir ossos humanos, assinalará o local com uma marca, até que os coveiros os enterrem no Vale de Hamon-Gog. 16E o nome da cidade será Hamona; e, assim, o país ficará purificado.»
O grande banquete – 17«E tu, filho de homem – assim fala o Senhor Deus – diz às aves de todas as espécies e a todos os animais selvagens:
Reuni-vos, vinde, juntai-vos de todas as partes, para tomardes parte no sacrifício que Eu vos preparo, um grande sacrifício sobre a montanha de Israel; e vós comereis carne e bebereis sangue. 18Ides comer a carne de heróis e beber sangue de príncipes da terra: carneiros, cordeiros, cabritos, touros robustos de Basan. 19Comereis gordura até vos fartardes e bebereis sangue até vos embriagardes, no sacrifício que Eu vos preparo. 20Assim vos saciareis à minha mesa com a carne de cavalos e de cavaleiros, de heróis e de toda a espécie de guerreiros» – oráculo do Senhor Deus.
A glória do Senhor – 21«Assim, manifestarei a minha glória entre as nações, e todas me verão executar a minha justiça e aplicar a minha mão sobre eles. 22E a casa de Israel saberá que Eu sou o Senhor seu Deus, a partir daquele dia e para sempre. 23E as nações saberão que foi por causa das suas iniquidades que a casa de Israel foi exilada; foi porque se revoltara contra mim que Eu lhe escondi a minha face e os entreguei nas mãos de seus inimigos, a fim de que tombassem ao fio da espada. 24Fiz-lhes o que mereciam as suas iniquidades e os seus pecados, e escondi deles a minha face.»
Reunião de Israel – 25«Por isso, assim diz o Senhor Deus: Agora vou reconduzir os cativos de Jacob; usarei de misericórdia para com toda a casa de Israel e mostrar-me-ei zeloso do meu santo nome. 26Esquecerão a sua ignomínia e todas as infidelidades cometidas contra mim, quando de novo habitarem no país, em segurança, sem que ninguém os inquiete.
27Quando os reconduzir de entre as nações e os reunir de entre os povos inimigos e manifestar neles a minha santidade à vista de numerosas nações, 28então reconhecerão que Eu, o Senhor, sou o seu Deus, que os leva cativos entre as nações e os congrega novamente para o seu país, sem deixar nenhum deles por lá. 29E Eu jamais voltarei a esconder-lhes a minha face, porque derramarei o meu espírito sobre a casa de Israel» – oráculo do Senhor Deus.
Capítulo 40
Visão do novo templo (Ex 25-31;35-40; 1 Rs 6-7) – 1No início do vigésimo quinto ano, no décimo dia do mês, catorze anos depois da ruína da cidade, nesse mesmo dia, a mão do Senhor esteve sobre mim e levou-me 2em visões divinas ao país de Israel. Conduziu-me a uma montanha muito elevada. Nessa montanha, parecia elevarem-se, do lado sul, as construções de uma cidade.
3Conduzido a este lugar, vi um homem com o aspecto de bronze: tinha na mão um cordel de linho e uma cana de agrimensor. E estava de pé, à porta. 4Disse-me aquele homem:
«Filho de homem, contempla com os teus olhos e escuta com os teus ouvidos! Presta atenção a tudo o que eu te mostrar, porque foi para isso que foste conduzido até aqui. Dá a conhecer à casa de Israel tudo o que eu te mostrar.»
Muro exterior – 5E eis que um muro exterior formava a cerca do templo. O homem tinha na mão uma cana de medir de seis côvados; cada côvado tinha uma mão a mais que o côvado corrente. Mediu a espessura desta construção e a altura da mesma: cada uma media uma cana.
Porta exterior oriental – 6Depois, dirigiu-se à porta oriental, subiu os degraus e mediu a soleira da porta, a qual tinha uma cana de largura. 7Cada aposento tinha uma cana de comprimento e uma cana de largura. Entre os aposentos havia um espaço de cinco côvados. A soleira da porta, do lado do Vestíbulo, para o interior, media uma cana.
8Mediu o Vestíbulo da porta, na direcção do interior: media uma cana. 9Mediu o Vestíbulo da porta: tinha oito côvados e o seu pilar dois côvados; o Vestíbulo dava para o interior.
10Os aposentos da porta oriental eram três de um lado e três do outro: todos tinham as mesmas dimensões e os pilares dos dois lados tinham também as mesmas dimensões. 11Mediu a largura do vão da porta, que era de dez côvados e a altura da porta, que era de treze côvados. 12Havia, em frente dos aposentos, um espaço de um côvado de cada lado; cada aposento tinha seis côvados de um lado e seis côvados do outro.
13Mediu o pórtico, desde o tecto de um aposento até ao tecto do outro, e a largura era de vinte e cinco côvados entre as duas entradas opostas. 14Depois, contou sessenta côvados para os pilares; perto deles ficava o átrio que cercava o pórtico. 15O espaço entre a porta de entrada e o Vestíbulo da porta interior era de cinquenta côvados.
16Havia nos aposentos janelas gradeadas, nas paredes interiores do pórtico; também havia janelas no Vestíbulo em toda a volta, que davam para o interior. Os pilares estavam ornados com palmeiras.
Átrio exterior – 17Em seguida, fez-me entrar no átrio exterior, onde se encontravam aposentos e um pavimento, dispostos a toda a volta do átrio: havia trinta aposentos neste pavimento. 18O pavimento estendia-se de cada lado dos pórticos, numa extensão igual à dos pórticos; era o pavimento inferior.
19Mediu a largura do átrio, desde o pórtico inferior até ao átrio interior, de fora-a-fora: media cem côvados, para leste e para norte.
Pórtico setentrional – 20Mediu o comprimento e a largura do pórtico setentrional do átrio exterior. 21Os compartimentos, aí, eram três de cada lado; os seus pilares e os vestíbulos tinham as mesmas dimensões que os do pórtico oriental: cinquenta côvados de comprimento por vinte e cinco de largura.
22As janelas, o Vestíbulo e as palmeiras tinham as mesmas dimensões que o pórtico oriental. Subia-se para lá por sete degraus, em frente dos quais ficava o Vestíbulo. 23Em frente do pórtico setentrional, como do oriental, havia uma porta que dava para o átrio interior; ele mediu a distância de um pórtico ao outro: cem côvados.
Pórtico meridional – 24Conduziu-me, depois, ao lado sul: mediu os pilares e o Vestíbulo: tinham as mesmas dimensões.
25Este pórtico tinha, em toda a volta, assim como o seu Vestíbulo, janelas semelhantes às outras; media cinquenta côvados de comprimento e vinte e cinco de largura. 26A ele se subia por sete degraus, em frente dos quais ficava o quarto Vestíbulo; de cada lado havia palmeiras nos pilares. 27E o átrio interior tinha um pórtico para sul; ele mediu a distância de um pórtico ao outro, na direcção sul: cem côvados.
Átrio interior do pórtico meridional – 28Conduziu-me ao átrio interior, pela porta meridional: mediu o pórtico meridional, o qual tinha as mesmas dimensões que os outros. 29Os compartimentos, os pilares e os vestíbulos tinham as mesmas medidas.
Esse pórtico, assim como o Vestíbulo, tinha janelas à volta; media cinquenta côvados de comprimento por vinte e cinco de largura. 30E o Vestíbulo em toda a volta: vinte e cinco côvados de comprimento por cinco de largura. 31O Vestíbulo dava para o átrio exterior. Tinha palmeiras nos seus pilares, e a escada tinha oito degraus.
Pórtico oriental – 32Depois, conduziu-me ao pórtico que dá para oriente e mediu-o. Tinha as mesmas dimensões. 33Os compartimentos, os pilares e o Vestíbulo tinham as mesmas dimensões.
Este pórtico tinha, assim como o Vestíbulo, janelas em toda a volta. Media cinquenta côvados de comprimento por vinte e cinco de largura. 34O Vestíbulo dava para o átrio exterior. Havia palmeiras nos pilares, de cada lado, e uma escada de oito degraus.
Pórtico setentrional – 35Conduziu-me, depois, ao pórtico setentrional e mediu-o: tinha as mesmas dimensões; 36Os compartimentos, os pilares e o Vestíbulo também tinham as mesmas dimensões.
Tinha janelas em toda a volta. Media cinquenta côvados de comprimento por vinte e cinco de largura. 37O Vestíbulo dava para o átrio exterior; havia palmeiras nos pilares, de cada lado, e a sua escada tinha oito degraus.
Disposição acerca dos sacrifícios – 38Depois, conduziu-me ao pórtico oriental. Havia um aposento que se abria para os pilares dos pórticos; era lá que se lavavam os holocaustos. 39E no Vestíbulo do pórtico havia, de cada lado, duas mesas, sobre as quais se degolavam as vítimas destinadas aos holocaustos, aos sacrifícios pelo pecado e aos sacrifícios de reparação.
40Do lado exterior, por onde se subia, à entrada do pórtico setentrional, havia duas mesas, e do outro lado, para o Vestíbulo do pórtico, duas mesas. 41Havia também, junto ao pórtico, quatro mesas de cada lado, ao todo oito mesas, sobre as quais se imolavam as vítimas.
42Para os holocaustos, havia ainda quatro mesas talhadas em pedra, com um côvado e meio de comprimento e um de altura; sobre elas colocavam-se os instrumentos com que se imolavam as vítimas para os holocaustos e para os outros sacrifícios. 43Tinham em todo o circuito interior rebordos da largura de uma mão; era sobre estas mesas que se colocava a carne para os sacrifícios.
Aposentos para os sacerdotes – 44No pátio interior, fora do pórtico interior, estavam os lugares dos cantores: um ao lado do pórtico setentrional, voltado para sul, e o outro, ao lado do pórtico oriental, voltado para norte. 45Ele disse-me: «Este aposento voltado para sul é destinado aos sacerdotes que guardam o templo. 46E o aposento que dá para norte é para os sacerdotes que guardam o altar. São os filhos de Sadoc que, entre os filhos de Levi, se aproximam do Senhor, para o servir.» 47Mediu o átrio: era um quadrado que tinha cem côvados de comprimento por cem de largura. O altar encontrava-se em frente do edifício do templo.
O Vestíbulo (Ulam) – 48Depois conduziu-me ao Vestíbulo do templo, cujas pilastras mediu: cinco côvados de cada lado; enquanto a largura do pórtico era de três côvados de cada lado. 49O comprimento do Vestíbulo era de vinte côvados, e a sua largura de doze. Havia dez degraus para se subir para lá e havia colunas junto dos pilares, uma de cada lado.