Capítulo 21
Oráculo contra o Sul – 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: 2«Filho de homem, volta a tua face para sul; dirige a tua palavra à região meridional e profetiza contra a floresta, que se encontra na região do Négueb. 3Assim falarás à floresta do Négueb: Ouve a palavra do Senhor. Assim fala o Senhor Deus: ‘Eis que Eu acendo o fogo em ti, para devorar todas as árvores verdes e todas as árvores secas; as chamas violentas não se apagarão e tudo será devorado, desde o Négueb até ao Norte.’ 4E todos verão que Eu, o Senhor, é que provoquei o incêndio e ele não se extinguirá.»
5Então, eu disse: «Ah! Senhor Deus, eles dizem de mim: ‘Não fala ele sempre em parábolas?’»
A espada de Deus no meio de Israel – 6Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: 7«Filho de homem, volta a tua face para Jerusalém e prega contra o seu santuário! Profetiza contra a terra de Israel, 8e diz à terra de Israel: Assim fala o Senhor: ‘Eis-me contra ti. Vou arrancar a minha espada da bainha e exterminarei do teu seio o justo e o pecador. 9Porque Eu quero exterminar do meio de ti o justo e o pecador; por isso vai sair da bainha a minha espada contra todos, desde o Négueb até ao Norte.’
10Então, todos reconhecerão que Eu, o Senhor, tirei a espada da bainha e não volto a embainhá-la.»
A dor do profeta – 11Tu, porém, filho de homem, solta gemidos. Geme com os rins despedaçados e com tristeza. 12Então, se eles te perguntarem: ‘Porque gemes?’, dirás: ‘Por causa da notícia que acaba de chegar, com a qual todos os corações ficarão desfeitos e todas as mãos paralisadas, os espíritos enfraquecidos e os joelhos dobrados. Eis que ela já chegou e vai cumprir-se’» – oráculo do Senhor Deus.
O cântico da espada (Jr 50,35-38) – 13Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 14«Filho de homem, profetiza, dizendo: Assim fala o Senhor:
‘Uma espada, uma espada!
Está afiada e também polida.
15Foi afiada para massacrar,
foi polida para lançar cintilações.
16Foi polida para se poder empunhar.
É uma espada afiada e polida
para pôr na mão do carrasco.
17Grita, berra, filho de homem;
pois ela dirige-se contra o meu povo.
Dirige-se contra os chefes de Israel.
Foram entregues à espada
com o meu povo.
Por isso, bate na tua coxa.
18A prova está feita
e que será, quando já não houver
ceptro rejeitado?
–Oráculo do Senhor Deus.
19Tu, porém, filho de homem,
profetiza e bate palmas.
Que a espada duplique e triplique!
É a espada do extermínio.
A grande espada do massacre,
que os cerca,
20para que desfaleçam os corações
e sejam numerosas as vítimas.
A todas as portas coloquei uma espada,
feita para fulminar,
afiada para o massacre.
21Para trás! Para a direita!
Para a esquerda! Para a frente!
Para onde estiveres voltado!
22Também Eu quero bater palmas
e saciar o meu furor.
Eu, o Senhor, falei.’»
A espada de Nabucodonosor – 23Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: 24«E tu, filho de homem, traça dois caminhos, pelos quais virá a espada do rei da Babilónia. Partirão ambos do mesmo país. Traça também um sinal, indicando onde começa o caminho, 25o caminho por onde passa a espada para Rabat-Amon e para Judá e Jerusalém, a cidade fortificada.
26É que o rei da Babilónia parou no cruzamento, no começo dos dois caminhos, para consultar os oráculos. Ele sacode as flechas, interroga os instrumentos de oráculo, observa o fígado. 27Na sua mão direita está o oráculo ‘Jerusalém’: ‘para preparar os aríetes, para dar ordem de extermínio, para lançar gritos de guerra, para colocar os aríetes contra as portas, para elevar uma plataforma e levantar trincheiras.’ 28Mas, aos olhos dos israelitas, isto é um oráculo falso, porque fizeram os juramentos mais santos; todavia ele recorda-lhes a sua traição e ameaça castigá-los.
29Por isso, diz o Senhor Deus: Porque evocastes a vossa iniquidade, de maneira que as vossas perversidades se manifestaram e os vossos pecados se tornaram visíveis em todos os vossos actos, porque vos recordastes, sereis castigados. 30E tu, príncipe de Israel, falso e pecador, cujo dia chegou no instante em que a iniquidade está no seu termo, 31assim fala o Senhor Deus: ‘Depõe a tiara, retira a coroa; as coisas vão mudar. O que se encontra em baixo será elevado, e o que está no alto será rebaixado. 32Ruína, ruína, ruína, eis o que Eu farei à cidade. Ai dela! Ficará assim até chegar aquele a quem ela pertence por direito, e a quem Eu a confiar.’»
A espada de Deus contra os amonitas – 33«E tu, filho de homem, profetiza e diz: Assim fala o Senhor Deus contra os amonitas e contra os seus insultos. Proclama: ‘Espada! Uma espada sai da bainha para o massacre, polida para destruir, para brilhar.’ 34Enquanto cultivas visões falsas e oráculos enganadores, ela prepara-se para degolar os pecadores e os malvados, cujo dia chegou no instante em que a iniquidade está no seu termo.
35Espada, regressa à bainha! É no país onde foste criada, na terra da tua origem que Eu te julgarei. 36Derramarei sobre ti o meu furor, soprarei contra ti o fogo da minha cólera. Entregar-te-ei nas mãos dos homens bárbaros, daqueles que maquinam a destruição. 37Serás o pasto das chamas, o teu sangue correrá pelo país fora. Nunca mais se lembrarão de ti, porque Eu, o Senhor, falei.»
Capítulo 22
Os crimes de Jerusalém (Sl 55,10-12; Is 3,1-15) – 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 2«E tu, filho de homem, julga. Julga a cidade sanguinária! Dá-lhe a conhecer as suas abominações 3e diz: Assim fala o Senhor Deus: Ai da cidade que derramou o sangue no seu seio, para que o seu tempo chegasse, e que fez ídolos para com eles se contaminar! 4Tornaste-te culpada pelo sangue que derramaste e te contaminaste pelos ídolos que fizeste. Apressaste, assim, o teu dia e chegaste ao termo dos teus anos.
Por isso, fiz de ti objecto de vergonha dos povos e de zombaria para todas as nações. 5Zombarão de ti os que estão perto e os que estão longe de ti; o teu nome está manchado e abunda a desordem.
6Eis que os príncipes de Israel, cada um segundo as suas forças, se encontram no teu seio para derramar sangue. 7Dentro de ti, despreza-se o pai e a mãe; dentro de ti, maltrata-se o estrangeiro e oprime-se o órfão e a viúva. 8Desprezas o meu santuário e profanas os meus sábados. 9Há dentro de ti pessoas que caluniam, para derramar sangue; dentro de ti, come-se nos lugares altos e cometem-se infâmias. 10Descobre-se a nudez do pai e faz-se violência à mulher, durante a sua impureza. 11Um comete acções abomináveis com a mulher do próximo; outro mancha a sua nora pelo incesto; outro, ainda, faz violência à sua irmã, à filha do seu pai. 12Recebem-se presentes para derramar sangue; recebes juros exorbitantes; despojas o teu próximo pela violência, e a mim, esqueces-me – oráculo do Senhor Deus.
13Mas eis que Eu bato as palmas sobre o lucro que tiveste e sobre o sangue que foi derramado no teu seio. 14Porventura, poderá o teu coração resistir, poderão as tuas mãos continuar fortes no dia em que Eu agir contra ti? Eu, o Senhor, disse e faço. 15Dispersar-te-ei entre as nações, disseminar-te-ei pelos países estrangeiros, apagarei a impureza que em ti existe. 16Serás humilhada por mim, à vista das nações. Então reconhecerão que Eu sou o Senhor.»
17Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: 18«Filho de homem, a casa de Israel tornou-se para mim escória; todos eles são como prata, cobre, estanho, ferro e chumbo no forno da fundição. São escória. 19Por isso, diz: Assim fala o Senhor Deus: Porque sois todos escória, por causa disso, vou reunir-vos no meio de Jerusalém. 20Assim como se mete a prata, o cobre, o ferro, o chumbo e o estanho num forno de fundição, e, a fim de os fundir, se acende o fogo, assim Eu vos reunirei no meu furor e na minha cólera; colocar-vos-ei lá e fundir-vos-ei. 21Congrego-vos e acendo o fogo do meu furor contra vós, para vos fundir em Jerusalém. 22Sereis fundidos do mesmo modo que é fundida a prata no forno da fundição. Então, reconhecereis que Eu, o Senhor, lancei o meu furor contra vós.»
Os pecados de cada classe – 23Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 24«Filho de homem, diz a Jerusalém: “Tu és uma terra que não foi refrescada nem humedecida pela chuva, no dia da ira. 25Os seus príncipes parecem leões rugindo e dilacerando a presa. Devoram as pessoas, apoderam-se das riquezas e das jóias e multiplicam as viúvas no teu seio.
26Os seus sacerdotes violaram a minha lei e profanaram o meu santuário; não distinguem entre o que é santo e o que é profano, e não ensinam a diferença entre o puro e o impuro; fecham os olhos aos meus sábados e, assim, Eu fui desonrado entre eles. 27Os seus chefes são como lobos que dilaceram a presa, que derramam sangue, fazendo morrer pessoas, para lhes ficar com os bens. 28Os seus profetas encobrem os seus ciúmes com visões vãs e revelações falsas. Dizem: ‘Assim fala o Senhor Deus’; quando, de facto, o Senhor não falou.”
29O povo pratica actos de violência e comete furtos. Oprime o indigente e o pobre, e maltrata o estrangeiro, contra todo o direito. 30Procurei entre eles alguém que levantasse um muro e se colocasse diante de mim, para defender o país e impedir que fosse destruído; mas não encontrei ninguém. 31Então, lancei contra eles o meu furor; exterminei-os no fogo da minha cólera e fiz cair as suas más acções sobre as suas cabeças» – oráculo do Senhor Deus.
Capítulo 23
As duas irmãs: Jerusalém e Samaria (16;Jr 3,6-13;Os 2) – 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 2«Filho de homem, havia duas mulheres, filhas da mesma mãe. 3Elas prostituíram-se durante o tempo da sua juventude, no Egipto. Lá foram tocados os seus peitos e acariciado o seu seio virginal.
4Eis os seus nomes: Oola, a mais velha, e Ooliba, sua irmã. Elas eram minhas e deram à luz filhos e filhas. Eis os seus nomes: Samaria é Oola, Jerusalém é Ooliba. 5Oola foi-me infiel, e ardeu de amor para com os seus amantes, os assírios, seus vizinhos, 6vestidos de púrpura, governadores e chefes, todos jovens e atraentes, cavaleiros montados em seus cavalos. 7Foi para eles que ela dirigiu as suas prostituições, para toda a elite dos filhos da Assíria; e com todos aqueles de quem se enamorou, veio a manchar-se, em contacto com os seus ídolos. 8Mas ela não cessou de se prostituir com o Egipto; porque eles tinham-na desonrado na sua juventude, tinham tocado o seu seio virginal e fornicado com ela.
9Eis por que a entreguei nas mãos de seus amantes, nas mãos dos assírios, pelos quais se tinha apaixonado. 10Eles descobriram a sua nudez, levaram os seus filhos e filhas e passaram-nos ao fio de espada. Tornou-se, desse modo, objecto de escárnio entre as mulheres e contra ela foi feita justiça.»
Os pecados de Ooliba – 11«A sua irmã Ooliba viu tudo isto; mas, apesar disso, tornou-se ainda mais corrompida do que ela na sua paixão; as suas prostituições foram mais escandalosas do que as de sua irmã. 12Prostituiu-se com os assírios, governadores e chefes, seus vizinhos, esplendidamente vestidos, cavaleiros garbosos, jovens sedutores.
13Vi que ela era impura, que ambas seguiam o mesmo caminho. 14Multiplicou as suas prostituições. Tendo visto homens desenhados no muro, figuras dos caldeus pintados a vermelho, 15com cintos sobre os rins e largos turbantes na cabeça, todos como grandes senhores, semelhantes aos filhos da Babilónia e da terra dos caldeus, 16ela apaixonou-se por eles, logo ao primeiro olhar, e enviou mensageiros à Caldeia. 17E os babilónios vieram com ela para o leito dos seus amores e mancharam-na com as suas impurezas. Depois de se ter manchado com eles, o seu coração desgostou-se deles.
18Também manifestou as suas acções desavergonhadas e descobriu a sua nudez; então, desgostei-me dela, como já me havia desgostado de sua irmã. 19Ela multiplicou as suas prostituições, em recordação da sua juventude, quando se prostituía no país do Egipto, 20quando ali ardia de paixão pelos egípcios, cujo órgão é como o do burro e cuja lubricidade é como a dos garanhões. 21Procuravas o mau comportamento da tua juventude, do tempo em que no Egipto te apertavam os peitos, fazendo carícias aos teus seios virginais.
22Pois bem, Ooliba, assim fala o Senhor Deus: Eis que vou incitar contra ti os amantes de quem deixaste de gostar, vou trazê-los contra ti de todos os lados. 23Os babilónios e todos os caldeus, de Pecod, Choa e Coa, e com eles todos os filhos da Assíria, jovens atraentes, todos governadores e magistrados, dignitários e personagens ilustres, todos montados nos seus cavalos. 24Avançarão do Norte contra ti, com seus carros e galeras e uma multidão de gente, armados contra ti de escudos, capacetes e couraças. Encarreguei-os do teu julgamento e eles te julgarão segundo o seu direito.
25Dirigirei contra ti o meu ciúme de modo que te tratarão com furor; cortar-te-ão o nariz e as orelhas e o que ainda restar será cortado ao fio da espada. Tomarão os teus filhos e filhas e o que restar será devorado pelo fogo. 26Arrancar-te-ão as tuas vestes e apoderar-se-ão das tuas jóias. 27Porei fim ao teu mau comportamento e às tuas prostituições iniciadas no Egipto; nunca mais erguerás os olhos para eles e nunca mais te recordarás do Egipto.
28Pois assim fala o Senhor Deus: Eis que te entregarei nas mãos dos que tu odeias e daqueles de quem te separaste. 29Eles te tratarão com ódio, apoderar-se-ão de todos os teus ganhos e deixar-te-ão nua, a fim de que a vergonha das tuas prostituições seja descoberta. A tua impureza e as tuas prostituições 30causar-te-ão isto, porque tu te prostituíste com os outros povos e te manchaste com os seus ídolos. 31Trilhaste o caminho da tua irmã; porei, pois, a sua taça na tua mão. 32Assim fala o Senhor Deus:
‘Beberás a taça da tua irmã,
taça grande e funda;
será objecto de escárnio e de vergonha;
é abundante o seu conteúdo.
33Ficarás repleta de embriaguez e dor.
É uma taça de horror e destruição,
a taça da tua irmã Samaria.
34Tu a beberás e a esvaziarás;
depois será desfeita em pedaços
e ela te dilacerará o peito.
Porque Eu falei’»
–oráculo do Senhor Deus.
Novo quadro de pecados – 35Por isso, diz o Senhor Deus: «Porque tu me esqueceste e me lançaste para trás de ti, agora carrega a tua infâmia e as tuas prostituições.» 36E o Senhor disse-me: «Filho de homem, porventura queres julgar Oola e Ooliba e dar-lhes a conhecer os seus crimes abomináveis? 37Porque elas foram adúlteras e ensanguentaram as suas mãos, foram adúlteras com os ídolos; até os seus filhos, que elas me tinham dado à luz, fizeram-nos passar pelo fogo para os consumir.
38Mas fizeram-me ainda mais: nesse dia, mancharam o meu santuário e profanaram os meus sábados. 39E, depois de imolarem os seus filhos aos ídolos, vinham no mesmo dia, ao meu santuário para o profanarem. Eis o que fizeram dentro da minha casa. 40Mais ainda, mandaram vir homens de longe, convidados por um mensageiro, que partiram imediatamente. E eis que para eles te lavaste, pintaste os olhos e adornaste-te com jóias. 41Sentaste-te num leito de luxo, atrás de uma mesa; sobre ela puseste o meu incenso e o meu óleo. 42Junto dela ouvia-se um ruído tumultuoso por causa da multidão de pessoas vindas do deserto; colocavam-lhes braceletes nos pulsos e uma coroa magnífica na cabeça.
43Então, Eu dizia: Assim cometeram adultérios; portaram-se como prostitutas. 44Vinham ter com ela como vão ter com uma prostituta; e era assim que se dirigiam a Oola e Ooliba para cometer impurezas.»
O justo castigo – 45«Mas homens justos as julgarão como se julgam as adúlteras, como se julgam aquelas que derramam sangue; pois elas são adúlteras e as suas mãos estão ensanguentadas.
46Por isso, diz o Senhor Deus: Convocai contra elas uma assembleia e sejam entregues aos maus tratos e à pilhagem. 47Que a assembleia as apedreje e as faça em pedaços ao fio da espada; serão exterminados os seus filhos e filhas, e suas casas serão devoradas pelo fogo. 48E assim farei cessar a impureza sobre a terra; todas as mulheres aprenderão esta lição e não imitarão a vossa má conduta. 49Acusar-vos-ão dos vossos crimes e vós carregareis o peso da vossa idolatria. Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor Deus.»
Capítulo 24
Início do cerco de Jerusalém. A panela ao fogo (11;22) 1No décimo mês do nono ano, no dia dez, foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 2«Filho de homem, escreve a data deste dia; o rei da Babilónia lançou-se contra Jerusalém, hoje mesmo. 3Apresenta uma parábola à casa da gente rebelde e diz-lhe: Assim fala o Senhor Deus:
‘Põe ao lume a marmita
e mete água dentro dela.
4Acrescenta-lhe pedaços de carne,
toda a espécie de bons pedaços,
coxa e espádua;
enche-a com os melhores ossos.
5Toma as melhores cabeças do rebanho;
amontoa lenha debaixo da marmita;
faz ferver os pedaços de carne
e também os ossos que ela contém.’
6Porque assim fala o Senhor Deus: Ai da cidade sanguinária, ai da marmita enferrujada, cuja ferrugem não pode ser tirada! Tira os pedaços um a um, sem tirar à sorte. 7Porque o seu sangue está dentro dela; e espalhou-o sobre a rocha nua; não o espalhou no solo, de modo que a terra o cobrisse. 8Para aumentar a minha ira, a fim de me vingar, Eu lancei o seu sangue sobre o rochedo nu, sem o cobrir.
9Por isso, diz o Senhor Deus: Ai da cidade sanguinária! Também Eu vou fazer uma grande fogueira. 10Junta lenha, atiça o fogo, coze a carne, prepara o molho e que os ossos sejam queimados. 11Põe-na então vazia, a aquecer, em cima das brasas, para que o bronze seja queimado, a imundície fundida e a ferrugem consumida.
12Mas os esforços são em vão, a ferrugem não desaparece com o fogo. 13Porque tu estavas impura, por causa da tua imundície, Eu queria purificar-te; mas, apesar disso, tu não ficaste purificada da tua impureza. Eis porque não serás purificada até que tenha saciado o meu furor contra ti. 14Eu, o Senhor, falei. Vai cumprir-se a minha palavra. Agirei sem hesitação, sem piedade nem remorso. Julgar-te-ão segundo o teu comportamento e segundo as tuas acções» – oráculo do Senhor Deus.
Simbolismo da morte da mulher do profeta (Jr 16) – 15Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 16«Filho de homem, vou tirar-te de repente aquela que é a alegria dos teus olhos; mas tu não deverás lamentar-te, nem chorar, nem derramar lágrimas. 17Suspira em silêncio, não guardes o luto habitual pelos defuntos; conserva o turbante na cabeça, calça as sandálias, não cubras o rosto e não comas pão ordinário.»
18Falei ao povo na parte da manhã. À tarde, minha mulher morria; e eu, na manhã do dia seguinte, fiz como me tinha sido ordenado.
19E o povo disse-me: «Não queres dizer-nos o que significa para nós aquilo que fizeste?» 20E eu respondi-lhes: «A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 21Diz à casa de Israel: ‘Assim fala o Senhor Deus: Eis que vou profanar o meu santuário, o orgulho da vossa força, as delícias dos vossos olhos e a paixão das vossas vidas. Os vossos filhos e filhas que deixastes cairão ao fio da espada. 22Então, fareis o que Eu fiz. Não cobrireis o vosso rosto e não comereis pão ordinário. 23Com o turbante na cabeça e as sandálias calçadas, não vos lamentareis e não chorareis; mas consumir-vos-eis nas vossas iniquidades e gemereis uns para os outros. 24Ezequiel será para vós um sinal: fareis como ele fez, quando isto acontecer. Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor Deus.
25Tu, porém, filho de homem, no dia em que Eu tirar o que faz a sua força, a sua glória e a sua alegria, as delícias dos seus olhos e o desejo das suas vidas, os seus filhos e filhas, 26nesse dia, um fugitivo virá ter contigo para o anunciar aos teus ouvidos. 27Naquele dia, abrir-se-á a tua boca para o fugitivo; falarás e nunca mais ficarás mudo. Serás para eles um sinal e, então, reconhecerão que Eu sou o Senhor.’»
Capítulo 25
Contra os amonitas (Jr 49,1-6;Am 1,13-15) – 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:
2«Filho de homem, volta o rosto contra os amonitas, profetiza contra eles, 3e diz-lhes: Ouvi a palavra do Senhor Deus: Assim fala o Senhor Deus: Tu exultaste de alegria, quando o meu santuário foi profanado e quando a terra de Israel foi devastada e quando a casa de Judá foi destruída e quando foi levada para o cativeiro. 4Por isso, eis que Eu te entrego aos filhos do Oriente; eles erguerão no teu seio os seus acampamentos e aí estabelecerão a sua morada; comerão dos teus frutos e beberão do teu leite. 5De Rabá farei um parque de camelos, e das cidades de Amon, um rebanho de ovelhas. Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor.
6Porque assim fala o Senhor: Já que aplaudiste e bateste os pés, e te regozijaste com o que aconteceu ao país de Israel, 7por isso, eis que levanto a mão contra ti. Vou entregar-te à pilhagem, arrancar-te de entre os povos e exterminar-te de entre as nações. Aniquilar-te-ei e, então, reconhecereis que sou o Senhor.»
Contra os moabitas (Is 15-16;Jr 48) – 8Assim fala o Senhor Deus: «Porque Moab e Seir disseram: ‘A casa de Judá é como os outros povos’; 9por isso, eis que Eu vou descobrir os flancos de Moab e aniquilar as cidades em todo o seu território, as belezas deste país, Bet-Haiechimot, Baal-Meon, Quiriataim. 10Entrego-as aos filhos do Oriente, além dos amonitas; entregarei o país, a ponto de não mais serem recordados os amonitas entre as nações. 11É assim que Eu castigarei Moab; e, então, reconhecerão que Eu sou o Senhor.»
Contra os edomitas (Is 34,5-17; Jr 49,7-22; Abd) – 12Assim fala o Senhor Deus: «Porque Edom exerceu vingança contra a casa de Judá e se tornou culpado, vingando-se deles, 13por isso, diz o Senhor Deus: Eis que Eu estendo a minha mão contra Edom e vou exterminar pessoas e animais. Dele farei um deserto; cairão todos ao fio da espada, desde Teman até Dedan. 14Exercerei a minha vingança contra Edom por meio do meu povo de Israel. Ele agirá para com Edom, segundo a minha ira e o meu furor, a fim de conhecerem que é a minha vingança» – oráculo do Senhor Deus.
Contra os filisteus (Jr 47,1-7;Am 1,6-8) 15Assim fala o Senhor Deus: «Porque os filisteus exercem vingança e se vingam cruelmente com um desprezo enorme, preparados para exterminar Israel, no seu ódio eterno, 16por isso, assim diz o Senhor Deus: Eis que levanto a minha mão contra os filisteus; vou exterminar os cretenses e destruir o que resta aos habitantes da costa. 17Exercerei contra eles uma vingança terrível, castigando-os com furor. Então, reconhecerão que Eu sou o Senhor, quando fizer descer sobre eles a minha vingança.»
Capítulo 26
Contra Tiro (Am 1,9-10) – 1No décimo primeiro ano, no primeiro dia do mês, foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos:
2«Filho de homem, Tiro disse contra Jerusalém: ‘Ah! Ah! ela está arrombada, a porta dos povos! Ela volta-se agora para mim, a sua riqueza está destruída.’ 3Por isso, diz o Senhor Deus: Tiro, eis que Eu venho contra ti! Vou suscitar contra ti muitos povos, como o mar faz encrespar as suas vagas. 4Eles destruirão os muros de Tiro e demolirão as suas torres; varrerei dela o pó e dela farei um rochedo nu. 5Tiro será, no meio do mar, um lugar onde se estendem as redes, porque Eu falei – oráculo do Senhor Deus. Ela será a presa das nações. 6Cairão ao fio da espada as cidades, suas filhas, que estão na terra firme. Então, reconhecerão que Eu sou o Senhor.»
7Porque assim fala o Senhor Deus: «Eis que Eu envio contra Tiro, vindo do Norte, Nabucodonosor, rei da Babilónia, rei dos reis, com cavalos, carros, cavaleiros e uma multidão de tropas. 8Ele matará ao fio da espada as tuas filhas que estão em terra firme. Contra ti levantará trincheiras, elevará plataformas e construirá bastiões. 9Dirigirá contra os teus muros o ímpeto dos seus aríetes; com os seus engenhos demolirá as tuas torres. 10Será tão grande o número dos seus cavalos que a sua poeira te cobrirá. Ao ruído dos seus cavaleiros e dos seus carros de guerra, tremerão as tuas muralhas; quando ele atravessar as tuas portas, como se penetra numa cidade conquistada. 11Com as patas dos cavalos calcará todas as tuas ruas; matará o teu povo ao fio da espada; deitará por terra as tuas estelas colossais. 12As tuas riquezas e mercadorias serão pilhadas; as tuas muralhas demolidas, as tuas casas luxuosas arrasadas; lançarão ao mar as tuas pedras, a tua madeira e o teu pó. 13Farei cessar o som dos teus cânticos; não se escutarão mais as tuas cítaras. 14De ti farei um rochedo nu, um lugar onde se estendem as redes. Não serás reedificada, porque Eu, o Senhor, falei» – oráculo do Senhor Deus.
15Assim fala o Senhor Deus a Tiro: «Ao estrondo da tua queda, quando estiverem gemendo os teus feridos, quando a mortandade grassar no meio de ti, não estremecerão as ilhas? 16E todos os príncipes do mar descerão dos tronos; deporão os mantos e despirão as vestes bordadas. Revestir-se-ão de espanto, sentar-se-ão por terra, tremerão sem cessar e ficarão consternados. 17Então, recitarão sobre ti uma lamentação e dirão:
‘Como desapareceste dos mares,
tu, cidade famosa,
tu que eras poderosa sobre o mar,
tu e os teus habitantes,
que espalhavam terror
por todo o continente.’
18Agora, as ilhas estremecerão,
no dia da tua queda,
e as ilhas do mar serão aterrorizadas
com o teu destino.»
19Porque assim fala o Senhor Deus: «Quando fizer de ti uma cidade deserta como as cidades que não são habitadas; quando fizer subir sobre ti o Abismo, para que as suas águas profundas te cubram, 20então, precipitar-te-ei com os que descem à cova, para junto dos povos do passado. Far-te-ei habitar nas profundezas da terra, como uma ruína do passado, ao lado dos que desceram à cova, para que não sejas mais habitada e não voltes a reinar em glória na terra dos vivos. 21De ti farei objecto de terror; e não existirás mais. Hão-de procurar-te, mas não te encontrarão» – oráculo do Senhor Deus.
Capítulo 27
Lamentação sobre a queda de Tiro (28,1-19) – 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:
2«E tu, filho de homem, profere sobre Tiro uma lamentação. 3Dirás a Tiro, a cidade que fica junto ao mar, que tem comércio com os povos de inúmeras ilhas: Assim fala o Senhor Deus:
Tiro, tu dizias: ‘Eu sou um navio
de uma beleza perfeita.’
4O teu domínio está no coração do mar,
os teus construtores fizeram de ti uma perfeição.
5Com ciprestes de Senir
fizeram todas as tuas pranchas;
para te fazerem um mastro,
cortaram um cedro do Líbano.
6Com os carvalhos mais altos de Basan
fizeram os teus remos;
e com marfim incrustado em cedro
das ilhas de Kitim, o teu convés.
7De linho fino do Egipto, bordado,
eram as tuas velas
que te serviam de estandarte.
De púrpura e escarlate das ilhas de Elicha
fizeram-te um toldo.
8Os habitantes de Sídon e de Arvad
foram os teus remadores.
E os sábios de Cémer
estavam a bordo como pilotos.
9Os anciãos de Guebal e seus artistas
lá estavam para reparar-te as avarias.
Todos os navios do mar e seus marinheiros
estavam perto de ti,
para fazerem comércio contigo.
10Gente da Pérsia, de Lud e de Put
servia na tua armada
como gente de guerra.
Penduravam em ti o escudo e o capacete,
para te enfeitar.
11Sobre os teus muros, estavam os filhos de Arvad, e os teus soldados, vigiando nas tuas torres. Nas tuas muralhas penduravam os seus escudos, dando-te rara beleza.
12Társis era tua cliente, aproveitando-se da abundância das tuas riquezas. Com prata, ferro, estanho e chumbo pagava as tuas mercadorias. 13Javan, Tubal e Méchec comerciavam contigo. Trocavam as tuas mercadorias por homens e utensílios de bronze. 14Os de Bet-Togarma forneciam-te em troca cavalos de raça, cavalos de sela e mulas. 15Os filhos de Dedan faziam comércio contigo. Muitas ilhas eram tuas clientes; pagavam-te com marfim e ébano. 16A Síria negociava contigo, por causa da grande abundância dos teus produtos; pagavam-te com pedras preciosas, púrpura, tecidos tingidos, linho fino, corais e rubis. 17Judá e o país de Israel também comerciavam contigo, fornecendo-te em troca o trigo de Minit, cera, mel, azeite e bálsamo. 18Damasco era teu cliente graças à abundância dos teus produtos e à multidão das tuas riquezas, que ela trocava pelo vinho de Helbon e lã de Sacar.
19Dan e Javan, depois de Uzal, abasteciam-te de ferro forjado, de cássia e cana aromática, como matéria de permuta. 20Dedan fazia comércio contigo de artigos de montaria. 21A Arábia e os príncipes de Quedar também eram teus clientes, em cordeiros, carneiros e bodes. 22Os mercadores de Sabá e de Rama comerciavam contigo; trocavam as tuas mercadorias por aromas de primeira qualidade, pedras preciosas e ouro. 23Haran, Cané e Éden, os comerciantes de Sabá, de Assur e de Quilmad traficavam contigo. 24Vendiam nos teus mercados ricas vestes, mantos de púrpura, bordados, tecidos de variadas cores, fortes cordas entrançadas.
25Os navios de Társis vogavam
ao serviço dos teus negócios.
Eras poderosa e gloriosa
no coração dos mares.
26Era pelo alto mar que te conduziam
os teus remadores.
O vento do oriente destroçou-te em pleno mar.
27As tuas mercadorias, as tuas riquezas,
os teus produtos, os teus navios,
os teus marinheiros e os teus pilotos,
os teus calafates e os teus estivadores,
todos os homens de guerra que tu transportavas
e toda a multidão de pessoas que vai a bordo,
serão engolidos pelo mar
no dia do teu naufrágio.
28Aos gritos dos teus marinheiros,
as praias estremecerão.
29Então, descerão dos seus navios
todos os remadores.
Os marinheiros, todos eles gente do mar,
desembarcarão em terra.
30Farão ouvir o seu queixume contra ti
e gritarão amarguradamente.
Deitarão poeira na cabeça
e rolarão na cinza.
31Por causa de ti, raparão a cabeça
e se cingirão de saco.
Chorarão sobre ti na tristeza da sua alma,
em luto amargo.
32Juntos entoarão sobre ti um cântico fúnebre,
lamentando-te assim:
‘Quem era como Tiro,
gloriosa no coração do mar?’
33Quando as tuas mercadorias desembarcavam,
abastecias muitos povos;
com a abundância de tuas riquezas e comércio,
enriquecias os reis da terra.
34Mas agora, eis-te quebrada pelas vagas,
no coração dos mares.
As tuas mercadorias e toda a tua tripulação
foi a pique contigo.
35Todos os habitantes das ilhas
estão feridos de pavor por causa de ti;
os seus reis estão tomados de terror,
o rosto deles está perturbado.
36Os mercadores dos povos,
ao verem-te, assobiam.
Tornaste-te objecto de terror,
aniquilada para sempre.»
Capítulo 28
Contra o rei de Tiro (Is 23,1-18) – 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:
2«Filho de homem, diz ao príncipe de Tiro: Eis o que diz o Senhor Deus: Tu te encheste de orgulho, dizendo: ‘Eu sou um deus, estou sentado no trono de Deus, no coração do mar’, não sendo tu um deus mas apenas um homem; e, contudo, julgas-te igual a Deus. 3Consideras-te mais sábio do que Daniel: nenhum mistério te é obscuro. 4Foi pela tua sabedoria e inteligência que adquiriste riqueza e amontoaste ouro e prata em teus tesouros. 5Pela tua perícia para o comércio, acrescentaste as riquezas, e o teu coração ensoberbeceu-se.
6Por causa disto, assim fala o Senhor Deus: Já que te julgas deus, 7por isso, eis que farei vir contra ti estrangeiros, os mais bárbaros dos povos. Eles desembainharão a espada contra a tua sabedoria e macularão o teu esplendor. 8Far-te-ão descer à cova; morrerás de morte violenta no coração dos mares. 9Dirás ainda, à vista dos teus carrascos: ‘Eu sou um deus’, quando é evidente que não és senão um homem e não um deus, na mão do teu assassino. 10Morrerás da morte dos incircuncisos, aos golpes dos estrangeiros. Sou Eu quem o afirma» –oráculo do Senhor Deus.
Lamentação sobre o rei de Tiro – 11Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 12«Filho de homem, profere uma lamentação sobre o rei de Tiro. Tu lhe dirás: ‘Assim fala o Senhor Deus: Tu eras um modelo de perfeição, cheio de sabedoria, de uma beleza admirável. 13Estavas no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda a espécie de pedras preciosas: sardónica, topázio, diamante, crisólito, ónix, jaspe, safira, carbúnculo e esmeralda, cravejadas de ouro. Tamborins e flautas estavam ao teu serviço desde o dia em que foste criado. 14Eras um querubim protector, colocado sobre a montanha santa de Deus, caminhavas por entre pedras de fogo. 15Eras irrepreensível na tua conduta, desde o dia em que nasceste, até àquele em que a iniquidade apareceu em ti.
16Com o aumento do teu comércio, o teu íntimo encheu-se de violências e pecados. Por isso, Eu precipitei-te da montanha de Deus e fiz-te perecer, ó querubim protector, no meio das pedras de fogo. 17O teu coração encheu-se de orgulho, por causa da tua beleza. Arruinaste a tua sabedoria, por causa do teu esplendor.
Lancei-te por terra e entreguei-te em espectáculo aos reis. 18Pelas muitas faltas e desonestidades no teu comércio, profanaste o teu santuário. Por isso, fiz sair de ti o fogo para te devorar. Reduzi-te a cinzas sobre a terra, aos olhos de todos os que te contemplavam. 19Todos os que entre os povos te conheciam, ficaram estupefactos. Tornaste-te objecto de horror e não sobreviverás mais.’»
Contra Sídon – 20Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:
21«Filho de homem, volta-te para Sídon e profetiza contra ela. 22Dirás: Assim fala o Senhor Deus: Eis que me declaro contra ti, Sídon; no meio de ti, farei brilhar a minha glória. Então, saberão que Eu sou o Senhor, quando executar contra ela os meus juízos e nela manifestar a minha santidade. 23Mandar-lhe-ei a peste, e o sangue inundará as suas ruas; sucumbirão feridos, derrubados por uma espada, que surgirá de toda a parte. Então reconhecerão que Eu sou o Senhor.»
Conversão de Israel – 24«Depois disso, não haverá para a casa de Israel nem espinho que fira nem silva que dilacere, da parte de algum dos seus vizinhos que a atacam. Assim, saberão que Eu sou o Senhor Deus.
25Assim fala o Senhor Deus: Quando congregar os israelitas de entre os povos, por onde foram dispersos, então, manifestarei a minha santidade aos olhos das nações e habitarão a terra que Eu dei ao meu servo Jacob. 26Habitarão em segurança, edificarão casas e plantarão vinhas; viverão com segurança, quando Eu executar os meus juízos contra todos os vizinhos que os atacavam. Então, reconhecerão que Eu sou o Senhor, seu Deus.»
Capítulo 29
Ruína do Faraó e do Egipto (Jb 40,25-32;Is 19) – 1No décimo ano, no dia doze do décimo mês, foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos:
2«Filho de homem, volta a face para o faraó, rei do Egipto e profetiza contra ele e contra todo o Egipto. 3Dirige-lhe estas palavras: Assim fala o Senhor Deus:
“Eis-me contra ti,
faraó, rei do Egipto,
crocodilo monstruoso, estendido no meio dos teus Nilos;
tu dizes: ‘Os meus Nilos são meus, fui eu quem os fez.’
4Vou meter ganchos nas tuas mandíbulas, em tuas escamas prenderei os peixes dos teus Nilos, e Eu te tirarei para fora dos teus Nilos, com todos os peixes dos teus Nilos atados às tuas escamas.
5Lançar-te-ei para o deserto
com todos os peixes dos teus Nilos;
ficarás estendido no chão,
não serás recolhido nem enterrado.
Aos animais da terra e às aves do céu
Eu te darei como pasto.
6E reconhecerão todos os egípcios
que Eu sou o Senhor,
porque tu eras apenas um apoio de cana
para a casa de Israel.
7Quando te tomarem na mão, partir-te-ás
e lhes rasgarás as mãos.
Quando se apoiarem em ti, despedaçar-te-ás
e farás vacilar os seus rins.
8Por isso, diz o Senhor Deus: Eis que Eu mando contra ti a espada, para eliminar de ti homens e animais. 9O país do Egipto tornar-se-á num deserto desolado. Então, saberão que sou o Senhor. Isto acontecerá porque disseste: ‘O Nilo é meu; é meu, porque fui eu quem o fez.’
10Por isso, eis que Eu me declaro contra ti e contra todos os teus Nilos. Farei do Egipto deserto e desolação, desde Migdol e Siene, até à fronteira da Etiópia. 11Não passará por ele pé de homem, nenhum pé de animal tão-pouco; durante quarenta anos ficará desabitado. 12Mudarei o Egipto em deserto entre os países desertos; as suas cidades serão devastadas entre as cidades destruídas, durante quarenta anos. Dispersarei os egípcios entre os povos e os espalharei pelas nações.
13Porque, assim diz o Senhor Deus: Ao fim de quarenta anos, Eu juntarei os egípcios de entre as nações por onde se tiverem espalhado. 14Depois, reconduzirei os cativos do Egipto e os estabelecerei de novo no país de Patros, no seu país de origem; aí formarão um pequeno reino. 15Em comparação com os outros reinos, será um reino modesto e nunca mais dominará as nações; Eu o farei pequeno, para que não domine mais as nações. 16Para Israel não será mais objecto de confiança, mas recordará as faltas de Israel por se ter voltado para ele. Então, saberão que Eu sou o Senhor Deus.”»
Nabucodonosor conquistará o Egipto (Jr 43,8-13) – 17No vigésimo sétimo ano, no primeiro dia do primeiro mês, foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 18«Filho de homem, Nabucodonosor, rei da Babilónia, empenhou o seu exército numa grande empresa contra Tiro. Toda a cabeça se tornou calva, todos os ombros esfolados. Mas, nem ele, nem o seu exército tiraram de Tiro alguma vantagem da operação realizada contra a cidade.
19Por isso, diz o Senhor Deus: Eis que Eu dou a Nabucodonosor, rei da Babilónia, a terra do Egipto. Ele pilhará as suas riquezas, apoderar-se-á dos seus despojos e levará a sua presa. Esse será o soldo do seu exército. 20Como recompensa da tarefa executada contra Tiro, dou-lhe o Egipto, porque foi para mim que ele trabalhou –oráculo do Senhor Deus. 21Nesse dia, farei brotar o poder na casa de Israel e abrirei a tua boca no meio deles. Então, saberão que Eu sou o Senhor.»
Capítulo 30
Julgamento do Senhor contra o Egipto – 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos:
2«Filho de homem, profetiza e diz: Assim fala o Senhor Deus: Gritai: ‘Ah! Que dia!’ 3É que se aproxima o dia, o Dia do Senhor. Será um dia carregado de nuvens, dia marcado para as nações. 4Uma espada atingirá o Egipto; haverá angústia na Etiópia, quando os mortos tombarem no Egipto, quando levarem as suas riquezas e derrubarem os seus fundamentos. 5Gente da Etiópia, de Put e Lud, populações mistas, gente de Cub, bem como os filhos dos países aliados, cairão com eles à espada.
6Eis o que diz o Senhor: Eles tombarão, os sustentáculos do Egipto, e o orgulho que lhe inspirava a força será abatido: desde Migdol a Siene sucumbirão à espada – oráculo do Senhor Deus. 7Será devastada entre os países devastados, e as suas cidades ficarão desertas entre as demais. 8Então, saberão que Eu sou o Senhor, quando tiver deitado fogo ao Egipto e os seus aliados tiverem ficado esmagados. 9Nesse dia, irão da minha parte, de barco, mensageiros a toda a pressa, a fim de perturbarem a segurança da Etiópia. O terror espalhar-se-á entre os seus habitantes, como no dia do Egipto; pois ei-lo que chega!
10Assim fala o Senhor Deus: Eu vou aniquilar as multidões que povoam o Egipto, pela mão de Nabucodonosor, rei da Babilónia. 11Ele e o seu povo, os mais ferozes entre os povos, vão ser enviados para arrasar o país. Desembainharão as espadas contra o Egipto e cobrirão o país de cadáveres. 12Tornarei secos os Nilos e entregarei o país a salteadores; saquearei o país e tudo o que ele contém, pela mão de estrangeiros. Fui Eu, o Senhor, que falei.
13Assim fala o Senhor Deus: Destruirei os ídolos e farei desaparecer os grandes de Nof. Deixará de haver príncipe no Egipto. Espalharei o terror pelo Egipto.
14Assolarei Patros, lançarei fogo a Soan, executarei os meus juízos sobre Nó. 15Desencadearei o meu furor contra Sin, a fortaleza do Egipto; exterminarei a numerosa população de Nó. 16Porei fogo ao Egipto: Sin se contorcerá de dores; Nó será invadida e Nof assaltada em pleno dia.
17Os jovens de On e de Pi-Bésset tombarão ao fio da espada e os seus habitantes serão deportados. 18Em Taapanés, o dia se transformará em trevas, quando Eu quebrar o ceptro do Egipto e puser termo ao orgulho da sua força. Uma nuvem cobrirá a cidade, e as suas filhas serão levadas para o cativeiro.
19É assim que Eu exercerei o meu julgamento contra o Egipto. Então, saberão que Eu sou o Senhor.»
Oráculo contra o Faraó – 20No primeiro mês do décimo primeiro ano, no dia sete, foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos:
21«Filho de homem, parti o braço do faraó, rei do Egipto, e eis que ninguém o procura para o curar, ninguém lhe pôs uma ligadura, a fim de lhe dar força para manejar a espada.
22Por isso, diz o Senhor Deus: Eis-me contra o faraó, rei do Egipto: Vou despedaçar-lhe o braço válido, como fiz ao outro, e farei cair a espada da sua mão. 23Dispersarei os egípcios entre as nações, espalhá-los-ei por diversos países.
24Darei força ao braço do rei da Babilónia, e meterei na sua mão a minha espada; partirei os braços do Faraó, e ele soltará o gemido da morte, diante do inimigo. 25Tornarei vigorosos os braços do rei da Babilónia, enquanto os braços do Faraó tombarão. Saberão que Eu sou o Senhor, quando puser a minha espada na mão do rei da Babilónia e quando ele a brandir contra o Egipto. 26Dispersarei os egípcios por entre as nações, e os espalharei por diversos países. Assim, saberão que Eu sou o Senhor.»