Capítulo 11

Castigo dos chefes do povo 1Em seguida, o Espírito arrebatou-me e conduziu-me à porta oriental do templo do Senhor, que dá para oriente. E eis que, à entrada da porta, estavam vinte e cinco homens, entre os quais Jazanias, filho de Azur, e Pelatias, filho de Benaías, chefes do povo.

2O Espírito disse-me: «Filho de homem, estes são os homens que projectam o mal e dão conselhos perversos nesta cidade. 3Eles dizem: ‘A desgraça não está próxima! Construamos casas! Esta cidade é a marmita e nós a carne!’ 4Por isso, profetiza contra eles; profetiza, filho de homem.»

5Então, desceu sobre mim o espírito do Senhor e disse-me: «Vós falais assim, casa de Israel, Eu conheço o que vai no vosso pensamento. 6Assassinastes muitos na cidade e enchestes as ruas de cadáveres. 7Por isso, assim fala o Senhor Deus: ‘Os cadáveres, que espalhastes pelo meio dela, são a carne, e ela é a marmita. Mas a vós, Eu far-vos-ei sair de lá.’ 8Tendes medo da espada, mas Eu farei descer a espada sobre vós – oráculo do Senhor Deus. 9Vou fazer-vos sair da cidade e entregar-vos nas mãos dos estrangeiros e executarei sobre vós os meus juízos. 10Morrereis ao fio da espada; hei-de julgar-vos na fronteira de Israel e, então, sabereis que Eu sou o Senhor. 11Esta cidade não será para vós uma marmita e vós não sereis a carne dentro dela; hei-de julgar-vos no território de Israel. 12Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor, cujos mandamentos vós não guardastes, e cujas leis vós não seguistes; mas agistes segundo os costumes dos povos vizinhos.»

13E eis que, enquanto eu profetizava, Pelatias, filho de Benaías, morreu. Então, caí com o meu rosto por terra e gritei em alta voz: «Ah! Senhor Deus, queres aniquilar o resto de Israel?»


Salvação prometida aos exilados14Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 15«Filho de homem, é a teus irmãos, a teus familiares e a toda a casa de Israel que os habitantes de Jerusalém dizem: ‘Eles estão longe de Deus; a nós é que o país foi dado em herança.’

16Por isso, diz: Assim fala o Senhor Deus: ‘Sim, afastei-os entre as nações e dispersei-os para os países estrangeiros; e a custo fui para eles um santuário, nos países para onde eles foram.’

17Por isso, diz: Assim fala o Senhor Deus: ‘Eu vos reunirei de entre os povos e vos reconduzirei de todos os países, para onde fostes dispersos, e vos darei a terra de Israel.’ 18E nela entrarão e destruirão todos os seus horrores e abominações. 19Dar-lhes-ei um coração novo e infundirei no seu íntimo um espírito novo. Arrancarei do seu corpo o coração de pedra e dar-lhes-ei um coração de carne, 20para que caminhem segundo os meus preceitos e observem as minhas leis e as cumpram. Eles serão o meu povo e Eu serei o seu Deus. 21Mas pedirei contas da sua conduta, àqueles que correm com o coração atrás dos ídolos e abominações» – oráculo do Senhor Deus.


Deus abandona a cidade22Então, os querubins elevaram as asas e as rodas começaram a avançar juntamente com eles; e a glória do Deus de Israel estava sobre eles, no alto. 23A glória do Senhor elevou-se do meio da cidade e fixou-se sobre a montanha que se encontra a oriente da cidade.

24Então, o espírito arrebatou-me e conduziu-me à Caldeia, entre os exilados, por meio de uma visão da parte do espírito de Deus; e a visão, que eu tivera em espírito, desapareceu à minha frente. 25E eu contei aos exilados todas as coisas que o Senhor me tinha feito ver.

Capítulo 12

Acção simbólica1Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: 2«Filho de homem, tu moras no meio desta raça de gente rebelde que tem olhos para ver e não vê, ouvidos para ouvir e não ouve; porque são gente rebelde.

3Tu, filho de homem, prepara a tua bagagem de emigrante e sai de dia, à vista deles. Sai do lugar onde te encontras, para outro lugar à vista deles. Talvez eles vejam; porque são gente rebelde. 4Prepararás as tuas coisas como bagagem de exilado, de dia, à vista deles; e sairás à tarde, à vista deles, como saem os exilados. 5Faz um buraco na parede, à vista deles, e sai através dele. 6À vista deles, põe a bagagem aos ombros e sai na obscuridade. Cobre o rosto para não poderes ver o país, porque Eu faço de ti um símbolo para a casa de Israel.»

7Procedi conforme me foi ordenado; preparei as minhas coisas como bagagem de exilado e, à tarde, fiz um buraco na parede com a mão. Saí na obscuridade e carreguei a bagagem, à vista deles.


Destino do rei Sedecias (2 Rs 24,18-20;2 Cr 36,11-13) – 8Foi-me dirigida a palavra do Senhor, de manhã, nestes termos:

9«Filho de homem, não te perguntou a casa de Israel, a gente rebelde: ‘Que fazes?’ 10Responde-lhes: Assim fala o Senhor Deus: ‘Este oráculo de ameaça é dirigido ao chefe de Jerusalém e a toda a casa de Israel que nela habita.’ 11Diz: ‘Eu sou para vós um sinal. Como eu fiz, assim vos será feito.’ Eles irão para o exílio, para o cativeiro. 12O príncipe que se encontra no meio deles carregará a bagagem ao ombro, na obscuridade, e sairá pelo muro, no qual será feito um buraco. Ele cobrirá o rosto para não ser visto por ninguém nem poder contemplar o país. 13Eu, porém, lançarei a minha rede e ele será apanhado nela; levá-lo-ei para a Babilónia, para o país dos caldeus; mas ele não verá o país e ali morrerá. 14E tudo à sua volta, os seus colaboradores e as suas tropas, será disperso aos quatro ventos, e desembainharei a espada contra eles.

15Então, reconhecerão que Eu sou o Senhor, quando os espalhar entre as nações e os dispersar pelos países estrangeiros. 16Mas pouparei um resto de homens da espada, da fome e da peste, para que eles contem as suas abominações entre as nações, para onde seguirão. Então, reconhecerão que Eu sou o Senhor.»


Angústia do cerco17Foi-me dirigida a palavra de Deus nestes termos: 18«Filho de homem, comerás o teu pão a tremer e beberás a tua água na inquietação e na angústia.»

19E dirás ao povo do país: «Assim fala o Senhor Deus aos habitantes de Jerusalém, que estão na terra de Israel: comerão o pão na aflição e beberão a água no meio de tormentos, porque o país e tudo o que existe será devastado por causa da violência de todos os seus habitantes. 20As cidades, que estão habitadas, ficarão desertas e o país será devastado. Então, reconhecerão que Eu sou o Senhor.»


Realização próxima das ameaças21Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:

22«Filho de homem, que significa este provérbio que repetis no país de Israel: ‘Os dias sucedem-se e toda a visão fica sem efeito’? 23Por isso, diz-lhes: ‘Assim fala o Senhor Deus: Porei fim a este provérbio; não será mais usado em Israel.’

Diz-lhes, pelo contrário: ‘Os dias aproximam-se e igualmente todas as visões se cumprem.’ 24Porque não haverá mais visões enganadoras nem oráculos falsos, em Israel. 25Porque Eu, o Senhor, falarei. O que Eu digo, cumprir-se-á sem demora. Sim, é em vossos dias, casa rebelde, que Eu direi a palavra e a realizarei» – oráculo do Senhor Deus.

26Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 27«Filho de homem, eis que a casa de Israel diz: ‘A visão que este tem é para dias longínquos; ele profetiza para tempos distantes.’ 28Por isso, diz-lhes: Assim fala o Senhor Deus: ‘Todas as minhas palavras se cumprirão. A palavra que Eu digo vai realizar-se’» – oráculo do Senhor Deus.

Capítulo 13

Contra os falsos profetas (Dt 18,9-22;Jr 23; Mq 2,6-13) – 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 2«Filho de homem, profetiza contra os profetas de Israel; profetiza e diz: Escutai a palavra do Senhor. 3Assim fala o Senhor Deus: Ai dos profetas insensatos que seguem o seu próprio espírito, sem nada verem! 4Como raposas entre ruínas, são os teus profetas, ó Israel. 5Vós não subistes às brechas e não levantastes muralhas à volta da casa de Israel para que se mantenha firme no combate, no Dia do Senhor. 6Têm visões vãs e oráculos enganadores aqueles que dizem: ‘Oráculo do Senhor’, sem que o Senhor os tivesse enviado; e, contudo, esperam que Ele realize a sua palavra. 7Não são, porventura, visões vãs as que vós tendes, e oráculos falsos os que pronunciais, quando dizeis: ‘Oráculo do Senhor’, sem que Eu tenha falado?

8Por isso, assim fala o Senhor Deus: Porque proferis palavras vãs e tendes visões enganadoras, eis que Eu me declaro contra vós – oráculo do Senhor Deus. 9A minha mão estará sobre os profetas que têm visões vãs e proferem oráculos falsos. Nunca mais tomarão parte no conselho do meu povo, nem serão inscritos no livro da casa de Israel, nem entrarão na terra de Israel. Então, reconhecerão que Eu sou o Senhor Deus. 10Eles enganaram o meu povo, ao anunciarem a salvação, quando realmente não há nenhuma salvação; e, se o meu povo construía um muro, eis que eles o cobriam de reboco.

11Diz aos que o cobrem de reboco: ‘Virá uma chuva torrencial, cairão pedras de granizo e uma tempestade se desencadeará.’ 12E eis que o muro ruiu. Não vos perguntarão: ‘Onde está o reboco com que o recobristes?’

13Por isso, assim fala o Senhor Deus: Na minha cólera, farei surgir uma tempestade; virá uma chuva torrencial, por causa da minha ira; pelo meu furor, cairão pedras de granizo. 14Farei desabar o muro que recobristes de reboco e lançá-lo-ei por terra: ficarão a descoberto os seus fundamentos. Quando ele cair, perecereis. Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor. 15Saciarei a minha cólera contra o muro e contra aqueles que o rebocaram, de tal modo que vos dirão: ‘Já não existe o muro nem aqueles que o rebocaram, 16nem os profetas de Israel que profetizavam sobre Jerusalém e tinham visões de paz a seu respeito, quando realmente não havia paz’» – oráculo do Senhor Deus.


Contra as falsas profetisas17«E tu, filho de homem, volta-te para as filhas do teu povo, que profetizam por sua iniciativa, e profetiza contra elas. 18Dirás: Assim fala o Senhor Deus: Ai daquelas que cosem faixas para os pulsos e fabricam véus para as cabeças de todas as medidas, para apanhar os outros. Será que apanhando a vida do meu povo poupareis a vossa? 19Vós profanais-me entre o meu povo, por um punhado de cevada e uns bocados de pão, fazendo morrer pessoas que não deviam morrer e poupando as que não devem viver, enganando, assim, o meu povo que ouve mentiras.

20Por isso, assim fala o Senhor Deus: Eis que me oponho às faixas com que apanhais as vidas como aves; arranco-as dos vossos braços e liberto as vidas que vós apanhais, para que levantem voo. 21Rasgarei os vossos véus e arrancarei o meu povo das vossas mãos; e ele não será mais uma presa nas vossas mãos. Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor.

22Porque afligis o coração do justo com mentiras, quando Eu não o queria afligir? E porque fortaleceis as mãos do pecador para que ele não se converta do seu mau caminho, a fim de encontrar a vida? 23Por isso, não tereis mais visões vãs, nem proferireis oráculos falsos; arrancarei o meu povo das vossas mãos e, então, sabereis que Eu sou o Senhor.»

Capítulo 14

Contra os idólatras que consultam o profeta1Alguns anciãos de Israel aproximaram-se de mim e sentaram-se à minha frente. 2E a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 3«Filho de homem, estas gentes puseram os seus ídolos no seu coração e colocam diante da sua face o escândalo que os faz pecar. Devo Eu deixar-me consultar por eles?

4Por isso, fala com eles e diz-lhes: Assim fala o Senhor Deus: Todo o homem da casa de Israel que pôs em seu coração ídolos e ergueu diante de si o escândalo que o faz pecar, quando vier ter com o profeta, a esse darei Eu, o Senhor, uma resposta, de acordo com a multidão dos seus ídolos, 5para chamar à responsabilidade a casa de Israel, que se afastou de mim, por causa dos seus ídolos.

6Por isso, diz à casa de Israel: Assim fala o Senhor Deus: Voltai, afastai-vos dos vossos ídolos e afastai-vos de todas as vossas abominações. 7Porque todo o que é da casa de Israel – ou dos estrangeiros que habitam em Israel – que se afasta de mim ergue no seu coração os seus ídolos e coloca diante de si o escândalo que o faz pecar; se se dirige ao profeta para que ele me interrogue por si, Eu, o Senhor, lhe responderei. 8Dirigirei a minha face contra este homem e farei dele um sinal e um exemplo; e exterminá-lo-ei do meio do meu povo. Então, reconhecerão que Eu sou o Senhor. 9E se o profeta se deixa seduzir e profere alguma palavra, isso quererá dizer que fui Eu quem o seduziu; estenderei a minha mão sobre ele e exterminá-lo-ei do meu povo de Israel.

10Carregarão, assim, o peso da sua culpa: o pecado do consulente e o do profeta serão iguais, 11para que a casa de Israel não volte a afastar-se de mim nem volte a manchar-se com os seus pecados. Eles serão o meu povo e Eu serei o seu Deus» – oráculo do Senhor Deus.


Intercessão dos justos pelos pecadores (Gn 18; Ex 32; Nm 14) – 12Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: 13«Filho de homem, se um país pecasse contra mim por revolta e Eu estendesse a minha mão contra ele, destruindo-lhe a sua reserva de pão; e se lhe enviasse a fome e exterminasse homens e animais, 14e se estivessem neste país estes três homens – Noé, Daniel e Job – estes homens salvariam a sua vida graças à sua justiça – oráculo do Senhor Deus. 15Se Eu deixasse que os animais ferozes percorressem o país, de maneira que o despovoassem e dele fizessem um deserto, pelo qual ninguém pudesse passar, por causa dos seus animais, 16porém, estivessem nele aqueles três homens, pela minha vida, diz o Senhor Deus, eles não poderiam salvar nem filhos nem filhas; apenas eles se salvariam, mas a terra tornar-se-ia um deserto. 17Ou, se Eu fizesse vir a espada sobre o país e dissesse: ‘Que a espada atravesse o país, exterminando homens e animais’, 18porém, se aqueles três homens estivessem lá, pela minha vida, não conseguiriam salvar nem filhos nem filhas e só eles se salvariam – oráculo do Senhor Deus.

19Ou ainda, se Eu enviasse a peste sobre o país e espalhasse sobre ele a minha cólera com sangue, exterminando pessoas e animais, 20porém, se estivessem lá Noé, Daniel e Job, pela minha vida – oráculo do Senhor Deus – eles não salvariam seus filhos e filhas, e apenas salvariam as suas vidas pela sua justiça.

21Porque, assim fala o Senhor Deus: Quando enviar as minhas quatro pragas mais terríveis contra Jerusalém – a espada, a fome, animais selvagens e peste – exterminando pessoas e animais, 22eis que haverá, apesar de tudo, um resto que escapará, que sairá da cidade, filhos e filhas. Eis que virão ter convosco: vereis, então, a sua conduta e as suas obras e haveis de vos consolar do mal que Eu fiz cair sobre Jerusalém e de tudo o que Eu lhe fiz. 23Eles vos consolarão, quando virdes a sua conduta e as suas obras. Então, reconhecereis que não fiz tudo isto em vão contra ela» – oráculo do Senhor Deus.

Capítulo 15

A videira estéril (Is 5,1-7; Os 10, 1-8; Jo 15,1-8) – 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos:

2«Filho de homem,

que vale a lenha da videira

mais do que qualquer outra

cortada nas árvores da floresta?

3Porventura tira-se dela madeira

para fazer algum objecto?

Tira-se dela um cabide

para pendurar alguma coisa?

4Eis que se lança no fogo,

a fim de ser consumida.

O fogo consome as duas extremidades;

e a parte central arde;

servirá para qualquer obra?

5Eis que, quando estava intacto,

não servia para nada;

depois de o fogo a ter consumido e queimado,

poder-se-á fazer dela qualquer coisa?

6É por isso que assim fala o Senhor Deus:

Como lenha da videira entre as árvores da floresta,

lançada ao fogo para ser consumida,

assim lançarei os habitantes de Jerusalém.

7Dirigirei o meu rosto contra eles;

fugiram ao fogo, mas o fogo os devorará.

Então sabereis que Eu sou o Senhor,

ao voltar a minha face contra eles.

8Do país de Israel farei um deserto;

porque eles foram infiéis»

– oráculo do Senhor Deus.

Capítulo 16

Faltas de Jerusalém ao longo da sua História (20; 23; Os 2) 1Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:

2«Filho de homem, dá a conhecer a Jerusalém as suas abominações e diz: 3Assim fala o Senhor Deus a Jerusalém: Pelas tuas origens e pelo teu nascimento, és da terra do cananeu. O teu pai era amorreu e a tua mãe hitita. 4No dia em que nasceste, não te cortaram o cordão umbilical, não foste lavada em água para seres purificada, não te friccionaram com sal nem te envolveram em faixas. 5Nenhum olhar teve piedade de ti, para te fazer uma só destas coisas, por compaixão de ti; mas deitaram-te em campo aberto, por repugnância de ti, no dia em que nasceste.»


O amor de Deus6«Passei, então, junto de ti e vi que te agitavas em teu sangue. E disse-te: ‘Vive em teu sangue.’ 7Fiz-te crescer como a erva dos campos; e ficaste grande; e cresceste, adquiriste uma beleza perfeita; os teus seios formaram-se e chegaste à puberdade; mas tu estavas nua, completamente nua.

8Então, passei de novo perto de ti e vi-te; e eis que o teu tempo era o tempo dos amores. Estendi sobre ti a ponta do meu manto e cobri a tua nudez. Fiz, então, um juramento e estabeleci contigo uma aliança – oráculo do Senhor Deus. E ficaste a ser minha. 9Banhei-te em água, lavei o sangue que te cobria e ungi-te com azeite. 10Vesti-te com vestes bordadas, calcei-te sandálias de cabedal fino, cingi-te a cabeça com um véu de linho e cobri-te de seda. 11Ornei-te de jóias, pus-te braceletes nos pulsos e um colar ao pescoço. 12Coloquei-te um anel no nariz, brincos nas orelhas e uma coroa de ouro na cabeça.

13Ficaste, assim, ornada de ouro e prata; o teu vestido era de linho fino, de seda e recamado de bordados. Como alimento, tinhas a flor de farinha, o mel e o azeite. Tornaste-te extraordinariamente bela e chegaste à dignidade real.

14O teu nome espalhou-se entre as nações, graças à tua beleza; porque ela era perfeita, por causa do esplendor de que Eu te havia adornado» – oráculo do Senhor Deus.


Infidelidade de Israel15«Mas tu confiaste na tua beleza; serviste-te da tua fama para te prostituíres com os que passavam. 16Tomaste as tuas vestes e com elas fizeste ‘lugares altos’ de ricas cores, e lá em cima te prostituíste, como nunca se fez nem se fará. 17Tomaste as tuas jóias, feitas com o meu ouro e com a minha prata, e com elas fizeste imagens de homens, para te prostituíres com eles. 18Tomaste as tuas vestes bordadas e cobriste-as, e diante delas colocaste o meu azeite e o meu incenso. 19E o pão que Eu te dei, a flor de farinha, o azeite e o mel com que te alimentavas, ofereceste-os como odor agradável a elas – oráculo do Senhor Deus. 20Tomaste os teus filhos e as tuas filhas que me tinhas gerado, e sacrificaste-lhas como alimento. Não era, porventura, tudo isto prostituição?

21Imolaste os meus filhos e entregaste-os, fazendo-os passar pelo fogo, em honra delas. 22E não te lembraste do dia da tua juventude, em todas as tuas prostituições e práticas abomináveis, do tempo em que estavas nua, agitando-te no teu sangue.

23Depois de todas as tuas iniquidades – ‘ai de ti!’ ‘ai de ti!’, oráculo do Senhor Deus – 24sucedeu que construíste um ‘sítio elevado’ e edificaste ‘lugares altos’ em todas as praças. 25Fizeste um ‘lugar alto’ à entrada de cada caminho e aí profanaste a tua beleza, entregando o teu corpo a todos os que passavam, multiplicando as tuas prostituições. 26Prostituíste-te com os egípcios, teus vizinhos, de corpo vigoroso; para me irritar, multiplicaste as tuas prostituições.

27E então Eu estendi a minha mão contra ti e racionei a tua alimentação. Entreguei-te à mercê das tuas inimigas, as filhas dos filisteus, que se envergonhavam da tua má conduta. 28Prostituíste-te com os assírios e não te satisfizeste; prostituíste-te com eles, mas não te saciaste. 29Multiplicaste as tuas prostituições no país dos comerciantes, a Caldeia, e apesar de tudo, não te saciaste.

30Como poderei purificar o teu fraco coração? – Oráculo do Senhor Deus. Pois praticavas tudo isto, próprio de uma prostituta sem vergonha alguma. 31Quando construías um sítio à entrada de cada caminho e um ‘lugar alto’ em todas as praças, não eras como as prostitutas que andam à procura de salário? 32Eras a mulher adúltera que recebe os estrangeiros em lugar do seu marido.

33A todas as prostitutas se dá um presente; tu, porém, é que deste a todos os teus amantes um presente, pagaste-lhes para que viessem ter contigo de todas as partes, para se prostituírem contigo. 34Procedeste ao contrário das outras mulheres, nas tuas prostituições: tu é que procuravas quem se prostituísse contigo e ninguém corria atrás de ti; eras tu que pagavas e ninguém te recompensava. Agias ao contrário das outras mulheres.»


Castigo da adúltera35«Por conseguinte, tu, prostituta, ouve a palavra do Senhor. 36Assim fala o Senhor Deus: Porque descobriste a tua vergonha e revelaste a tua nudez nas tuas prostituições, diante dos teus amantes e de todos os teus ídolos abomináveis; e por causa do sangue dos teus filhos, que lhes deste, 37por tudo isto, quero juntar todos os teus amantes aos quais agradaste, e todos os que amaste e odiaste; quero juntá-los de todos os lados, contra ti; vou descobrir a tua nudez diante deles, para que vejam a tua vergonha.

38Aplicar-te-ei o castigo das mulheres adúlteras e das sanguinárias; no meu furor e ciúme, entregar-te-ei à morte. 39Entregar-te-ei nas suas mãos, para que eles arrasem as tuas elevações e destruam os teus ‘lugares altos’; despir-te-ão das tuas vestes, retirarão as tuas jóias e deixar-te-ão completamente nua. 40Incitarão contra ti a multidão; hão-de lapidar-te e perfurar-te com as suas espadas. 41Queimarão as tuas casas e farão justiça contra ti, à vista de uma multidão de mulheres. Desse modo, porei termo às tuas prostituições, e já não darás mais presentes a ninguém.

42Saciarei, assim, a minha ira contra ti; retirar-se-á de ti o meu ciúme; e depois, sossegarei e a minha cólera cessará. 43Porque não te lembraste dos dias da tua juventude e porque não fizeste senão irritar-me em excesso, eis que Eu, pela minha parte, farei cair a tua conduta sobre a tua cabeça – oráculo do Senhor Deus. E tu não cometerás mais infâmias com todas as tuas prostituições.»


Jerusalém é pior que Sodoma e Gomorra44«Eis que todos os que citam provérbios, dirão de ti: ‘Tal mãe, tal filha’. 45Tu és bem a filha da tua mãe, que detestava o seu marido e os seus filhos; tu és bem a irmã das tuas irmãs, que detestavam os seus maridos e os seus filhos. A vossa mãe era hitita e o vosso pai amorreu. 46A tua irmã mais velha é a Samaria, que fica ao norte, com as suas filhas; a tua irmã mais nova, que fica ao sul, é Sodoma, com as suas filhas.

47Mas tu não seguiste apenas os seus caminhos e não agiste apenas conforme as suas abominações; no teu modo de proceder, comportaste-te pior do que elas. 48Pela minha vida – diz o Senhor Deus – Sodoma, tua irmã, e suas filhas não agiram como vós, tu e as tuas filhas. 49Eis em que consistiu o crime de Sodoma, tua irmã: orgulho, abundância de alimentos e insolência; estas foram as faltas que cometeu e as de suas filhas: não socorreram o pobre e o indigente. 50Pelo contrário, encheram-se de orgulho e praticaram coisas horríveis diante de mim; e por isso, Eu as fiz desaparecer, como viste. 51A Samaria não cometeu metade dos teus pecados; tu cometeste muito mais práticas abomináveis do que ela; assim, justificaste as tuas irmãs, por todas as abominações que cometeste.

52Portanto, carrega, tu também, a tua desonra, tu que intercedeste pelas tuas irmãs; por causa dos pecados, pelos quais te tornaste mais abominável do que elas, elas são mais justas do que tu. Tu, portanto, cobre-te de confusão e carrega a tua desonra, uma vez que justificaste as tuas irmãs.»


Edificação de Jerusalém e renovação da Aliança53«Eu restabelecerei a sua situação, a situação de Sodoma e das suas filhas, a situação da Samaria e das suas filhas, e restabelecerei a tua situação no meio delas, 54para que carregues a tua desonra e te envergonhes, por causa do que fizeste, para consolação delas.

55A tua irmã Sodoma e as cidades suas filhas voltarão ao seu primeiro estado; também a Samaria com suas filhas voltará ao seu primeiro estado; e tu e tuas filhas voltareis igualmente ao vosso primeiro estado. 56A tua irmã Sodoma não era objecto de comentários na tua boca, nos teus dias de orgulho, 57antes de a tua nudez ser posta a descoberto? Agora também tu és objecto de escárnio para as filhas de Edom e para todos os que estão à tua volta, e para as filhas dos filisteus, que te insultam de perto.

58O teu opróbrio e as tuas abominações, deverás carregá-las –oráculo do Senhor. 59Porque assim fala o Senhor Deus: Procedi para contigo como tu procedeste para comigo, pois foste infiel ao juramento, quebrando a aliança. 60Eu, pelo contrário, lembrar-me-ei da aliança que fiz contigo, no tempo da tua juventude e estabelecerei contigo uma aliança eterna.

61Ao recordares a tua conduta, sentirás vergonha, quando receberes as tuas irmãs, as que são mais velhas e as que são mais novas do que tu, pois Eu dou-tas como filhas, mas não em virtude da tua aliança. 62Porque Eu estabelecerei contigo a minha aliança e, então, saberás que Eu sou o Senhor, 63a fim de que te lembres de mim e sintas vergonha, e não abras mais a boca no meio da tua confusão, quando Eu te perdoar tudo o que fizeste» – oráculo do Senhor Deus.

Capítulo 17

Humilhação da dinastia de David1Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:

2«Filho de homem, propõe um enigma e conta uma parábola à casa de Israel. 3Dirás: Assim fala o Senhor Deus:

A grande águia de asas enormes,

compridas, cobertas de plumas multicolores,

veio do Líbano comer a ponta do cedro.

4Apanhou o ramo mais elevado

e levou-o para o país dos comerciantes,

para uma cidade de negociantes.

5Depois, tomou uma semente do país

e colocou-a em terreno de sementeira;

e plantou-o como um salgueiro,

perto de um curso de água.

6Cresceu e tornou-se uma videira

opulenta, pouco elevada,

com as gavinhas voltadas para a água,

e as suas raízes estavam debaixo dela.

Tornou-se uma videira,

deu rebentos e estendeu os seus ramos.

7Havia outra águia grande,

com asas enormes e plumas abundantes.

E então a videira estendeu as suas raízes

e dirigiu para ela os seus sarmentos,

para que a refrescasse melhor

do que a terra em que estava plantada.

8Estava plantada num campo fértil,

junto de um curso de águas abundantes,

para dar sarmentos e produzir fruto

e tornar-se uma videira magnífica.

9Diz: ‘Assim fala o Senhor Deus.

Irá ela prosperar? Não lhe irão arrancar as raízes

e colher os seus frutos,

secando todas as folhas novas?

Não é preciso muita força nem muita gente

para a arrancar das suas raízes.

10Ei-la plantada; irá crescer?

Ao sopro do vento leste não virá a secar?

Na terra em que crescer, secará.’»


11A palavra do Senhor foi-me, então, dirigida nestes termos: 12«Fala à casa de gente rebelde: Não sabeis o que isto significa? Diz: Eis que o rei da Babilónia veio a Jerusalém, tomou o rei e os príncipes e conduziu-os para junto de si, para a Babilónia. 13Depois tomou um membro da família real e fez uma aliança com ele, obrigou-o a prestar juramento, depois de ter levado os grandes do país, 14para que o reino ficasse modesto e sem ambições, para observar a sua aliança e permanecer-lhe fiel. 15Mas este príncipe revoltou-se contra ele, enviando mensageiros ao Egipto, para que lhe fossem fornecidos cavalos e tropas em grande número. Será bem sucedido? Tirará algum proveito de tudo isto? Tirará proveito aquele que violou a aliança?

16Pela minha vida – diz o Senhor Deus – Eu juro: É no país do rei que o colocou no trono, a cujo juramento ele faltou e cuja aliança ele violou, é em plena Babilónia que ele morrerá. 17O Faraó não o salvará na guerra com o seu grande exército e com as suas tropas numerosas, quando se construírem plataformas e trincheiras para destruir tantas vidas humanas. 18Ele faltou ao juramento, violou a aliança e tinha dado a sua palavra. Fez tudo isto, não escapará.

19Por isso, assim fala o Senhor Deus: Pela minha vida, Eu juro: o meu juramento, a que ele faltou, e a minha aliança que ele violou, hei-de fazê-los cair sobre a sua cabeça. 20Estenderei a minha rede sobre ele, e ele será apanhado nela; depois, irei conduzi-lo para a Babilónia e ali o castigarei pela traição cometida contra mim. 21Toda a elite do seu exército cairá ao fio da espada, e os que ficarem serão dispersos pelos quatro ventos. E sabereis que Eu, o Senhor, falei.»


Promessa messiânica22«Assim fala o Senhor Deus: Depois, Eu próprio tomarei do cimo do cedro, do alto dos seus ramos colherei uma haste, e plantá-la-ei num monte bastante alto. 23Plantá-la-ei na montanha elevada de Israel: deitará ramos, produzirá frutos e tornar-se-á um cedro magnífico. Nele habitarão todas as espécies de aves; à sombra dos seus ramos repousarão todas as espécies de voláteis. 24E todas as árvores dos campos saberão que sou Eu, o Senhor, quem humilha a árvore elevada e eleva a árvore humilhada, quem faz secar a árvore verdejante e florescer a que está seca. Eu, o Senhor, o disse e o cumpro.»

Capítulo 18

Responsabilidade individual1Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: 2«Porque proferis este provérbio à casa de Israel: ‘Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos é que ficaram embotados’?

3Pela minha vida, diz o Senhor Deus, não deveis repetir este provérbio em Israel. 4Todas as vidas me pertencem; tanto a vida do pai como a do filho, todas me pertencem. O que pecou é que morrerá.»


O justo viverá5«Se alguém é justo, observa o direito e a justiça, 6não come nos lugares altos, não levanta os olhos para os ídolos da casa de Israel, não desonra a mulher do seu próximo, não se aproxima de uma mulher durante o tempo da sua impureza; 7não oprime ninguém, restitui o que recebeu em fiança, não comete furtos, distribui pão aos famintos, cobre o nu; 8não empresta com usura e não recebe juros, afasta a mão do mal e julga entre os homens segundo a verdade; 9se segue as minhas leis e observa os meus preceitos, tal homem é verdadeiramente justo e viverá» – oráculo do Senhor Deus.


A justiça do pai não salva o mau filho10«Mas, se ele gera um filho violento e sanguinário e que faz alguma destas coisas que o pai não fazia; 11se come nos lugares altos, desonra a mulher do próximo, 12oprime o indigente e o pobre, comete furtos, não restitui a fiança, ergue os olhos para os ídolos, pratica coisas abomináveis, 13empresta com usura e recebe juros, este, seguramente, não viverá. Depois de ter cometido todos estes crimes abomináveis, deverá morrer e o seu sangue cairá sobre ele.»


A malícia do pai não perderá o filho justo14«Mas se ele gera um filho que vê todos os pecados que cometeu seu pai, que os vê sem os imitar, 15que não come nos lugares altos, não ergue os olhos para os ídolos da casa de Israel, não desonra a mulher do próximo; 16não oprime ninguém, restitui o penhor, não comete furtos, dá o pão ao faminto e cobre o nu, 17afasta a mão da injustiça, não empresta com usura e não recebe juros, observa as minhas leis e segue os meus preceitos, este não deverá morrer por causa do pecado de seu pai, ele viverá certamente.

18Mas, se o seu pai cometeu actos de violência, praticou furtos e não fez o bem no meio do seu povo – pela minha vida: este deverá morrer por causa dos seus pecados.

19E vós dizeis: ‘Porque não carrega o filho com as faltas de seu pai?’ Mas o filho praticou o direito e a justiça, observou todas as minhas leis e seguiu-as; ele deve viver. 20Aquele que pecou é que morrerá; o filho não carregará com a falta de seu pai, nem o pai com a falta de seu filho: ao justo será imputada a justiça e ao pecador a sua maldade.»


Responsabilidade sobre o presente e não sobre o passado (33-10-12) – 21«Mas se o pecador renuncia a todos os pecados que cometeu, se observa todas as minhas leis e pratica o direito e a justiça, ele deve viver, não morrerá. 22Não serão lembradas as faltas que cometeu, viverá por causa da justiça que praticou.

23Porventura me hei-de comprazer com a morte do pecador – oráculo do Senhor Deus – e não com o facto de ele se converter e viver?

24Mas se o justo se desvia da sua justiça e pratica o mal, imitando os crimes abomináveis a que se entrega o pecador, porventura viverá? A justiça que praticou não será recordada; por causa da infidelidade a que se entregou e do pecado que cometeu, morrerá.

25Porém, vós dizeis: ‘O modo de proceder do Senhor não é justo.’ Escutai, pois, casa de Israel: Então é o meu modo de agir que não é justo? Ou é o vosso que o não é? 26Se o justo se afasta da sua justiça para praticar o mal e morre por causa disto, é por causa do mal que praticou que ele morrerá. 27Se o pecador se afasta do pecado que cometeu para praticar o direito e a justiça, ele merece viver. 28Se ele se afasta dos pecados que cometeu, viverá certamente, não morrerá. 29Mas a casa de Israel diz: ‘O modo de agir do Senhor não é justo.’ Então é o meu modo de agir que não é justo, casa de Israel? Não será antes o vosso modo de agir que não é justo?»


Convite à conversão (33-10-20) – 30«Por isso, Eu vos julgarei a cada um segundo a sua maneira de agir, casa de Israel – oráculo do Senhor Deus. Convertei-vos e afastai-vos dos vossos pecados; que não haja mais entre vós ocasião de pecado. 31Rejeitai todos os pecados que cometestes contra mim e criai um coração novo e um espírito novo. Porque quereis morrer, casa de Israel? 32Pois Eu não me comprazo com a morte de quem quer que seja – oráculo do Senhor Deus. Convertei-vos e vivei.»

Capítulo 19

Lamentação sobre os príncipes de Israel1«Tu, porém, faz ouvir uma lamentação sobre os príncipes de Israel.

2Diz-lhes:

‘Quem era a tua mãe?

Uma leoa no meio dos leões;

deitada entre os leõezinhos,

ela alimentava os seus filhos.

3Criou um dos seus filhos

que se tornou um leão,

aprendeu a dilacerar a presa

e a devorar pessoas.

4As nações uniram-se contra ele,

e ele foi preso no covil;

foi conduzido com cadeias

para a terra do Egipto.

5A leoa viu que fora iludida,

a sua esperança fora desfeita.

Tomou outro de seus filhos

que se tornou um leão.

6Ele vagueou entre os leões

e tornou-se um leão.

Aprendeu a dilacerar a presa

e a devorar pessoas.

7Invadiu os seus palácios,

devastou as suas cidades;

o país e seus habitantes estremeceram,

com o estrondo do seu rugido.

8Uniram-se contra ele as nações

e as províncias em redor.

Atiraram-lhe redes

e ele foi preso no seu covil.

9Foi metido numa jaula com cadeias,

conduziram-no ao rei da Babilónia,

meteram-no numa fortaleza

para que não se ouvisse mais o seu rugido

nas montanhas de Israel.’»


A videira arrancada (17,2-10)

10«‘A tua mãe era como videira no pomar,

plantada junto à água,

era fecunda e rica em sarmentos,

graças às águas abundantes.

11Brotaram ramos fortes,

que se tornaram ceptros de comando;

cresceu e elevou-se até tocar nas nuvens;

era admirada pela sua altura

e pela abundância dos seus ramos.

12Mas ela foi arrancada com violência

e lançada por terra,

o vento leste secou-lhe os frutos,

ela foi partida,

os seus ramos poderosos secaram,

e o fogo tudo devorou.

13Ei-la transportada para o deserto,

para o país seco e árido.

14Saiu fogo do seu tronco

e devorou-lhe os ramos e os frutos.

Ela já não terá o seu tronco vigoroso,

nem o seu ceptro de comando.’»

Isto é uma lamentação;

e serviu de lamentação.

Capítulo 20

Infidelidades de Israel (16;23) – 1No quinto mês do sétimo ano, no dia dez, alguns anciãos de Israel vieram consultar o Senhor e sentaram-se à minha frente.

2Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos: 3«Filho de homem, fala aos anciãos de Israel e diz-lhes: Assim fala o Senhor Deus: Viestes para me consultar? Pela minha vida, não deixarei que me consulteis – oráculo do Senhor Deus. 4Queres julgá-los, queres julgá-los, filho de homem? Dá-lhes a conhecer os crimes abomináveis de seus pais.

5Dir-lhes-ás: ‘Assim fala o Senhor Deus: No dia em que escolhi Israel, em que levantei a minha mão para a raça da casa de Jacob, dei-me a conhecer a eles em terras do Egipto e ergui a minha mão sobre eles, dizendo: Eu sou o Senhor vosso Deus. 6Naquele dia, levantei a minha mão sobre eles, para os fazer sair da terra do Egipto e os conduzir ao país que tinha escolhido para eles, ao país onde corre o leite e o mel, o mais belo dos países.’

7E disse-lhes, então: ‘Rejeitai cada um as coisas horrorosas que atraem os vossos olhos e não vos deixeis contaminar pelos ídolos do Egipto. Eu sou o Senhor vosso Deus.’ 8Mas eles revoltaram-se contra mim e não quiseram escutar-me. Nenhum deles rejeitou as coisas horrorosas que atraíam os seus olhos e não abandonaram os ídolos do Egipto.

Eu disse, então: ‘Derramarei a minha cólera sobre eles, irei até ao extremo da minha ira contra eles em pleno país do Egipto.’

9Mas Eu tive consideração pelo meu nome, a fim de que ele não fosse profanado, à vista das nações em que se encontravam, e aos olhos das quais Eu me revelei a eles, fazendo-os sair da terra do Egipto. 10Fi-los sair do Egipto e conduzi-os ao deserto. 11Dei-lhes as minhas leis e fiz-lhes conhecer os meus preceitos, que o homem deve observar para poder viver. 12Dei-lhes também os meus sábados, como um sinal entre mim e eles, para que soubessem que Eu sou o Senhor que os santifica.

13Mas a casa de Israel revoltou-se contra mim no deserto. Não procederam segundo as minhas leis, rejeitaram os meus preceitos, que o homem deve observar para poder viver; também profanaram os meus sábados. Então, pensei lançar sobre eles o meu furor, no deserto, a fim de os exterminar. 14Mas tive em atenção o meu nome, para que ele não fosse profanado à vista das nações, aos olhos das quais Eu os tinha feito sair.

15Também ergui a minha mão no deserto e jurei que não os conduziria ao país que lhes fora destinado, ao país onde corre leite e mel, o mais belo dos países, 16porque rejeitaram as minhas leis, não observaram os meus preceitos e profanaram os meus sábados, porque o seu coração ia atrás dos seus ídolos. 17Mas o meu olhar compadeceu-se deles e, assim, renunciei a exterminá-los e não os destruí no deserto.

18E disse aos seus filhos no deserto: ‘Não sigais o exemplo de vossos pais, não procedais segundo as suas leis e não vos deixeis contaminar com os seus ídolos! 19Eu sou o Senhor vosso Deus. Segui as minhas leis, observai os meus preceitos e cumpri-os. 20Santificai os meus sábados, para que eles sejam um sinal entre mim e vós, a fim de que todos reconheçam que Eu sou o Senhor vosso Deus.’

21Mas, de igual modo, os filhos revoltaram-se contra mim; não seguiram as minhas leis e não cumpriram nem observaram os meus preceitos, que o homem deve pôr em prática para poder viver; e profanaram os meus sábados. Então, pensei lançar sobre eles a minha cólera e saciar neles a minha ira, no deserto. 22Mas retirei a minha mão e tive consideração pelo meu nome, a fim de que ele não fosse profanado à vista dos povos, aos olhos dos quais Eu os tinha feito sair.

23Entretanto, ergui a minha mão sobre eles no deserto e jurei que os dispersaria entre as nações e que os espalharia pelos países estrangeiros, 24porque não tinham observado as minhas leis, nem seguido os meus preceitos, nem santificado os meus sábados; mas tinham, sim, dirigido os seus olhos para os ídolos de seus pais. 25Por isso, entreguei-lhes leis que não eram boas e preceitos pelos quais não podiam encontrar a vida. 26E tornava-os impuros pelas ofertas que faziam, levando-os a passar pelo fogo os seus primogénitos, a fim de os castigar, para que soubessem que Eu sou o Senhor.

27Por isso, fala à casa de Israel, ó filho de homem, e diz-lhes: Assim fala o Senhor Deus: Também lá os vossos pais me ultrajaram, agindo para comigo com infidelidade. 28E, apesar de tudo, conduzi-os ao país que lhes tinha prometido solenemente; mas, onde quer que vissem um monte elevado ou uma árvore frondosa, aí ofereciam sacrifícios e apresentavam suas ofertas provocantes; traziam perfumes agradáveis e derramavam libações. 29Então, disse-lhes: O que é esse lugar alto para onde ides? E, assim, aquele lugar ficou a ser chamado Bamá, até ao presente dia.

30Por isso, diz à casa de Israel: Assim fala o Senhor Deus: Não é verdade que vos contaminais da mesma maneira que vossos pais e vos prostituís com as vossas abominações? 31Quando apresentais os vossos dons e fazeis passar os vossos filhos pelo fogo, contaminais-vos com todos os vossos ídolos até ao presente dia; e Eu devia deixar-me consultar por vós, casa de Israel? Pela minha vida – oráculo do Senhor Deus» – não me deixarei consultar por vós.


O castigo32«Aquilo que vos vem à mente nunca se realizará. Dizeis: ‘Queremos ser como os povos, como as tribos dos países estrangeiros, adorando a madeira e a pedra.’

33Pela minha vida – oráculo do Senhor Deus – Eu juro que reinarei sobre vós com mão forte, de braço estendido e com o ímpeto do meu furor. 34Deixar-vos-ei sair de entre os povos e congregar-vos-ei de todos os países por onde fostes dispersos, com mão forte, braço estendido e com o ímpeto do meu furor. 35Conduzir-vos-ei para o deserto das nações e julgar-vos-ei ali face a face.

36Assim como julguei os vossos pais no deserto das terras do Egipto, assim também vos julgarei – oráculo do Senhor Deus. 37Hei-de fazer-vos passar sob o cajado e fazer-vos entrar na aliança. 38Separarei de vós os rebeldes, os que se revoltaram contra mim e se afastaram de mim. Conduzi-los-ei para fora do país em que se encontram, mas não entrarão na terra de Israel. Então reconhecereis que Eu sou o Senhor.»


Perdão e restauração de Israel 39«Quanto a vós, porém, casa de Israel, assim diz o Senhor Deus: Ide servir os vossos ídolos. Mas depois, certamente, ouvir-me-eis e não mais profanareis o meu santo nome com as vossas ofertas e ídolos.

40Porque sobre o meu monte santo, sobre o monte elevado de Israel – oráculo do Senhor Deus – toda a casa de Israel me servirá. Lá, Eu os receberei favoravelmente e lá vos pedirei os vossos sacrifícios e as vossas primícias com todas as vossas ofertas santas. 41Receber-vos-ei como um perfume de agradável odor, quando vos fizer sair de entre os povos e vos reunir de todas as nações, para onde fostes dispersos; e serei santificado por vós aos olhos dos povos.

42Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor, quando vos conduzir ao país de Israel, à terra que jurei solenemente dar a vossos pais. 43Lá recordareis a vossa conduta e todos os vossos actos com os quais vos contaminastes; então, sentireis vós mesmos a amargura, por causa de todas as más acções que cometestes.

44Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor, quando proceder para convosco em atenção ao meu nome e não ao vosso mau comportamento e às vossas más acções, ó casa de Israel – oráculo do Senhor Deus.»

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