Capítulo 1

Missão de Josué (Nm 27,12-23; Dt 34,1-9) – 1Tendo morrido Moisés, servo do Senhor, disse o Se­nhor a Josué, filho de Nun e auxi­liar de Moi­sés:

2«Moisés, meu servo, morreu. Le­vanta-te, pois, e atravessa o Jordão, tu e todo o povo, e entra na terra que Eu darei aos filhos de Israel. 3Todo o lugar que a planta dos vossos pés pisar, Eu vo-lo darei, como prometi a Moisés. 4Desde o de­serto e desde o Líbano até ao grande rio Eufrates, toda a terra dos hititas até ao Mar Grande, a ociden­te, tudo vos perten­cerá. 5En­quanto viveres, ninguém te poderá resistir. Como estive com Moisés, assim es­ta­rei contigo; não te dei­xa­rei, nem te abandonarei. 6Sê firme e não desa­nimes, porque hás-de intro­duzir este povo na posse da terra que jurei dar a seus pais.

7Por isso, sê forte e corajoso, para fiel­mente observares toda a Lei que Moisés, meu servo, te prescreveu; não te afas­­tes dela nem para a direita, nem para a esquerda, a fim de teres êxito em todas as tuas obras. 8Que as pala­vras do livro desta Lei jamais se afastem da tua boca; me­dita-o cons­tante­mente, e observa tudo quanto nele se con­tém. Assim terás pros­pe­ri­dade em teus cami­nhos e serás bem suce­dido. 9Escuta, é uma ordem que te dou: tem coragem; não tre­mas, porque o Se­nhor, teu Deus, es­tará contigo para onde quer que fores.»


Ordens ao povo na Trans­jor­dâ­nia (22,1-9; Nm 32,6-27; Dt 3,12-22) – 10Josué deu ordens aos chefes do povo, di­zendo: «Percorrei o acampamento e proclamai ao povo o se­guin­te: 11‘Pre­parai provisões, pois dentro de três dias atravessareis o Jordão e toma­reis posse da terra que o Se­nhor, vosso Deus, vos concederá.’» 12Aos membros da tribo de Rúben, de Gad e à meia tribo de Manassés, disse:

13«Lembrai-vos do que Moisés, ser­vo do Senhor, vos prescreveu, quando vos disse: ‘O Se­nhor, vosso Deus, deu-vos descanso em toda esta terra.’ 14As vossas mu­lheres, filhos e animais fi­ca­rão na terra que Moisés vos deu, além-Jor­dão; mas vós, todos os ho­mens for­tes e valentes, pas­sareis ar­mados à frente de vossos irmãos, e dar-lhes-eis auxílio, 15até que o Se­nhor te­nha dado re­pouso a vossos irmãos, como a vós, e também eles entrem na posse da terra que o Se­nhor, vosso Deus, lhes dará. Depois, regressareis à terra que vos per­tence, aquela que Moi­sés, servo do Senhor, vos deu além-Jordão, a oriente.»

16Eles responderam a Josué: «Fa­re­mos tudo como nos ordenaste, e ire­mos onde quer que nos envies. 17Ha­vemos de obedecer-te em todas as coisas, tal como fizemos com Moi­sés. Unica­mente desejamos que o Se­nhor es­teja contigo, como sempre esteve com Moi­sés. 18Aquele que for rebelde e desobedecer às tuas ordens será morto. Sê forte e não desanimes.»

Capítulo 2

Os espiões em casa de Raab (6,22-25; Nm 13) – 1Josué, filho de Nun, enviou secretamente de Chi­tim dois espiões e disse-lhes: «Ide, examinai a terra e a cidade de Je­ricó.» Foram e entraram em casa de uma prostituta, de nome Raab, onde se alojaram. 2Então, foi dito ao rei de Jericó: «Eis que de noite en­traram aqui uns israelitas, que vêm explo­rar a terra.» 3O rei mandou di­zer a Raab: «Expulsa esses homens que foram ter contigo e entraram em tua casa, pois vieram para es­piar esta terra.» 4A mulher, porém, ocultou os dois homens e res­pondeu: «Vieram, na verdade, uns ho­mens a minha casa; mas eu des­conhecia de onde vinham. 5À tarde, quando se fecha­vam as portas da cidade, eles par­ti­ram. Persegui-os de­­pressa e em breve os alcança­reis!» 6Ora ela fizera-os subir para o terraço de sua casa, e ocultara-os sob uns feixes de linho que ali tinha amontoados. 7Os ho­mens enviados perseguiram-nos pelo caminho que leva aos vaus do Jor­dão; e fecharam-se as portas da ci­dade após a partida da patrulha.


Segredo e promessas8Antes de adormecerem, Raab subiu ao terraço 9e disse aos espiões: «Sei que o Se­nhor vos entregou esta terra; o receio apoderou-se de nós, e todos os habi­tantes do país, por vossa causa, se sentem desfalecer. 10Ouvimos dizer como o Senhor secou as águas do Mar dos Juncos diante de vós, quando saís­tes do Egipto, e como tratastes, além-Jordão, os dois reis dos amorreus, Seon e Og, que votas­tes ao aná­tema. 11Ao sabermos isto, o nosso coração desfaleceu, e mais ninguém tem cora­gem de vos resistir, porque o Senhor, vosso Deus, é o Deus das alturas, nos céus e na terra. 12Agora, pois, jurai-me, em nome do Senhor, que assim como usei de bondade para con­vosco, assim vós poupareis a casa de meu pai. 13Dai-me um sinal certo de que salvareis meu pai, minha mãe, meus irmãos, minhas irmãs e todos os que lhes pertencem, e de que livrareis da morte as nossas vidas.» 14Res­pon­de­ram-lhe eles: «À custa da nossa vida salvaremos a vossa, contanto que não nos atraiçoeis. Quando o Senhor nos entregar esta terra, também te tra­taremos com bondade e fidelidade.»   15Ela des­ceu-os, então, pela janela, servindo-se de uma corda, pois a sua casa estava mesmo encostada ao muro da cidade. 16«Fugi para o monte – disse-lhes ela – para que não vos encontrem os vossos perseguidores. Escondei-vos lá durante três dias, até que eles voltem; depois, reto­ma­reis o vosso caminho.»

17Os homens disseram-lhe: «Eis como cumprire­mos o juramento que te fizemos: 18quan­do tivermos en­trado na vossa terra, colocarás este cor­dão verme­lho na janela por onde nos des­ceste; reúne em tua casa o teu pai, a tua mãe, os teus irmãos e toda a fa­mí­lia de teu pai. 19Se alguém trans­pu­ser a porta da tua casa e sair para a rua, será responsável pelo que acon­tecer; nós não teremos culpa. Mas se alguém prender quem quer que se encontre contigo em tua casa, é so­bre nós que tal recairá. 20Se, porém, deres conhe­ci­mento do que combi­námos con­tigo, estaremos desobrigados do jura­mento que te fizemos.» 21Ela res­pondeu: «Seja como dissestes!» De­pois despediu-os, e eles partiram.

Ela, en­tão, tomou o cordão ver­me­­lho e colo­cou-o na ja­nela. 22Eles fo­ram para o monte e ali perma­ne­ceram durante três dias, até ao re­gresso dos per­se­guidores. Es­tes, tendo pro­curado os espiões por toda a parte, não os en­con­traram. 23Os dois ho­mens desce­ram, então, do monte e, voltando, pas­saram o Jordão; fo­ram para junto de Josué, filho de Nun, e narraram-lhe tudo quanto se havia passado. 24«O Se­nhor – disse­ram eles – entregou nas nossas mãos toda esta terra; todos os seus habi­tantes tremem de medo diante de nós.»

Capítulo 3

Israel atravessa o Jordão1Logo pela manhã, Josué levan­tou o acampamento e partiu de Chi­tim com todos os filhos de Israel. Chegados ao Jordão, aí se detive­ram antes de o atravessar. 2Três dias de­pois, os chefes atravessaram o acam­­pamento e deram ao povo esta or­dem: 3«Quando virdes a Arca da aliança do Senhor vosso Deus, conduzida pelos sacerdotes levitas, dei­xareis o vosso acampamento e pôr-vos-eis a cami­nho atrás dela. 4Entre vós e ela há-de haver uma distância de dois mil côvados, apro­ximadamente. Tende cui­­­dado em não vos aproximardes dela, para poder­des conhecer o cami­nho que deveis seguir, pois ainda não o percorres­tes antes.»

5Josué disse, então, ao povo: «San­tificai-vos, por­que ama­nhã o Senhor vai fazer coi­sas ma­ravilhosas no meio de vós.» 6Depois disse aos sacer­do­tes: «To­mai a Arca da aliança e ide com ela à frente do povo.» Eles tomaram a Arca da aliança e caminharam à frente do povo.

7O Senhor disse a Josué: «Hoje começarei a exaltar-te na presença de todo o Israel, para que se saiba que, assim como estive com Moisés, assim estarei também contigo. 8Hás-de ordenar aos sacerdotes que le­vam a Arca da aliança: ‘Quando che­gar­des ao Jordão, deter-vos-eis junto das suas águas.’»

9Então, Josué disse aos israelitas: «Aproximai-vos para ouvir as pala­vras do Senhor, vosso Deus.» 10E pros­seguiu: «Com isto, sa­bereis que o Deus vivo está no meio de vós e não deixará de expulsar diante de vós os cananeus, os hititas, os he­veus, os perizeus, os guirgaseus, os amor­reus e os jebuseus. 11Eis que a Arca da aliança do Se­nhor de toda a terra vai atravessar o Jordão diante de vós. 12Escolhei doze homens de Is­­rael, um de cada tribo. 13Mal os sacer­dotes que transportam a Arca do Se­nhor, o Se­nhor de toda a terra, tenham tocado com os pés as águas do Jor­dão, estas hão-de dividir-se, e as que correm de cima amontoar-se-ão, pa­rando.»

14Então, o povo, dobrando as suas tendas, preparou-se para passar o Jordão com os sacerdotes que cami­nhavam diante dele, transportando a Arca. 15Quando chegaram ao Jor­dão, e os pés dos sacerdotes que trans­portavam a Arca entraram na água da margem do rio – de facto, o Jor­dão transborda e alaga as suas mar­gens durante todo o tempo da ceifa – 16en­tão, as águas que vi­nham de cima pa­raram e amontoa­ram-se numa grande extensão, até perto de Adam, loca­lidade situada nas proximidades de Sartan; as águas que desciam para o mar da Arabá, o Mar Salgado, essas fica­ram completamente separadas.

E o povo atravessou o rio em frente de Jericó. 17Os sacerdotes que trans­por­tavam a Arca da aliança do Se­nhor conservaram-se de pé, sobre o leito seco do Jordão, e todo o Israel o atra­vessou sem se molhar. Perma­nece­ram ali até todo o povo ter aca­bado de atravessar o Jordão.

Capítulo 4

Monumento comemorativo 1Quando todo o povo acabou de atravessar o Jordão, o Se­nhor disse a Josué: 2«Tomai doze homens de entre o povo, um por cada tribo, e ordenai-lhes: 3‘Esco­lhei, no meio do Jordão, no lugar onde para­ram os pés dos sacerdotes, doze pe­dras que levareis convosco, colocando-as, de­pois, no local onde devereis pas­sar a noite.’»

4Josué chamou os doze homens escolhidos, um por cada tribo, entre os filhos de Israel, e disse-lhes: 5«Ide adiante da Arca do Senhor, vosso Deus, até ao meio do Jordão. Segundo o número das tri­bos de Israel, carre­gue cada um de vós uma pedra aos ombros. 6Isto ficará como um sinal memorá­vel para vós. Quando os vos­sos filhos vos per­gun­tarem, um dia, que significam estas pedras, 7haveis de res­ponder-lhes: ‘As águas do Jor­dão separaram-se diante da Arca da alian­ça do Senhor; quando ela atra­vessou o Jordão, as águas separa­ram-se, e estas pedras serão um memo­rial eterno para os israelitas.’» 8Os israelitas fizeram como Josué lhes ordenara: foram ao meio do leito do Jordão, escolheram doze pe­dras, con­forme o Senhor dis­sera a Josué, se­gundo o número das tribos de Israel. Levaram-nas con­sigo, até as coloca­rem no lugar onde iam acampar.

9Josué ergueu também outras doze pedras no leito do Jordão, no lu­­gar onde tinham estado postos os pés dos sacerdotes que levavam a Arca da aliança. Ainda hoje elas lá estão.

10Os sacerdotes que levavam a Arca permaneceram de pé no meio do leito do Jordão até se ter cum­prido tudo o que o Senhor havia mandado Josué dizer ao povo, segundo as or­dens que lhe dera Moisés. E o povo apressou-se a atravessar o Jor­dão.

11Logo que todos passaram, a Arca do Senhor pôs-se de novo, bem como os sacerdotes, à frente do povo. 12Os homens das tribos de Rúben, de Gad e da meia tribo de Manassés haviam passado o rio armados, dian­te dos is­raelitas, segundo a ordem que lhes dera Moisés. 13O seu número era aproximadamente de quarenta mil homens equipados para o combate; todos desfilaram perante o Senhor, rumo à planície de Jericó. 14Naquele dia, o Senhor exaltou Josué na pre­sença de todo o Israel, e todos o res­peitaram como haviam respeitado Moisés durante toda a sua vida.

15En­tão, o Senhor disse a Josué: 16«Or­dena aos sacerdotes portadores da Arca do testemunho que saiam do Jordão.» 17Ele ordenou-lhes: «Saí do Jordão!»

18E, quando os sacerdotes porta­dores da Arca da aliança do Senhor saíram do leito do Jordão, ao pisa­rem seus pés a terra firme, as águas do Jor­dão retomaram o seu lugar, desli­zando impetuosas como antes. 19O povo saiu do Jordão no décimo dia do primeiro mês e acam­pou em Guilgal, na extremidade orien­tal de Jericó.

20Josué levantou as doze pedras tomadas do Jordão em Guilgal, 21e disse aos filhos de Israel: «Quando os vossos filhos perguntarem, um dia, a seus pais, que significam estas pe­dras, 22respondei-lhes assim: ‘Is­rael atravessou aqui o Jordão a pé en­xuto, 23porque o Senhor vosso Deus secou diante de vós o leito do Jor­dão, como antes havia feito ao Mar dos Juncos, que secou até que pas­sás­semos, 24para que todos os povos da terra reconheçam que é poderosa a mão do Senhor, a fim de conser­var­des sempre o temor do Senhor, vosso Deus.’»

Capítulo 5

Circuncisão em Guilgal1Quando todos os reis dos amor­­reus, a ocidente do Jordão, e todos os reis dos cananeus, para os lados do mar, souberam que o Senhor ha­via secado as águas do Jordão até que os israelitas passassem, desfa­lece­ram e perderam a coragem dian­te dos filhos de Israel.

2Então o Senhor disse a Josué: «Faz facas de pedra e renova a prá­tica da circuncisão dos israelitas.» 3Josué fez facas de pedra e circun­cidou os israelitas na colina de Ara­lot. 4Foi este o motivo pelo qual Jo­sué os circuncidou: todos os varões que haviam saído do Egipto, todos os homens de guerra tinham mor­rido no deserto, pelo caminho, após a sua par­tida do Egipto. 5Todo o povo que saiu do Egipto estava circuncidado, mas os que nasceram no deserto du­rante a viagem, após o êxodo, não esta­vam. 6Os filhos de Israel haviam andado pelo deserto durante quarenta anos até ao desaparecimento completo de todos os homens de guerra saídos do Egipto: não tinham escutado a voz do Se­nhor, que lhes havia jurado que não veriam a terra que prometera a seus pais com juramento, terra onde corre leite e mel. 7Seus filhos suce­de­ram-lhes; e foram esses que Josué circuncidou, pois estavam incircun­ci­sos, não tendo sido circuncidados du­rante a viagem. 8Depois de cir­cun­cidados, ficaram no acampamento até recuperarem.

9Disse, então, o Senhor a Josué: «Hoje tirei de sobre vós o opróbrio do Egipto.» E deu-se àquele lugar o nome de Guilgal, até ao dia de hoje.

10Os israelitas acamparam em Guilgal, celebraram lá a Páscoa no décimo quarto dia do mês, à tarde, na planície de Jericó. 11Nesse mes­mo dia, comeram dos frutos da re­gião: pães ázimos e trigo tostado.

12O maná dei­xou de cair no dia seguinte àquele em que comeram dos frutos da terra, e nunca mais os israelitas tiveram o maná. Naquele ano, ali­mentaram-se dos produtos da terra de Canaã.


Josué e o anjo13Encontrando-se Josué nas proximidades de Je­ricó, levantou os olhos e viu diante de si um homem de pé, segurando na mão uma espada desembainhada. Josué foi ter com ele e perguntou: «És um dos nossos ou nosso ini­migo?»

14Ele respondeu: «Não, sou um prín­­cipe dos exércitos do Senhor, e aqui estou.» Josué prostrou-se com o rosto por terra e disse-lhe: «Que ordens tem o meu senhor para o seu servo?»

15E o príncipe dos exércitos do Se­nhor respondeu: «Descalça as sandá­lias dos teus pés, porque o lugar onde estás é santo.» Josué assim fez.

Capítulo 6

A conquista de Jericó (2,1-21) – 1Jericó tinha fechado e aferro­lhado as suas portas por medo dos is­raelitas, e ninguém ousava sair nem entrar na cidade. 2O Senhor disse a Josué: «Vê! Entrego-te Je­ricó, o seu rei e os seus valorosos guerreiros. 3Dai uma volta em torno da cidade, vós e todos os homens de guerra. Fareis isso durante seis dias. 4Sete sacerdotes, tocando sete trom­betas, irão à frente da Arca; no sétimo dia, dareis sete vezes a volta à cidade, com os sacerdotes a tocar trombeta. 5À medida que o som do corno for crescendo e o toque das trombetas se tornar mais forte, todo o povo irrom­perá em grande clamor; a muralha da cidade há-de desabar e o povo su­birá à cidade, cada um para o lugar que lhe fica em frente.»

6Josué, filho de Nun, reuniu os sa­­cerdotes e disse-lhes: «Levai a Arca da aliança, e sete sacerdotes estejam diante dela com trombetas.» 7De­pois, disse ao povo: «Em frente! Dai a volta à cidade com os guerreiros a mar­char à frente da Arca do Senhor.»

8Mal Josué acabou de fa­lar, os sete sacerdotes que leva­vam as sete trom­betas puseram-se em marcha diante do Senhor, tocando os seus ins­tru­mentos. A Arca do Se­nhor seguiu-os. 9Os guerreiros mar­chavam à frente dos sacerdotes que tocavam a trom­beta. A Arca se­guia na retaguarda. Durante toda a mar­cha, ouvia-se o troar das trombetas. 10Josué tinha dado esta or­dem ao povo: «Não gri­teis nem façais ouvir a vossa voz, nem saia da vossa boca palavra al­guma até ao dia em que eu disser: ‘Gritai!’ Então grita­reis com força.» 11A Arca do Senhor deu uma volta à cidade, e voltaram ao acampa­mento, a fim de ali passa­rem a noite.


Procissão dos guerreiros12Jo­sué levantou-se muito cedo, e os sacer­dotes transportaram a Arca do Senhor. 13Os sete sacerdotes, com as sete trombetas, diante da Arca do Senhor, puseram-se em marcha, to­cando as trombetas. Os guerreiros precediam-nos. Os restantes se­guiam atrás da Arca do Senhor. Durante a marcha ouvia-se o ressoar das trom­be­tas. 14No segundo dia, deram uma volta à cidade, e vol­taram ao acam­pa­mento; o mesmo fizeram durante seis dias. 15No sé­timo dia, levan­tando-se de madrugada, deram sete vezes a volta à cidade, como nos dias pre­ce­den­tes. Foi o único dia em que de­ram a vol­ta à cidade por sete vezes.

16Quando os sacerdotes, à sétima vol­ta, toca­vam as trombetas, Josué disse ao povo: «Gritai, porque o Se­nhor vos entrega a cidade. 17A cidade será votada à destruição em honra do Se­nhor, com tudo o que nela se en­contra. Só Raab, a prostituta, terá a vida salva, com todos os que se en­contrarem em sua casa, porque ela escondeu os exploradores que havía­­mos enviado. 18Mas tende cau­tela com o que é votado ao anátema: se tomardes alguma coisa do que foi de­clarado anátema, atraireis o aná­tema sobre o acampamento de Is­rael, e será uma ca­tástrofe. 19A prata, o ouro e todos os objectos de bronze e de ferro serão consagrados ao Se­nhor, e fica­rão a pertencer ao seu tesouro.»

20O povo gritou e os sacer­dotes tocaram as trombetas. Mal o povo es­cutou o som das trombetas, fez ouvir um grande clamor e as mu­ralhas da cidade desabaram; os fi­lhos de Israel subiram à cidade, cada um pela bre­cha que tinha na sua frente e to­ma­ram a cidade. 21Votaram-na ao aná­­­tema, passando ao fio da es­pada quanto nela encontraram, ho­mens e mulheres, crianças e velhos, e os bois, as ove­lhas e os jumentos.


Protecção a Raab (2,1-21) – 22Jo­sué disse, então, aos dois homens que haviam explorado a terra: «Ide a casa de Raab, a prostituta, e fazei-a sair de lá com tudo o que lhe per­tence, como lhe prometestes.»

23Os exploradores entraram na casa, e fize­ram sair Raab, o seu pai, a sua mãe, os seus irmãos, e toda a sua parentela com tudo o que lhe per­ten­­cia, e puseram-nos em segu­rança, fora do acampamento de Israel. 24In­cendiaram a cidade, queimando tudo o que nela havia, excepto o oiro, a prata e todos os objectos de bronze e ferro, que entregaram para os tesou­ros da casa do Senhor. 25Josué res­peitou a vida de Raab, a prostituta, bem como a vida da fa­mília de seu pai e a de todos os seus; deste modo, ela ficou entre os filhos de Israel até hoje, por ter escondido os mensa­gei­ros enviados a explorar Jericó.

26Então, Josué proferiu o seguin­te juramento: «Maldito seja diante do Senhor aquele que tentar recons­truir esta cidade de Jericó! Morra o seu primogénito, quando lhe lançar os primeiros fundamentos, e morra o último dos seus filhos, quando lhe puser as portas.»

27O Senhor estava com Josué, e a sua fama espalhou-se por toda a terra.

Capítulo 7

Derrota em Ai1Os israeli­tas incorreram numa prevaricação a respeito das coisas votadas ao aná­tema, pois Acan, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zera, da tribo de Judá, apoderou-se de algumas coisas proibidas, e o Se­nhor encolerizou-se contra os filhos de Israel. 2Josué enviou de Jericó homens contra Ai, situada junto de Bet-Aven, a oriente de Betel, dizendo-lhes: «Ide explo­rar a terra.» Eles partiram e explora­ram Ai. 3Ao vol­tarem para junto de Josué, disse­ram-lhe: «É inútil ir o povo todo: que avancem só dois ou três mil ho­mens para apoderar-se da cidade, pois a sua população é muito reduzida.»

4Puseram-se, então, a ca­minho três mil homens, aproxima­da­mente, mas foram derrotados pela gente de Ai, caindo mortos trinta e seis ho­mens. 5Os inimigos persegui­ram-nos des­de a porta da cidade, até Chebarim, e der­rotaram-nos quando ainda fu­giam pela encosta. O povo fi­cou cons­ter­nado e perdeu a cora­gem.


Oração de Josué6Josué rasgou as vestes e prostrou-se com a face por terra até à tarde, diante da Arca do Senhor, ele e todos os anciãos de Israel, e cobriram de pó a cabeça. 7E implorou:

«Ó Senhor Deus! Porque fizeste este povo passar o Jordão? Foi para nos entregar nas mãos dos amor­reus, que nos destruirão? Tivésse­mos nós ficado do outro lado do Jor­dão! 8Que direi, Senhor, vendo Israel voltar as costas aos seus ini­migos? 9Os cana­neus e todos os habi­tantes da terra vão sabê-lo, hão-de cercar-nos, e em breve farão desaparecer o nosso nome da face da terra. Que farás Tu pela glória do teu grande nome?»

10O Senhor disse a Josué: «Le­vanta-te; porque estás assim pros­trado com a face por terra? 11Is­rael pre­varicou, a ponto de violar a aliança que Eu lhes prescrevi e de tomar as coisas votadas ao aná­te­ma, roubá-las, ocultá-las, escondê-las en­tre as suas bagagens. 12Por isso é que os filhos de Israel não puderam resis­tir aos seus inimigos, mas voltaram-lhes as cos­tas, pois caíram sob o aná­tema. Se não tirar­des o anátema do meio de vós, não mais estarei con­vosco. 13Vai santi­fi­car o povo! Diz-lhe: ‘Purificai-vos para amanhã porque, diz o Se­nhor, Deus de Israel: O aná­tema está no meio de ti, Israel. Não pode­rás re­sis­tir aos teus inimigos en­quanto não tiverdes tirado o aná­tema que está no meio de vós.’ 14Ama­nhã aproximar-vos-eis por tribos, e a tribo que o Se­nhor designar apre­sentar-se-á fa­mí­lia por família; e a família desi­gnada pelo Senhor apre­sentar-se-á por suas casas; e a casa indicada pelo Senhor apresentar-se-á por pessoas. 15Aquele que for desig­nado como tendo incorrido no aná­tema será quei­mado, ele e tudo quan­to lhe pertence, por­que transgrediu a aliança do Senhor e cometeu uma infâmia em Israel.»

16No dia seguinte, de manhã, Jo­sué mandou vir o povo, tribo por tribo, e foi designada a tribo de Judá. 17Tendo-se aproximado a tribo de Judá, a sorte indicou a família de Zera. Man­dou aproximar-se a famí­lia de Zera por casas, e a sorte desig­nou a de Zabdi; 18Esta aproximou-se por pes­soas; a sorte caiu sobre Acan, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zera, da tribo de Judá.

19Josué disse a Acan: «Meu filho, dá glória ao Senhor, Deus de Israel, e rende-lhe homenagem. Con­fessa-me o que fizeste, sem calar nada.»

20Acan respondeu a Josué: «Sim, fui eu quem pecou contra o Senhor, Deus de Israel. Eis o que fiz: 21vi no meio dos despojos um formoso manto de Chinear, duzentos siclos de prata e uma barra de ouro de cinquenta siclos; levado pela cobiça, apanhei-os; escondi tudo na terra, no meio da minha tenda, e a prata, por baixo.»


Castigo do pecador22Josué man­dou que alguns homens inspeccio­nas­sem a tenda, e encontraram os objec­tos que estavam lá escondidos, e a prata por baixo. 23Tiraram-nos dali e trouxeram-nos a Josué e a todos os filhos de Israel, colocando-os diante do Senhor. 24Então Josué, em pre­sença de todo o Israel, agarrando Acan, filho de Zera, com a prata, o manto, a barra de ouro, os seus fi­lhos e filhas, os seus bois, os seus jumentos, as suas ovelhas, a sua tenda e tudo o que lhe pertencia, levou-os ao vale de Acor. 25Che­gado ali, Josué disse: «Já que foste a nossa perdição, que o Senhor faça com que te percas hoje.» E todos os filhos de Israel os apedrejaram; de­pois de os apedrejarem, foram quei­mados no fogo. 26E lançaram sobre Acan um grande monte de pedras que ainda hoje subsiste. Então, o Se­nhor apla­cou a sua cólera. Por isso, este lugar se chama ainda hoje Vale de Acor.

Capítulo 8

Emboscada contra Ai1O Se­­­nhor disse a Josué: «Não temas nem te acobardes. Toma contigo todos os homens de guerra e sobe contra Ai. Eis que entrego nas tuas mãos o rei de Ai, o seu povo, a sua cidade e a sua terra. 2Hás-de tratar Ai e o seu rei como trataste Jericó e o seu rei; mas os despojos e os rebanhos ha­veis de reparti-los entre vós. Pre­para uma emboscada por detrás da ci­dade.»

3Josué pôs-se a caminho, com todos os homens de guerra, contra Ai. Es­co­lheu trinta mil homens valen­tes e fê-los partir durante a noite. 4Dera-lhes esta ordem: «Atenção! Ponde-vos de em­boscada por trás da cidade, mas a pouca distância, e estai pre­pa­ra­dos. 5Eu e o povo que levo comigo vamos aproximar-nos de Ai; e quando saí­rem ao nosso encontro, como da pri­meira vez, fugiremos. 6Atraí-los-emos, e eles virão em nossa per­se­guição, pois hão-de dizer: ‘Ei-los que fogem diante de nós, como da pri­meira vez.’ 7Então, saireis das vos­sas embosca­das e tomareis a cidade. O Senhor vosso Deus vo-la há-de en­tregar. 8De­pois de a haverdes con­quistado, lan­çar-lhe-eis fogo, segundo a palavra do Senhor. Vede: estas são as mi­nhas ordens.» 9Josué fê-los partir, e eles puseram-se de embos­cada entre Betel e Ai, a ocidente. Jo­sué passou a noite no meio do povo.

10Josué levantou-se logo ao ama­nhecer, passou revista ao povo e su­biu contra Ai, ele e os anciãos de Israel, à frente do povo. 11Todos os homens de guerra que estavam com ele subiram e, chegados à frente da cidade, acamparam a norte, ficando o vale entre eles e Ai. 12Josué to­mou cerca de cinco mil homens e pô-los de emboscada entre Betel e Ai, a ocidente. 13Logo que todo o povo tomou posições a norte da cidade, e a emboscada, a ocidente, Josué avan­çou durante a noite, pelo meio do vale.

14Vendo isto, o rei de Ai saiu apres­­sa­damente da cidade com a sua gente, ao amanhecer, e veio ao encontro de Israel, seguido pelo seu povo; e diri­giu-se para o lado da planície, sem sa­­ber que uma embos­cada estava ar­mada contra ele por trás da cidade.

15Jo­sué e todo o Israel, fingindo-se derrota­dos, fugiram para os lados do de­serto. 16En­tão, toda a popu­la­ção, com gran­des gritos, saiu da ci­dade para os per­­seguir e, lançando-se atrás de Jo­sué, afastaram-se da cidade. 17Não houve ninguém que ficasse em Ai ou Betel, pois todos tinham saído em perse­gui­ção de Israel, dei­xando a cidade aberta.


A cidade é conquistada18O Se­nhor disse a Josué: «Levanta contra Ai o dardo que tens na mão, porque Eu ta entrego.» Josué levantou o dardo que tinha nas mãos contra a cidade. 19Os que estavam em em­bos­cada levantaram-se subitamente, pre­­cipitando-se sobre ela, ocupando-a e incendiando-a. 20Quando os habi­tan­­tes de Ai olharam para trás e viram o fumo que se elevava da cidade para o céu, já não tinham possibilidade de fugir para nenhum lado, pois o povo que simulava fugir para o de­serto voltou-se contra o perseguidor.

21Josué e todo o Israel, vendo que os da emboscada tinham tomado a cidade e que dela subia fumo, vol­taram-se e atacaram os ho­­mens de Ai. 22Tendo os outros saído da cidade ao seu encontro, os inimigos viram-se cercados de am­bos os lados pelos israelitas, que os acometeram até lhes não deixar nem sobrevivente, nem fugitivo. 23Cap­tu­raram vivo o rei de Ai e levaram-no a Josué.

24Terminado o massacre dos habi­­­tantes de Ai tanto no campo como no deserto, para onde haviam saído em perseguição dos israelitas, de­pois de todos terem sido passados ao fio de espada, todo o Israel voltou à cidade, matando toda a população. 25O número dos que morreram na­quele dia, entre homens e mulheres, foi de doze mil, todos da cidade de Ai.

26Josué não retirou a mão que ti­nha levantada com o seu dardo, até se­rem mortos todos os habitan­tes de Ai.

27Os israelitas tomaram para si os rebanhos e o espólio da cidade, conforme o Senhor tinha ordenado a Josué. 28Josué incendiou a cidade de Ai, reduzindo-a para sem­pre a um montão de ruínas, como ainda hoje está.


Leitura da Lei diante do altar29Mandou enforcar o rei de Ai numa árvore, deixando-o ali até à tarde. Ao pôr-do-sol, ordenou que se retirasse o ca­dáver e fosse lançado junto à porta da cidade, colocando sobre ele um grande monte de pedras, que ali per­manece ainda hoje.

30Então, Josué erigiu um altar ao Senhor, Deus de Israel, no monte Ebal, 31segundo a ordem que Moi­sés, servo do Senhor, havia dado aos fi­lhos de Israel, conforme está escrito no livro da Lei de Moisés: construiu-o de pedras brutas, ainda não toca­das pelo ferro. Ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor e sacrifícios de comunhão. 32Ali, sobre as pe­dras, escreveu Josué uma cópia da Lei que Moisés tinha escrito diante dos fi­lhos de Israel.

33Todo o Israel, os seus anciãos, os seus chefes e os seus juízes perma­neceram de pé em redor da Arca, diante dos sacerdo­tes, dos levitas que transportavam a Arca da alian­ça do Senhor. Ali estavam os es­tran­geiros e os filhos de Israel, metade do lado do monte Garizim e a outra metade do lado do monte Ebal, se­gundo a ordem que Moisés, servo do Senhor, dera outrora de aben­çoar o povo de Israel.

34A se­guir, Josué leu todas as pala­vras da Lei, a bênção e a maldição, con­forme está escrito no livro da Lei. 35De tudo o que Moisés tinha pres­crito, nem uma só palavra se omitiu na leitura feita por Josué diante de toda a as­sem­bleia de Israel: mulhe­res, crian­ças e estrangeiros que esta­vam no meio deles.

Capítulo 9

Astúcia dos guibeonitas1Ao terem notícia destes aconteci­men­tos, todos os reis do outro lado do Jordão, das montanhas e das planí­cies, do litoral do Mar Grande, frente ao Líbano, os hititas, os amorreus, os cananeus, os peri­zeus, 2os heveus e os jebuseus alia­ram-se para dar com­bate a Josué e a Israel.

3Os habi­tantes de Gui­beon, sa­bendo o que Jo­sué tinha feito a Je­ricó e a Ai, 4fo­ram astutos e puse­ram-se a caminho, mu­nidos de provisões para a viagem. Carre­garam os seus jumentos de sacos velhos, odres de vinho remen­dados e velhos, 5calçado velho e re­men­dado nos pés e roupas muito usadas para se cobrirem; o pão das suas provisões estava também duro e estragado. 6Foram ter com Josué ao acampamento de Guilgal e disse­ram-lhe, a ele e a todos os fi­lhos de Israel: «Viemos de terras longín­quas pedir-vos que façais aliança con­nosco.» 7Os israelitas responde­ram: «Se ca­lhar habitais perto de nós. Como pode­remos, pois, fazer aliança convosco?» 8Eles, porém, disseram a Josué: «So­mos teus servos.» Josué, por sua vez, perguntou-lhes: «Quem sois vós e de onde vindes?» 9Eles responderam:

«Os teus servos vêm de terras muito distan­tes, atraídos pela fama do Se­nhor teu Deus, pois ouvimos falar dele e de tudo quanto Ele fez no Egipto; 10do modo como tratou os dois reis dos amorreus, além-Jordão, Seon, rei de Hesbon, e Og, rei de Ba­san, que habitavam em Astarot. 11Por isso, os nossos anciãos e todos os ha­bitantes da nossa terra nos disse­ram: ‘Tomai convosco provisões para a via­gem; ide ao seu encontro e dizei-lhes: Somos vossos servos; fa­zei aliança connosco’. 12Aqui tendes o nosso pão; estava ainda quente quando parti­mos de nossas casas para vir ter con­vosco; ei-lo agora, seco e estragado. 13Estes odres de vinho eram novos quando os enche­mos; agora estão rotos e des­cosidos. As nossas roupas e o nosso calçado estão gastos e ve­lhos, por causa da longa caminhada.»


Josué promete a paz14Os israe­­litas aceitaram as provisões deles, sem consultar o Senhor. 15Josué con­­cedeu-lhes a paz e fez uma aliança com eles, na qual lhes respeitava a vida; os príncipes da assembleia con­­firmaram-na com juramento. 16Três dias após esta aliança, souberam que esses povos eram seus vizinhos e habitavam no meio deles.

17Então, os filhos de Israel puse­ram-se a cami­nho, e em três dias che­garam às suas cidades. Essas cida­des eram as se­guintes: Guibeon, Ca­fira, Beerot e Quiriat-Iarim. 18Não os des­truíram devido ao juramento que lhes tinham feito os príncipes da assem­bleia, em nome do Senhor, Deus de Israel; mas toda a assem­bleia come­çou a mur­mu­rar contra eles.


Os guibeonitas, servos do tem­­plo 19Foi então que os príncipes da as­sem­­bleia responderam: «Fizemos-lhes um juramento em nome do Senhor, Deus de Israel; não lhes pode­­mos tocar. 20Eis, porém, como deve­re­mos tratá-los: respeitaremos a sua vida, a fim de não excitar con­tra nós a ira de Deus, se lhes faltar­mos ao jura­mento. 21Que vivam, pois – acres­centaram os chefes – mas que se em­preguem a rachar lenha e a carregar água para toda a assembleia.»

E fez-se como os chefes deter­mi­na­­ram. 22Josué chamou-os e disse-lhes: «Porque nos enganastes, di­zendo que éreis de terras longínquas, quando afinal habitáveis no meio de nós? 23Agora, pois, malditos sejais; a vossa servi­dão jamais há-de cessar, e con­ti­nuareis a rachar lenha e a carregar água para a casa do meu Deus.» 24Eles respon­deram a Josué: «A nós, teus servos, che­gou-nos a notícia de que o Senhor teu Deus prometera a Moi­sés, seu servo, dar-vos toda a terra, extermi­nando os seus habitantes dian­te de vós. Foi por isso que teme­mos pro­fundamente a vossa aproxi­mação e, por causa das nossas vidas, proce­demos desta maneira. 25Esta­mos nas tuas mãos; trata-nos como te pare­cer justo e bom.»

26Josué fez como tinha dito e li­vrou-os das mãos dos filhos de Israel, a fim de que os não matassem. 27Po­rém, determinou que, desde então, se empregassem no ser­viço da comuni­dade e do altar, cor­tando a lenha e carregando a água no lugar que o Senhor esco­lhesse; e exercem ainda hoje tais funções.

Capítulo 10

Socorro a Guibeon1Ado­ni­sé­dec, rei de Jerusalém, ao saber que Josué se tinha apoderado de Ai e a tinha destruído – como fi­zera com Jericó e seu rei, assim fez também com Ai e seu rei – e ao sa­ber que os guibeonitas tinham feito a paz com Israel e habitavam com ele, 2ficou com muito medo. Guibeon era, com efeito, uma grande cidade, uma cidade real, muito maior que Ai, e todos os seus homens eram valo­rosos. 3Adonisédec, rei de Jerusa­lém, mandou dizer a Hoam, rei de Hebron, a Piram, rei de Jarmut, a Jafia, rei de Láquis e a Debir, rei de Eglon: 4«Vinde comigo e ajudai-me a combater Gui­beon, porque ele fez a paz com Josué e com os israelitas.» 5Unidos assim os cinco reis dos amorreus – o rei de Jeru­salém, o de Hebron, o rei de Jar­­mut, o rei de Lá­quis e o rei de Eglon – saíram com todos os seus exércitos e acamparam perto de Gui­beon, sitiando-a.

6Os habitantes de Guibeon man­da­­­­ram dizer a Josué, que estava acam­pado em Guilgal: «Não aban­dones os teus servos; sobe e vem em nosso socorro sem de­mora; liberta-nos, por­que todos os reis dos amor­reus que habitam na monta­nha se coligaram contra nós.»

7Josué su­biu de Guil­gal, com todos os seus va­len­tes guerrei­ros. 8O Se­nhor disse-lhe: «Não te­mas, porque Eu os entrega­rei nas tuas mãos; ne­nhum deles te poderá resistir.» 9Jo­sué, que toda a noite su­bira desde Guilgal, caiu so­bre eles de impro­viso. 10O Senhor espa­lhou en­tre eles o ter­ror perante Is­rael, que lhes infli­giu pesada derrota junto de Guibeon e os perse­guiu pelo cami­­nho que sobe para Bet-Horon, ba­tendo-os até Azeca e Ma­queda. 11En­quanto eles fugiam diante dos filhos de Israel, na des­cida de Bet-Horon, o Senhor fez desa­bar sobre eles uma tempestade de gra­nizo, até Azeca; e foram mais nu­me­rosos os que mor­reram sob esta chuva de pedras do que os que pereceram às mãos dos filhos de Israel.


Batalha e cântico de vitória12No dia em que o Senhor entregou os amor­reus nas mãos dos filhos de Is­rael, Josué falou ao Senhor e disse, na presença dos israelitas:

«Detém-te, ó Sol, sobre Guibeon; e tu, ó Lua, sobre o vale de Aia­lon.» 13E o Sol deteve-se, e a Lua pa­rou até o povo se ter vingado dos seus inimigos.

Isto está escrito no Livro do Jus­to. O Sol parou no meio do céu e não se apressou a pôr-se durante quase um dia inteiro.

14Nem antes nem depois houve um dia tão longo como aquele em que o Senhor obe­deceu à voz de um homem, pois o Senhor combatia ao lado de Israel. 15Depois disto, Jo­sué voltou para o acampamento de Guilgal, com todo o Israel.


Reis escondidos e castigados16Os cinco reis fugiram e esconderam-se na caverna de Maqueda. 17En­tão comu­nicaram a Josué: «Foram en­contra­dos os cinco reis escondidos na caverna de Maqueda.» 18Josué res­pondeu: «Ro­lai grandes pedras sobre a entrada da caverna e ponde ho­mens junto dela, para a guardarem. 19Vós, po­rém, não vos detenhais, mas continuai a perseguir os vossos inimigos; não os deixeis entrar nas suas cidades, por­que o Senhor, vosso Deus, os entre­gou nas vossas mãos.»

20Quando Jo­sué e os israelitas os derrotaram e massacraram até ao ex­termínio, refugiando-se nas cida­des fortes os poucos que escaparam vivos, 21en­tão, todo o povo voltou tranqui­la­mente para o acampamento, junto de Josué, em Maqueda, e ninguém mais se atre­­­veu a abrir a boca con­tra os fi­lhos de Israel. 22Depois Jo­sué disse: «Abri a entrada da caverna, e tra­zei-me os cinco reis que lá se en­con­tram.» 23Assim o fizeram, levando os cinco reis que tiraram da caverna: o rei de Jerusalém, o rei de Hebron, o rei de Jarmut, o rei de Láquis e o rei de Eglon.

24Uma vez diante de Jo­sué, este chamou todos os homens de Is­rael, e disse aos chefes dos homens de guerra que o tinham acompa­nhado: «Aproximai-vos e ponde o pé sobre o pescoço destes reis.» Eles aproxima­ram-se e puseram o pé so­bre o pes­coço deles. 25Disse-lhes de novo: «Não tenhais medo nem tre­mais; tende coragem e sede fortes. É assim que o Senhor vai fazer a to­dos os ini­mi­gos que haveis de combater.» 26Dito isto, Josué mandou matá-los e suspendê-los em cinco árvores, onde estive­ram até à tarde. 27Ao pôr-do-sol, mandou descê-los das árvores e lançá-los na caverna onde se haviam refugiado. À entrada, colocaram grandes pedras, que ainda hoje ali se encontram.


Conquista das terras do Sul28Na­quele dia, Josué apoderou-se de Maqueda, destruiu-a com o seu rei e tudo o que nela vivia. Votou ao aná­tema a cidade com tudo o que nela vivia, sem poupar ninguém, e fez ao rei de Maqueda como tinha feito ao de Jericó. 29Depois passou Josué e todo o Israel de Maqueda a Libna, e atacaram-na. 30O Senhor entregou-a com o seu rei nas mãos de Israel, que a passou a fio de espada com tudo o que nela havia, sem deixar esca­par ninguém. Fez ao seu rei como tinha feito ao de Jericó. 31De Libna passou Josué com todo o Israel a Láquis, onde montou cerco contra ela e atacou-a. 32O Senhor entregou-lha e Israel apo­derou-se dela no segundo dia, pas­sando-a a fio de espada, com tudo quanto nela vivia, como tinha feito a Libna. 33En­tão Horam, rei de Gué­zer, veio em socorro de Láquis; mas Josué derrotou-o, a ele e ao seu povo, sem escapar ninguém. 34Josué e todo o seu povo passaram de Lá­quis a Eglon, ergueram ali o seu acampa­mento e atacaram-na. 35Nesse mes­mo dia, tomaram-na e passaram-na a fio de espada, votando ao anátema todo o ser vivo, como tinham feito a Láquis.

36Em seguida, subiu com todo o Is­rael de Eglon a Hebron, e ata­caram a cidade. 37Tomaram Hebron e pas­sa­ram a fio de espada a cidade com o seu rei, os seus arrabaldes e tudo o que nela vivia, sem escapar nin­guém, como tinham feito a Eglon. A cidade foi votada ao anátema com todo o ser vivo. 38Dali, Josué voltou-se contra De­bir, com todo o Israel, e atacou-a. 39Apoderou-se dela, junta­mente com o seu rei, passou-os a fio de espada e votou ao anátema todo o ser vivo que nela havia, sem esca­par nin­guém. Fez a Debir e ao seu rei como tinha feito a Hebron e a Libna, com os seus reis. 40Josué feriu toda a terra: a mon­tanha, o Né­gueb, a planície, as coli­nas com todos os seus reis, sem pou­par nin­guém, votando ao anátema tudo o que respirava, segundo a or­dem do Senhor, Deus de Israel. 41Jo­sué feriu-os desde Cadés-Barnea até Gaza, e toda a terra, de Góchen até Guibeon. 42De uma só vez, Josué apo­derou-se desse país e dos seus reis, porque o Senhor, Deus de Israel, com­batia por Israel. 43Depois Josué e todo o Israel regressaram ao acam­pamento, em Guilgal.

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