Capítulo 11
Atália, rainha de Judá (841-835) (2 Cr 22,10-23,21) – 1Atália, mãe de Acazias, ao ver seu filho morto, decidiu exterminar toda a descendência real. 2Joseba, porém, filha do rei Jorão e irmã de Acazias, tomou Joás, filho de Acazias, e livrou-o do massacre dos filhos do rei, escondendo-o, com a sua ama de leite, no quarto de dormir. Ocultaram-no, assim, de Atália, de modo que pôde escapar à morte. 3Esteve seis anos escondido com Joseba no templo do Senhor, no tempo em que Atália reinava no país. 4No sétimo ano, Joiadá convocou os centuriões dos cários e os guardas e introduziu-os no templo do Senhor. Fez com eles um pacto, e, depois de os fazer jurar no templo do Senhor, mostrou-lhes o filho do rei 5e disse: «Eis o que haveis de fazer: daqueles que entram ao serviço no sábado, um terço de vós montará guarda no palácio real, 6um terço guardará a porta de Sur, e um terço, a porta que está por detrás da casa dos guardas. Vigiai o palácio, de modo que ninguém possa entrar. 7As duas companhias que terminarem a sua semana farão guarda ao templo do Senhor, junto do rei. 8Estareis de armas nas mãos em volta do rei, de maneira que, se alguém quiser forçar as vossas fileiras, será morto. Estareis ao lado do rei, para onde quer que ele for.» 9Os centuriões executaram fielmente as ordens do sacerdote Joiadá. Tomaram cada um os seus homens, tanto os que começavam o serviço ao sábado, como os que terminavam, e foram ter com o sacerdote Joiadá. 10Este deu-lhes a lança e os escudos do rei David, que se encontravam no templo do Senhor. 11Os guardas postaram-se à volta do rei, todos de armas na mão, ao longo do altar e do templo, desde o lado sul até ao lado norte do templo. 12Então, Joiadá trouxe para fora o filho do rei, pôs-lhe o diadema na cabeça e entregou-lhe o documento da aliança. Proclamaram-no rei, ungiram-no e todos o aplaudiram, gritando: «Viva o rei!»
13Atália, ao ouvir a gritaria que faziam os guardas e o povo, entrou no templo do Senhor pelo meio da multidão. 14E viu, surpreendida, que o rei estava de pé sobre o estrado, segundo o costume, tendo ao seu lado os cantores e as trombetas, enquanto o povo se alegrava, tocando trombetas. Então, ela rasgou as vestes, gritando: «Conspiração! Conspiração!»
15Mas o sacerdote Joiadá ordenou aos centuriões que comandavam as tropas: «Levai-a para fora do recinto do templo e, se alguém a seguir, matai-o com a espada.» Pois o pontífice proibira que a matassem no templo do Senhor. 16Agarraram-na, por conseguinte, e ao chegarem ao palácio real, pelo caminho da entrada dos cavalos, ali a mataram. 17Joiadá fez uma aliança com o Senhor, o rei e o povo, segundo a qual o povo devia ser o povo do Senhor. Fez também uma aliança entre o rei e o povo.
18Todo o povo da terra entrou então no templo de Baal e destruiu-o; derrubaram os altares, partiram em bocados as imagens e assassinaram Matan, sacerdote de Baal, diante do altar. O sacerdote Joiadá colocou guardas no templo do Senhor. 19Tomou, a seguir, os centuriões, os cários e os guardas e todo o povo da terra, e levaram o rei desde o templo do Senhor até ao palácio real, onde entrou pela porta dos guardas. E Joás sentou-se no trono dos reis. 20Todo o povo da terra se alegrou e a cidade ficou em paz. Atália tinha sido morta à espada no palácio real.
Capítulo 12
Reinado de Joás (835-796) (2 Cr 24,1-27) – 1Joás tinha sete anos quando subiu ao trono. 2Começou a reinar no sétimo ano de Jeú e reinou quarenta anos em Jerusalém. A sua mãe chamava-se Síbia, natural de Bercheba. 3Joás fez o que era recto aos olhos do Senhor, durante o tempo em que esteve sob a direcção do sacerdote Joiadá. 4Mas não destruiu os lugares altos, onde todo o povo continuava a sacrificar e a queimar incenso. 5Joás disse aos sacerdotes: «Todo o dinheiro das coisas consagradas trazido ao templo do Senhor, o dinheiro entregue por todo o israelita recenseado, o dinheiro proveniente do resgate das pessoas, após avaliação, e os dons espontâneos oferecidos ao templo do Senhor, 6recebê-lo-ão os sacerdotes e empregá-lo-ão na reparação do templo do Senhor, onde quer que precise de ser reparado.» 7Contudo, no vigésimo terceiro ano do reinado de Joás, os sacerdotes ainda não tinham feito qualquer restauração no templo do Senhor.
8O rei chamou o sacerdote Joiadá e os outros sacerdotes, e disse-lhes: «Porque não fazeis a reparação do templo? Doravante não recebereis mais dinheiro do povo, mas entregá-lo-eis, para se proceder às reparações do templo.» 9Proibiu os sacerdotes de receber o dinheiro do povo e de fazer as reparações do edifício.
10O sacerdote Joiadá tomou um cofre, fez-lhe um buraco na tampa e colocou-o junto do altar, à direita da entrada do templo do Senhor. Os sacerdotes que guardavam a entrada do templo depositavam ali todo o dinheiro que era levado ao templo do Senhor. 11Quando viam que havia muito dinheiro no cofre, um escriba do rei, com o Sumo Sacerdote, vinha, recolhia e contava o dinheiro, que se encontrava no templo do Senhor. 12Uma vez pesado o dinheiro, entregavam-no aos encarregados das obras do templo do Senhor, os quais pagavam aos carpinteiros e operários que trabalhavam na casa do Senhor, 13bem como aos pedreiros e aos canteiros; compravam ainda a madeira e as pedras de cantaria necessárias às reparações, e cobriam todas as despesas decorrentes dos trabalhos. 14Porém, não se faziam taças, nem facas, nem bacias, nem trombetas, nem utensílio algum de ouro ou de prata, com o dinheiro trazido do templo do Senhor. 15Antes, era integralmente dado aos empreiteiros que o empregavam nas reparações do templo do Senhor. 16Não se pediam contas àqueles que recebiam o dinheiro, destinado à paga dos operários, porque eram homens que trabalhavam honestamente. 17O dinheiro dos sacrifícios pelo delito ou pelo pecado não era levado à casa do Senhor, porque era dos sacerdotes.
18Naquele tempo, Hazael, rei da Síria, sitiou e apoderou-se de Gat. Dispunha-se a marchar sobre Jerusalém, 19mas Joás, rei de Judá, tomando os objectos sagrados oferecidos pelos seus antepassados, Josafat, Jorão e Acazias, reis de Judá, e os que ele mesmo tinha oferecido, assim como todo o ouro que se achava nas reservas do templo do Senhor e do palácio real, enviou tudo a Hazael, rei da Síria, o qual desistiu da sua campanha contra Jerusalém.
20O resto da história de Joás e tudo o que ele fez está tudo escrito no Livro dos Anais dos Reis de Judá. 21Os seus servos sublevaram-se, conspiraram e assassinaram o rei Joás em Bet-Milo, na descida de Sila. 22Jozabad, filho de Chimeat, e Jozabad, filho de Chomer, seus servidores, feriram-no e ele morreu. Joás foi sepultado junto dos seus pais na cidade de David. Sucedeu-lhe no trono seu filho Amacias.
Capítulo 13
Joacaz, rei de Israel (813-797) 1No vigésimo terceiro ano do reinado de Joás, filho de Acazias, rei de Judá, Joacaz, filho de Jeú, tornou-se rei de Israel, na Samaria, e reinou dezassete anos. 2Fez o mal aos olhos do Senhor, imitando os pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel, e não se desviou desses pecados. 3Por isso, a cólera do Senhor inflamou-se contra Israel, e entregou-o nas mãos de Hazael, rei da Síria, e de Ben-Hadad, filho de Hazael, durante muito tempo. 4Mas Joacaz rogou ao Senhor, e o Senhor, vendo como os filhos de Israel se encontravam oprimidos por Hazael, rei da Síria, ouviu-o, 5dando aos israelitas um libertador. Libertados das mãos do rei da Síria, voltaram de novo a habitar nas suas tendas.
6Entretanto, não se afastaram dos pecados da casa de Jeroboão, que fizera pecar Israel, mas continuaram a cometê-los; até o ídolo de Achera ficou de pé na Samaria. 7Com efeito, não restaram a Joacaz mais de cinquenta cavaleiros, dez carros e dez mil soldados de infantaria. Os outros, o rei da Síria tinha-os aniquilado e reduzido a pó do chão.
8O resto da história de Joacaz, os seus actos e a sua valentia, está tudo escrito no Livro dos Anais dos Reis de Israel. 9Joacaz adormeceu juntando-se aos seus pais e foi sepultado na Samaria. Joás, seu filho, sucedeu-lhe no trono.
Joás, rei de Israel (797-782) – 10No trigésimo sétimo ano do reinado de Joás, rei de Judá, Joás, filho de Joacaz, começou a reinar sobre Israel, na Samaria, e reinou dezasseis anos. 11Fez o mal aos olhos do Senhor e não se afastou dos pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel; antes imitou-os.
12O resto da história de Joás, os seus actos e a sua valentia, a guerra que moveu contra Amacias, rei de Judá, está tudo escrito no Livro dos Anais dos Reis de Israel.
13Joás adormeceu juntando-se aos seus pais e Jeroboão sucedeu-lhe no trono. Joás foi sepultado na Samaria com os reis de Israel.
Morte de Eliseu – 14Eliseu fora atingido pela doença que o deveria vitimar. Joás, rei de Israel, foi visitá-lo. Inclinando-se a chorar sobre o rosto do profeta, disse-lhe: «Meu pai! Meu pai! Carro e condutor de Israel!» 15Eliseu disse-lhe: «Traz-me um arco e flechas.» Joás levou-lhe um arco e flechas, 16e Eliseu disse ao rei de Israel: «Põe a tua mão no arco.»
Ele obedeceu; Eliseu colocou as suas mãos sobre as do rei, 17dizendo: «Abre a janela do lado do oriente.» Joás abriu-a. «Atira uma flecha», ordenou Eliseu. Ele atirou-a. Disse o profeta: «Flecha de vitória, pelo Senhor! Flecha de vitória contra os sírios. Derrotarás os sírios em Afec, até ao extermínio.» 18E acrescentou: «Toma as flechas.» Joás segurou-as. «Atira um dardo contra a terra!» O rei desfechou três golpes e parou.
19O homem de Deus irritou-se contra ele, e disse: «Seria necessário desfechar cinco ou seis golpes. Terias então derrotado os sírios até ao extermínio. Assim, porém, só os derrotarás três vezes!» 20Eliseu morreu e sepultaram-no.
Guerrilheiros moabitas fizeram, nesse ano, uma incursão no país. 21Mas aconteceu que um grupo de pessoas, que ia enterrar um homem, viu esses guerrilheiros e atirou o cadáver ao túmulo de Eliseu. O morto, porém, ao tocar nos ossos de Eliseu, voltou à vida e pôs-se de pé.
Vitória de Israel sobre os sírios 22Hazael, rei da Síria, oprimira os filhos de Israel durante toda a vida de Joacaz. 23Mas o Senhor compadeceu-se e usou de misericórdia para com eles. Concedeu-lhes de novo a sua benevolência, por causa da sua aliança com Abraão, Isaac e Jacob. O Senhor não os quis aniquilar, nem afastar mais da sua presença.
24Hazael, rei da Síria, morreu e o seu filho Ben-Hadad sucedeu-lhe no trono. 25Joás, filho de Joacaz, retomou das mãos de Ben-Hadad, filho de Hazael, as cidades que este tinha arrebatado a seu pai na guerra. Joás derrotou-o três vezes e reconquistou as cidades de Israel.
Capítulo 14
Amacias, rei de Judá (796-767) (2 Cr 25,1-28) – 1No segundo ano do reinado de Joás, filho de Joacaz, rei de Israel, começou a reinar Amacias, filho de Joás, rei de Judá. 2Tinha vinte e cinco anos, quando começou a reinar, e reinou vinte e nove anos em Jerusalém. A sua mãe chamava-se Joadan, natural de Jerusalém. 3Fez o que é recto aos olhos do Senhor; mas não como David, seu pai. Seguiu os passos de seu pai Joás. 4Os lugares altos, porém, não desapareceram e o povo continuou a sacrificar e a oferecer incenso sobre eles. 5Logo que se consolidou o seu reinado, mandou matar todos os servos que tinham assassinado o rei, seu pai. 6Mas não matou os filhos dos assassinos, conforme o que está escrito no livro da Lei de Moisés, segundo o preceito do Senhor: «Não morrerão os pais pelos filhos, nem os filhos pelos pais: cada um morrerá pelo seu próprio pecado.» 7Amacias derrotou dez mil edomitas no vale do Sal. Conquistou a cidade de Sela e deu-lhe o nome de Jocteel, nome que conserva ainda hoje.
8Amacias enviou mensageiros a Joás, filho de Joacaz, filho de Jeú, rei de Israel, a fim de lhe dizer: «Vem, para que nos vejamos face a face.» 9Joás, rei de Israel, respondeu a Amacias, rei de Judá: «O cardo do Líbano mandou dizer ao cedro do Líbano: ‘Dá a tua filha por esposa ao meu filho.’ Mas os animais selvagens do Líbano passaram e pisaram o cardo. 10Porque derrotaste os edomitas, o teu coração inchou-se de orgulho. Contenta-te com essa glória e deixa-te ficar em casa. Queres, porventura, meter-te numa desafortunada empresa, que será a tua ruína e a ruína de Judá?» 11Mas Amacias de nada quis saber.
Então o rei de Israel pôs-se a caminho e encontrou-se com Amacias, rei de Judá, em Bet-Chémes, cidade de Judá. 12Judá foi derrotado por Israel e cada qual fugiu para a sua tenda. 13Joás, rei de Israel, capturou Amacias, rei de Judá, filho de Joás, filho de Acazias, em Bet-Chémes.
Quando chegou a Jerusalém, abriu uma brecha de quatrocentos côvados na muralha da cidade, desde a porta de Efraim até à porta da esquina. 14Tomou todo o ouro, toda a prata e todos os vasos que se encontravam no templo do Senhor e nos tesouros do palácio real, e voltou para a Samaria com os reféns.
15O resto da história de Joás, os seus actos e a sua valentia, a guerra que fez contra Amacias, rei de Judá, está tudo escrito no Livro dos Anais dos Reis de Israel. 16Joás adormeceu juntando-se aos seus pais e foi sepultado na Samaria com os reis de Israel. Sucedeu-lhe no trono seu filho Jeroboão. 17Amacias, filho de Joás, rei de Judá, viveu ainda quinze anos depois da morte de Joás, filho de Joacaz, rei de Israel.
18O resto da história de Amacias está escrito no Livro dos Anais dos Reis de Judá. 19Em Jerusalém, fizeram uma conspiração, mas Amacias fugiu para Láquis. Mas mandaram-no perseguir e ali o mataram. 20Carregaram, depois, o seu corpo em cima de cavalos, e sepultaram-no em Jerusalém junto dos seus pais, na cidade de David. 21Todo o povo de Judá tomou Azarias, que tinha dezasseis anos, e proclamou-o rei, no lugar de seu pai Amacias. 22Depois de o rei ter adormecido, juntando-se aos seus pais, Azarias reconstruiu Elat e restituiu-a ao domínio de Judá.
Jeroboão II, rei de Israel (782-753) – 23No décimo quinto ano do reinado de Amacias, filho de Joás, rei de Judá, Jeroboão, filho de Joás, começou a reinar sobre Israel, na Samaria. Reinou quarenta e um anos. 24Fez o mal aos olhos do Senhor, e não se afastou dos pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel. 25Restabeleceu as fronteiras de Israel, desde a entrada para Hamat até ao mar da planície, conforme o Senhor anunciara pela boca do seu servo Jonas, filho de Amitai, natural de Gat-Héfer. 26O Senhor vira a aflição tão amargurada de Israel, pois já não restavam nem escravos nem homens livres nem havia ninguém para socorrer Israel. 27O Senhor não decretara ainda apagar o nome de Israel de debaixo do céu e, por isso, libertou-o pelas mãos de Jeroboão, filho de Joás.
28O resto da história de Jeroboão, os seus actos e a sua valentia, o modo como combateu e reconquistou Damasco e Hamat de Judá para Israel, está tudo escrito no Livro dos Anais dos Reis de Israel. 29Jeroboão adormeceu juntando-se aos seus pais, os reis de Israel. E sucedeu-lhe no trono o seu filho Zacarias.
Capítulo 15
Azarias, rei de Judá (767-739) (2 Cr 26,1-23) – 1No vigésimo sétimo ano do reinado de Jeroboão, rei de Israel, começou a reinar Azarias, filho de Amacias, rei de Judá. 2Tinha dezasseis anos quando começou a reinar e reinou cinquenta e dois anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Jecolias, natural de Jerusalém.
3Ele fez o que era recto aos olhos do Senhor, seguindo fielmente os passos de seu pai Amacias. 4Contudo, os lugares altos não desapareceram. O povo continuou a sacrificar e a oferecer incenso sobre eles. 5O Senhor feriu de lepra o rei, que ficou leproso até ao dia da sua morte, vivendo isolado numa casa. Jotam, filho do rei, administrava o palácio e governava o povo do país.
6O resto da história de Azarias e todos os seus feitos, tudo isso está escrito no Livro dos Anais dos Reis de Judá. 7Azarias adormeceu, juntando-se aos seus pais, e sepultaram-no com eles na cidade de David. Sucedeu-lhe no trono seu filho Jotam.
Zacarias, rei de Israel (753) – 8No trigésimo oitavo ano do reinado de Azarias, rei de Judá, Zacarias, filho de Jeroboão, começou a reinar sobre Israel, na Samaria. O seu reinado durou seis meses. 9Fez o mal aos olhos do Senhor, como o tinham feito os seus pais. Não se afastou dos pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel. 10Chalum, filho de Jabés, conspirou contra ele e assassinou-o diante do povo. Depois, sucedeu-lhe no trono. 11O resto da história de Zacarias está escrita no Livro dos Anais dos Reis de Israel. 12Assim se cumpriu o que o Senhor dissera a Jeú: «Os teus descendentes ocuparão o trono de Israel durante quatro gerações.» E assim sucedeu.
Chalum, rei de Israel (753) – 13No trigésimo nono ano do reinado de Uzias, rei de Judá, Chalum, filho de Jabés, começou a reinar na Samaria. O seu reinado durou um mês. 14Menaém, filho de Gadi, partiu de Tirça, foi à Samaria e assassinou Chalum, filho de Jabés, sucedendo-lhe no trono. 15O resto da história de Chalum e a conspiração que ele maquinou, tudo isso está escrito no Livro dos Anais dos Reis de Israel.
Menaém, rei de Israel (752-741) – 16Menaém atacou Tifsa, tudo o que nela havia e todo o seu território, partindo de Tirça, por não lhe abrirem as portas; derrotou-a e rasgou o ventre de todas as mulheres grávidas. 17No trigésimo nono ano do reinado de Azarias, rei de Judá, Menaém, filho de Gadi, começou a reinar em Israel. E reinou dez anos na Samaria. 18Fez o mal aos olhos do Senhor, e, durante toda a vida, não se afastou dos pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel. 19Menaém deu a Pul, rei da Assíria, que invadira o país, mil talentos de prata, a fim de que ele o ajudasse a consolidar o seu poder. 20Menaém, para juntar esta quantia para o rei da Assíria, exigiu uma contribuição dos grandes proprietários de Israel, à razão de cinquenta siclos de prata por pessoa. Então, o rei da Assíria retirou-se sem demora, e deixou de ocupar o país. 21O resto da história de Menaém, e todos os seus feitos, está tudo escrito no Livro dos Anais dos Reis de Israel. 22Menaém adormeceu juntando-se aos seus pais; sucedendo-lhe no trono seu filho Pecaías.
Pecaías, rei de Israel (741-740) – 23No quinquagésimo ano do reinado de Azarias, rei de Judá, Pecaías, filho de Menaém, começou a reinar em Israel. E reinou dois anos na Samaria. 24Fez o mal aos olhos do Senhor e não se afastou dos pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel. 25Pecá, filho de Remalias, um dos generais de Pecaías, conspirou contra ele com cinquenta homens de Guilead, e assassinou-o na Samaria na torre do palácio real, junto de Argob e de Arié. Matou-o e tornou-se rei no seu lugar. 26O resto da história de Pecaías e todos os seus feitos, está tudo escrito no Livro dos Anais dos Reis de Israel.
Pecá, rei de Israel (740-731) – 27No quinquagésimo segundo ano do reinado de Azarias, rei de Judá, Pecá, filho de Remalias, começou a reinar em Israel, na Samaria, e reinou vinte anos. 28Fez o mal aos olhos do Senhor, pois não se afastou dos pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel. 29No tempo de Pecá, rei de Israel, Tiglat-Falasar, rei da Assíria, veio e apoderou-se de Ion. Tomou também Abel-Bet-Maacá, Janoa, Quedes, Haçor, Guilead, a Galileia e toda a terra de Neftali, e levou todos os seus habitantes cativos para a Assíria.
30Oseias, filho de Elá, conspirou contra Pecá, filho de Remalias, atacou-o e assassinou-o. Sucedeu-lhe no trono, no vigésimo ano do reinado de Jotam, filho de Uzias. 31O resto da história de Pecá e todos os seus feitos, tudo isso está escrito no Livro dos Anais dos Reis de Israel.
Jotam, rei de Judá (739-734) (2 Cr 27,1-9) – 32No segundo ano do reinado de Pecá, filho de Remalias, rei de Israel, começou a reinar Jotam, filho de Uzias, rei de Judá. 33Tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar e reinou dezasseis anos em Jerusalém. A sua mãe chamava-se Jerusa, filha de Sadoc. 34Fez o que era recto aos olhos do Senhor e seguiu fielmente os passos do seu pai Uzias. 35Todavia, os lugares altos não foram retirados. O povo continuou a sacrificar e a queimar incenso nesses lugares. Jotam edificou a porta superior do templo do Senhor. 36O resto da história de Jotam e todos os seus feitos, tudo está escrito no Livro dos Anais dos Reis de Judá. 37Nesse tempo, o SENHOR começou a enviar Recin, rei da Síria, e Pecá, filho de Remalias, contra Judá. 38Jotam adormeceu juntando-se aos seus pais e sepultaram-no com eles na cidade de David, seu pai. Sucedeu-lhe no trono seu filho Acaz.
Capítulo 16
Acaz, rei de Judá (734-727) (2 Cr 28,1-27; Is 7) – 1No décimo sétimo ano do reinado de Pecá, filho de Remalias, começou a reinar Acaz, filho de Jotam, rei de Judá. 2Tinha vinte anos quando começou a reinar, e reinou dezasseis anos em Jerusalém. Não fez o que era recto aos olhos do Senhor, seu Deus, como David, seu pai; antes seguiu os passos dos reis de Israel. 3Chegou até a passar pelo fogo o seu próprio filho, como faziam os reis de Israel, segundo o abominável costume dos povos que o Senhor tinha expulsado diante dos filhos de Israel. 4Oferecia também sacrifícios e incenso nos lugares altos, nas colinas e debaixo de qualquer árvore frondosa. 5Então, Recin, rei da Síria, e Pecá, filho de Remalias, rei de Israel, subiram para atacar Jerusalém; montaram um cerco contra Acaz, mas não o venceram. 6Por aquele tempo, Recin, rei da Síria, restituiu Elat aos edomitas, depois de ter expulsado dela os filhos de Judá. Os edomitas regressaram a Elat, onde permaneceram até ao dia de hoje.
7Acaz enviou mensageiros a Tiglat-Falasar, rei da Assíria, a dizer-lhe: «Eu sou o teu servo e o teu filho. Vem e salva-me das mãos do rei da Síria e do rei de Israel, que se levantaram contra mim.» 8Acaz tomou a prata e o ouro que se encontravam no templo do Senhor e nos tesouros do palácio real e enviou-os como presente ao rei da Assíria. 9Este cedeu ao seu desejo: atacou Damasco e apoderou-se dela. Deportou a sua população para Quir e matou Recin.
10Então o rei Acaz foi a Damasco para receber Tiglat-Falasar, rei da Assíria. Vendo o altar que se encontrava em Damasco, o rei Acaz enviou ao sacerdote Urias um modelo exacto, com a planta em todos os pormenores. 11Urias construiu um altar conforme o modelo que o rei Acaz lhe enviara de Damasco, e já o tinha terminado antes que Acaz regressasse. 12Quando Acaz chegou de Damasco, viu o altar, aproximou-se dele e subiu os degraus. 13Queimou o holocausto e a sua oblação, fez as suas libações e derramou o sangue dos sacrifícios de comunhão. 14Tirou o altar de bronze, que estava diante do Senhor, entre o altar novo e o templo, e colocou-o junto ao novo altar, do lado norte. 15Depois, o rei Acaz ordenou ao sacerdote Urias: «Queimarás no altar grande o holocausto da manhã e a oblação da tarde, o holocausto do rei e a sua oblação, o holocausto do povo e a sua oblação e derramarás sobre ele todo o sangue dos holocaustos e dos sacrifícios. Quanto ao altar de bronze, deixa-o aos meus cuidados.» 16O sacerdote Urias fez tudo como lhe ordenara o rei Acaz. 17O rei Acaz tirou também os pedestais e as bacias neles metidas; desceu o mar de bronze de cima dos bois de bronze que o suportavam, e colocou-o sobre um suporte de pedra. 18Tirou, igualmente, do templo do Senhor, para agradar ao rei da Assíria, o pórtico do sábado, que fora ali construído, e mudou a entrada exterior reservada ao rei.
19O resto da história de Acaz e os seus feitos, tudo está escrito no Livro dos Anais dos Reis de Judá. 20Acaz adormeceu juntando-se aos seus pais e foi sepultado com eles na cidade de David. O seu filho Ezequias sucedeu-lhe no trono.
Capítulo 17
Reinado de Oseias e ruína da Samaria (731-722) – 1No décimo segundo ano do reinado de Acaz, rei de Judá, Oseias, filho de Elá, começou a reinar em Israel, na Samaria. E reinou nove anos. 2Fez o mal aos olhos do Senhor, mas não tanto como fizeram os seus antecessores no trono de Israel. 3Salmanasar, rei da Assíria, veio contra ele, e Oseias submeteu-se, pagando-lhe tributo. 4Mas, descobrindo o rei da Assíria uma conspiração tramada por Oseias, que enviara mensageiros a Só, rei do Egipto, e deixara de lhe pagar anualmente o tributo, o rei da Assíria prendeu-o e meteu-o na prisão. 5Depois, marchou contra Samaria e sitiou-a, durante três anos.
6No ano nono do reinado de Oseias, o rei da Assíria conquistou a Samaria e deportou os israelitas para a Assíria. Estabeleceu-os em Hala, nas margens do Habor, rio de Gozan, e nas cidades da Média.
Motivos da ruína (1 Rs 12,25-33) – 7Isto aconteceu porque os filhos de Israel pecaram contra o Senhor, seu Deus, que os fizera subir do Egipto e libertara da opressão do Faraó, rei dos egípcios. Adoraram outros deuses 8e seguiram os costumes das nações que o Senhor expulsara da frente dos filhos de Israel, e os que foram introduzidos pelos reis de Israel. 9Os filhos de Israel ofenderam o Senhor seu Deus com más acções, e construíram lugares altos em todas as suas cidades, desde a simples torre de vigia até à cidade fortificada. 10Erigiram estelas e símbolos de Achera em todos os outeiros e debaixo de qualquer árvore frondosa. 11Queimaram incenso nesses lugares altos, imitaram as nações que o Senhor expulsara diante deles e irritaram o Senhor com as suas práticas abomináveis. 12Adoraram os ídolos, dos quais o Senhor dissera: «Não fareis tal coisa.»
13O Senhor admoestara Israel e Judá pela boca dos seus profetas e videntes: «Desviai-vos dos vossos maus caminhos, guardai os meus mandamentos e preceitos, observai fielmente a lei que prescrevi a vossos pais e que vos transmiti pelos meus servos, os profetas.» 14Mas eles não o quiseram ouvir, e endureceram o seu coração, imitando seus pais, que se tornaram infiéis ao Senhor, seu Deus. 15Desprezaram os seus preceitos e a aliança que Ele estabeleceu com os seus pais, e as advertências que lhes tinha feito. Foram atrás das coisas vazias e eles próprios se tornaram vazios, como os povos que os rodeavam, apesar de o Senhor lhes ter proibido imitá-los. 16Abandonaram todos os mandamentos do Senhor, seu Deus, fabricaram dois bezerros de metal fundido e símbolos de Achera, e prostraram-se diante de todo o exército dos céus e prestaram culto a Baal; 17fizeram passar pelo fogo os seus filhos e filhas e entregaram-se à adivinhação, à magia, enfim, a tudo o que era mau aos olhos do Senhor, provocando a sua ira. 18Então, o Senhor indignou-se profundamente contra os filhos de Israel e lançou-os para longe da sua face. Só ficou a tribo de Judá. 19Mas nem mesmo Judá guardou os mandamentos do Senhor, seu Deus, e seguiu os costumes e práticas de Israel.
20O Senhor rejeitou, pois, toda a linhagem de Israel, humilhou-a e entregou-a nas mãos dos opressores, até ser completamente banida da sua presença. 21Israel tinha-se separado da casa de David e proclamara seu rei a Jeroboão, filho de Nabat, que desviou o seu povo do seguimento do Senhor e fê-lo cometer um grande pecado. 22Os filhos de Israel imitaram todos os pecados cometidos por Jeroboão e não se afastaram deles, 23até ao dia em que o Senhor os baniu da sua presença, como anunciara pela boca dos profetas, seus servos. Os filhos de Israel foram, pois, levados cativos para longe da sua terra, para a Assíria, onde ainda estão.
Origem dos Samaritanos – 24O rei da Assíria mandou vir gente da Babilónia, de Cuta, de Ava, de Hamat, de Sefarvaim, e estabeleceu-os nas cidades da Samaria, em lugar dos filhos de Israel. Esses apoderaram-se da Samaria e instalaram-se nas suas cidades. 25Mas como não prestavam culto ao Senhor, quando começaram a habitar nelas, o Senhor mandou leões contra eles, que os devoravam. 26Avisaram o rei da Assíria dizendo-lhe: «Os povos que transferiste e estabeleceste nas cidades da Samaria, não sabem como honrar o Deus daquela terra. Por isso, esse Deus mandou contra eles leões que os devoram, por ignorarem o culto do Deus daquela terra.»
27O rei da Assíria ordenou o seguinte: «Mandai para lá um dos sacerdotes que dali trouxestes cativos, a fim de que ali se estabeleça e ensine ao povo a maneira de prestar culto ao Deus daquela terra.» 28Chegou, pois, um dos sacerdotes levados cativos da Samaria e instalou-se em Betel, onde ensinava ao povo como deviam adorar o Senhor. 29Apesar disso, cada povo fabricou o seu próprio deus e puseram-nos nos santuários dos lugares altos, anteriormente construídos pelos samaritanos; cada povo colocou os seus deuses no lugar em que habitava. 30Os babilónios fizeram uma imagem de Sucot-Benot; os de Cuta, uma de Nergal; os de Hamat, uma de Achimá; 31os de Ava, uma de Nibeaz e de Tartac; os de Sefarvaim queimaram os seus filhos em honra de Adramélec e de Anamélec, seus deuses. 32Adoravam também o Senhor, mas fizeram sacerdotes, tirados de entre o povo, os quais ofereciam sacrifícios por eles, nos santuários dos lugares altos. 33Desse modo, adoravam o Senhor e, ao mesmo tempo, prestavam culto aos seus próprios deuses, segundo o costume das nações de onde tinham vindo.
34Ainda hoje seguem os seus antigos costumes; não temem o Senhor, não observam os seus preceitos, nem os seus decretos, nem a lei e os mandamentos que o Senhor deu aos filhos de Jacob, a quem deu o nome de Israel. 35O Senhor fizera uma aliança com eles e ordenara-lhes: «Não adorareis outros deuses nem vos prostrareis diante deles; não lhes prestareis culto e não lhes oferecereis sacrifícios; 36mas temei ao Senhor que vos fez subir do Egipto com o grande poder do seu braço estendido. A Ele temereis, diante dele vos prostrareis e só a Ele oferecereis sacrifícios. 37Guardareis sempre os preceitos, os decretos, a lei e os mandamentos que Ele vos deu por escrito, para os cumprirdes continuamente. Não adorareis outros deuses. 38Não esquecereis a aliança que fiz convosco, não adorareis outros deuses. 39Temereis ao Senhor, vosso Deus, e Ele livrar-vos-á das mãos de todos os vossos inimigos.» 40Eles, porém, não fizeram caso e procederam segundo os seus antigos costumes. 4l Aqueles povos adoraram o Senhor, mas honraram ao mesmo tempo os seus ídolos. Ainda hoje, os seus filhos e os seus netos procedem como fizeram os seus pais.
Capítulo 18
IV. Fim do Reino de Judá (18,1-25,30)
Ezequias, rei de Judá (727-698) (2 Cr 29,1-2) – 1No terceiro ano do reinado de Oseias, filho de Elá, rei de Israel, começou a reinar Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá. 2Tinha vinte e cinco anos quando subiu ao trono; reinou vinte e nove anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Abi, filha de Zacarias. 3Fez o que é recto aos olhos do Senhor, conforme o exemplo de David, seu pai. 4Destruiu os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os símbolos de Achera. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque, até então, os israelitas queimavam incenso diante dela. Chamavam-na Neustan. 5Ezequias pôs a sua esperança no Senhor, Deus de Israel; não houve outro como ele, entre todos os reis de Judá que o precederam ou lhe sucederam. 6Conservou-se unido ao Senhor, nunca se afastou do seu seguimento e observou todos os mandamentos que o Senhor prescreveu a Moisés. 7Por isso, o Senhor esteve com ele e Ezequias era bem sucedido em todas as suas empresas. Sacudiu o jugo do rei da Assíria e livrou-se do seu domínio. 8Derrotou os filisteus até Gaza e devastou o seu território, desde as simples torres de vigia, até às cidades fortificadas.
9No quarto ano do reinado de Ezequias, correspondente ao sétimo do reinado de Oseias, filho de Elá, rei de Israel, Salmanasar, rei da Assíria, veio sitiar a Samaria. 10Ao fim de três anos apoderou-se dela. A Samaria foi tomada no sexto ano de Ezequias, correspondente ao nono do reinado de Oseias, rei de Israel. 11O rei da Assíria levou os filhos de Israel cativos para a Assíria, instalou-os em Hala, nas margens do Habor, rio de Gozan, e nas cidades da Média.
12Isto aconteceu, porque não deram ouvidos à voz do Senhor, seu Deus; pelo contrário, quebraram a sua aliança, recusando-se a ouvir e a praticar o que ordenara Moisés, servo do Senhor.
Invasão de Senaquerib (2 Cr 32,1-23; Is 36-37) – 13No décimo quarto ano do reinado de Ezequias, Senaquerib, rei da Assíria, atacou todas as cidades fortes de Judá e tomou-as de assalto.
14Então Ezequias, rei de Judá, mandou dizer ao rei da Assíria, em Láquis: «Cometi uma falta. Não me ataques mais. Submeter-me-ei a tudo o que me impuseres.» O rei da Assíria impôs a Ezequias, rei de Judá, um tributo de trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro. 15Ezequias entregou toda a prata que se encontrava no templo do Senhor e nos tesouros do palácio real. 16Tirou também o revestimento de ouro que ele mesmo, Ezequias, rei de Judá, mandara aplicar nas portas do templo do Senhor, e entregou tudo ao rei da Assíria. 17Mas o rei da Assíria enviou, de Láquis, contra o rei Ezequias, em Jerusalém, o general do exército, o chefe dos eunucos e o seu copeiro-mor com um poderoso corpo de tropas. Puseram-se em marcha e, quando chegaram a Jerusalém, fizeram alta, acamparam junto ao aqueduto do reservatório superior, que se encontrava no caminho do campo do pisoeiro, 18e mandaram chamar o rei. Mas foi Eliaquim, filho de Hilquias, preferido do palácio, que foi ter com eles, levando consigo Chebna e o cronista Joá, filho de Asaf.
19O copeiro-mor disse-lhes: «Direis a Ezequias: Assim fala o grande rei, o rei da Assíria: Que confiança é essa que manifestas? 20Julgas que as simples palavras representam alguma experiência e valentia para a guerra? Em que confias, para ousares resistir-me? 21Pões a tua confiança no Egipto, esse caniço rachado que fere e trespassa a mão de quem nele se apoia? Assim é o faraó, rei do Egipto, para todos os que nele esperam.
22Dir-me-eis, sem dúvida: ‘A nossa esperança está no Senhor, nosso Deus.’ Mas não é Ele aquele Deus, cujos altares e lugares altos Ezequias destruiu, dizendo aos homens de Judá e de Jerusalém que somente diante deste altar em Jerusalém vos devereis prostrar? 23Faz, por conseguinte, um tratado com o meu soberano, o rei da Assíria, e eu te darei dois mil cavalos, se tiveres cavaleiros para os montar. 24Como poderás resistir diante de um só dos mais modestos oficiais do meu senhor? Esperas ainda que o Egipto te forneça carros e cavaleiros? 25Terá sido, porventura, sem o consentimento do Senhor que eu ataquei esta cidade para a destruir? O Senhor disse-me: ‘Sobe a essa terra e destrói-a.’»
26Eliaquim, filho de Hilquias, o escriba Chebna e Joá disseram ao copeiro-mor: «Fala aos teus servos em aramaico, dialecto que compreendemos. Não nos fales em hebraico diante da multidão que está sobre a muralha.» 27Mas o copeiro-mor replicou-lhe: «Por acaso o meu senhor mandou-me dizer estas coisas só a ti e ao teu senhor? Não foi, antes, a toda essa multidão que está sobre a muralha, obrigada a comer os seus excrementos e a beber a sua urina?»
28Então o copeiro-mor aproximou-se e gritou bem alto, em hebraico: «Ouvi o que diz o grande rei, o rei da Assíria! 29Isto diz o rei: Não vos deixeis enganar por Ezequias; ele não vos poderá livrar das minhas mãos. 30Não vos inspire Ezequias confiança no Senhor, dizendo: ‘O Senhor livrar-vos-á e esta cidade não cairá nas mãos do rei da Assíria!’ 31Não deis ouvidos ao rei Ezequias! Isto vos diz o rei da Assíria: Fazei a paz comigo. Rendei-vos, e cada um de vós poderá comer os frutos da sua vinha e da sua figueira e beber a água do seu poço, 32até que eu venha e vos traslade para uma terra semelhante à vossa, terra fértil em trigo e vinho, terra de pão e de vinhas, terra de olivais, de azeite e de mel. Deste modo, salvareis a vossa vida e não morrereis. Não ouçais Ezequias, porque vos engana, ao dizer: ‘O Senhor nos salvará!’ 33Porventura os deuses das outras nações salvaram a sua própria terra das mãos do rei da Assíria? 34Onde estão os deuses de Hamat e de Arpad? Onde estão os deuses de Sefarvaim, de Hena e de Ava? Livraram a Samaria de cair nas minhas mãos? 35Quais são, entre todos os deuses dessas terras, os que salvaram o seu próprio país das minhas mãos, para que o Senhor possa salvar Jerusalém?» 36O povo ouviu em silêncio e não lhe respondeu uma só palavra, porque o rei ordenara que não respondessem. 37Eliaquim, filho de Hilquias, prefeito do palácio, o escriba Chebna, e o cronista Joá, filho de Asaf, voltaram a Ezequias com as vestes rasgadas, e referiram-lhe as palavras do copeiro-mor.
Capítulo 19
Ezequias recorre a Isaías (Is 37,1-7) – 1Ao ouvir tudo isto, o rei Ezequias rasgou as suas vestes, cobriu-se com um saco e entrou no templo do Senhor. 2Mandou o prefeito do palácio, Eliaquim, o escriba Chebna e os anciãos dos sacerdotes, revestidos de sacos, ao profeta Isaías, filho de Amós, 3para lhe dizer: «Isto diz Ezequias: Hoje é um dia de angústia, de castigo e de opróbrio. Os filhos estão para nascer, e não há força para os dar à luz. 4O Senhor, teu Deus, talvez tenha ouvido as palavras do copeiro-mor enviado pelo rei da Assíria, seu amo, para insultar o Deus vivo, e talvez o vá punir pelas palavras que ouviu. Roga, pois, por esse resto que ainda subsiste!» 5Os servos do rei Ezequias foram ter com Isaías, 6que lhes respondeu: «Isto é o que deveis dizer ao vosso senhor: Assim diz o Senhor: Não te intimides com as palavras que ouviste e com os ultrajes proferidos contra mim pelos servos do rei da Assíria. 7Vou enviar-lhe um espírito e há-de receber uma notícia que o fará voltar à sua terra, onde o farei perecer ao fio da espada.»
Regresso do copeiro-mor e carta de Senaquerib (Is 37,8-13) – 8O copeiro-mor, sabendo que o rei da Assíria deixara Láquis, voltou para junto do seu soberano, que estava a atacar Libna. 9O rei ouviu dizer de Tiraca, rei dos cuchitas: «Ele acaba de se pôr em marcha para te combater.» Senaquerib enviou de novo mensageiros a Ezequias para lhe dizer: 10«Isto direis a Ezequias, rei de Judá: não te deixes enganar pelo teu Deus, no qual puseste a tua confiança, pensando que Jerusalém não será entregue nas mãos do rei da Assíria. 11Ouviste dizer como os reis da Assíria trataram todos os países e os devastaram. Só tu é que irias escapar? 12As nações que os meus antepassados aniquilaram, Gozan, Haran, Récef, e os filhos de Éden que estavam em Telassar, foram, porventura, libertados pelos seus deuses? 13Onde está o rei Hamat, o rei de Arpad, o rei de Lair, de Sefarvaim, de Hena e de Ava?»
Oração de Ezequias (2 Cr 32,20-23;Is 37,14-20) – 14Ezequias recebeu a carta das mãos dos mensageiros, leu-a, depois foi ao templo, e abriu-a diante do Senhor. 15E orou diante dele, dizendo: «Senhor, Deus de Israel, que estás sentado sobre os querubins, só Tu és o Deus de todos os reinos da terra. Tu fizeste os céus e a terra. 16Inclina, Senhor, os teus ouvidos e ouve! Abre, Senhor, os teus olhos e vê! Ouve, Senhor, a mensagem que Senaquerib mandou, para blasfemar contra o Deus vivo!
17É verdade, Senhor, que os reis da Assíria destruíram as nações, devastaram os seus territórios, 18e atiraram ao fogo os seus deuses, pois eles não eram deuses, eram apenas objectos feitos pelas mãos do homem, objectos de madeira e de pedra. Por isso, foram destruídos. 19Mas Tu, Senhor, nosso Deus, salva-nos agora das mãos de Senaquerib, a fim de que todos os povos da Terra saibam que Tu, o Senhor, és o único Deus.»
Intervenção de Isaías (Is 37,21-35) – 20Isaías, filho de Amós, mandou dizer a Ezequias: «Isto diz o Senhor, Deus de Israel: Eu ouvi a oração que me fizeste a respeito de Senaquerib, rei da Assíria. 21Eis o oráculo que o Senhor pronunciou contra ele:
“A virgem, filha de Sião, despreza-te e escarnece de ti;
atrás de ti meneia a cabeça a filha de Jerusalém.
22A quem insultaste e ultrajaste?
Contra quem levantaste a voz?
Contra quem ergueste os olhos?
Foi contra o Santo de Israel!
23Pelos teus mensageiros ultrajaste o Senhor
e disseste: ‘Com a multidão dos meus carros subirei ao cimo dos montes,
às alturas do Líbano;
derrubarei os seus cedros mais altos,
os seus ciprestes mais belos;
penetrarei até aos últimos limites
dos seus bosques mais espessos.
24Escavei poços e bebi águas de outrem;
e com a planta de meus pés sequei todos os rios do Egipto.’
25Ignoras, acaso, que, do princípio, fiz todas estas coisas?
Desde há muito planeei e agora realizo.
Eis porque reduziste a ruínas as cidades fortificadas;
26e os seus habitantes ficaram sem forças,
encheram-se de temor e confusão,
como o feno dos campos,
como a relva verdejante,
como a erva dos telhados e o trigo queimado,
antes de chegar o tempo da colheita.
27Sei quando te sentas,
quando sais e quando entras.
Conheço os teus furores contra mim.
28Pois te enfureceste contra mim
e chegaram aos meus ouvidos as tuas insolências.
Por isso, porei o meu arganel no teu nariz,
e um açaimo na tua boca
e far-te-ei voltar
pelo caminho por onde vieste.”»
29Isto te servirá de sinal: comerás, este ano, o que a terra produzir espontaneamente; no ano seguinte, o que nascer sem ser semeado; mas, no terceiro ano, hão-de semear e colher, hão-de plantar vinhas e comerão os seus frutos. 30O que ficar da casa de Judá lançará novas raízes na terra e produzirá frutos nos ramos. 31De Jerusalém surgirá um resto, e do monte de Sião sobreviventes. Fará tudo isto o zelo do Senhor.
32Portanto, eis o que diz o Senhor sobre o rei da Assíria: Ele não entrará nesta cidade, nem atirará flechas contra ela, não a rodeará de escudos, nem a cercará de trincheiras. 33Mas voltará pelo caminho por onde veio, sem entrar na cidade –oráculo do Senhor! 34Pois defenderei esta cidade e salvá-la-ei por amor de mim e de David, meu servo.»
Morte de Senaquerib (Is 37,36-38)– 35Nessa mesma noite, o anjo do Senhor apareceu no acampamento dos assírios e feriu cento e oitenta e cinco mil homens. No dia seguinte de manhã, só lá havia cadáveres. 36Senaquerib, rei da Assíria retirou-se, retomou o caminho de sua terra e ficou em Nínive. 37Estando ele prostrado no templo de Nisseroc, seu deus, os seus filhos Adramélec e Sarécer mataram-no a golpes de espada e fugiram para a terra de Ararat. Seu filho Assaradon sucedeu-lhe no trono.
Capítulo 20
Doença e cura de Ezequias (2 Cr 32,24-29; Is 38,1-22) – 1Naquele tempo, Ezequias adoeceu com uma enfermidade mortal, e o profeta Isaías, filho de Amós, veio ter com ele e disse-lhe: «Isto diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque vais morrer, não viverás.» 2Então Ezequias voltou o rosto para a parede e orou ao Senhor, dizendo: 3«Senhor, lembra-te que andei fielmente diante de ti, e com simplicidade de coração fiz o que é recto aos teus olhos.» E Ezequias chorava, derramando copiosas lágrimas.
4Isaías não tinha ainda saído do átrio central, e a palavra do Senhor foi-lhe dirigida, nestes termos: 5«Volta e diz a Ezequias, chefe do meu povo: Isto diz o Senhor, Deus de David, teu pai: ‘Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas. Por isso vou curar-te. Dentro de três dias, subirás ao templo do Senhor. 6Vou acrescentar quinze anos aos dias da tua vida; além disso, salvar-te-ei a ti e a esta cidade das mãos do rei da Assíria, e protegerei esta cidade por amor de mim e de David, meu servo.’»
7E Isaías disse: «Trazei uma pasta de figos.» Trouxeram-lha, ele aplicou-a sobre a úlcera e o rei recobrou vida. 8Ezequias dissera a Isaías: «Qual será o sinal de que o Senhor me curará e de que poderei subir ao templo, dentro de três dias?» 9Isaías respondeu-lhe: «Eis o sinal que o Senhor te dará, para saberes que se cumprirá a sua promessa: ou a sombra adianta dez graus ou recua dez graus.» 10Replicou Ezequias: «É fácil que a sombra se adiante dez graus. Mas não! Eu quero que ela recue dez graus.» 11Então o profeta Isaías invocou o Senhor, que fez a sombra recuar dez graus no relógio solar de Acaz.
Embaixada de Merodac-Baladan (Is 39,1-8) – 12Naquele tempo, o rei da Babilónia, Merodac-Baladan, ao ouvir dizer que Ezequias estava doente, enviou-lhe uma carta com presentes.
13Ao saber disso, Ezequias mostrou aos emissários o palácio onde se encontravam os seus tesouros, a prata, o ouro, os aromas, o óleo refinado, a sua baixela e tudo o que de precioso havia no seu tesouro. Nada houve, no seu palácio e em todos os seus domínios, que Ezequias não lhes mostrasse.
14O profeta Isaías foi ter com o rei e perguntou-lhe: «Que te disse aquela gente? Donde vieram esses homens para te visitar?» Ezequias respondeu-lhe: «Vieram dum país longínquo, da Babilónia.» 15Isaías disse-lhe: «Que viram eles no teu palácio?» «Viram tudo o que nele existe –respondeu Ezequias; nada houve no meu palácio que não lhes mostrasse.» 16Então Isaías disse ao rei: «Ouve a palavra do Senhor: 17 ‘Dias virão em que tudo o que se encontra no teu palácio e tudo o que juntaram teus pais, até ao dia de hoje, será levado para a Babilónia. Nada ficará, diz o Senhor. 18E os filhos que de ti sairão, gerados por ti, serão levados como eunucos para o palácio do rei da Babilónia.’» 19Ezequias respondeu: «O Senhor tem razão! É justo tudo o que me acabas de anunciar.» E acrescentou: «Ao menos, enquanto eu viver, haverá paz e segurança.»
Fim do reinado de Ezequias (2 Cr 32,30-33) – 20O resto da história de Ezequias, e todos os feitos que realizou, a construção do reservatório e do aqueduto, com o qual levou água a toda a cidade, tudo isso está escrito no Livro dos Anais dos Reis de Judá.
21Ezequias adormeceu, juntando-se aos seus pais, e seu filho Manassés sucedeu-lhe no trono.