Capítulo 1

III. Fim da História Sincrónica de Israel e Judá. Elias (1,1-17,41)

Morte de Acazias (1 Rs 22,52-54) – 1Depois da morte de Acab, Moab revoltou-se contra Israel. 2Acazias que se en­con­­trava no andar supe­rior da sua casa, na Samaria, caiu da ja­nela e feriu-se gravemente. Enviou então mensageiros, dizendo-lhes: «Ide con­­­sultar Baal-Zebub, o deus de Ecron, para saber se vou sobreviver a este meu mal.» 3Mas o anjo do Se­nhor falou a Elias, o tisbita, nestes ter­mos: «Vai! Sai ao encontro dos mensa­gei­ros do rei da Samaria e diz-lhes: ‘Não há, porventura, um Deus em Is­rael, para irdes consultar Baal-Zebub, deus de Ecron? 4Por isso, eis o que diz o Senhor: Não te levan­tarás do leito em que te deitaste, pois vais morrer.’» E Elias partiu.

5Os mensageiros vol­taram para junto de Acazias, que lhes perguntou: «Porque voltais?» 6Eles responde­ram: «Um homem saiu-nos ao encontro e disse-nos: ‘Ide, voltai para junto do rei que vos enviou e dizei-lhe: Isto diz o Senhor: Não há, porven­tura, um Deus em Israel, para que man­des consultar Baal-Zebub, deus de Ecron? Por isso, não te le­van­tarás do leito onde te deitaste, pois vais mor­rer.’» 7Acazias disse-lhes: «Qual era o aspecto desse homem que se encon­trou convosco e vos falou desse modo?» 8Responderam-lhe: «Era um homem vestido de peles, que trazia um cinto de couro em volta dos rins.» O rei disse: «É Elias, o tisbita.» 9Ime­dia­tamente enviou-lhe um chefe com os seus cinquenta homens. Foi ter com Elias, que es­tava sentado no cimo do monte, e disse-lhe: «Ó homem de Deus, o rei ordena que desças de­pressa!» 10Elias respondeu-lhe: «Se sou um homem de Deus, que desça fogo do céu e te devore a ti e aos teus cinquenta ho­mens.» Desceu, pois, fogo do céu e devorou o chefe e os seus cinquenta homens. 11O rei man­dou outro chefe com os seus cin­quenta ho­mens, o qual falou a Elias e lhe disse: «Ó homem de Deus, o rei or­dena que desças ime­­dia­tamente.» 12«Se sou um homem de Deus – res­pondeu-lhes Elias – desça fogo do céu e te devore a ti e aos teus cin­quenta homens.» E o fogo descido do céu devorou o chefe e os seus cin­quenta homens.

13Pela terceira vez, mandou o rei um chefe com os seus cinquenta ho­mens, o qual se pros­trou de joelhos diante de Elias e lhe suplicou: «Ho­mem de Deus, seja pre­ciosa aos teus olhos a minha vida e a destes teus cin­quen­ta servos. 14Eis que veio fogo do céu e devorou os dois primeiros che­fes e os seus cin­quenta homens, mas, ago­ra, que a minha vida seja preciosa aos teus olhos!» 15O anjo do Senhor disse a Elias: «Desce com este ho­mem. Não tenhas medo dele!» Elias levan­tou-se e desceu com ele até jun­to do rei. 16Elias disse ao rei: «Isto diz o Senhor: Porque enviaste men­sa­gei­ros a consultar Baal-Zebub, deus de Ecron? Não há porventura um Deus em Israel para o ires con­sultar? Não te levantarás mais do leito em que te deitaste, pois vais morrer.» 17Aca­zias morreu, segundo a palavra que o Senhor pronun­ciara pelo profeta Elias, e o seu ir­mão Jo­rão sucedeu-lhe no trono, no segundo ano de Jorão, filho de Josafat, rei de Judá, porque Acazias não tinha fi­lhos. 18O resto da his­tó­ria de Aca­zias e os seus feitos, está tudo es­crito no Livro dos Anais dos Reis de Israel.

Capítulo 2

Elias arrebatado ao céu1Acon­­­teceu que, quando o Se­nhor quis arrebatar Elias ao céu, num re­de­moinho, Elias e Eliseu par­tiram de Guilgal. 2Elias disse a Eli­seu: «Fica aqui porque o Senhor envia-me a Betel.» Mas Eliseu respondeu-lhe: «Pelo Deus vivo e pela tua vida, juro que não te deixarei.» E desce­ram am­bos a Betel. 3Os filhos dos pro­fetas que estavam em Betel saí­ram ao encontro de Eliseu e disse­ram-lhe: «Não sabes que o Senhor vai levar hoje o teu amo por sobre a tua cabeça?» Ele respondeu: «Sim, eu sei. Calai-vos!» 4Elias disse a Eliseu: «Fica aqui porque o Senhor envia-me a Je­ricó.» Ele respondeu: «Pelo Deus vivo e pela tua vida, juro que não te dei­xa­rei.» E, assim, che­ga­ram a Jericó.

5Os filhos dos profe­tas que esta­vam em Jericó saíram ao encontro de Eli­seu e disseram-lhe: «Não sabes que o Senhor vai levar hoje o teu amo por cima da tua cabeça?» Respondeu: «Sim, eu sei. Calai-vos!» 6Elias disse a Eliseu: «Fica aqui porque o Senhor envia-me ao Jordão.» Mas Eliseu res­­pondeu: «Pelo Deus vivo e pela tua vida, juro que não te deixarei.» E par­tiram juntos. 7Seguiram-nos cin­quenta filhos dos profetas, que para­­­ram ao longe, voltados para eles, en­quanto Elias e Eliseu se deti­nham na margem do Jordão. 8Elias tomou o seu manto, dobrou-o e bateu com ele nas águas, que se separaram de um e de outro lado, de modo que pas­­saram os dois a pé enxuto. 9Tendo passado, Elias disse a Eliseu: «Pede o que quiseres, antes que eu seja se­pa­­rado de ti. Que posso fazer por ti?» Eliseu respondeu: «Seja-me con­ce­dida uma porção dupla do teu espí­rito.» 10Elias replicou: «Pedes uma coisa difícil. No entanto, se me vires quando estiver a ser arrebatado de junto de ti, terás aquilo que pedes; mas, se não me vires, não o terás.»

11Continuando o seu caminho, en­­tre­­tidos a conversar, eis que, de re­pente, um carro de fogo e uns cava­­los de fogo os separaram um do outro, e Elias subiu ao céu num redemoi­nho. 12Eliseu viu tudo isto e excla­mou: «Meu pai, meu pai! Carro e con­dutor de Israel!» E não o voltou a ver mais. Tomando, então, as suas vestes, rasgou-as em duas partes.

 

História de Eliseu (2,13-13,25)

13Eliseu apanhou o manto que Elias dei­­xara cair e, voltando, parou na mar­gem do Jordão. 14Pegou no man­to que Elias deixara cair, bateu com ele nas águas e disse: «Onde está agora o Senhor, o Deus de Elias? Onde está Ele?» Ao bater nas águas, estas sepa­raram-se para um e outro lado, e Eliseu passou. 15Os filhos dos profe­tas que estavam em Jericó, vendo o que acontecera dian­te deles, excla­­ma­ram: «O espírito de Elias repousa sobre Eliseu.» E indo ao seu encon­tro, prostraram-se por terra diante dele, 16e disseram: «Há aqui, entre os teus servos, cinquenta homens va­len­tes, que podem ir à pro­cura do teu amo. Talvez o Espírito do Senhor o tenha arrebatado e ati­rado sobre algum monte ou algum vale.» Eliseu respondeu-lhes: «Não os envieis.» 17Eles, porém, tanto in­sistiram, que Eliseu condescendeu e disse: «Enviai-os.» Mandaram, pois, cinquenta ho­mens, que procuraram Elias durante três dias, mas não o encontraram.

18Quando voltaram para junto de Eli­seu, que estava em Jericó, este disse-lhes: «Não vos dis­se eu que não fôsseis?» 19Os habi­tantes da cidade disseram a Eliseu: «A cidade está muito bem situada, como o pode ver o meu senhor; mas as águas são más e tornam a terra estéril.» 20Eliseu disse-lhes: «Trazei-me um prato novo e ponde nele sal.» Eles trouxeram-lho. 21Eliseu foi à fonte das águas e deitou-lhes sal, di­zendo: «Isto diz o Se­nhor: ‘Tornei saudáveis estas águas, e elas não mais causarão nem morte nem este­rilidade.’» 22As águas fica­ram boas até ao dia de hoje, se­gun­do a pala­vra pronunciada por Eliseu.

23Dali subiu para Betel. En­quan­to caminhava, saíram da cidade al­guns rapazitos, que se puseram a zombar dele, dizendo: «Sobe, careca! Sobe, careca! 24Eliseu virou-se para trás, viu-os e amaldiçoou-os em nome do Senhor. Imediatamente saíram da floresta dois ursos e despeda­ça­ram quarenta e dois daqueles rapa­zes. 25Dali, partiu para o monte Car­melo, donde voltou para a Samaria.

Capítulo 3

Jorão, rei de Israel (852-841) – 1No décimo oitavo ano de Josa­fat, rei de Judá, Jorão, filho de Acab, começou a reinar em Israel, na Sa­ma­ria, e reinou durante doze anos.

2Fez o mal aos olhos do Se­nhor, mas não tanto como seu pai e sua mãe, pois tirou as estátuas que seu pai tinha erigido a Baal. 3Mas imi­tou os pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fez pecar Israel, e não se apartou deles.


Expedição contra Moab (1 Rs 22) – 4O rei Mecha, de Moab, possui­dor de muitos rebanhos, pagava ao rei de Israel cem mil cordeiros e cem mil carneiros de lã. 5Porém, com a morte de Acab, quebrou a aliança que tinha com o rei de Israel. 6O rei Jorão saiu da Samaria e fez o re­cen­seamento de todo o Israel. 7De­pois mandou dizer a Josafat, rei de Judá: «O rei de Moab rebelou-se con­­tra mim. Queres vir comigo comba­ter con­tra ele?» Josafat respondeu: «Sim, vou! Eu sou como tu, o meu povo é como o teu e a minha cavala­ria é como a tua.» 8 E acrescentou: «Por onde subiremos?» Respondeu Jorão: «Pelo caminho do deserto de Edom.» 9O rei de Israel, o rei de Ju­dá e o rei de Edom puseram-se em marcha, mas, depois de sete dias de caminho, veio a faltar a água, tanto para o exército como para os ani­mais que o seguiam. 10O rei de Is­rael ex­cla­mou: «Ai! O Senhor jun­tou aqui os três reis para os entre­gar nas mãos do rei de Moab!» 11Jo­safat disse: «Não há por aqui um pro­feta do Senhor, para consultarmos o Se­nhor por meio dele?» Respon­deu um dos servos do rei de Israel: «Sim, está aqui Eliseu, filho de Chafat, aquele que derramava água sobre as mãos de Elias.» 12Josafat disse: «Está nele a palavra do Senhor.» Então, o rei de Israel, Josafat e o rei de Edom fo­ram ter com ele. 13Eliseu perguntou ao rei de Israel: «O que tenho eu a ver contigo, ó rei? Vai procurar os profetas do teu pai e da tua mãe.» Disse-lhe o rei de Israel: «Não, por­que o Senhor reuniu aqui estes três reis para os entregar nas mãos do rei de Moab.» 14Eliseu exclamou: «Pelo Senhor do universo, o Deus vivo a quem sirvo, juro que, se não fosse em atenção a Josafat, rei de Judá, não faria caso de ti, nem sequer po­ria em ti os meus olhos. 15Mas, ago­ra, tra­zei-me um tocador de harpa.»

E en­quanto o tocador tocava har­pa, a mão do Se­nhor veio sobre Eli­seu, 16que disse: «Isto diz o Se­nhor: Ca­vai no leito da torrente mui­tas valas! 17Pois isto diz o Senhor: Não senti­reis vento, nem vereis chuva e, con­tudo, o leito encher-se-á de água, e podereis beber vós, o vosso exér­cito e os vossos animais de carga. 18Po­rém, isto é pouco aos olhos do Senhor: Ele vai entregar tam­bém Moab nas vossas mãos. 19Destrui­reis todas as cidades fortes, as cida­des mais im­por­­­tantes, derrubareis todas as árvores de fruto, tapareis todas as fontes e cobrireis de pedras todos os campos férteis.»

20No dia seguinte pela manhã, à hora em que se costuma oferecer a oblação, desceram as águas pelo ca­minho de Edom e a terra cobriu-se de água. 21Os moabitas, ao saberem que aqueles reis os vinham atacar, mobilizaram todos os homens que tinham atingido a idade de ir para a guerra, e foram postar-se na fron­teira. 22Na manhã seguinte, quando o sol incidia sobre as águas, os moa­bitas viram as águas vermelhas como sangue. 23Eles exclamaram: «É san­gue! Os reis pelejaram entre si e destruíram-se mutuamente. Corre, agora, ó Moab, a recolher a presa!»

24Mas, ao aproximarem-se do acam­­­pa­mento dos israelitas, estes levan­taram-se e atacaram os moabitas, que fugiram diante deles. E os ven­ce­­dores perseguiram os de Moab, 25des­­­truíram as cidades, encheram toda a terra fértil de pedras que cada um lançava, entupiram todas as fontes, derrubaram todas as árvores de fruto, de modo que só ficaram as pedras da cidade de Quir-Haréchet, que foi cercada e atacada pelos atiradores de funda. 26Vendo o rei de Moab que não podia resistir àquele ataque, to­mou consigo setecentos homens ar­ma­­dos de espada para abrir cami­nho até ao rei de Edom, mas não conseguiu. 27Tomando, então, o seu filho pri­mo­g­énito, que deveria suce­der-lhe no trono, ofereceu-o em holo­causto sobre a muralha. Isto provo­cou grande in­dignação em Israel, que se retirou dali e voltou para a sua terra.

Capítulo 4

Multiplicação do azeite (1 Rs 17,8-16) – 1Uma mulher, das dos filhos dos profetas, suplicou a Eli­seu, dizendo: «Meu marido, teu servo, morreu, e bem sabes que ele temia o Senhor. Mas eis que agora vem o credor tomar os meus dois filhos para os fazer seus escravos.» 2Eliseu disse-lhe: «Que posso fazer por ti? Diz-me o que tens em tua casa.» Ela respon­deu: «A tua serva só tem em sua casa uma ânfora de azeite.» 3Ele disse-lhe: «Vai pedir em­prestadas às tuas vizinhas ânforas vazias em grande quantidade. 4De­pois entra, fecha a porta atrás de ti e dos teus filhos, enche com o azeite todas essas ân­fo­ras e põe-nas de lado, à medida que estiverem cheias!»

5A mulher partiu dali e fechou-se em casa com os seus filhos. Estes tra­­ziam-lhe as ânforas e ela enchia-as. 6Cheias as ânfo­ras, disse ao filho: «Dá-me mais uma ânfora.» Ele res­pondeu: «Não há mais ânforas.» E o azeite deixou de cres­cer. 7A mulher foi e contou tudo ao homem de Deus, que lhe disse: «Vai e vende esse azei­te para pagar a tua dívida; tu e os teus filhos vivereis do que restar.»


Relato da chunamita (1 Rs 17,17-24) – 8Certo dia, ao atravessar Chuném, veio ao encontro de Eliseu uma mu­lher rica e convidou-o a comer em sua casa. E sempre que por ali passava, ia lá tomar a sua refeição. 9A mu­lher disse ao marido: «Escuta: eu sei que este homem, que passa com frequên­cia por nossa casa, é um santo ho­mem de Deus. 10Preparemos-lhe um pequeno quar­to sobre o terraço, com uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lâmpada, para que ele ali se possa recolher, quando vier a nossa casa.» 11Ora, um dia, passando Eli­seu por Chuném, recolheu ao quarto para dormir. 12E disse a Guiezi, seu ser­vo: «Chama essa chunamita.» Guie­zi cha­mou-a e ela apresentou-se a Eliseu. 13E ele disse ao seu servo: «Pergunta-lhe: ‘Que posso fazer por ti, em reco­nhecimento do desvelo com que nos tens tratado? Queres que fale por ti ao rei ou ao general do exército?’» Ela respondeu: «Eu vivo em paz no meio do meu povo.» 14Eliseu então disse: «Que se pode fazer por ela?» Respondeu Guiezi: «Ela não tem fi­lhos e o seu marido é idoso.» 15Disse Eliseu: «Chama-a.» Guiezi chamou-a e ela apareceu à porta. 16Eliseu disse-lhe: «Por este tempo, no pró­ximo ano, acariciarás um filho.» Mas ela respondeu: «Não, meu senhor, não zombes da tua escrava, ó ho­mem de Deus!» 17Com efeito, a mu­lher con­ce­beu. No ano seguinte, na mesma época, ela deu à luz um filho, como tinha anunciado Eliseu.

18O menino cresceu. Um dia, indo ter com seu pai, que andava com os ceifeiros, 19disse-lhe: «Ai a minha cabeça! Ai a minha cabeça!» E o pai disse para o criado: «Leva-o à sua mãe.» 20Este levou-o e entregou-o à mãe. Ela teve-o no regaço até ao meio-dia, hora em que o menino mor­reu. 21Subiu, então, deitou o meni­no na cama do homem de Deus, fe­chou a porta e saiu. 22Chamou então o ma­rido e disse-lhe: «Envia-me um criado e uma jumenta, para eu ir depressa a casa do homem de Deus e voltar. 23Ele respondeu-lhe: «Porque vais ter com ele hoje? Não é a Lua-nova, nem Sábado.» Ela disse-lhe: «Tem calma! 24Mandou selar a jumenta e disse ao criado: «Conduz a burra de­pressa e não me dete­nhas no ca­mi­nho, sem que eu te avise.» 25Ela par­tiu e chegou ao lugar onde se encon­trava o homem de Deus, no monte Car­melo, o qual, vendo-a de longe, disse ao seu servo Guiezi: «Aí vem a chunamita. 26Corre ao encon­tro dela e pergunta-lhe se está bem, e se o seu marido e o seu filho estão igualmente bem.» Ela respondeu: «Tu­do vai bem.» 27Mas, ao chegar junto do homem de Deus, na monta­nha, agarrou-se aos seus pés. Guie­zi aproximou-se para a afas­tar, mas o homem de Deus disse-lhe: «Deixa-a, pois a sua alma está amar­gu­rada e o Senhor ocultou-me tudo, nada me revelou.» 28A mulher disse: «Pedi eu, porventura, algum filho ao meu se­nhor? Não te disse que não zom­basses de mim?» 29Eliseu disse a Guiezi: «Aperta o teu cinto, toma na mão o meu bastão e parte. Se en­contrares alguém não o saúdes, e se alguém te saudar, não lhe res­pon­­das. Porás o meu bastão sobre o ros­to do menino.» 30A mãe do me­ni­no exclamou: «Pelo Deus vivo e pela tua vida, juro que não te deixarei!» En­tão, Eliseu levantou-se e seguiu-a.

31Entretanto, Guiezi, que ia à fren­­te deles, pôs o bastão sobre o rosto do menino, mas ele não falava nem sentia. Voltou à procura de Eli­seu e disse-lhe: «O menino não res­sus­ci­tou.» 32Eliseu entrou na casa, onde se encontrava o menino morto em cima da sua cama. 33Entrou, fe­chou a porta, ficando sozinho com o morto, e orou ao Senhor. 34Depois, subiu para a cama, deitou-se sobre o me­nino, colocando a sua boca sobre a boca dele, os seus olhos sobre os olhos dele, as suas mãos sobre as mãos dele. E encostado, assim, sobre o me­nino, o corpo do menino foi aque­cendo.

35Eliseu levantou-se, deu algu­mas voltas pelo quarto, tornou a subir e a estender-se sobre o menino, que espirrou sete vezes e abriu os olhos. 36Eliseu chamou Guie­zi e disse-lhe: «Chama a chuna­mita.» Ele chamou-a. A chunamita entrou e Eliseu disse-lhe: «Toma o teu filho.» 37Então, ela lançou-se aos pés de Eliseu, pros­trando-se por terra. Depois, tomou o seu filho e saiu.


Comida envenenada38Quando Eliseu voltou a Guilgal, a fome de­vas­tava o país. Estando os filhos dos pro­fetas sentados diante dele, disse ao seu servo: «Toma numa panela grande e prepara uma sopa para os filhos dos profetas.»

39Um deles foi ao campo colher le­gumes e encontrou uma planta sil­­vestre: colheu dela pepinos bravos, encheu o manto, regressou a casa, cortou-os em pedaços e deitou-os na panela, sem saber o que era. 40Servi­ram aos companheiros para que co­mes­sem. Porém, logo que provaram a comida, eles puseram-se a gritar: «Ó homem de Deus, é a morte que está nesta panela!» E não consegui­ram comer mais. 41Eliseu disse-lhes: «Trazei-me farinha.» Deitou então a farinha na panela e disse: «Serve, agora, para que todos comam.» E já não havia na panela nada de amargo.


Multiplicação do pão42Veio um homem de Baal-Salisa, que trazia ao homem de Deus, como oferta de primícias, vinte pães de cevada e tri­go novo, no seu saco. Disse Eli­seu: «Dá-os a esses homens para que comam.» 43O seu servo respon­deu: «Como po­derei dar de comer a cem pessoas com isto?» Insistiu Eli­seu: «Dá-os a esses homens para que comam. Pois isto diz o Senhor: ‘Comerão e ainda so­brará.’» 44Ele colocou os pães diante deles. Todos comeram e ainda sobe­jou, como o Senhor tinha dito.

Capítulo 5

Cura de Naaman1Naaman, general dos exércitos do rei da Síria, gozava de grande prestígio dian­te do seu amo e era muito esti­mado, porque, por meio dele, o Se­nhor salvou a Síria; era um homem robusto e valente, mas leproso. 2Ora tendo os sírios feito uma incursão no território de Israel, levaram con­sigo uma jovem donzela, que ficou ao serviço da mulher de Naaman. 3Ela disse à sua senhora: «Ah, se o meu amo fosse ter com o profeta que vive na Samaria, certamente ficava curado da lepra!» 4Naaman foi con­tar ao seu soberano aquilo que dis­sera a jovem israelita. 5O rei da Sí­ria respondeu-lhe: «Vai, que eu vou escrever uma carta ao rei de Israel.» Naaman partiu levando consigo dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa. 6Levou ao rei de Israel uma carta escrita nestes termos: «Juntamente com esta carta, aí te mando o meu servo Naa­man, para que o cures da sua lepra.»

7Ao terminar de ler a carta, o rei de Israel rasgou as suas vestes e ex­cla­­mou: «Sou eu, porventura, um deus que possa dar a morte ou a vida, de modo que me enviem al­guém para eu o curar da lepra? Reparai e vede como ele busca pretextos contra mim.» 8Mas Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei rasgara as suas vestes e mandou-lhe dizer: «Porque rasgaste as tuas vestes? Que ele venha ter comigo e saberá que há um profeta em Israel.» 9Chegou, pois, Naaman com o seu carro e os seus cavalos e parou à porta de Eliseu. 10Este man­dou-lhe dizer por um men­sageiro: «Vai, lava-te sete vezes no Jordão e a tua carne ficará limpa.» 11Naaman, irritado, retirou-se, dizendo: «Pen­sava que ele sairia a receber-me e, diante de mim, invo­caria o Senhor, seu Deus, colocaria a sua mão no lu­gar infectado e me curaria da lepra. 12Porventura, os rios de Damasco, o Abaná e o Par­par, não são acaso me­lhores do que todas as águas de Is­rael? Não me poderia lavar neles e ficar limpo?» E, virando costas, reti­rou-se indig­na­do. 13Mas os seus ser­vos aproxi­maram-se dele e disseram-lhe: «Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse mandado uma coisa difí­cil, não a deverias fazer? Quanto mais agora, ao dizer-te: ‘Lava-te e ficarás cu­rado.’» 14Naaman desceu ao Jor­dão e lavou-se sete vezes, como lhe orde­nara o homem de Deus, e a sua car­ne tornou-se como a de uma criança e ficou limpo. 15Voltou, então, ao ho­mem de Deus com toda a sua comi­tiva; entrou, apresentou-se diante dele e disse: «Reconheço agora que não há outro Deus em toda a Terra, senão o de Israel. Aceita este pre­sente do teu servo.» 16Eliseu respon­deu: «Pelo Senhor, o Deus vivo a quem sirvo, juro que nada aceita­rei.» E, apesar das instâncias de Naaman, ele continuou a recusar.

17Então, Naaman disse: «Já que não aceitas, permite ao menos que se dê ao teu servo uma quantidade de terra deste país, tanta quanta pos­sam carregar duas mulas. Pois dora­vante o teu servo não oferecerá mais holo­caus­tos nem sacrifícios a ou­tros deu­ses, mas somente ao Se­nhor. 18En­tre­­tanto, roga ao Senhor que perdoe ao teu servo o seguinte: Quando o meu soberano entrar no templo de Rimon para adorar, apoian­do-se no meu braço e eu também me prostrar no templo de Rimon, que o Senhor perdoe esse gesto ao teu servo.» 19Eli­seu res­pon­deu: «Vai em paz!»

Já Naaman ia a uma certa dis­tân­cia, 20quando Guiezi, servo de Eli­seu, disse consigo: «Meu amo tratou de­masiadamente bem a Naaman, esse sírio, recusando aceitar da sua mão o que ele tinha trazido. Pelo Senhor, o Deus vivo! Vou correr atrás dele, a ver se me dá alguma coisa.» 21E Guiezi correu atrás de Naaman, o qual, vendo-o a correr, desceu do seu carro, veio ao seu encontro e disse-lhe: «Está tudo bem?» 22Guiezi respondeu: «Sim. O meu senhor envia-me para te di­zer o seguinte: ‘Acabaram de che­gar a minha casa dois jovens da monta­nha de Efraim, que são dos filhos dos profetas. Peço-te que me dês para eles um talento de prata e duas mudas de roupa.’» 23Naaman respondeu: «É melhor que leves dois talentos.» Naa­man insistiu e, me­tendo dois talen­tos e duas mudas de roupa em dois sacos, entregou-os a dois dos seus servos para que os levassem junto de Guiezi.

24Quando atingiram a co­lina, Guie­zi tomou os sacos das mãos de­les e guardou-os em sua casa. De­pois, des­pediu os dois homens que se reti­ra­ram. 25A seguir, entrou e foi apre­sentar-se ao seu amo. Eliseu per­gun­tou-lhe: «De onde vens, Guiezi?» Ele respondeu: «O teu servo não foi a parte al­gu­ma.» 26Mas Eliseu repli­cou: «Acaso não estava presente o meu espírito, quando um homem sal­tou do seu carro ao teu encontro? Será agora tempo para receber prata ou roupa, oliveiras ou vinhas, ovelhas ou bois, criados ou criadas? 27A lepra de Naa­man pegar-se-á a ti e a toda a tua descendência para sempre.» E Guiezi saiu da presença de Eliseu co­berto de uma lepra branca como a neve.

Capítulo 6

Outro prodígio de Eliseu1Os filhos dos profetas disse­ram a Eli­seu: «O lugar onde vive­mos con­tigo tornou-se demasiado es­trei­to para nós. 2Vamos até ao Jordão, corte­mos, cada um de nós, um tron­co do bos­que e construamos ali uma casa, para ha­bitarmos.» Respondeu-lhes ele: «Ide.» 3Mas um deles disse: «Vem também tu com os teus ser­vos.» Res­pondeu Eliseu «Irei.»

4Par­tiu com eles. Chegados ao Jor­dão, puseram-se a cortar ma­deira. 5Ora, estando um deles a cor­tar um tron­co, o ma­chado caiu à água. Ex­cla­mou ele: «Ah, meu se­nhor! Este machado era empres­tado.» 6Pergun­tou o ho­mem de Deus: «Onde caiu?» Ele apontou-lhe o lugar; Eliseu cor­tou um pau, atirou-o à água, e o ma­chado veio à superfície. 7Disse ele: «Retira-o de lá.» Então o homem es­tendeu a mão e apanhou-o.


Os guerreiros sírios8O rei da Síria, que estava em guerra contra Israel, aconselhou-se com os seus servos e disse-lhes: «Acamparemos em tal e tal lugar.» 9 O homem de Deus mandou, então, dizer ao rei de Is­rael: «Evita passar por tal lugar, por­que os sírios estão ali acam­pa­dos.»

10O rei de Israel enviou ho­mens ao lugar sobre o qual o homem de Deus o tinha informado e avisado. E isto aconteceu não apenas uma ou duas vezes. 11O rei da Síria, alvoro­çado por causa disso, chamou os seus ser­vos e disse-lhes: «Não me desco­bri­reis quem dos nossos nos tem atraiçoado junto do rei de Israel?» 12Um dos seus servos respondeu: «Não foi ninguém, ó rei, meu se­nhor; é o profeta Eliseu que conta ao rei de Israel os planos que fazes na tua própria alcova.» 13E o rei disse: «Ide e vede onde ele se encontra, para eu o mandar prender.» Disse­ram ao rei: «Ele está em Do­tan.» 14O rei enviou para lá cavalos, carros e as melhores tropas, que che­garam de noite e cercaram a cidade.

15Na manhã seguinte, o criado do homem de Deus, saindo cedo, viu o exército que cercava a cidade com ca­valos e carros. E aquele servo disse a Eli­seu: «Ah!, meu senhor, que va­mos fazer agora?» 16Eliseu respon­deu-lhe: «Não temas! Aqueles que estão connosco são mais numerosos do que os que estão com eles.» 17Eli­seu, depois de fazer uma oração, disse: «Senhor, abre-lhe os olhos para que veja.» O Senhor abriu os olhos do servo e ele viu o monte repleto de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu. 18Entretanto, os inimigos apro­­­ximavam-se dele e Eliseu orou ao Se­nhor, dizendo: «Atinge estes homens com a cegueira.» E o Se­nhor, ou­vindo a prece de Eliseu, cegou-os. 19Eliseu disse-lhes: «Não é este o ca­minho, nem é esta a cidade. Segui-me, pois, vou conduzir-vos ao ho­mem que bus­cais.» E então condu­ziu-os para a Sa­maria. 20Tendo en­trado na Sama­ria, Eliseu disse: «Se­nhor, abre os olhos a estes ho­mens, para que vejam.»

O Senhor abriu-lhes os olhos e eles viram que esta­vam na cidade da Sa­maria. 21Ao vê-los, o rei de Israel disse a Eliseu: «Devo matá-los, meu pai?» 22Mas ele respondeu: «Não. Acaso costumas ma­tar aqueles que, com a tua es­pada e o teu arco, fazes pri­sioneiros? Dá-lhes antes pão e água, para que possam comer e beber e voltem para junto do seu amo.»

23O rei mandou servir-lhes um grande banquete. Eles comeram e beberam. Depois, deixou-os em liber­dade e eles volta­ram para junto do seu sobe­rano. E, a partir de en­tão, os guerreiros sírios não volta­ram mais às terras de Israel.


Cerco da Samaria24Depois des­tes acontecimentos, Ben-Hadad, rei da Síria, mobilizou todo o seu exér­cito e subiu para sitiar a cidade da Samaria. 25Uma grande fome alas­trou pela cidade e o cerco foi tão aper­­tado que uma cabeça de jumento va­lia oitenta siclos de prata, e um quarto de cab de excrementos de pom­ba, cinco siclos de prata. 26Um dia em que o rei passeava pela mu­ralha, uma mulher gritou-lhe: «So­corre-me, ó rei, meu senhor!» 27O rei respondeu-lhe: «Se o Senhor não te salva, com que te poderei eu socor­rer? Com o trigo da eira ou o vinho do lagar?» 28E acres­centou: «Que te aconteceu?» Ela res­pondeu ao rei: «Esta mulher que aqui vês, disse-me: ‘Dá-me o teu filho para o comermos hoje; amanhã comere­mos o meu.’ 29Co­zemos, então, o meu filho e comemo-lo. No dia seguinte, quando eu lhe disse: ‘Dá-me o teu filho, para comermos’, ela escondeu-o.» 30Ao ouvir o que dizia a mulher, o rei ras­gou as suas vestes; e, como conti­nuou a passear pela muralha, o povo viu que, por baixo, junto ao corpo, ele usava um tecido de saco.

31E o rei disse: «Que Deus me tra­te com rigor e me castigue, se a ca­beça de Eliseu, filho de Chafat, lhe ficar hoje sobre os ombros!» 32Eli­seu es­tava em sua casa e os anciãos esta­vam sentados com ele. O rei fizera-se preceder de um mensageiro; mas, antes que este chegasse, Eliseu disse aos anciãos: «Não sabeis que este fi­lho de assas­sino deu ordens a alguém para me cortar a cabeça? Atenção! Quando che­­­­­gar o mensageiro, fechai-lhe a por­­ta e afastai-o. Não se ouve já o ruído dos passos do seu amo, que vem atrás dele?» 33Estava Eli­seu ainda a falar com eles e eis que o mensageiro se apresentou diante de­le e lhe disse: «Este tão grande mal veio-nos do Senhor. Como é que eu poderei ainda confiar no Senhor?»

Capítulo 7

Libertação da Samaria1Eli­seu disse ao enviado do rei: «Ou­ve a palavra do Senhor: Ama­nhã, a esta mesma hora, uma me­dida de flor de farinha ou duas medidas de cevada valerão um siclo, à porta da Samaria.» 2O oficial, em cujo braço se apoiava o rei, respondeu ao ho­mem de Deus: «Ainda que o Senhor abrisse janelas no céu, seria porven­tura possível semelhante coisa?» Eli­seu respondeu-lhe: «Tu o verás com os teus próprios olhos, mas não come­rás.» 3Ora, estavam quatro leprosos à porta da cidade, os quais disseram entre si: «Porque ficamos aqui até morrer? 4Se decidirmos ir para a ci­dade, morreremos, porque ali reina a fome; se ficarmos aqui, morrere­mos da mesma maneira. Vin­de, portanto; passemos ao acam­pamento dos sí­rios! Se eles nos pou­parem a vida, viveremos! Se eles nos matarem, de qualquer modo, tínhamos de morrer.» 5Ao anoitecer, partiram para o acam­pamento dos sírios, mas ao chega­rem ao extremo do acampamento, viram que não ha­via ali ninguém.

6O Senhor fizera ressoar no acam­­pamento dos sírios um estrondo de carros, de cavalaria e de um grande exército, e eles dis­seram uns para os outros: «É certa­mente o rei de Is­rael que assalariou os reis dos hiti­tas e os reis dos egíp­cios para virem combater contra nós.» 7Levantaram-se, pois, e fugiram, ain­da de noite, deixando ali as suas tendas, os ca­va­los e os jumentos; abandonaram o acampamento tal como estava e só cuidaram de sal­var a própria vida. 8Os leprosos, então, chegando à ex­tre­midade do acampamento, entra­ram numa ten­da, comeram e bebe­ram, tomaram consigo ouro, prata, vestes e foram escondê-los. Volta­ram em seguida, entraram noutra tenda, pegaram em mais coisas e foram igualmente es­condê-las. 9Então, os le­prosos disse­ram uns para os outros: «Não está bem o que estamos a fa­zer. Hoje é um dia de boas novas. Se nos ca­larmos e esperarmos até ao rom­per da aurora, seremos castiga­dos. Va­mos antes levar a infor­ma­ção à casa do rei.» 10Foram e contaram o suce­dido aos guardas da porta da ci­dade, dizendo-lhes: «Entrámos no acam­pa­­mento dos sírios. Não há ali nin­guém, nem uma voz humana se­quer; só há cavalos e jumentos amar­rados e as tendas estão ainda ar­madas.»

11Os guardas da porta levaram a boa-nova ao interior do palácio real. 12Era de noite, mas o rei levantou-se e disse aos seus servos: «Vou dizer-vos o que os sírios tramam contra nós: sabem que estamos famintos e, por isso, deixaram o acampamento e foram armar emboscadas no cam­po, dizendo: ‘Quando saírem da cidade, apanhamo-los vivos e entra­mos nela.’»

13Mas um dos servos do rei falou e disse: «Tomemos cinco dos cavalos que nos restam ainda na cidade e mandemos fazer um reco­nheci­mento, pois a sorte desses será igual à de toda a gente que ficou em Israel, pois todos estão a acabar. Enviemo-los e veremos.» 14Es­­co­lheram dois carros com os cavalos e o rei enviou ho­mens para seguirem os passos do exército sírio, dizendo-lhes: «Ide ver.» 15Eles segui­ram o rasto dos sírios até ao Jordão. Todo o caminho estava se­meado de vestes e de outros objectos que os sírios, precipitadamente, ti­nham abandonado. Os mensageiros volta­ram e contaram tudo ao rei.

16Saiu, então, o povo e saqueou o acampa­mento dos sírios. E vendeu-se uma medida de flor de farinha por um siclo, e, igualmente por um siclo, duas medidas de cevada, tal como o Senhor dissera. 17O rei con­fiara a guarda da porta ao oficial em cujo braço se apoiava. Mas, com os em­pu­r­rões do povo, foi esmagado e caiu morto à entrada da porta, con­forme predissera o homem de Deus, quando o rei descera à sua casa.

18O homem de Deus dissera ao rei: «Ama­nhã, a esta mesma hora, duas me­di­das de cevada valerão um siclo, à porta da Samaria, e uma medida de flor de farinha valerá igualmente um siclo.» 19E o oficial tinha respon­dido ao homem de Deus: «Ainda que o Senhor abrisse jane­las no céu, por­­ventura seria possí­vel tal coisa?» A isto Eliseu tinha respondido: «Tu o verás com os teus olhos, mas não co­merás.» 20Foi o que lhe aconteceu: o povo atropelou-o à entrada da porta e ele morreu.

Capítulo 8

A chunamita recupera os seus bens1Eliseu disse à mulher cujo filho ressuscitara: «Parte com to­dos os teus e vai habitar noutro lu­gar qualquer, porque o Senhor man­­­dou a fome e ela alastrará sobre esta terra, durante sete anos.» 2Fez, pois, a mulher o que lhe dissera o homem de Deus: emigrou com a sua família e foi viver durante sete anos para a terra dos filisteus. 3Passados os sete anos, regressou da terra dos filis­teus e foi reclamar ao rei, por causa da sua casa e da sua terra. 4O rei estava a conversar com Guiezi, servo do ho­mem de Deus, pedindo que lhe con­tasse os prodígios que Eliseu tinha realizado. 5Guiezi re­feria justamente como Eliseu tinha ressuscitado um morto, quando a mulher, cujo filho ressuscitara, che­gou a fim de recla­mar do rei a sua casa e a sua terra. Guiezi exclamou: «Eis, ó rei, meu se­nhor! Esta é a mulher e este é o seu filho que Eli­seu ressuscitou.» 6O rei interrogou a mulher e ela nar­rou-lhe o aconte­cido. Então o rei man­dou com ela um eunuco, ao qual disse: «Faz com que lhe seja resti­tuído tudo o que lhe pertence, bem como todos os rendimentos da sua propriedade, des­de que a deixou até ao dia de hoje.»


Eliseu em Damasco7Eliseu foi a Damasco. Ben-Hadad, rei da Sí­ria, encontrava-se doente. Foram avisá-lo, dizendo: «O homem de Deus veio até aqui.» 8O rei disse a Hazael: «To­ma contigo um presente e vai ao encontro do homem de Deus. Con­sul­­tarás o Senhor, por seu in­ter­mé­dio, a fim de saber se sairei vivo desta minha doença.» 9Hazael foi ao en­contro do homem de Deus, levando consigo presentes, do que havia de melhor em Damasco, trans­portados em quarenta camelos. Ao chegar à sua presença disse: «O teu filho Ben-Hadad, rei da Síria, en­viou-me para te perguntar se sairá vivo da sua doença.» 10Eliseu respondeu-lhe: «Vai e diz-lhe que ele sobrevi­verá a esta doença. Mas o Senhor revelou-me que, de qualquer modo, ele vai mor­rer.» 11Depois, o homem de Deus fi­cou parado e sentiu-se perturbado, pondo-se em seguida a chorar.

12Per­­guntou Hazael: «Porque cho­ra o meu senhor?» Ele res­pondeu: «Porque sei o mal que farás aos is­raelitas: in­cen­diarás as suas cidades fortes, mata­rás ao fio da es­pada os seus jovens, esmagarás as suas crian­ças e ras­garás o ventre das suas mu­lheres grávidas.» 13Disse-lhe Hazael: «Será o teu servo um cão, para fazer tão grandes crimes?» Eliseu respon­deu: «O Senhor mos­trou-me numa visão que serás rei da Síria.» 14Dei­xando Eliseu, voltou Hazael para junto do seu amo, que lhe pergun­tou: «Que te disse Eli­seu?» Respondeu ele: «Disse-me que vais sobreviver.» 15No dia seguinte, Hazael pegou num co­ber­­tor, molhou-o em água, estendeu-o sobre o rosto do rei e este morreu. E Hazael suce­deu-lhe no trono.


Jorão, rei de Judá (848-841) (2 Cr 21, 1-20) – 16No quinto ano de Jorão, fi­lho de Acab, rei de Israel, Jorão, filho de Josafat, começou a reinar em Judá. 17Tinha trinta e dois anos quando começou a reinar, e reinou oito anos em Jerusalém. 18Seguiu o caminho dos reis de Israel, como fizera a casa de Acab. Desposou uma filha de Acab e fez o mal aos olhos do Senhor. 19Apesar disso, o Senhor não quis destruir a casa de Judá, por causa de David, seu servo, a quem prome­tera conservar sempre uma lâm­pada na sua des­cendência. 20No tempo de Jorão, os edomitas sacudiram o jugo de Judá e elegeram um rei próprio. 21Jorão foi a Seir com todos os seus carros, e, durante a noite, atacou os edomi­tas que o tinham cercado a ele e aos chefes dos seus carros; as tro­pas, porém, fugiram para as suas ten­­das. 22E assim Edom sacudiu o jugo de Judá até ao dia de hoje. Naquele mesmo tempo, Libna revoltou-se de igual modo. 23O resto da história de Jorão e os seus feitos, está tudo es­crito no Livro dos Anais dos Reis de Judá. 24Jorão adormeceu juntando-se aos seus pais e foi sepultado jun­to deles, na cidade de David. O seu filho Acazias sucedeu-lhe no trono.


Acazias, rei de Judá (841) (2 Cr 22,1-9) 25No décimo segundo ano de Jorão, filho de Acab, rei de Israel, Acazias filho de Jorão, rei de Judá, começou a reinar em Judá. 26Acazias tinha vinte e dois anos, quando começou a reinar, e reinou um ano em Jeru­sa­lém. A sua mãe chamava-se Atália, e era filha de Omeri, rei de Israel. 27Ele seguiu o caminho da casa de Acab e fez o mal aos olhos do Se­nhor, como a casa de Acab, de quem era genro. 28Saiu com Jorão, filho de Acab, a comba­ter Hazael, rei da Síria, em Ramot de Guilead, e Jorão foi ferido pelos sírios. 29Regressou, então, a Jezrael para se curar dos ferimentos recebi­dos da parte dos sí­rios, no combate contra Hazael, rei da Síria. E Aca­zias, filho de Jorão, rei de Judá, desceu a Jezrael, para visitar Jorão, filho de Acab, que es­tava doente.

Capítulo 9

Jeú eleito rei (841-813) – 1O pro­feta Eliseu chamou um dos fi­lhos dos profetas e disse-lhe: «Aper­­ta o teu cinto e parte para Ramot de Gui­lead com este frasco de óleo. 2Quando lá chegares, procurarás Jeú, filho de Josafat, filho de Nimechi. Aproxi­mar-te-ás dele e farás com que se levante do meio dos seus ir­mãos. Conduzi-lo-ás a um aposento reti­rado 3e, tomando o frasco de óleo, derramá-lo-ás sobre a sua ca­beça, dizendo: ‘Isto diz o Senhor: Eu te consagro rei de Israel.’ Depois abri­rás a porta e fugirás dali sem de­mora.»

4O jo­vem servo do profeta par­tiu para Ramot de Guilead. 5Quan­do lá che­gou, os chefes do exército esta­vam sentados em reunião. E disse: «Chefe, tenho uma palavra a dizer-te.» Jeú perguntou: «A qual de nós?» Ele res­pondeu: «A ti, chefe.» 6E Jeú levantou-se, entrou em casa, e o jovem derra­mou-lhe, então, o óleo na cabeça, dizendo: «Isto diz o Senhor, Deus de Israel: ‘Eu te con­sagro rei de Israel, do povo do Se­nhor. 7Atacarás a casa de Acab, teu soberano, e vingarás o sangue dos meus servos, os profe­tas, e o san­gue de todos os servos do Senhor, que foi derramado por Je­za­­bel. 8To­da a casa de Acab pere­cerá; exter­mi­narei da casa de Acab, em Is­rael, todos os descendentes mas­culi­nos, sejam escravos ou livres. 9Farei à casa de Acab o que fiz à de Jero­boão, filho de Nabat, e à de Basa, filho de Aías. 10E Jezabel será devo­rada pelos cães no campo de Jez­rael, e ninguém lhe dará sepul­tura.’» Di­zendo isto, o jovem abriu a porta e fugiu.

11Quando Jeú voltou para junto dos oficiais do seu soberano, estes perguntaram-lhe: «Está tudo bem? Porque veio esse louco ter contigo?» Ele respondeu-lhes: «Vós conheceis esse homem e a sua conversa.» 12Eles exclamaram: «Isso é mentira! Mas conta-nos a verdade.» Respondeu en­­tão: «Pois bem, ele disse-me isto e mais isto. E acrescentou: Isto diz o Senhor: ‘Eu te consagro rei de Is­rael.’» 13Levantaram-se, então, ime­diatamente, tomaram cada um o seu manto, estenderam-no aos seus pés em forma de estrado, e tocaram a trombeta, gritando: «Jeú é rei!»

14Por­tanto, Jeú, filho de Josafat, fi­lho de Nimechi, conspirou contra Jorão, no tempo em que Jorão, com todo o Is­rael, defendia Ramot de Guilead con­tra Hazael, rei da Síria.


Jeú mata Jorão, rei de Israel (2 Cr 22,7-8) – 15O rei Jorão tinha vindo a Jezrael para se curar dos feri­men­tos recebidos dos sírios, quando com­batia contra Hazael, rei da Síria. Disse, então, Jeú: «Se esta é a vossa vontade, ninguém se es­cape da ci­dade para ir dar a notícia a Jez­rael.» 16E Jeú subiu para o seu carro e partiu, sem demora, para Jezrael, onde Jo­rão, no seu leito de enfermo, recebia a visita de Aca­zias, rei de Judá. 17A sentinela, que estava no alto da torre de Jezrael, vendo aproximar-se a tropa de Jeú, anunciou: «Vejo apro­ximar-se uma tropa.» Jorão disse: «Toma um carro e manda alguém ao seu encontro perguntar se tudo está bem.» 18Ao chegar junto de Jeú, o mensageiro disse: «O rei manda per­guntar se tudo está bem.» Jeú res­pondeu: «Que te importa a ti se tudo está bem? Põe-te atrás de mim e segue-me.» A sentinela avisou: «O men­sageiro chegou junto dele, mas já não volta.» 19O rei enviou um se­gundo mensageiro, que se apresen­tou diante de Jeú, dizendo: «O rei manda saber se tudo está bem.» Jeú respondeu: «Que te importa a ti se tudo está bem? Põe-te atrás de mim e segue-me.» 20Imediatamente a sen­tinela deu o aviso: «Também este che­gou junto deles, mas já não volta. Pelo modo de conduzir o car­ro, pa­rece ser Jeú, filho de Nimechi, pois corre como um louco.»

21Jorão disse: «Preparai o meu car­ro.» Atre­la­ram os cavalos ao carro de Jorão, rei de Israel, o qual partiu com Aca­zias, rei de Judá, cada um no seu carro, ao encontro de Jeú. En­con­traram-se no campo de Nabot de Jezrael. 22Ao vê-lo, Jorão pergun­tou-lhe: «Está tudo bem, Jeú?» Ele res­pon­deu: «Como poderá estar tudo bem, enquanto du­rar a prostituição de Je­zabel, tua mãe, e as suas mui­tas ma­gias?» 23En­tão, Jorão voltou as rédeas e fugiu, dizendo a Aca­zias: «Traição, Aca­zias!» 24Mas Jeú, dispa­rando com força o arco, atingiu Jo­rão entre as espáduas, de modo que a flecha lhe atravessou o cora­ção e o rei caiu morto no seu carro.

25Jeú disse ao seu oficial Bidcar: «Agarra-o e atira-o ao campo de Na­bot de Jezrael, pois deves recordar o oráculo que o Senhor pronunciou contra ele, quan­do tu e eu, monta­dos, seguía­mos Acab, seu pai. 26Tão certo como vi ontem correr o sangue de Nabot – oráculo do Senhor – pagar-te-ei na mesma moeda, neste mes­mo campo – orá­culo do Senhor. Por­tanto, agarra-o e atira-o ao cam­po, conforme a pa­lavra do Senhor.»


Jeú mata Acazias, rei de Judá (2 Cr 22,8-9) – 27Vendo isto, Acazias, rei de Judá, fugiu pelo caminho de Bet-Hagan. Mas Jeú perseguiu-o, gri­tando: «Também a ele!» Feriram-no no seu carro, na subida de Gur, perto de Jiblam. Ele, porém, fugiu para Me­guido e ali morreu. 28Os seus servos levaram-no no seu carro para Jeru­salém e sepultaram-no no seu tú­mulo junto dos seus pais, na ci­dade de David. 29Acazias come­çou a rei­nar em Judá no décimo pri­meiro ano de Jorão, filho de Acab.


Jeú mata Jezabel, esposa de Acab30Jeú entrou em Jezrael. Jezabel, in­formada da sua chegada, pintou os olhos, adornou a cabeça e olhou pela janela. 31Quando Jeú entrou pela porta da cidade, ela disse-lhe: «Como vais, Zimeri, assas­sino do teu amo?» 32Jeú levantou os olhos para a ja­nela e disse: «Quem está do meu lado?» Dois ou três eu­nucos fi­zeram a Jeú uma profunda reve­rência. 33«Atirai-a daí abaixo», disse ele. Eles atira­ram-na e o san­gue dela salpicou as paredes e os ca­va­los e estes esma­garam-na com as patas. 34Jeú entrou, comeu, bebeu e disse: «Ide ver essa mulher maldita e sepultai-a, porque é filha de rei.» 35Foram para lhe dar sepultura, mas só encontraram o crânio, os pés e as palmas das mãos.

36Vieram dar a notícia a Jeú, que disse: «Foi este o oráculo que o Se­nhor pro­nun­ciou pela boca do seu servo Elias, o tis­bita: ‘No campo de Jezrael, os cães devorarão a carne de Jezabel, 37e o seu cadáver será como esterco espa­lhado sobre um campo, de de modo que ninguém poderá se­quer dizer: Esta é Jezabel.’»

Capítulo 10

Massacre dos herdeiros de Israel e príncipes de Judá 1Havia na Samaria setenta filhos de Acab. Jeú escreveu uma carta e enviou-a à Samaria aos magistra­dos da cidade, aos anciãos e aos pre­ceptores dos filhos de Acab. E nela dizia: 2«Logo que receberdes esta, ­já que tendes convosco os filhos do vosso soberano, assim como carros, cava­los, uma cidade fortificada e armas, 3escolhei o melhor e o mais quali­fi­cado dos filhos do vosso amo, ponde-o no trono de seu pai e com­batei pela casa do vosso soberano.»

4Eles, porém, muito atemori­za­dos, disse­ram: «Se dois reis não conse­gui­­ram resistir diante dele, como pode­re­mos nós resistir-lhe?» 5O pre­feito do palá­cio, o comandante da cidade, os an­ciãos e os precepto­res dos fi­lhos de Acab responderam a Jeú nestes ter­mos: «Somos teus ser­vos, fare­mos tudo o que nos disse­res; não elegere­mos um rei. Faz como te parecer melhor.»

6Escreveu-lhe Jeú uma se­gunda carta, na qual dizia: «Se estais do meu lado e quereis obedecer às minhas ordens, cortai as cabeças dos filhos do vosso soberano e trazei-mas a Jez­rael, ama­nhã, a esta mesma hora.» Os filhos do rei, em número de se­tenta, encontravam-se nas casas dos gran­des da cidade, que os edu­cavam.

7Logo que receberam a carta de Jeú, apanharam os setenta prínci­pes e mataram-nos. Meteram as cabe­ças em cestos e mandaram-nas a Jeú, em Jezrael. 8Chegou, pois, um men­sa­geiro e avisou Jeú, dizendo: «Trou­xeram as cabeças dos filhos do rei.» Jeú ordenou: «Ponde-as em dois mon­tes, à porta da cidade, até ama­nhã de manhã.» 9Logo que amanhe­ceu, ele saiu e, pondo-se diante de todo o povo, disse: «Vós sois justos. Eu é que conspirei contra o meu sobe­rano e o matei. Mas quem dego­lou todos estes? 10Ficai sabendo que não cairá por terra nenhuma das palavras pro­nunciadas pelo Senhor contra a casa de Acab. O Senhor realizou aquilo que anunciara pelo seu servo Elias.»

11Jeú matou tam­bém todos os que restavam da casa de Acab em Jez­rael, os seus princi­pais oficiais, os seus amigos e sacer­dotes, sem dei­xar so­breviver ne­nhum deles. 12De­pois diri­giu-se à Samaria e, ao che­gar a Bet-Équed-Haroim, que está junto do caminho, 13Jeú encontrou os irmãos de Acazias, rei de Judá, e pergun­tou-lhes: «Quem sois vós?» Eles respon­deram-lhe: «Somos irmãos de Aca­zias, e vamos visitar os filhos do rei e os filhos da rainha.»

14Jeú orde­nou: «Apanhai-os vivos!» Apanha­ram-nos então vivos e mas­sacraram-nos junto da cis­terna de Bet-Équed. De qua­renta e dois que eram, nem um só escapou.


Exterminação do culto de Baal15Deixando aquele lugar, Jeú en­con­­trou Jonadab, filho de Recab, que vinha ao seu encontro. Saudou-o, di­zendo: «O teu coração é leal para comigo, como é leal o meu para con­tigo?» Jonadab respondeu: «É certa­mente.» Disse Jeú: «Então, dá-me a tua mão.» Ele deu-lhe a mão e Jeú fê-lo subir para o seu carro. 16Disse-lhe: «Vem comigo e verás o zelo que eu tenho pelo Senhor.» E fê-lo subir para o seu carro. 17Entrando na Sa­maria, exterminou todos os que ali restavam da casa de Acab e des­truiu-a completamente, como o Se­nhor dissera a Elias. 18Jeú convocou todo o povo e dirigiu-lhe a palavra nestes termos: «Acab tributou al­gum culto a Baal; mas Jeú vai, agora, ser­vi-lo muito mais. 19Convocai, por­tanto, para junto de mim, todos os profetas de Baal, os seus fiéis e os seus sacerdotes. Que não falte nin­guém, pois tenho que oferecer a Baal um grande sacrifício. Aquele que fal­­tar, não ficará vivo.» Isto era apenas uma armadilha para exterminar to­dos os adoradores de Baal. 20A seguir, Jeú deu esta ordem: «Pro­mul­gai uma assembleia solene em hon­ra de Baal.» 21Depois, enviou men­sageiros por todo o Israel a cha­mar os adora­­do­res de Baal; estes compa­receram todos, sem excepção de ne­nhum, e reuniram-se no tem­plo de Baal, que se encheu de uma ponta à outra.

22Jeú disse ao guar­da do vestiá­rio: «Entrega ves­tes a todos os adora­­do­res de Baal.» O guarda distribuiu vestes a todos eles. 23Jeú entrou no templo de Baal, acompanhado de Jonadab, filho de Recab, e disse aos adoradores de Baal: «Reparai e veri­ficai bem, para que não esteja con­vosco nenhum dos que servem o Senhor, mas somente os servidores de Baal.» 24Entra­ram, pois, para ofe­recer sacri­fícios e holo­caustos, mas Jeú colocara oitenta homens do lado de fora, dizendo-lhes: «Aquele de vós que deixar fu­gir um só destes ho­mens, que en­trego nas vossas mãos, pagará com a própria vida a vida do fugitivo.» 25Terminados os holocaus­tos, Jeú ordenou aos guardas e aos oficiais: «Entrai e matai-os! Não dei­xeis es­ca­par nenhum!» E, assim, fo­ram todos passados ao fio da espada.

Os guardas e oficiais lançaram fora os cadáveres, penetraram no san­­­tuá­­rio do templo de Baal, 26retira­ram o ídolo e queimaram-no. 27Derruba­ram a estela de Baal e destruíram o tem­plo, transformando-o em cloa­cas, que ainda hoje existem.


Fim do reinado de Jeú, rei de Is­rael28Desta forma, Jeú exter­mi­nou de Israel o culto de Baal. 29Todavia, não se desviou dos peca­dos de Jero­boão, filho de Nabat, que fizera pe­car Israel; não se afastou deles, pois não derrubou os bezerros de ouro de Betel e de Dan. 30O Senhor disse-lhe: «Já que fizeste o que é agra­dá­vel aos meus olhos, tra­tando a casa de Acab como Eu que­ria, os teus fi­lhos ocuparão o trono de Israel até à quarta geração.»

31En­tretanto, Jeú não seguiu de todo o seu coração pelos caminhos da lei do Senhor, Deus de Israel, nem se desviou dos pecados que Jero­boão fizera come­ter a Israel.

32Por aquele tempo, o Senhor co­meçou a retalhar em bocados o ter­ritório de Israel. Hazael derro­tou-o em todas as fronteiras, 33desde o Jor­dão para oriente, arrebatando-lhe toda a terra de Guilead, a região dos descendentes de Gad, de Rúben e de Manassés, desde Aroer, situa­da junto à torrente do Arnon, até Guilead e Basan. 34O resto da his­tória de Jeú, tudo o que ele fez e a sua valentia, estão escritos no Livro dos Anais dos Reis de Israel. 35Jeú adormeceu jun­tando-se aos seus pais e foi sepul­tado na Samaria. Seu filho Joacaz sucedeu-lhe no trono. 36O tempo que Jeú foi rei de Israel na Samaria fo­ram vinte e oito anos.

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