Capítulo 11

David e Betsabé1No ano seguinte, na época em que os reis saem para a guerra, David enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel; eles devastaram a terra dos amonitas e sitiaram Rabá. David fi­cou em Jerusalém.

2E aconteceu que uma tarde Da­vid levantou-se da cama, pôs-se a pas­sear no terraço do seu palácio e avistou dali uma mulher que tomava banho e que era muito formosa. 3Da­vid pro­­curou saber quem era aquela mulher e disseram-lhe que era Betsa­bé, filha de Eliam, mulher de Urias, o hitita.

4Então, David en­viou emissários para que lha trou­xessem. Ela veio e David dormiu com ela, depois de puri­ficar-se do seu período menstrual. Depois, vol­tou para sua casa. 5E, vendo que concebera, mandou dizer a David: «Estou grávida.»

6Então, David mandou esta men­sagem a Joab: «Manda-me Urias, o hitita.» E Joab enviou Urias, o hitita, a David. 7Quando Urias chegou, Da­vid pediu-lhe notícias de Joab, do exér­­cito e da guerra. 8E depois disse-lhe: «Desce à tua casa e lava os teus pés.» Urias saiu do palácio do rei, e este, em seguida, enviou-lhe comida da sua mesa real. 9Mas Urias não foi a sua casa e dormiu à porta do palá­cio com os outros servos do seu senhor. 10E contaram-no a David, dizendo-lhe: «Urias não foi a sua casa.» Da­vid perguntou a Urias: «Não vol­taste, porventura, de uma viagem? Porque não foste a tua casa?» 11Urias res­pon­deu: «A Arca de Deus habita numa tenda, assim como Israel e Judá. Joab, meu chefe, e seus servos dormem ao relento, e eu teria coragem de entrar na minha casa para comer e beber e dormir com a minha mulher? Pela tua vida, pela tua própria vida, não farei tal coi­sa!» 12David disse-lhe: «Fica aqui também hoje, e amanhã te envia­rei.»

E Urias ficou em Jeru­sa­lém na­quele dia. No dia seguinte, 13David convi­dou-o a co­mer e beber com ele, e em­bria­­gou-o. Mas à noite, Urias não foi a sua casa; saiu e dei­tou-se com os outros servos do seu senhor.

14No dia seguinte de manhã, David escreveu uma carta a Joab e enviou-lha por Urias. 15Dizia nela: «Coloca Urias na frente, onde o combate for mais aceso, e não o socorras, para que ele seja ferido e mor­ra.» 16Joab, que sitiava a cidade, pôs Urias no lugar onde sabia que esta­vam os mais va­lentes guerreiros do inimigo. 17Os asse­diados fizeram uma incursão con­tra Joab, e morre­ram alguns homens de David, entre os quais Urias, o hitita. 18Joab mandou imediatamente infor­mar David de todas as peripécias do combate, 19ordenando ao mensageiro: «Quando tiveres contado ao rei todos os pormenores do combate, 20se ele, indignado, te disser: ‘Porque vos apro­­ximastes da cidade para lutar? Não sabíeis que iam disparar do alto da muralha? 21Quem matou Abi­mé­lec, filho de Jerubaal? Não foi uma mu­lher que lhe atirou uma pedra de moinho de cima do muro, matando-o em Te­bes? Porque vos aproximas­tes dos muros?’ – dirás, então: ‘Mor­reu tam­bém o teu servo Urias, o hitita.’»

22Partiu, pois, o mensageiro e foi contar a David tudo o que Joab lhe tinha mandado. 23Disse-lhe: «Esses homens são mais fortes que nós. Saí­ram ao nosso encontro em campo aberto, mas nós perseguimo-los até às portas da cidade. 24Então, do alto da muralha, os arqueiros dispara­ram sobre os teus servos, e morre­ram al­guns servos do rei, entre eles o teu servo Urias, o hitita.» 25Então o rei respondeu ao mensageiro: «Diz a Joab que não se aflija por causa deste fra­casso, pois a espada fere ora aqui, ora ali. Que intensifique o ata­que à cidade até a destruir. Encoraja-o.»

26Ao saber da morte de seu ma­rido, a mulher de Urias chorou-o. 27Ter­mi­nados os dias de luto, David mandou-a buscar e recolheu-a em sua casa. Tomou-a por esposa e ela deu-lhe um filho. Mas o procedimento de David desagradou ao Senhor.

Capítulo 12

Censuras de Natan a Da­vid. Nascimento de Salo­mão1O Senhor enviou então Natan a Da­­vid. Logo que entrou no palácio, Na­tan disse-lhe: «Dois homens vi­viam na mesma cidade, um rico e outro pobre. 2O rico tinha ovelhas e bois em grande quantidade; 3o pobre, porém, tinha apenas uma ovelha pequenina, que comprara. Criara-a, e ela crescera junto dele e dos seus filhos, comendo do seu pão, bebendo do seu copo e dormindo no seu seio; era para ele como uma filha. 4Certo dia, chegou um hóspede a casa do homem rico, o qual não quis tocar nas suas ove­lhas nem nos seus bois para pre­pa­rar o banquete e dar de comer ao hós­­pede que chegara; mas foi apoderar-se da ovelhinha do po­bre e prepa­rou-a para o seu hóspede.»

5David, indignado contra tal ho­mem, disse a Natan: «Pelo Deus vivo! O homem que fez isso merece a morte. 6Pagará quatro vezes o valor da ove­lha, por ter feito essa maldade e não ter tido compaixão.» 7Natan disse a David: «Esse ho­mem és tu! Isto diz o Senhor, Deus de Israel: ‘Ungi-te rei de Israel, sal­vei-te das mãos de Saul, 8dei-te a casa do teu senhor e pus as suas mu­lheres nos teus bra­ços. Confiei-te os reinos de Israel e de Judá e, se isto te parecer pouco, acres­centarei outros favores. 9Por­que des­prezaste a pa­lavra do Senhor, fa­zendo o que lhe desagrada? Fe­riste com a espada Urias, o hitita, para fazer da sua mulher tua esposa. Foste tu quem o matou por meio da espada dos amo­nitas! 10Por isso, jamais se afastará a espada da tua casa, por­que me desprezaste e tomaste a mu­lher de Urias, o hitita, para fazer dela tua es­posa’. 11Eis, pois, o que diz o Se­nhor: ‘Vou fazer sair da tua própria casa males contra ti. Tomarei as tuas mulheres diante dos teus olhos e hei-de dá-las a outro, que dormirá com elas à luz do Sol! 12Pois tu pecaste ocultamente; mas Eu farei o que digo diante de todo o Israel e à luz do dia!’» 13David disse a Natan: «Pequei contra o Senhor.» Natan respondeu-lhe: «O Senhor perdoou o teu pecado. Não morrerás. 14Toda­via, como ofen­deste gravemente o Senhor com a acção que fizeste, morrerá certamente o filho que te nasceu.» 15E Natan vol­tou para sua casa.

O Senhor feriu o menino que a mulher de Urias tinha dado a Da­vid com uma doença grave. 16David orou a Deus pelo menino; jejuou e passou a noite prostrado por terra. 17Os anciãos da sua casa, de pé jun­to dele, pediam-lhe que se levantasse do chão, mas ele não o quis fazer nem tomar com eles alimento algum. 18Ao sétimo dia, morreu o menino, e os ser­vos do rei temiam dar-lhe a notí­cia da morte do me­nino, pois diziam: «Quando o menino ainda vivia, falávamos-lhe, e ele não nos queria ouvir; como vamos dizer-lhe agora que o menino morreu? Pode cometer uma loucura!» 19David notou que os servos segredavam en­tre si e com­preendeu que o menino morrera. Per­guntou-lhes: «O menino já morreu?» Responde­ram-lhe: «Mor­reu.»

20Então, David levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se, mudou de roupa e entrou na casa do Se­nhor para o adorar. De volta à sua casa, mandou que lhe servissem a refei­ção e comeu. 21Os seus servos disseram-lhe: «Que fazes? Quando o menino ainda vivia, jejuavas e cho­ravas; ago­ra que morreu, levantas-te e comes!» 22David respondeu: «Quando o me­nino ainda vivia, eu jejuava e orava, pensando: ‘Quem sabe se o Senhor terá pena de mim e me curará o me­nino?’ 23Mas agora que morreu, para que hei-de jejuar mais? Posso, por­ven­tura, fazê-lo vol­tar à vida? Eu irei para junto dele; ele, porém, não vol­tará mais para junto de mim.»

24David consolou Betsabé, sua mu­lher. Procurou-a e dormiu com ela. Ela ficou grávida e deu à luz um filho, ao qual David pôs o nome de Salomão. O Senhor amou-o 25e or­de­­­­nou ao profeta Natan que lhe desse o sobrenome de Jedidias que signi­fica «amado do Senhor.»


Guerra contra os amonitas (10,6-14; Jz 11,12-28; 1 Cr 20,1-3) – 26Joab, que sitiava Rabá dos amo­ni­tas, apoderou-se da cidade real. 27E enviou men­sageiros a David com esta notícia: «Assaltei Rabá e ocupei a cidade das Águas. 28Reúne o resto do exército, vem cercar a cidade e tomá-la, não aconteça que, conquistando-a eu, me seja atribuída a vitó­ria.» 29Reuniu Da­vid todo o exército, e marchou con­tra Rabá, assaltou-a e tomou-a. 30Ti­rou a co­roa da ca­beça de Milcom. Esta pesava um talento de ouro, estava ornada de pedras pre­ciosas, e foi colocada so­bre a ca­beça de David. O rei levou da cidade grande quanti­dade de despojos. 31Quanto aos habi­tantes, deportou-os e empregou-os no ma­nejo da serra, da picareta, do ma­chado e no fabrico de tijolos. As­sim fez com todas as cidades dos amo­nitas. Em seguida, David voltou com todas as suas tropas para Jerusa­lém.

Capítulo 13

Amnon e Tamar (3,2-5) – 1De­pois disto, aconteceu que Absa­lão, filho de David, tinha uma irmã muito formosa chamada Ta­mar. Amnon, outro filho de David, tinha-se enamorado dela. 2Cresceu tanto esta paixão por sua irmã Ta­mar que ficou doente, pois Tamar era virgem e parecia-lhe impossível fazer com ela alguma coisa. 3Ora Amnon tinha um amigo chamado Jonadab, filho de Chamá, irmão de David, que era muito sagaz. 4Aquele disse a Amnon: «Ó príncipe, porque andas cada dia mais abatido? Porque não te abres comigo?» Res­pondeu-lhe Amnon: «É que eu amo Tamar, irmã de meu ir­mão Absa­lão.» 5Jonadab disse-lhe: «Deita-te na cama e finge-te doente. Quando teu pai te vier ver, dir-lhe-ás: ‘Per­mite que minha irmã Tamar me traga de comer e prepare a comida diante de mim, a fim de que eu a veja e coma da sua mão.’» 6Amnon deitou-se e fingiu-se doente. O rei foi visitá-lo, e ele disse-lhe: «Rogo-te que minha irmã Tamar venha pre­parar na minha presença dois bolos, para que eu coma da sua mão.» 7Da­vid mandou dizer a Tamar, no palá­cio: «Vai a casa de teu irmão Amnon e prepara-lhe alguma coisa de co­mer.»

8Tamar foi a casa de seu irmão Amnon, que estava deitado. Tomou farinha, amassou-a, preparou os bo­los à vista dele e fritou-os. 9Depois, tomou a sertã, despejou-a num pra­to e pô-lo diante dele; mas Amnon não quis comer e disse: «Manda sair toda a gente daqui.» E retiraram-se todos. 10Amnon disse então a Tamar: «Traz a comida ao meu quarto, para que eu a coma da tua mão.» Tamar tomou os bolos que fizera e levou-os a seu irmão Amnon, que estava no quarto. 11Mas quando lhe apresentou o prato, este segurou-a, dizendo: «Vem, deita-te comigo, minha irmã!» 12Ela respondeu: «Não, meu irmão, não me violentes, pois isso não é per­­mitido em Israel. Não cometas seme­lhante infâmia! 13Onde poderia ir eu com a minha vergonha? E tu serás um dos homens mais infa­mes em Israel! Melhor será que fales ao rei; ele não recusará entregar-me a ti.»

14Mas ele não lhe quis dar ouvidos e, como era mais forte que ela, vio­len­tou-a, dormindo com ela. 15Lo­go a seguir, Amnon sentiu por ela uma aversão mais violenta do que o amor que antes lhe tivera. Disse-lhe Amnon: «Levanta-te e vai-te daqui.»

16Ela respondeu: «Não, pois o ul­traje que me farias, expulsando-me, seria ainda mais grave do que aqui­lo que acabas de me fazer!» Ele, po­rém, não lhe deu ouvidos; 17cha­mou o seu servo e disse-lhe: «Põe-na fora da­qui e fecha a porta.» 18Tamar tra­zia uma túnica comprida, que era o ves­tido com que se vestiam outrora as fi­lhas do rei ainda virgens. O servo expulsou-a e fechou a porta.

19Tamar cobriu a cabeça de cin­za, rasgou a túnica e deitando as mãos à cabeça, afastou-se aos gritos. 20Seu irmão Absalão disse-lhe: «Acaso es­teve contigo Amnon, teu irmão? Por agora cala-te, minha irmã, por­que, enfim, ele é teu irmão; não de­ses­peres por causa desta desgraça.» E Tamar ficou desamparada na casa de seu irmão Absalão. 21O rei Da­vid soube do que tinha acontecido e ficou furioso contra Amnon. 22Absa­lão não disse a Amnon uma única palavra, nem boa nem má, porque o odiava por ter violado sua irmã Tamar.


Morte de Amnon e fuga de Absa­lão (1 Sm 25,4-8; 1 Mac 16,15-17) – 23Pas­sados dois anos, Absalão tosquiava as suas ovelhas em Baal-Haçor, perto de Efraim, e convidou todos os filhos do rei. 24Foi também ter com o rei e disse-lhe: «Faço-te saber que se tos­quiam as ovelhas do teu servo; peço, portanto, que o rei venha com os seus familiares à casa do seu servo.» 25O rei disse-lhe: «Não, meu filho, não ire­mos todos, para não te sermos pesa­dos.» Apesar das instâncias de Absa­lão, o rei não quis ir e deu-lhe a bênção. 26Absalão re­pli­­cou: «Ao menos que venha con­nosco o meu irmão Amnon.» Disse-lhe David: «Porque haveria ele de ir contigo?» 27Mas Absa­lão tanto insistiu que David deixou partir com ele Amnon e todos os ou­tros filhos do rei. 28E Absalão deu aos seus criados a se­guinte ordem: «Ficai alerta e, quando Amnon esti­ver alegre por causa do vinho e eu vos disser que ata­quem Amnon, atacai-o e matai-o sem medo, pois sou eu quem vo-lo ordena. Ânimo, e sede homens corajosos!» 29Os servos de Absalão fize­ram a Amnon con­forme o seu se­nhor lhes ordenara. Então, todos os filhos do rei se levan­taram, montaram nas suas mulas e fugiram.

30Estavam ainda a caminho, quan­­­­do chegou aos ouvidos de David o boato que dizia: «Absalão matou to­dos os príncipes, nenhum se sal­vou!» 31O rei levantou-se, rasgou as vestes e prostrou-se por terra; e to­dos os servos que o rodeavam rasgaram tam­bém as suas vestes. 32Mas Jonadab, filho de Chamá, irmão de David, disse ao rei: «Não pense o rei, meu senhor, que foram assassinados todos os fi­lhos do rei. Só Amnon morreu, por­que Absalão jurara matá-lo, desde o dia em que ele violou sua irmã Ta­mar. 33Não julgue nem acredite o rei, meu senhor, que foram assassina­dos todos os filhos do rei. Só Amnon é que morreu.» 34Entretanto, Absalão fu­gira. O jovem que fazia de senti­nela, levantando os olhos, viu muita gente a descer pelo caminho de Horonaim, pela encosta da montanha, e foi di­zer ao rei: «Vi homens que desciam pelo caminho de Horonaim, no flanco da montanha.» 35Jonadab disse ao rei: «São os príncipes que che­gam, con­forme tinha dito o teu servo.» 36Mal acabou de falar, entraram os filhos do rei e puseram-se a chorar. Tam­bém o rei e todos os seus servos der­rama­ram abundantes lágrimas. 37Absa­lão fugiu e foi refugiar-se na casa de Talmai, filho de Amiud, rei de Gue­chur. E David chorava continua­mente pelo filho. 38Absalão permaneceu três anos em Guechur, para onde fugira. 39Entretanto, o rei David deixou de perseguir Absalão, por se sentir mais consolado na sua dor pela morte de Amnon.

Capítulo 14

Regresso de Absalão1Joab, filho de Seruia, vendo que o coração do rei se inclinava de novo para Absalão, 2mandou vir de Técua uma mulher sagaz e disse-lhe: «Finge-te muito triste, veste-te de luto e não te unjas de perfumes, a fim de pareceres uma mulher que chora um morto há muito tempo. 3Vai, então, ter com o rei e repete-lhe o que te vou dizer.» E Joab instruiu-a sobre tudo o que devia dizer. 4A mulher veio, pois, de Té­cua, e apresentou-se ao rei; lançou-se por ter­ra, fez-lhe uma profunda reve­rência e disse: «Ó rei, salva-me!» 5O rei disse-lhe: «Que tens?» Ela res­pon­deu: «Ai de mim! Sou uma mu­lher viúva. Meu marido morreu. 6Tua serva tinha dois fi­lhos. Eles discutiram no campo e, não ha­vendo quem os separasse, um deles fe­riu o outro e matou-o. 7E eis que agora toda a família se levanta con­tra a tua ser­va, dizendo-lhe: ‘Entrega-nos o fra­tri­cida para o matarmos e vingarmos o sangue de seu irmão a quem ele tirou a vida, e extermi­nar­mos assim esse herdei­ro.’ Querem, deste modo, apagar a última cente­lha que me resta, a fim de que não se conserve de meu marido nem nome, nem posteridade, sobre a terra.» 8O rei disse à mulher: «Volta para a tua casa, que eu tomarei providências a teu respeito.» 9Replicou-lhe a mu­lher de Técua: «Caia toda a culpa sobre mim e sobre a casa de meu pai; o rei e o seu trono estão inocentes.» 10O rei disse-lhe: «Se alguém te amea­çar, trá-lo à minha presença e não te in­co­mo­dará mais.» 11Ela acrescentou: «Que o rei se digne pronunciar o nome do Senhor, seu Deus, para que o vin­ga­­dor do sangue não agrave a des­graça, matando o meu filho!» Disse ele: «Por Deus, não cairá na terra nem um só cabelo da cabeça de teu filho!»

12A mulher disse ainda: «Permi­tes que a tua serva diga mais uma palavra ao rei, meu senhor?» «Fala», respondeu o rei. 13E ela acrescen­tou: «Porque pensas, então, fazer o mesmo contra o povo de Deus? Ao pronun­ciar esta sentença, o rei confessa-se culpado pelo facto de não permitir o regresso do desterrado. 14Quando morremos, somos como a água que, uma vez derramada na ter­ra, não mais se pode recolher. Deus não quer que pereça uma vida, e fez os seus planos para que o exilado não fique longe dele. 15Se vim referir este assun­to ao rei, foi por­que o povo me ater­rou. A tua serva disse: ‘Irei falar ao rei, pois talvez ele faça o que lhe pedir; 16sim, o rei há-de ouvir-me e me li­vrará da mão do homem que pro­cura subtrair de mim e do meu filho a herança de Deus’. 17Tua serva disse: ‘Que o rei se digne pronunciar uma palavra de paz, porque o rei, meu senhor, é como um anjo de Deus para discer­nir o bem do mal. Que o Senhor, teu Deus, esteja contigo!’»

18O rei disse à mulher: «Não me ocultes nada do que vou pergun­­tar-te.» A mulher respondeu: «Falai, meu rei e senhor!» 19Disse o rei: «Não anda em tudo isto a mão de Joab?» A mu­lher respondeu: «Isso é tão certo como o meu senhor e rei estar vivo. Na ver­dade, foi o teu servo Joab que me deu instruções e pôs na boca da tua serva todas as palavras que te disse. 20Foi para dar um novo rumo a esse assun­to que Joab, teu servo, fez isto. Mas tu, meu senhor, és tão sábio como um anjo de Deus, para saber todas as coisas que se passam sobre a terra!»

21O rei disse, então, a Joab: «Está decidido. Vai e traz o jovem Absa­lão!» 22Joab prostrou-se com o rosto por terra e bendisse o rei, dizendo: «Agora o teu servo reconhece que me queres bem, ó meu rei e senhor, pois cumpriste o meu desejo!» 23Joab levantou-se, foi a Guechur e trou­xe Absalão para Jerusalém. 24Mas o rei dissera: «Volte para a sua casa, pois não será admitido à minha presen­ça!» Absalão retirou-se para a sua casa e não se apresentou diante do rei.


Notícias sobre Absalão25Não havia em todo o Israel homem tão for­moso pela sua beleza como Absa­lão. Dos pés à cabeça, não havia nele um só defeito. 26Quando cortava o cabelo – o que fazia cada ano, por­que a cabeleira o incomo­dava – o peso desta era de duzentos siclos, pelo peso do rei. 27Nasce­ram-lhe três filhos e uma filha, chamada Tamar, que era de grande beleza.

28Absalão viveu em Jerusalém dois anos sem ser admitido à presença do rei. 29Mandou chamar Joab para o enviar ao rei, mas ele não quis ir. Chamou-o segunda vez, mas ele recu­sou de novo. 30Disse então Absalão aos seus servos: «Vedes o campo de Joab ao lado do meu, semeado de cevada? Ide e lançai-lhe fogo.» Os ser­vos de Absalão incen­diaram o campo.

Os servos de Joab rasgaram as ves­tes, vieram ter com ele e disseram-lhe: «Os homens de Absalão incen­dia­ram o teu campo.» 31Joab foi então à casa de Absalão, e disse: «Por que motivo incendiaram os teus homens o meu campo?» 32Absalão respondeu: «Mandei-te chamar, com estas pala­vras: ‘Vem, pois quero enviar-te ao rei para lhe dizer: Porque vim eu de Guechur? Seria melhor ter lá ficado. Peço para ser admitido à presença do rei; se sou culpado que me mande ma­tar.’» 33Então, Joab apresentou-se ao rei e contou-lhe tudo. Absalão foi chamado, entrou nos aposentos do rei e prostrou-se diante dele com o rosto por terra. E o rei abraçou-o.

Capítulo 15

Revolta de Absalão1De­pois disto, Absalão adquiriu para si um carro, cavalos e cinquenta homens para o escoltarem. 2Levan­tava-se cedo e colocava-se à beira do caminho que leva à porta da cidade, e a todos os que vinham procurar o rei para lhes fazer jus­tiça, Absalão interpelava-os e dizia-lhes: «De que cidade és tu?» O homem respondia: «Eu, teu servo, sou de tal tribo de Israel.» 3Dizia-lhe Absalão: «A tua pretensão é boa e justa; mas não há ninguém para te ouvir da parte do rei.» 4E acrescentava: «Oh, quem me dera ser juiz desta terra! Todo aquele que tivesse uma demanda ou uma questão e viesse ter comigo, eu lhe faria justiça.» 5Se alguém se apro­ximava para se prostrar diante dele, Absalão estendia-lhe a mão, am­parava-o e beijava-o. 6Absalão fazia isto com todos os israelitas que vi­nham procurar o rei para qualquer julgamento e, desse modo, conquis­tou os seus corações.

7Ao fim de quatro anos, Absalão disse ao rei: «Deixa-me ir a Hebron cumprir um voto que fiz ao Senhor, 8pois, quando o teu servo estava em Guechur, fez este voto: ‘Se o Se­nhor me reconduzir a Jerusalém, irei ofe­re­­cer um sacrifício ao Senhor.’» 9Disse-lhe o rei: «Vai em paz.» E ele partiu para Hebron. 10Absalão en­viou emis­sários a todas as tribos de Israel, di­zendo: «Logo que ouvirdes o som da trombeta, dizei: ‘Absalão é rei em Hebron!’» 11Foram também com Absa­lão duzentos homens de Jerusalém, convidados por ele, que o seguiam com simplicidade de co­ração, sem nada suspeitar. 12En­quanto ofere­cia os sacrifícios, Absa­lão mandou cha­mar Aitofel de Guilo, conselheiro de David, à sua cidade de Guilo. A con­jura era forte e o número de parti­dá­rios de Absalão ia aumentando.


Fuga de David (17,14-23) – 13Fo­ram, então, dizer a David: «O cora­ção dos israelitas inclinou-se para Absalão!» 14David disse aos servos que esta­vam com ele em Jerusalém: «Fujamos de­pressa porque, de outro modo, não podemos escapar a Absa­lão! Apres­semo-nos a sair, não suceda que ele se apresse, nos surpreenda e se lance sobre nós, passando a ci­dade ao fio da espada.» 15Os servos responde­ram ao rei: «Faça-se como o rei, meu se­nhor, ordenar. Somos teus servos.» 16O rei partiu a pé com toda a sua família, mas deixou as dez concubi­nas para guardarem o palácio. 17O rei saiu, pois, a pé com todos os seus servos e parou junto da última casa.

18Todos os seus servos passa­vam a seu lado. À frente do rei iam os esquadrões dos cretenses, dos pele­­­teus e todos os gatitas, em número de seiscentos homens, que o tinham acompanhado desde Gat. 19O rei disse a Itai, de Gat: «Porque vens tam­bém connosco? Volta e fica com o rei, pois és estrangeiro e estás fora da tua pátria. 20Chegaste on­tem e já hoje vou obrigar-te a andar errante connosco, não sabendo eu mesmo para onde vou? Regressa e leva con­tigo os teus irmãos. O Se­nhor seja miseri­cordioso e fiel para contigo.»

21Mas Itai respondeu ao rei: «Pela vida do Senhor e pela vida do rei, meu se­nhor! Onde esti­ver o meu senhor e rei, aí estará tam­bém o teu servo, tanto para morrer como para viver.» 22Disse-lhe David: «Está bem, passa e vem connosco.» E Itai, de Gat, des­filou com todos os seus ho­mens e toda a sua família.

23Estando o rei na torrente do Cé­dron, enquanto o povo seguia diante dele a caminho do deserto, toda a gente chorava em voz alta. 24Che­gou também Sadoc com os levitas, que conduziam a Arca da aliança de Deus. Colocaram-na junto de Abia­tar, enquanto passava todo o povo que tinha saído da cidade.

25Disse, então, o rei a Sadoc: «Re­conduz a Arca de Deus à cidade. Se eu agra­dar ao Senhor, Ele me recon­du­zirá e me deixará ver de novo a sua Arca e o lugar da sua habitação. 26Mas, se Ele disser que não quer mais sa­ber de mim, estou à sua dis­posição e faça de mim o que lhe aprou­­­ver.» 27O rei disse a Sadoc: «Olha! Volta de novo para a cidade com Abiatar e com Aimaás, teu filho, e Jónatas, filho de Abiatar. 28Eu vou esconder-me no deserto, à espera de que me envieis notícias.» 29Sadoc e Abiatar recon­du­ziram, pois, a Arca de Deus para Jerusalém e ficaram lá.

30David, chorando, subia o monte das Oliveiras, com a cabeça coberta e descalço. Todo o povo que o acom­panhava subia também, chorando, com a cabeça coberta. 31Disseram a David que Aitofel também estava entre os conjurados de Absalão. Da­vid exclamou: «Fazei, Senhor, que saiam errados os conselhos de Ai­tofel!» 32Ao chegar David ao cimo do monte, no lugar onde se adora a Deus, Huchai, o erequita, veio ao seu encontro com a túnica rasgada e a cabeça coberta de pó. 33David disse-lhe: «Se vieres comigo, serás para mim um peso; 34mas se voltares à cidade e disseres a Absalão: ‘Quero ser, ó rei, teu servo; como servi a teu pai, assim te servirei a ti’, então anu­­larás, a meu favor, os conselhos de Aitofel. 35Ali terás contigo os sa­cer­dotes Sadoc e Abiatar, a quem comu­nicarás tudo o que souberes do pa­lácio real. 36Com eles estão os seus dois filhos, Aimaás, filho de Sadoc, e Jónatas, filho de Abiatar; por eles me transmitirás tudo o que ouvi­res.»

37E Huchai, amigo de Da­vid, vol­tou para a cidade no mo­men­to em que Absalão fazia a sua entrada em Jeru­salém.

Capítulo 16

David e Ciba (9,2-13; 19,18-20) – 1Tendo David descido um pou­co a outra encosta do monte, viu Ciba, servo de Mefiboset, que vinha ao seu encontro com dois jumentos carregados de duzentos pães, cem cachos de uvas secas, cem peças de fruta da estação e um odre de vinho.

2O rei disse-lhe: «Para que é isso?» Ciba respondeu: «Os jumentos são para a família do rei montar; os pães e os frutos são para os teus servos comerem; o vinho, para bebe­rem aque­­les que desfalecerem no de­ser­to.» 3O rei perguntou: «Mas onde está o filho do teu senhor?» Ciba res­pon­deu ao rei: «Ficou em Jerusalém, pen­sando: ‘Hoje a casa de Israel me res­tituirá o reino de meu pai.’» 4O rei disse a Ciba: «Dora­vante, tudo o que possuía Mefiboset te pertencerá.» E Ciba respondeu: «Inclino-me diante de ti e agradeço-te o favor que me fazes, ó meu rei e senhor.»

5Chegou, pois, o rei a Baurim, e saía de lá um homem da parentela de Saul, chamado Chimei, filho de Guera, que, enquanto caminhava, ia proferindo maldições. 6Lançava pe­dras contra David e contra os servos do rei, apesar de todo o povo e todos os guerreiros seguirem o rei, agru­pa­dos à direita e à esquerda. 7E Chi­­mei amaldiçoava-o, dizendo: «Vai, vai embora, homem sanguinário e cri­minoso. 8O Senhor fez cair sobre ti todo o san­gue da casa de Saul, cujo trono usurpaste, e entregou o reino a teu filho Absalão. Vês-te, agora, oprimido de males, por teres sido um homem sanguinário.»

9Então, Abi­sai, filho de Seruia, disse ao rei: «Porque há-de con­ti­nuar este cão morto a insultar o rei, meu senhor? Deixa-me passar, para lhe cortar a cabe­ça.» 10Mas o rei res­pondeu-lhe: «Que te importa, filho de Seruia? Deixa-o amal­diçoar-me. Se o Senhor lhe or­de­nou que amal­di­çoasse Da­vid, quem poderá dizer-lhe: ‘Porque fa­zes isto?’» 11David dis­se também a Abisai e aos seus ho­mens: «Vede! Se o meu pró­prio filho, fruto das mi­nhas entra­nhas, cons­pi­ra con­tra a minha vida, quanto mais agora este filho de Benjamim? Dei­xai-o amal­­diçoar-me, conforme a per­mis­são do Se­nhor. 12Talvez o Se­nhor tenha em conta a minha misé­ria e me venha a dar bens em troca destes ultrajes.» 13David e os seus homens prossegui­ram o seu caminho, mas Chimei se­guia a par dele pelo flanco da mon­ta­nha, amaldiçoando-o, atirando-lhe pe­dras e espalhando poeira no ar.

14O rei e toda a sua tropa chega­ram extenuados. E descansaram ali.


Absalão em Jerusalém15Entre­tanto, Absalão, com todos os seus partidários de Israel, entrou em Je­ru­salém, acompa­nhado de Aitofel. 16Huchai, o erequita, amigo de Da­vid, foi apresentar-se a Absa­lão e disse-lhe: «Viva o rei! Viva o rei!» 17Absa­lão disse-lhe: «É essa a tua gratidão para com o teu amigo? Porque não partiste com ele?» 18Huchai respon­deu-lhe: «De modo nenhum! Eu sou por aquele que o Se­nhor escolheu com todo este po­vo e é com este que fica­rei. 19Além disso, a quem devo servir senão ao seu filho? Como servi a teu pai, assim também te servirei a ti.»

20Absalão disse a Aitofel: «Delibe­rai entre vós o que devemos fazer.» 21Aitofel respondeu-lhe: «Aproxima-te das concubinas de teu pai, que ficaram aqui para guardar o palá­cio. Deste modo, todo o Israel saberá que te tornaste odioso a teu pai, e os teus partidários sentirão maior cora­­gem.»

22Armaram, pois, uma tenda para Absa­lão no terraço e, à vista de todo o Israel, ele foi abusar das concubi­nas de seu pai. 23Naquele tem­po, os conselhos de Aitofel eram con­side­rados como oráculos de Deus; assim eram considerados todos os seus con­selhos, tanto por parte de David como de Absalão.

Capítulo 17

Aitofel e Huchai1Aitofel disse a Absalão: «Deixa-me es­­­colher doze mil homens, e partirei ainda esta noite a perseguir David. 2Cairei sobre ele no momento em que estiver extenuado de fadiga; espa­lha­rei o pânico e todos os que estão com ele fugirão. O rei ficará sozi­nho, e então matá-lo-ei. 3Assim farei vol­tar todo o povo para ti. Atin­gir o ho­mem que tu persegues acarretará a vinda de todos. E todo o povo ficará em paz.» 4Este conselho agradou a Absalão e a todos os an­ciãos de Is­rael. 5Mas Absalão disse: «Chamem Huchai, o erequita, e ouçamos tam­bém o que ele diz.» 6Quando Huchai chegou à presença de Absalão, este disse-lhe: «É este o parecer de Aito­fel. Devemos segui-lo? Que nos acon­selhas tu?» 7Huchai respondeu a Absa­lão: «Desta vez, o conse­lho de Aitofel não é bom.» 8E acrescentou: «Sabes que teu pai e seus homens são valen­tes e estão fu­riosos como a ursa num bosque sem as suas crias. Teu pai é um guer­­reiro e não irá des­cansar com a tropa. 9Ele, agora, deve estar escon­dido em alguma gruta ou em lugar seme­lhan­te. E se, ao pri­meiro cho­que, caírem alguns do nosso exército, isto será publicado e dir-se-á: ‘O exér­­cito que segue o partido de Absalão foi derrotado’. 10Então, até os mais valen­tes desanimarão, mes­mo que te­nham um coração de leão, pois todo o Israel sabe que teu pai é um grande chefe e está acom­panhado de homens valentes. 11É este o meu conse­lho: mobilize-se todo o Israel de Dan a Bercheba, e reú­nam-se junto de ti tão numero­sos como os grãos de areia na praia do mar, e tu te colocarás pessoalmente no meio deles. 12Atirar-nos-emos sobre Da­vid em qualquer lugar onde se en­contre e havemos de cair sobre ele como o orvalho cobre a terra, e não deixare­mos vivos nem um só homem dos que o seguem. 13Se se refugiar em al­guma cidade, todo o Israel a cer­cará de cor­das e arrastá-la-emos até à torrente, de modo que não fique dela uma só pedra!» 14Disse Absa­lão e todos os que estavam com ele: «É me­lhor o conselho de Huchai, o ere­quita, que o de Aitofel.» O Senhor decidira frus­trar o hábil plano de Ai­tofel, a fim de lançar a desgraça sobre Absalão.

15Então, Huchai disse aos sacer­do­tes Sadoc e Abiatar: «Aitofel acon­se­lhou Absalão e os anciãos de Israel deste modo; eu, porém, aconselhei-o desta maneira. 16Enviai ime­diata­mente a David esta mensagem: ‘Não fiques esta noite nas planícies do de­­serto, mas atravessa-o sem demora, não suceda que se­jam exterminados o rei e os homens que estão com ele.’»

17Jónatas e Aimaás estavam à espera junto à fonte de Roguel; uma criada foi dar-lhes a notícia, para eles a levarem ao rei David, mas não de­viam ser vistos ao entrar na cidade. 18Um jovem, porém, viu-os e avisou Absalão. Mas eles entraram a toda a pressa na casa de um ho­mem em Baurim. Havia uma cisterna no pá­tio e nela se esconderam. 19A mu­lher colocou uma manta so­bre a cisterna e espalhou por cima grãos molha­dos, de modo que nada se notava. 20Os en­viados de Absalão entraram na casa da mulher e disseram: «Onde estão Aimaás e Jó­na­tas?» Ela res­pon­deu: «Atravessa­ram o regato.» Puse­ram-se a pro­curá-los mas, não encon­trando nin­guém, vol­taram a Jerusa­lém. 21De­pois de eles partirem, os jovens saí­ram da cisterna e foram levar esta notí­cia ao rei David: «Ide! Passai depressa o rio, porque Aito­fel deu este conse­lho contra vós.» 22Da­vid partiu com todos os seus homens e passou o Jordão. Ao amanhecer, não havia um só homem que não tivesse atra­vessado o Jordão.

23Aitofel, vendo que o seu conse­lho não fora cumprido, selou o seu jumento e partiu para a sua casa, na sua cidade. Pôs em ordem os seus negócios e enforcou-se. E foi sepul­tado no túmulo de seu pai.


Os dois campos24David chegou a Maanaim quando Absalão passava o Jordão com os israelitas. 25Absa­lão pôs Amassá à frente do exército, em lugar de Joab. Amassá era filho de um homem natural de Jezrael, chamado Jitra, que se unira a Abi­gaíl, filha de Naás, irmã de Seruia, mãe de Joab. 26Os israelitas e Absa­lão acamparam na terra de Guilead.

27Logo que David chegou a Maa­naim, Chobi, filho de Naás, de Rabá dos amonitas, Maquir, filho de Amiel de Lodebar, e Barzilai, o guileadita, de Roguelim, 28ofereceram-lhe ca­mas, tapetes, copos e vasilhas, bem como trigo, cevada, farinha, grão tor­rado, favas, lentilhas, 29mel, man­teiga, quei­jos e ovelhas. Apresenta­ram tudo isto a David e à sua gente, para que se alimentassem, pois diziam: «Estes ho­­mens sofreram certamente fome e sede no deserto.»

Capítulo 18

Derrota e morte de Absa­lão 1David passou revista às suas tropas e pôs à frente delas chefes de milhares e de centenas. 2Depois, Da­vid deu ao exército o sinal de par­tida; confiou um terço a Joab, um terço a Abisai, irmão de Joab e filho de Se­ruia, e um terço a Itai, de Gat. E disse o rei às suas tropas: «Eu também vou convosco.» 3Mas eles responde­ram-lhe: «Não, tu não irás! Pois, se fugíssemos, os inimigos não se inte­ressariam e, mesmo que metade de nós morresse, nada disso impor­ta­ria. Tu vales tanto como dez mil de nós. É melhor que fiques na cidade, para nos socorreres.» 4Disse-lhes o rei: «Farei o que melhor vos parecer.»

Colocou-se então à porta da cidade, enquanto todo o exército saía, for­mado em esquadrões de cem e de mil. 5O rei deu esta ordem a Joab, a Abisai e a Itai: «Poupai o meu filho Absa­lão!» E todos ouviram a ordem que o rei dera aos chefes a respeito de Absa­lão. 6Partiu, enfim, o exér­cito para pelejar contra Israel e travou-se o combate na floresta de Efraim. 7Os israelitas foram derrotados pela gente de David. A mortandade foi grande. Morreram ali vinte mil homens. 8O combate esten­deu-se por toda a re­gião, e foram mais os que naquele dia pereceram na floresta do que os que morreram à espada.

9Absalão, montado numa mula, encontrou-se, de repente, em frente dos homens de David. A mula pas­sou sob a ramagem espessa de um grande carvalho, e a cabeça de Absa­lão fi­cou presa nos ramos da árvore, de modo que ficou suspenso entre o céu e a terra enquanto a mula, em que ia mon­­tado, seguia em frente. 10Alguém viu isto e informou Joab: «Vi Absa­lão suspenso num carva­lho.» 11Joab respondeu ao homem que lhe deu a notícia: «Se o viste, porque não o abateste logo ali e eu dar-te-ia dez siclos de prata e um cinto?» 12O ho­mem respondeu a Joab: «Mesmo que me pusessem nas mãos mil siclos de prata, eu não le­vantaria a mão con­tra o filho do rei, porque ele ordenou a ti, a Abisai e a Itai, na nossa pre­sença: ‘Poupai-me o jovem Absalão’. 13Se eu tivesse cometido esta infâ­mia contra a sua vida, nada se ocultaria ao rei e nem tu me defenderias.»

14Joab respondeu: «Não tenho tem­po a per­der contigo.» Tomou, pois, três dar­dos e cravou-os no coração de Absa­lão. E como ainda palpitasse com vida, suspenso do carvalho, 15dez jovens escudeiros de Joab aproximaram-se, feriram Absalão e acabaram de o ma­tar. 16Joab tocou, então, a trom­­beta e o exército deixou de per­seguir Is­rael, pois Joab conteve o povo. 17To­maram Absalão e atiraram-no para uma grande vala no interior da flo­resta, erguendo em seguida sobre ele um enorme monte de pe­dras. Entre­tanto, todo o Israel fu­gira, cada um para sua casa. 18Absalão, quando ainda vivia, mandara erigir para si o monumento que se encontra no Vale do Rei, pois dizia: «Não tenho filhos para perpetuar a me­mória do meu nome.» E deu o seu próprio nome a este monumento, que se chama, ainda hoje, «Monumento de Absalão.»


David recebe a notícia da morte de Absalão19Aimaás, filho de Sa­doc, disse: «Irei a correr dar ao rei a boa nova de que o Senhor fez jus­tiça, livrando-o dos seus inimigos.» 20Mas Joab respondeu-lhe: «Não lhe levarás hoje boas notícias. Outro dia as darás, porque hoje não darias uma boa notícia, pois trata-se da morte do filho do rei.» 21E Joab disse a um etíope: «Vai ter com o rei e anuncia-lhe o que viste.» O etíope prostrou-se diante de Joab e saiu a correr. 22Ai­maás, filho de Sa­doc, insistiu com Joab: «Seja como for, mas deixa-me correr também atrás do etíope.» E Joab res­pondeu: «Porque queres cor­rer, meu filho? Esta mensagem de nada te apro­vei­taria.» 23«Não im­por­ta, acon­teça o que acontecer, eu cor­rerei.» En­tão, respondeu-lhe: «Corre!» Aimaás pôs-se a correr pelo cami­nho da pla­nície e passou à frente do etíope.

24David estava sentado entre duas portas. A sentinela que tinha subido ao terraço da muralha por cima da porta, levantou os olhos e viu um homem que corria sozinho. 25Gritou para dar a notícia ao rei, que disse: «Se vem só, traz boas notícias.» À me­dida que o homem se aproximava, 26a sentinela viu então outro homem que corria e gritou ao porteiro: «Vejo também outro homem que vem a cor­rer sozinho.» Disse-lhe o rei: «Tam­bém esse traz boas notícias.» 27A sentinela acrescentou: «Pela maneira de correr, o primeiro só pode ser Ai­maás, filho de Sadoc.» Disse o rei: «É um homem de bem. Traz boas notí­cias.»

28Aimaás che­gou e disse ao rei: «Vitória!» Pros­trou-se logo com a face por terra e disse: «Ben­dito seja o Se­nhor, teu Deus, que en­tregou nas tuas mãos os homens que se suble­va­ram contra o rei, meu senhor.» 29O rei perguntou: «O jo­vem Absalão está bem?» Aimaás respondeu: «Vi um grande tumulto no momento em que Joab enviou ao rei o teu servo, mas ignoro o que se passou.» 30O rei disse-lhe: «Vem e espera aqui.» Ele afastou-se e espe­rou ali. 31Chegou, a seguir, o etíope e disse: «Saiba o rei, meu senhor, a boa notícia: o Senhor fez hoje jus­tiça a teu favor contra todos os que se revoltaram contra ti.» 32O rei perguntou ao etíope: «Está bem o jovem Absalão?» E o etíope respon­deu: «Tenham a sorte deste jovem os inimigos do rei, meu senhor, e todos os que se levantam contra ti para te fazer mal!»

Capítulo 19

Luto de David por Absalão 1Então, o rei, muito triste, su­biu ao quarto que estava por cima da porta e pôs-se a chorar. E dizia, caminhando de um lado para o ou­tro: «Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Porque não morri eu em teu lugar? Absalão, meu fi­lho, meu filho!» 2Disseram a Joab: «O rei chora e lamenta­-se por causa de Absa­lão.» 3E naquele dia a vitória con­ver­teu-se em luto para todo o exército, porque o povo soube que o rei estava acabrunhado de dor por causa do fi­lho. 4Por isso, o exército entrou na cidade em silêncio, como entra, co­berto de vergo­nha, um exército der­ro­­tado. 5E o rei cobriu a cabeça e dizia em alta voz: «Meu filho Absalão! Absa­lão, meu fi­lho, meu filho!»

6Chegou então Joab à casa do rei e disse-lhe: «Tu hoje enches de con­fusão a face de todos os teus servos que salva­ram a tua vida, a vida de teus filhos e fi­lhas, de tuas mulheres e concubi­nas. 7Amas os que te odeiam e odeias os que te amam, e mostras que todos os teus servos e chefes do exército nada valem para ti. Fica­rias satisfeito se Absalão vivesse, e nós fôs­semos todos mortos! 8Vamos, sai e ani­ma o cora­ção dos teus servos, pois juro pelo Senhor que, se não sais, nem um só homem ficará contigo esta noite. E isto seria para ti uma desgraça maior do que todas as que te aconteceram desde a tua mocidade até agora.» 9O rei levantou-se e sentou-se à porta. E avisou-se todo o povo: «O rei está sentado à porta.» E todo o povo se apresentou diante do rei.


Regresso de David a Jerusalém (16,1-13) – Os israelitas tinham fu­gido cada um para a sua casa. 10E em todas as tribos de Israel todos discutiam e diziam: «O rei salvou-nos das mãos dos nossos inimigos e do poder dos filisteus, mas teve agora de sair da terra para fugir de Absa­lão. 11E Absalão, a quem tínha­mos ungido rei, morreu no combate. Por­que tardais em fazer o rei regres­sar?»

12O rei David mandou dizer aos sacerdotes Sadoc e Abiatar: «Falai aos anciãos de Judá e dizei-lhes: ‘Se­reis vós os últimos a reconduzir o rei a casa? Pois o que diz todo o Is­rael chega aos ouvidos do rei, à sua casa. 13Vós sois meus irmãos, da minha carne e do meu sangue. Porque, ha­vereis de ser os últimos a fazer o rei regressar?’ 14Dizei também a Amassá: ‘Porventura não és tu da mi­nha car­ne e do meu san­gue? Trate-me Deus com todo o seu rigor, se não te tor­nar para sempre chefe do meu exér­cito em lugar de Joab.’»


David e Chimei15Deste modo, o coração de todos os homens de Judá inclinou-se para David, como se fos­sem um só homem, e mandaram-lhe dizer: «Volta com todos os teus!» 16Vol­­tou, pois, o rei e, chegando ao Jor­dão, todos os de Judá acorreram a Guil­gal para o receber e acom­panhar na passagem do Jordão. 17Chi­mei, filho de Guera, da tribo de Ben­jamim, na­­tural de Baurim, apressou-se a ir ao encontro do rei David. 18Levava con­sigo mil ho­mens de Benjamim e tam­bém Ciba, servo da família de Saul, com os seus vinte servos e os seus quinze filhos. Atravessaram o Jordão antes do rei, 19a fim de fazer passar a fa­mí­lia real e colocar-se às suas ordens. Chimei, filho de Guera, no momento em que o rei ia a pas­sar o Jordão, prostrou-se a seus pés 20e disse-lhe: «Não castigues, meu senhor, a mi­nha maldade, nem guardes no teu coração a lembrança das injú­rias que recebeste do teu servo, no dia em que saíste, meu rei e senhor, de Jerusalém. 21Este teu servo sabe que pecou. Por isso, vim hoje, o pri­meiro de toda a casa de José, ao encontro do rei, meu senhor!» 22Abi­sai, filho de Seruia, tomou a pala­vra, e disse: «Não se deverá antes matar Chimei, por ter amaldiçoado o ungido do Se­nhor?» 23Respondeu David: «Que tenho a ver convosco, filhos de Se­ruia, para que vos tor­neis meus tentadores no dia de hoje? Porventura é hoje dia para fazer morrer um só filho de Is­rael? Não sei, acaso, que hoje sou de novo rei de Israel?» 24E disse a Chi­mei: «Não morrerás.» E prometeu-lho com jura­mento.


David e Mefiboset25Mefiboset, filho de Saul, saiu também ao en­contro do rei. Já não lavava os pés nem fazia a barba, nem lavava as suas vestes desde o dia em que o rei partiu até ao dia em que voltou em paz. 26Apresentou-se, pois, ao rei, em Jerusalém, e este disse-lhe: «Por­que não partiste comigo, Mefi­bo­set?» 27Ele respondeu: «Meu senhor e rei, o meu criado enganou-me. Pois, sendo paralítico teu servo, dissera-lhe que me selasse a jumenta para montar e partir com o rei. 28Ele, po­rém, calu­niou-me junto do rei meu senhor. Mas o rei, meu senhor, é como um anjo de Deus; faça o que for do seu agrado. 29Toda a família de meu pai merecia a morte diante do meu senhor e rei, e, no entanto, admi­tiste o teu servo entre os que comem à tua mesa. Com que direito ainda posso recla­mar al­guma coisa do rei?» 30O rei res­pon­deu: «Para quê tantas pala­vras? De­claro que tu e Ciba repartireis os bens.» 31E Mefiboset disse: «Ele pode até ficar com tudo, uma vez que o rei, meu se­nhor, voltou em paz para sua casa.»


David e Barzilai32Barzilai, o gui­leadita, desceu de Roguelim, pas­sou o Jordão com o rei, despe­dindo-se dele junto do Jordão. 33Era já muito velho, pois tinha oitenta anos. Sendo muito rico, abastecera o rei durante todo o tempo em que ele esteve em Maa­naim. 34O rei disse-lhe: «Vem comigo, e eu te susten­tarei em Jerusalém!» 35Mas Barzilai respondeu: «Quantos anos viverei ainda, para subir com o rei a Jeru­salém? 36Tenho agora oi­tenta anos e já não sei discernir entre o que é bom e o que é mau. Já não posso sabo­rear a comida e a bebida, nem ouvir a voz dos cantores e can­toras. E para que se há-de tornar pesado o teu servo ao meu senhor e rei? 37O teu servo acompanhar-te-á um pou­co mais além do Jordão. Por­que há-de o rei conceder-me tal re­compensa? 38Deixa que o teu servo re­­gresse. Deixa-me morrer na minha cidade, junto ao túmulo de meu pai e de minha mãe. Mas aqui tens o teu ser­vo Quimeam; este pode ir con­tigo, meu rei e senhor; faz dele o que me­lhor te parecer.» 39Respon­deu o rei: «Que ele venha, pois, co­migo. Far-lhe-ei tudo o que te agra­dar; e a ti, tam­bém te concederei tudo quanto me pedires.» 40Final­mente, o rei pas­sou o Jordão com toda a gente, beijou Bar­zilai, aben­çoou-o, e Barzilai voltou para sua casa.

41O rei dirigiu-se a Guilgal, acom­panhado de Quimeam. Todo o povo de Judá e metade do povo de Israel ajudaram o rei a passar. 42Mas todos os homens de Israel foram ter com o rei e disseram-lhe: «Por que razão os nossos irmãos, os filhos de Judá, te sequestraram e obrigaram o rei com toda a sua família e todos os seus homens a passar o Jordão?» 43E os filhos de Judá responderam aos israelitas: «É que o rei é nosso pa­rente. Porque vos irritais com isso? Acaso temos comido a expensas do rei ou recebido dele alguma coisa?» 44Mas os homens de Israel replica­ram aos de Judá: «Temos dez vezes mais direitos que vós sobre o rei, e mesmo sobre David. Porque nos des­prezastes? Não fomos nós os primei­ros a propor o regresso do rei?» Mas as palavras dos homens de Judá fo­ram mais duras que as dos homens de Israel.

Capítulo 20

Revolta de Cheba1En­con­­­trava-se ali um homem per­­verso, chamado Cheba, filho de Bi­cri, da tribo de Benjamim, o qual to­cou a trombeta e proclamou: «Nada temos a ver com David; nada temos de comum com o filho de Jes­sé! Cada um para as suas tendas, ó Israel!» 2Todos os homens de Israel aban­do­naram David e seguiram Che­ba, filho de Bicri. Mas os homens de Judá acompanharam o seu rei, des­de o Jordão até Jerusalém. 3David voltou ao seu palácio em Jerusalém; o rei tomou as dez concubinas que tinha deixado a guardar o palácio e colocou-as numa casa bem guar­dada, cuidando do seu sustento, mas não foi mais ter com elas; e ali ficaram enclausuradas até ao dia da sua morte, como se fossem viúvas.

4O rei disse a Amassá: «Reúne-me, em três dias, os homens de Judá e apresenta-te também com eles.» 5Amassá partiu para convocar Judá mas demorou-se mais do que o prazo que o rei lhe tinha fixado. 6En­­tão, David disse a Abisai: «Cheba, filho de Bicri, vai tornar-se agora mais perigoso que Absalão. Toma contigo os servos do teu senhor e persegue-o, não aconteça que ele encontre cida­des fortificadas e nos escape.» 7Par­tiram, pois, com Abi­sai os ho­mens de Joab, os creten­ses e os pele­teus, e todos os valentes saíram de Jerusa­lém em perse­gui­ção de Cheba, filho de Bicri. 8Quan­do chegaram junto da grande pedra que se encon­tra em Guibeon, Amas­sá foi ter com eles. Joab endossava a sua veste mi­litar; sobre ela levava, cingida à cin­tura, uma espada embainhada. Ao adian­tar-se, esta caiu. 9Joab pergun­tou a Amassá: «Como vais, meu ir­mão?» E agarrou-lhe a barba com a mão di­reita, para o beijar. 10Amassá, po­rém, não reparou na espada que segu­rava Joab. Este feriu-o no ven­tre e der­ramou por terra as entra­nhas dele. Não houve necessidade de um se­gundo golpe, pois caiu logo morto. Depois, Joab e seu irmão Abi­sai lan­çaram-se em perseguição de Cheba, filho de Bicri.

11Um dos soldados de Joab parou junto de Amassá e disse: «Todos os que amam Joab e estão com David sigam Joab!» 12Amassá continuava estendido no meio do caminho, co­berto de sangue. Reparando que todos se detinham para o ver, o soldado arras­tou Amassá para um campo e cobriu-o com um manto, pois viu que para­vam todos os que chegavam diante dele. 13Retirado do caminho, todos os homens de Israel seguiram atrás de Joab para per­seguir Cheba, filho de Bicri.

14Cheba atravessou todas as tri­bos de Israel em direcção a Abel-Bet-Maacá e todos os habitantes de Bi­cri o seguiram. 15Foram então sitiá-lo em Abel-Bet-Maacá e levantaram con­­tra a cidade um baluarte que chegava à altura da muralha. Todos os que estavam com Joab tentavam destruir a muralha. 16En­tão, uma mulher sensata da cidade pôs-se a gritar, dizendo: «Ouvi, ouvi! Dizei a Joab que se aproxime para que eu lhe possa falar.» 17Apro­ximou-se Joab e a mulher disse-lhe: «És tu Joab?» Respondeu ele: «Sim, sou eu.» Ela con­­­tinuou: «Escuta as palavras da tua serva.» Respondeu: «Estou a ouvir-te.» Ela continuou: 18«Outrora costumava dizer-se: ‘Quem procura conselho que o busque em Abel. E tudo se resol­verá’. 19Eu sou a mais pacífica e fiel de Israel, e tu pro­curas a des­truição de uma cidade, uma metrópole em Israel. Porque queres destruir o que é propriedade do Se­nhor?»

20Joab respondeu-lhe: «Lon­ge de mim tal coisa; não venho arrui­nar nem des­truir coisa alguma. 21Não se trata disso. A minha intenção é outra; ape­nas busco um homem da mon­ta­nha de Efraim, chamado Che­ba, filho de Bicri, que se atreveu a levantar a mão contra o rei David. Entregai-nos esse homem e retirar-me-ei da ci­da­de.» A mulher disse a Joab: «A sua cabeça será lançada por cima do mu­ro.» 22A mulher vol­tou à cidade e co­mu­nicou a todo o povo a sua sábia deci­são. Cortaram a cabeça a Cheba, filho de Bicri, e atiraram-na a Joab. Este tocou a trombeta e todos se re­ti­raram da cidade, cada um para sua casa. Joab voltou para junto do rei, em Jeru­salém.


Funcionários da corte de David (8,16-18) – 23Joab comandava todo o exército de Israel. Benaías, filho de Joiadá, capitaneava os cretenses e peleteus. 24Adoram presidia aos tra­balhos. Josafat, filho de Ailud, era o cronista. 25Cheva era o escriba. Sa­doc e Abiatar eram sacerdotes. 26Ira, o jai­­rita, era também sacerdote de David.

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