Capítulo 31
Reforma do culto – 1 Quando tudo isto terminou, os israelitas presentes saíram para as cidades de Judá e despedaçaram as estelas, derrubaram os troncos sagrados, destruíram os lugares altos e os altares em toda a região de Judá, Benjamim, Efraim e Manassés. Foi uma destruição total. Depois, os israelitas regressaram cada qual à sua cidade e à sua casa.
Os sacerdotes – 2Ezequias restabeleceu as classes dos sacerdotes e dos levitas, segundo os seus turnos, cada um com a sua função própria, tanto para os holocaustos e sacrifícios de comunhão como para o serviço do culto, da acção de graças e dos louvores e na guarda das portas da morada do Senhor. 3O rei também reservou uma parte dos seus bens para os holocaustos da manhã e da tarde, dos sábados, da festa da Lua-nova e das solenidades, conforme a prescrição da Lei do Senhor. 4Ordenou ao povo que habitava em Jerusalém que entregasse aos sacerdotes e levitas o que lhes era devido, a fim de se consagrarem totalmente à Lei do Senhor. 5Logo que esta ordem foi promulgada, os israelitas multiplicaram as oferendas das primícias do trigo, do vinho, do azeite, do mel e de todos os produtos do campo, e ofereceram generosamente o dízimo de tudo o que produz a terra. 6Os israelitas e os que habitavam nas cidades de Judá também trouxeram o dízimo dos bois e das ovelhas, assim como o dízimo das coisas santas consagradas ao Senhor, seu Deus. De tudo isso deram grandes quantidades. 7Esta acumulação começou no terceiro mês e só acabou no sétimo. 8Então, Ezequias e os seus funcionários, vendo essas quantidades, louvaram o Senhor e o seu povo de Israel. 9Ezequias fez perguntas aos sacerdotes e levitas acerca dessas quantidades. 10O Sumo Sacerdote Azarias, da linhagem de Sadoc, respondeu-lhe: «Desde que começaram a trazer estas oferendas ao templo do Senhor, temos matado a nossa fome e ainda sobra muito. O Senhor abençoou o seu povo. Esta grande quantidade é o que sobra.»
11Ezequias deu ordem de se prepararem celeiros no templo do Senhor, e a ordem foi cumprida. 12Neles foram fielmente guardadas as oferendas, os dízimos e as coisas consagradas. Para esta tarefa, foi nomeado intendente o levita Cananias, auxiliado por seu irmão Chimei. 13Sob a sua direcção, Jaiel, Azarias, Naat, Asael, Jerimot, Jozabad, Eliel, Jismaquias, Maat e Benaías exerciam o ofício de vigilantes, por mandato do rei Ezequias e de Azarias, intendente do templo de Deus.
14O levita Coré, filho do levita Jimna, guarda da porta oriental, estava encarregado dos dons voluntários feitos a Deus, da distribuição da parte reservada do Senhor, e das coisas mais sagradas. 15Estavam às suas ordens nas cidades sacerdotais: Éden, Miniamin, Jesua, Chemaías, Amarias e Checanias que tinham a missão de distribuir a cada um, equitativamente, a sua parte, segundo as suas classes, sem diferença entre grandes e pequenos. 16Faziam a distribuição a todos os que vinham ao templo do Senhor para o serviço quotidiano, conforme as suas funções e classes, desde que estivessem inscritos nos registos, da idade de três anos para cima. 17A inscrição dos sacerdotes era feita segundo as suas famílias, e a dos levitas desde a idade de vinte anos para cima, segundo as suas funções e classes. 18A inscrição valia para toda a família: mulheres, filhos e filhas, e para toda a assembleia, desde que estivessem fielmente santificados. 19Quanto aos sacerdotes da linhagem de Aarão que moravam no campo, nos arredores das cidades sacerdotais, havia em cada localidade homens nomeados para distribuir as porções a todo o varão da estirpe sacerdotal e dos levitas devidamente inscritos.
20Foram estas as medidas tomadas por Ezequias em todo o território de Judá. Praticou o que era bom, recto e fiel diante do Senhor, seu Deus. 21Em tudo o que empreendeu para o serviço do templo de Deus, da Lei e das prescrições, não procurou senão a vontade de Deus, pondo na sua acção todo o seu coração. E foi bem sucedido.
Capítulo 32
Invasão de Senaquerib, rei da Assíria (2 Rs 18,13-37; Is 36-37) – 1Depois destas coisas, que eram prova de fidelidade, Senaquerib, rei da Assíria, invadiu Judá e sitiou as cidades fortificadas para se apoderar delas. 2Ezequias, ao ver que Senaquerib vinha atacar Jerusalém, 3resolveu, com o conselho dos seus funcionários e oficiais, obstruir as águas das nascentes que se encontravam fora das cidades. Eles ajudaram-no. 4Reuniram grande número de gente e obstruíram todas as fontes e a torrente que corria no meio do território, dizendo: «Porque hão-de os reis da Assíria, ao chegar aqui, encontrar água em abundância?»
5Para se fortificar, Ezequias reparou a muralha em ruínas, levantou as torres, construiu um segundo muro exterior, restaurou Milo, na cidade de David, e mandou fabricar lanças e escudos em grande quantidade. 6Colocou à frente do exército chefes militares, reuniu-os junto de si na praça da porta da cidade e exortou-os com estas palavras: 7«Sede valentes e corajosos. Não temais nem tenhais medo do rei da Assíria e de toda essa multidão que o segue, porque há mais força do nosso lado do que do lado dele. 8Com ele, está apenas a força humana; connosco, está o Senhor, nosso Deus, para nos auxiliar e combater ao nosso lado.» A estas palavras de Ezequias, rei de Judá, o povo encheu-se de confiança.
Palavras de Senaquerib (2 Rs 20, 12-19) – 9Depois disto, Senaquerib, rei da Assíria, que se encontrava em Láquis com todo o seu exército, enviou alguns oficiais a Jerusalém para dizer ao rei Ezequias e a todo o povo de Judá que se encontrava em Jerusalém:
10«Assim fala Senaquerib, rei da Assíria: “Em que confiais vós, para vos encerrardes dessa maneira em Jerusalém? 11Não vedes que Ezequias vos engana para vos fazer perecer de fome e de sede, ao dizer-vos: ‘O Senhor, nosso Deus, há-de salvar-nos das mãos do rei da Assíria’? 12Não foi ele, Ezequias, quem suprimiu os lugares altos e os seus altares, ordenando aos habitantes de Judá e Jerusalém que não adorassem nem oferecessem incenso senão diante de um só altar? 13Não sabeis o que fizemos, eu e meus pais, a todos os povos dos outros países? Porventura os deuses dessas nações puderam salvar os seus países da minha mão? 14Entre todos os deuses dessas nações que os meus pais exterminaram, qual deles pôde salvar o seu povo do meu poder, para que o vosso Deus vos possa livrar do meu braço? 15Não vos deixeis, portanto, enganar nem seduzir dessa maneira por Ezequias. Não confieis nele. Se nenhum deus de qualquer nação ou reino pôde livrar o seu povo da minha mão nem da mão dos meus pais, também o vosso Deus não vos poderá livrar de cair na minha mão”.»
16Os mensageiros de Senaquerib disseram ainda outras palavras contra o Senhor Deus e contra Ezequias, seu servo. 17Senaquerib escreveu uma carta cheia de ultrajes contra o Senhor, Deus de Israel, na qual dizia: «Assim como os deuses das nações não os puderam livrar das minhas mãos, assim também o Deus de Ezequias não poderá livrar o seu povo do meu poder.» 18Tudo isto foi proclamado em voz alta, na língua da Judeia, a fim de intimidar e assustar o povo de Jerusalém que se encontrava sobre a muralha, e de se apoderar da cidade. 19Falavam do Deus de Jerusalém como dos deuses das nações pagãs, que não passam de obras feitas pela mão do homem.
Oração de Ezequias (2 Rs 19,14-19;_Is 37,14-20) – 20Mas o rei Ezequias e o profeta Isaías, filho de Amós, puseram-se em oração para implorar o auxílio do céu a este respeito. 21O Senhor enviou então um anjo que exterminou todos os guerreiros valentes, comandantes e oficiais do exército no próprio acampamento do rei da Assíria. Este voltou para o seu país coberto de ignomínia. E, ao entrar no templo do seu deus, alguns dos seus filhos assassinaram-no ali mesmo, à espada.
22Deste modo, o Senhor livrou Ezequias e os habitantes de Jerusalém da mão de Senaquerib, rei dos Assírios, e de todos os seus inimigos, e concedeu-lhes a paz em todas as fronteiras. 23Muitos levaram a Jerusalém oferendas para o Senhor e ricos presentes para Ezequias, rei de Judá, que, desde então, conquistou grande prestígio aos olhos de todos os povos estrangeiros.
Doença e cura de Ezequias (2 Rs 20,1-11; Is 38,1-22) – 24Por aqueles dias, Ezequias contraiu uma doença mortal. Orou ao Senhor, que lhe respondeu e o curou milagrosamente. 25Mas Ezequias não correspondeu ao benefício recebido do Senhor, porque se orgulhou em seu coração; por isso, a ira do Senhor inflamou-se contra ele e contra Judá e Jerusalém. 26Contudo, apesar deste orgulho do seu coração, humilhou-se, depois, com os habitantes de Jerusalém, e o Senhor não descarregou sobre eles a sua ira enquanto Ezequias viveu.
27Ezequias teve muitas riquezas e glória, e juntou tesouros de prata, ouro, pedras preciosas, aromas, escudos e objectos de valor. 28Mandou fazer depósitos para armazenar o trigo, o vinho e o azeite, estábulos para toda a espécie de gado e apriscos para os rebanhos. 29Construiu cidades para si, porque tinha ovelhas e bois em grande abundância, pois Deus dera-lhe imensas riquezas.
Resumo e fim do reinado de Ezequias (2 Rs 20,20-21) – 30Foi Ezequias quem fechou a saída superior das águas da fonte de Guion, e as dirigiu, por um canal subterrâneo para a parte ocidental da cidade de David. Ezequias teve êxito em todos os seus empreendimentos. 31Todavia, quando os chefes da Babilónia lhe enviaram mensagens para se informar do prodígio que acontecera no país, Deus abandonou-o para provar e conhecer o interior do seu coração.
32Os outros actos de Ezequias, as suas obras de misericórdia, tudo isso está escrito na visão do profeta Isaías, filho de Amós, e no Livro dos Reis de Judá e de Israel. 33Ezequias adormeceu com os seus pais e foi sepultado na subida que conduz aos sepulcros dos descendentes de David. Todo o Judá e os habitantes de Jerusalém celebraram com grande pompa as suas exéquias. Seu filho Manassés sucedeu-lhe no trono.
Capítulo 33
Reinado de Manassés em Judá (698-643) (2 Rs 20,21-21,18) 1Manassés tinha doze anos quando começou a reinar. Reinou cinquenta e cinco anos em Jerusalém.
Impiedade de Manassés – 2Praticou o mal aos olhos do Senhor, imitando as abomináveis práticas das nações que o Senhor expulsava diante dos israelitas. 3Reconstruiu os lugares altos, que seu pai Ezequias destruíra, erigiu altares ao deus Baal, mandou fazer troncos sagrados e prostrou-se em adoração diante dos astros do céu, prestando-lhes culto. 4Edificou mesmo altares no templo do Senhor, do qual Ele próprio dissera: «O meu nome residirá para sempre em Jerusalém.» 5Erigiu altares para todo o exército celeste nos dois átrios do templo. 6Fez passar pelo fogo os seus próprios filhos no vale de Ben-Hinom. Entregou-se à astrologia, à adivinhação e à magia, praticou a invocação dos mortos e a bruxaria e cometeu acções que desagradavam ao Senhor, provocando a sua indignação. 7Colocou também um ídolo esculpido no templo de Deus, do qual Ele dissera a David e ao seu filho Salomão: «Neste templo e em Jerusalém, que escolhi entre todas as tribos de Israel, farei residir o meu nome para sempre. 8E não mais conduzirei os passos de Israel para longe da terra que dei a seus pais, desde que guardem e cumpram tudo quanto lhes ordenei por intermédio do meu servo Moisés: a Lei, os preceitos e os decretos que lhes prescrevi.» 9Mas Manassés desencaminhou Judá e os habitantes de Jerusalém a ponto de fazerem maiores males que todas as nações que o Senhor aniquilara diante dos israelitas. 10O Senhor falou a Manassés e ao seu povo, mas eles não lhe prestaram atenção.
Cativeiro e conversão – 11O Senhor mandou então vir contra ele os generais do exército do rei da Assíria. Prenderam Manassés com arpões, ataram-no com grilhões e conduziram-no para a Babilónia. 12Na sua angústia, orou ao Senhor, seu Deus, e humilhou-se profundamente diante do Deus de seus pais. 13O rei dirigiu-lhe uma prece e Ele ouviu a sua oração, reconduzindo-o a Jerusalém e ao seu trono. Manassés reconheceu, desse modo, que só o Senhor é o verdadeiro Deus. 14Depois disto, construiu um muro exterior à cidade de David, a oeste de Guion, no vale que ia até à entrada da porta dos Peixes e rodeava Ofel. Era muito alto. Colocou, também, chefes militares em todas as cidades fortificadas de Judá. 15Fez desaparecer do templo do Senhor os deuses estrangeiros, o ídolo e todos os altares que construíra sobre a montanha do templo e em Jerusalém. Lançou-os para fora da cidade. 16Reconstruiu o altar do Senhor e ofereceu sobre ele vítimas e sacrifícios de comunhão e de louvor. Ordenou a Judá que servisse ao Senhor, Deus de Israel. 17No entanto, o povo continuava ainda a sacrificar nos lugares altos, mas somente em honra do Senhor, seu Deus.
Fim do reinado de Manassés (2 Rs 21,17) – 18O resto dos actos de Manassés, a oração que dirigiu ao seu Deus e as palavras dos videntes que lhe falaram em nome do Senhor, Deus de Israel, tudo isto está escrito nas Crónicas dos Reis de Israel 19A sua oração, a maneira como foi atendido, as suas faltas, a sua infidelidade, os sítios onde edificou os lugares altos e onde erigiu os troncos sagrados assim como os ídolos, antes de se ter arrependido, tudo isto está escrito nas Actas dos Videntes. 20Manassés adormeceu com os seus pais e foi sepultado na sua casa. Seu filho Amon sucedeu-lhe no trono.
Reinado de Amon (642-640) (2 Rs 21,19-26) – 21Amon tinha a idade de vinte e dois anos quando começou a reinar. Reinou dois anos em Jerusalém. 22Praticou o mal aos olhos do Senhor, como seu pai Manassés.
Amon ofereceu sacrifícios e prestou culto a todos os ídolos que seu pai Manassés tinha feito. 23Mas não se humilhou diante do Senhor como seu pai Manassés; pelo contrário, cometeu delitos muito maiores. 24Os seus servos conjuraram-se contra ele e mataram-no na sua própria casa. 25Mas o povo castigou, com a morte, todos os que tinham conspirado contra o rei Amon e, em lugar dele, proclamou rei seu filho Josias.
Capítulo 34
Reinado de Josias (640-609) (2 Rs 22,1-20; 23,1-30) – 1Josias tinha oito anos quando começou a reinar e reinou trinta e um anos em Jerusalém. 2Praticou o que é recto aos olhos do Senhor, seguiu as pegadas de David, seu pai, sem se afastar nem para a direita nem para a esquerda.
Reformas em Judá – 3No oitavo ano do seu reinado, sendo ainda muito jovem, começou a seguir o Deus de David, seu pai, e, no décimo segundo ano, começou a purificar Judá e Jerusalém dos lugares altos, dos troncos sagrados e dos ídolos de madeira ou de metal. 4Demoliram, na sua presença, os altares portáteis de Baal; ele próprio despedaçou os altares de incenso que estavam sobre os altares. Destruiu os troncos sagrados, os ídolos de madeira ou de metal, reduzindo-os a pó, que espalhou sobre os túmulos dos que lhes tinham oferecido sacrifícios; 5queimou os ossos dos sacerdotes sobre os seus altares.
Assim, purificou Judá e Jerusalém. 6Fez o mesmo nas cidades de Manassés, de Efraim e Simeão e até mesmo de Neftali e nos territórios vizinhos; 7demoliu os altares, os troncos sagrados e os ídolos, reduzindo-os a pó, e destruiu todos os altares portáteis de incenso por todo o país de Israel. Depois regressou a Jerusalém.
Reconstrução do templo – 8No décimo oitavo ano do seu reinado, após ter purificado o país e o templo, o rei enviou Chafan, filho de Asalias, Massaías, governador da cidade, e o arquivista Joá, filho de Joacaz, para cuidarem da restauração do templo do Senhor, seu Deus. 9Apresentaram-se ao Sumo Sacerdote Hilquias e entregaram o dinheiro trazido ao templo de Deus, que os levitas porteiros haviam recolhido de Manassés, de Efraim e de todo o resto de Israel, assim como de Judá, de Benjamim e dos habitantes de Jerusalém. 10Entregaram este dinheiro aos empreiteiros e encarregados dos trabalhos do templo do Senhor. Entregaram-no para todas as obras de reparação e de restauração do templo. 11Estes entregaram-no aos carpinteiros e aos pedreiros para a compra de pedras de cantaria, madeiras de carpintaria e traves destinadas às construções que os reis de Judá deixaram cair em ruínas. 12Esses homens cumpriram fielmente a sua tarefa. Como inspectores, e para os dirigir, tinham Jaat e Abdias, levitas da linhagem de Merari, Zacarias e Mechulam, da linhagem de Queat, todos eles levitas hábeis em tocar instrumentos de música. 13Vigiavam os carregadores e dirigiam todos os trabalhadores, segundo a sua profissão. Havia ainda levitas que eram secretários, comissários e porteiros.
Descoberta do livro da Lei (2 Rs 22,3-13) – 14No momento em que se retirava o dinheiro que tinha sido levado ao templo do Senhor, o sacerdote Hilquias descobriu o livro da Lei do Senhor, dada por Moisés. 15Disse então Hilquias ao escriba Chafan: «Encontrei o livro da Lei no templo do Senhor.» E entregou-o a Chafan. 16O escriba Chafan levou-o ao rei e fez-lhe o seguinte relato: «Os teus servos fizeram tudo o que lhes confiaste: 17fundiram a prata encontrada no templo do Senhor e entregaram-na aos encarregados e aos empreiteiros dos trabalhos.» 18O escriba Chafan disse ainda ao rei: «O sacerdote Hilquias entregou-me este livro.» E começou a ler o livro na presença do rei.
19Ao escutar as palavras da Lei, o rei rasgou as suas vestes. 20Em seguida, deu esta ordem a Hilquias, a Aicam, filho de Chafan, a Abdon, filho de Mica, ao escriba Chafan e ao funcionário real Asaías:
21«Ide e consultai o Senhor em meu nome e em nome do resto de Israel e de Judá, a respeito das palavras deste livro acabado de encontrar, porque grande é a ira do Senhor que se irá desencadear sobre nós, pois os nossos pais não observaram a palavra do Senhor nem cumpriram tudo o que está escrito neste livro.»
A profetisa Hulda (2 Rs 22,14-20) – 22Hilquias e aqueles que o rei designara foram ter com a profetisa Hulda, mulher de Chalum, filho de Toqueat, filho de Harsa, guarda do vestiário, a qual habitava em Jerusalém, na cidade nova. Disseram-lhe o que tinha acontecido. 23Ela respondeu-lhes: «Isto diz o Senhor, Deus de Israel: Dizei àquele que vos enviou a mim: 24‘Isto diz o Senhor: Vou enviar sobre este lugar e sobre os seus habitantes todas as calamidades, todas as maldições escritas neste livro, que foi lido na presença do rei de Judá. 25Já que eles me abandonaram e ofereceram incenso a outros deuses, irritando-me com todas as obras das suas mãos, o meu furor vai inflamar-se contra este lugar e jamais cessará.
26Mas ao rei de Judá que vos enviou a consultar o Senhor, direis: Isto diz o Senhor, Deus de Israel, a respeito das palavras que ouviste: 27Porque o teu coração se comoveu e te humilhaste diante de Deus ao ouvires o que está escrito contra este lugar e os seus habitantes e, tremendo diante de mim, rasgaste as tuas vestes e choraste na minha presença, também Eu te ouvirei, diz o Senhor. 28Vou reunir-te aos teus pais: serás depositado em paz no teu sepulcro; os teus olhos nada verão da catástrofe que vou enviar sobre este lugar e sobre os seus habitantes.’»
E vieram referir ao rei tudo quanto ouviram.
Renovação da aliança (2 Rs 23,1-2) – 29Então o rei Josias convocou todos os anciãos de Judá e de Jerusalém. 30Depois, ele próprio subiu ao templo do Senhor seguido pelos homens de Judá e habitantes de Jerusalém, pelos sacerdotes, pelos levitas e por todo o povo, desde o maior ao menor. Proclamou-lhes integralmente as palavras do livro da aliança, encontrado no templo do Senhor. 31Pondo-se de pé sobre um estrado, o rei fez uma aliança na presença do Senhor, segundo a qual se comprometia a seguir o Senhor, a guardar os seus mandamentos, as suas ordens e os seus preceitos, de todo o seu coração e com toda a sua alma, cumprindo todas as palavras da aliança escritas nesse livro. 32Fez com que entrassem nessa aliança todos os que se encontravam em Jerusalém e Benjamim; e os habitantes de Jerusalém agiram segundo a aliança de Deus, Deus de seus pais.
33Deste modo, Josias fez desaparecer as abominações de todos os países dos filhos de Israel e obrigou todos os que se encontravam em Israel a servirem o Senhor, seu Deus. Enquanto viveu, não se afastaram do Senhor, Deus dos seus pais.
Capítulo 35
Celebração solene da Páscoa (Ex 12,1-28; 2 Rs 23,21-23) – 1Josias celebrou em Jerusalém a Páscoa do Senhor. Imolaram esta Páscoa no décimo quarto dia do primeiro mês. 2Restabeleceu os sacerdotes nas suas funções e animou-os a cumprirem o seu ministério no templo do Senhor. 3Disse aos levitas que instruíam todo o Israel e que estavam consagrados ao Senhor:
«Depositai a Arca santa no templo construído por Salomão, filho de David, rei de Israel. Não mais tereis de a transportar sobre os vossos ombros. Agora permanecereis ao serviço do Senhor, vosso Deus, e do seu povo de Israel. 4Organizai-vos segundo a ordem das vossas famílias e das vossas classes, conforme as prescrições de David, rei de Israel, e de Salomão, seu filho. 5Ocupai os vossos lugares no santuário, por turnos, ao serviço das famílias patriarcais e de vossos irmãos: um turno de levitas para cada família patriarcal. 6Imolareis a Páscoa e santificar-vos-eis, a fim de a preparar para os vossos irmãos, conforme a palavra do Senhor transmitida por Moisés.»
7Josias deu ao povo, a todos quantos ali se encontravam, gado miúdo, cordeiros e cabritos em número de trinta mil, tudo para a Páscoa, e acrescentou três mil bois, tudo tirado do património real. 8Os funcionários do rei deram também, espontaneamente, presentes ao povo, aos sacerdotes e aos levitas. Hilquias, Zacarias e Jaiel, prefeitos do templo de Deus, deram aos sacerdotes, para a Páscoa, dois mil e seiscentos cordeiros e trezentos bois. 9Cananias, Chemaías e Natanael, seus irmãos, Hasabias, Jeiel e Jozabad, chefes dos levitas, deram aos levitas, para a Páscoa, cinco mil cordeiros e quinhentos bois.
10O serviço foi preparado do seguinte modo: os sacerdotes tomaram o seu lugar e os levitas as suas funções, segundo a ordem que o rei determinara. 11Imolaram o cordeiro pascal: os sacerdotes derramavam o sangue que recebiam das mãos dos levitas, enquanto estes esfolavam as vítimas. 12Puseram à parte os holocaustos para os dar aos grupos das famílias do povo, para que os oferecessem ao Senhor, como está prescrito no livro de Moisés. Fizeram o mesmo com os bois. 13De acordo com o rito prescrito, assaram o cordeiro pascal no fogo. Cozeram as oferendas consagradas em panelas, caldeirões e sertãs e depois distribuíram-nas a todo o povo. 14Em seguida prepararam tudo para si e para os sacerdotes, pois os sacerdotes, filhos de Aarão, estiveram ocupados até à noite em oferecer os holocaustos e as gorduras; por isso, os levitas prepararam as carnes para si mesmos e para os sacerdotes, filhos de Aarão. 15Os cantores, filhos de Asaf, estavam no seu posto, segundo as disposições de David, de Asaf, de Heman e de Jedutun, vidente do rei. Os porteiros estavam cada um na sua porta; não precisaram de abandonar o seu posto, porque os seus irmãos, os levitas, prepararam tudo para eles. 16Assim se organizou naquele dia todo o serviço do Senhor segundo a ordem do rei Josias, para celebrar a Páscoa e oferecer os holocaustos no altar do Senhor.
17Os filhos de Israel ali presentes celebraram naquela data a Páscoa e a festa dos Ázimos, durante sete dias. 18Nenhuma Páscoa semelhante a esta fora celebrada em Israel, desde o tempo do profeta Samuel; nenhum rei de Israel celebrara uma Páscoa semelhante àquela que celebraram Josias, os sacerdotes e os levitas, com todos os de Judá e Israel ali presentes e os habitantes de Jerusalém. 19Foi no décimo oitavo ano do reinado de Josias que se celebrou esta Páscoa.
Fim do reinado de Josias (2 Rs 23,28-30) – 20Depois de tudo isto e da reparação do templo feita por Josias, Necao, rei do Egipto, marchou sobre Carquémis, pelo Eufrates, com uma expedição militar. Josias saiu-lhe ao encontro. 21Necao enviou-lhe mensageiros para lhe dizer: «Não tenho nada a ver contigo, rei de Judá! Hoje não venho contra ti, mas contra uma dinastia com a qual estou em guerra. E Deus disse-me que me apressasse. Não te oponhas a Deus, que está comigo, pois Ele deitar-te-á a perder.»
22Mas Josias não quis voltar atrás, porque procurava uma ocasião para o atacar. Longe de escutar as palavras de Necao, vindas da boca de Deus, atacou-o na passagem de Meguido. 23Os arqueiros dispararam sobre o rei Josias, e o rei disse aos seus soldados: «Levai-me, porque estou gravemente ferido.» 24Eles tiraram-no do seu carro, colocaram-no num outro que ali havia e levaram-no para Jerusalém. Morreu e foi sepultado no sepulcro de seus pais. Josias foi chorado por todos os habitantes de Judá e Jerusalém.
25Jeremias compôs uma lamentação fúnebre sobre Josias. Todos os cantores e cantoras repetem ainda hoje as suas lamentações; isto tornou-se lei para Israel. Estes cantos fúnebres estão escritos nas Lamentações. 26Os outros actos de Josias, as suas boas obras, segundo o que está escrito na Lei do Senhor, 27os seus feitos e façanhas, dos primeiros aos últimos, tudo isso está escrito no Livro dos Reis de Israel e de Judá.
Capítulo 36
Reis vassalos da Babilónia (2 Rs 23,31-25,30)
Reinado de Joacaz em Judá (609) (2 Rs 23,31-34) – 1Então o povo do país elegeu Joacaz, filho de Josias, e proclamou-o rei em Jerusalém, em lugar de seu pai. 2Joacaz tinha a idade de vinte e três anos quando começou a reinar, e reinou três meses em Jerusalém.
3O rei do Egipto destronou-o em Jerusalém e impôs ao país um tributo de cem talentos de prata e um talento de ouro. 4Em seu lugar, Necao pôs no trono de Judá e Jerusalém Eliaquim, seu irmão, a quem mudou o nome para Joaquim. E levou consigo para o Egipto o seu irmão Joacaz.
Reinado de Joaquim (609-598) (2 Rs 23,34-24,6) – 5Joaquim tinha vinte e cinco anos quando foi elevado ao trono; reinou onze anos em Jerusalém. Praticou o mal aos olhos do Senhor, seu Deus.
6Nabucodonosor, rei da Babilónia, atacou-o, prendeu-o com cadeias de bronze e levou-o para a Babilónia. 7Nabucodonosor levou, juntamente com ele, os objectos do templo do Senhor para o seu palácio da Babilónia.
8O resto da história de Joaquim, as suas abominações, tudo o que o tornou culpado, está escrito no Livro dos Reis de Judá e Israel. Seu filho Joiaquin sucedeu-lhe no trono.
Reinado de Joiaquin (598-597) (2 Rs 24,6-9) – 9Joiaquin tinha oito anos quando começou a reinar e reinou três meses e dez dias em Jerusalém. Praticou o mal aos olhos do Senhor.
10No fim do ano, o rei Nabucodonosor enviou uma expedição a fim de o levar para a Babilónia com os objectos preciosos do templo do Senhor. E proclamou rei de Judá e de Jerusalém Sedecias, seu parente.
Reinado de Sedecias (597-587) (2 Rs 24,17-20) – 11Sedecias tinha vinte e um anos quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jerusalém. 12Praticou o mal aos olhos do Senhor, seu Deus, e não se humilhou diante do profeta Jeremias que lhe viera falar da parte do Senhor. 13Revoltou-se mesmo contra o rei Nabucodonosor, ao qual jurara fidelidade em nome de Deus. Endureceu a sua cerviz, tornou inflexível o seu coração e não se converteu ao Senhor, Deus de Israel.
Deportação para a Babilónia (Jr 52,28-30) – 14Todos os chefes dos sacerdotes e o povo continuaram a multiplicar as suas prevaricações, imitando as práticas abomináveis das nações, e profanaram o templo que o Senhor consagrara em Jerusalém.
15O Senhor, Deus de seus pais, enviou-lhes constantemente advertências por meio de mensageiros, para os admoestar, pois queria perdoar ao seu povo e à sua própria casa. 16Eles, porém, escarneceram dos seus conselhos e riram-se dos seus profetas, até que a ira do Senhor caiu sem remédio sobre o seu povo.
17Então, Deus enviou contra eles o rei dos caldeus, que mandou matar os jovens no próprio santuário, não poupando adolescentes, nem donzelas nem anciãos. O Senhor entregou tudo nas suas mãos. 18Nabucodonosor tirou todo o mobiliário do templo de Deus, os objectos grandes e pequenos, os tesouros do templo do Senhor, do palácio real e dos chefes, e levou-os para a Babilónia. 19Incendiaram o templo de Deus, destruíram as muralhas de Jerusalém, queimaram os seus palácios e todos os tesouros foram destruídos.
20Nabucodonosor levou cativos para a Babilónia todos os que escaparam à espada, e teve-os ali como escravos, dele e de seus filhos, até ao começo da dominação persa.
21Assim se cumpriu a profecia que o Senhor pronunciara pela boca de Jeremias: «Até que o país desfrute dos seus anos sabáticos – pois o país ficou inculto durante todo este período de desolação – até se completarem os setenta anos.»
Édito de Ciro (538) (Esd 1,1-3) – 22No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a promessa do Senhor, pronunciada pela boca de Jeremias, o Senhor agiu sobre o espírito de Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação:
23«Assim fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do céu, deu-me todos os reinos da terra e encarregou-me de lhe construir um templo em Jerusalém, cidade de Judá. Quem de vós pertence ao seu povo? Que o Senhor, seu Deus, esteja com ele e se ponha a caminho.»