Capítulo 11
Actividades de Roboão em Judá (931-914) (12,5-8; 13,9; 1 Rs 12,21-24) –_1Roboão regressou a Jerusalém e mobilizou as tribos de Judá e Benjamim, em número de cento e oitenta mil guerreiros escolhidos, para atacar Israel e reduzi-lo ao seu domínio. 2Mas a palavra do Senhor foi dirigida ao homem de Deus Chemaías, dizendo-lhe: 3«Fala a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a todos os de Israel que habitam em Judá e Benjamim: 4Isto diz o Senhor: Não entreis em combate contra os vossos irmãos; regresse cada um a sua casa, pois tudo isto acontece por minha vontade.» Dóceis à palavra do Senhor, não foram combater Jeroboão e regressaram.
5Roboão permaneceu, portanto, em Jerusalém. Construiu cidades fortificadas no território de Judá. 6Fortificou Belém, Etam, Técua, 7Bet-Sur, Socó, Adulam, 8Gat, Marecha, Zif, 9Adoraim, Láquis, Azeca, 10Sorá, Aialon e Hebron; eram todas as cidades fortificadas, situadas em Judá e Benjamim. 11E tendo-as fortificado com muralhas, nomeou-lhes governadores e dotou-as de depósitos de víveres, azeite e vinho. 12Fez, em cada uma delas, um arsenal de escudos e lanças, convertendo-as em praças fortes. As tribos de Judá e Benjamim ficaram, portanto, sujeitas ao seu domínio. 13Os sacerdotes e levitas que habitavam no território de Israel vieram de todas as partes e juntaram-se a Roboão. 14Os levitas abandonaram as suas terras e propriedades para virem habitar em Judá e em Jerusalém, pois Jeroboão e seus filhos tinham-nos excluído do sacerdócio do Senhor. 15Jeroboão, com efeito, nomeara sacerdotes para os lugares altos, para o culto dos bodes e dos touros que tinha fabricado. 16E, de todas as tribos de Israel, os homens que procuravam de coração o Senhor, Deus de Israel, vieram a Jerusalém oferecer sacrifícios ao Senhor, Deus de seus pais. 17Vieram assim reforçar o reino de Judá e reafirmar o poder de Roboão, filho de Salomão, por três anos, pois somente durante três anos ele seguiu os caminhos traçados por David e Salomão.
18Roboão tomou por esposa Maalat, filha de Jerimot, filho de David e, também, Abiaíl, filha de Eliab, filho de Jessé. 19Dela teve três filhos: Jeús, Chemarias e Zaam. 20Depois dela, tomou por esposa Maaca, filha de Absalão, que lhe deu Abias, Atai, Ziza e Chelomite. 21De todas as suas mulheres e concubinas, Roboão amou com predilecção Maaca, filha de Absalão; teve dezoito mulheres e sessenta concubinas e gerou vinte e oito filhos e sessenta filhas. 22 Deu o primeiro lugar a Abias, filho de Maaca, na qualidade de chefe de seus irmãos, pois queria fazê-lo rei. 23 Com muita prudência, espalhou os outros filhos pelas diversas regiões de Judá e de Benjamim e por todas as cidades fortes; assegurou-lhes uma pensão copiosa e deu-lhes muitas mulheres.
Capítulo 12
Castigo da idolatria. Chichac invade Judá (1 Rs 14-25-31) – 1Consolidado e assegurado o seu reino, Roboão abandonou a Lei do Senhor, e todo o Israel seguiu o seu exemplo. 2 No quinto ano do seu reinado, por causa dos pecados de Jerusalém contra o Senhor, Chichac, rei do Egipto, veio atacar a cidade3 com mil e duzentos carros e sessenta mil cavaleiros. Um inumerável exército de líbios, suquitas e etíopes acompanhavam-no desde o Egipto. 4Apoderou-se das cidades fortificadas de Judá e chegou a Jerusalém.
5O profeta Chemaías dirigiu-se a Roboão e aos chefes de Judá que, com a aproximação de Chichac, se tinham reunido em Jerusalém. E disse-lhes: «Assim fala o Senhor: Vós abandonastes-me; Eu vos abandono nas mãos de Chichac.»
6Então, os chefes israelitas e o rei humilharam-se e disseram: «Justo é o Senhor.» 7O Senhor, vendo que se tinham humilhado, dirigiu a palavra a Chemaías nestes termos: «Eles humilharam-se; não os exterminarei. Dar-lhes-ei em breve a libertação. A minha ira não se desencadeará sobre Jerusalém pela mão de Chichac. 8Contudo, ficar-lhe-ão sujeitos, para que saibam distinguir entre servir-me a mim e servir os reis de outras nações.»
9Chichac, rei do Egipto, atacou, pois, Jerusalém. Levou os tesouros do templo do Senhor e do palácio real, sem nada deixar. Levou, especialmente, os escudos de ouro que Salomão tinha fabricado. 10 Para os substituir, Roboão mandou fazer escudos de bronze, entregando-os aos chefes da escolta que guardava a porta do palácio real. 11De cada vez que o rei ia ao templo do Senhor, os guardas levavam-nos e traziam-nos, depois, para a sala da guarda. 12Portanto, em virtude da sua humildade, a ira do Senhor afastou-se dele, e a sua ruína não foi total, pois ainda havia coisas boas em Judá.
Fim do reinado de Roboão – 13Consolidou-se, pois, Roboão como rei e reinou em Jerusalém. Contava quarenta e um anos quando começou a reinar. Reinou dezassete anos em Jerusalém, a cidade escolhida pelo Senhor, de entre todas as tribos de Israel, para nela estabelecer o seu nome. Sua mãe chamava-se Naamá, a amonita. 14Ele fez o mal, pois não aplicou o seu coração a buscar o Senhor. 15Os feitos de Roboão, dos primeiros aos últimos, estão escritos nas Palavras do profeta Chemaías e do vidente Ido, com os registos das famílias. A guerra entre Roboão e Jeroboão foi contínua. 16Por fim, Roboão adormeceu com seus pais e foi sepultado na cidade de David, e seu filho Abias sucedeu-lhe no trono.
Capítulo 13
Reinado de Abias (914-911). Guerra com Jeroboão (11,14; 1 Rs 15,1-3.7-8) – 1No décimo oitavo ano do reinado de Jeroboão, Abias começou a reinar em Judá. 2 Reinou três anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Maaca, filha de Uriel de Guibeá.
3Abias e Jeroboão fizeram guerra entre si. Foi Abias quem iniciou a guerra, com um exército de quatrocentos mil homens valentes e guerreiros escolhidos. Jeroboão alinhou contra ele oitocentos mil homens, também eles valentes e guerreiros de escolhidos.
Discurso do rei Abias – 4De pé, no alto de Semaraim, que está na montanha de Efraim, Abias gritou: «Escutai-me, Jeroboão e todo o Israel! 5Porventura não sabeis que o Senhor, Deus de Israel, deu para sempre o reino de Israel a David e seus filhos, em virtude de uma aliança perpétua? 6 Mas Jeroboão, filho de Nabat, servo de Salomão, filho de David, insurgiu-se e revoltou-se contra o seu senhor. _7Homens vadios e perversos juntaram-se a ele e opuseram-se a Roboão, filho de Salomão. Roboão, que era jovem e tímido, não pôde resistir-lhes. 8E agora pensais em oferecer resistência ao reino do Senhor, que está nas mãos do filho de David! Vós sois uma grande multidão e tendes convosco os bezerros de ouro que Jeroboão vos fez, à maneira de deuses. 9Afastastes os sacerdotes do Senhor, os filhos de Aarão e os levitas, e instituístes, para vós, sacerdotes à maneira dos povos estrangeiros. Todo aquele que veio com um novilho e sete carneiros para se fazer consagrar, tornou-se sacerdote dos falsos deuses. 10Mas, quanto a nós, o Senhor é o nosso Deus e não o abandonámos; os sacerdotes que servem o Senhor são os filhos de Aarão, e os levitas desempenham as suas próprias funções. 11Cada manhã e cada tarde, queimam os holocaustos e o incenso aromático em honra do Senhor. Os pães da oferenda são dispostos sobre a mesa pura, e cada tarde são acendidas as lâmpadas do candelabro de ouro. Porque nós observamos a Lei do Senhor, nosso Deus, enquanto vós o abandonastes. 12Deus está à nossa frente como comandante, bem como os seus sacerdotes, com as trombetas de guerra para as fazer ressoar contra vós. Filhos de Israel, não luteis contra o Senhor, Deus dos vossos pais, pois não sereis bem sucedidos.»
13Então, Jeroboão executou uma manobra com as tropas, colocadas em emboscada, para surpreender o inimigo pelas costas, de modo que o seu exército atacava Judá de frente, e a emboscada encontrava-se à retaguarda. 14As tropas de Judá, voltando-se, viram-se atacadas pela frente e pela retaguarda. Invocaram o Senhor, enquanto os sacerdotes tocavam as trombetas. 15Judá soltou o grito de guerra, e Deus derrotou Jeroboão e todo o Israel diante de Abias e Judá. 16Os filhos de Israel fugiram diante dos homens de Judá, e Deus entregou-os nas suas mãos. 17Abias e o seu exército fizeram grande morticínio, caindo feridos quinhentos mil guerreiros escolhidos do campo de Israel. 18Assim foram humilhados, naquele tempo, os filhos de Israel, enquanto os filhos de Judá se consolidaram porque se apoiaram no Senhor, Deus de seus pais.
19Abias perseguiu Jeroboão e arrebatou-lhe várias cidades: Betel, Jessana e Efron, assim como os lugares delas dependentes. 20No tempo de Abias, Jeroboão não se restabeleceu. O Senhor feriu-o, e ele morreu. 21Abias, pelo contrário, tornou-se poderoso. Teve catorze mulheres e gerou vinte e dois filhos e dezasseis filhas. 22O resto dos actos de Abias, os seus feitos e palavras estão escritos no Comentário do profeta Ido. 23Abias adormeceu com os seus pais e foi sepultado na cidade de David. Sucedeu-lhe no trono seu filho Asa. Durante a sua vida, o país teve dez anos de paz.
Capítulo 14
Reinado de Asa (911-870) (1 Rs 15,9-15) – 1Asa fez o que era recto e justo aos olhos do Senhor, seu Deus. 2Destruiu os altares dos deuses estrangeiros e os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os troncos sagrados. 3Ordenou aos filhos de Judá que seguissem o Senhor, Deus de seus pais, e pusessem em prática a Lei e os mandamentos. 4Suprimiu os lugares altos e os altares portáteis em todas as cidades de Judá. Sob o seu reinado, o reino viveu em paz.
5Durante este tempo de paz, construiu cidades fortificadas em Judá, pois não houve guerra durante esses anos porque o Senhor lhe concedeu a tranquilidade. 6Disse, então, a Judá: «Construamos essas cidades, cerquemo-las de muralhas com torres, portas e ferrolhos, enquanto o país está em nosso poder; porque seguimos o Senhor, nosso Deus, o qual nos concedeu a paz com todos os nossos vizinhos.» Empreenderam a construção e levaram-na a bom termo.
7Asa possuía um exército de trezentos mil homens de Judá, que levavam escudo e lança, e outro de duzentos e oitenta mil de Benjamim, que levavam escudo e arco, todos eles homens valorosos.
Invasão de Zera – 8Zera, o etíope, marchou contra eles com um exército de um milhão de homens e trezentos carros e avançou até Marecha. 9Asa saiu-lhe ao encontro e deu-lhe batalha no Vale de Cefat, perto de Marecha. 10Asa invocou o Senhor, seu Deus, nestes termos:
«Senhor, para ti não há diferença entre ajudar o fraco e o forte. Vem, pois, em meu socorro, Senhor, nosso Deus! Pois em ti nos apoiamos e em teu nome viemos combater contra esta multidão. Senhor, Tu és o nosso Deus; que não haja um só homem que possa resistir-te.»
11O Senhor feriu os etíopes diante de Asa e dos homens de Judá, e os etíopes fugiram. 12Asa e o seu exército perseguiram-nos até Guerar, e os etíopes foram dizimados de tal forma que não ficou ninguém com vida, exterminados pelo Senhor e pelo seu exército. Judá trouxe um grande espólio. 13E derrotaram todas as cidades dos arredores de Guerar, pois o terror do Senhor apoderou-se deles. Saquearam todas as cidades, porque havia nelas importantes despojos. 14Destruíram também os redis dos rebanhos e capturaram grande número de ovelhas e camelos. Depois, regressaram a Jerusalém.
Capítulo 15
Profecia de Azarias (1 Rs 15,9-15) – 1Azarias, filho de Oded, movido pelo espírito de Deus, 2saiu ao encontro de Asa e disse-lhe:
«Escutai-me, Asa e todo o Judá e Benjamim! O Senhor está convosco, se vós estiverdes com Ele. Se vós o procurardes, haveis de encontrá-lo; mas se vós o abandonardes, Ele vos abandonará a vós. 3Durante muito tempo, Israel viveu sem o verdadeiro Deus, sem sacerdotes para o ensinar, sem a Lei; 4mas quando, na sua angústia, se voltaram para o Senhor, Deus de Israel, e o procuraram, encontraram-no sempre. 5Naqueles tempos, não havia segurança para os que viajavam; pelo contrário, graves perturbações aterravam a população das diferentes regiões. 6Uma nação destruía outra nação, e uma cidade destruía outra cidade porque Deus as perturbava com toda a espécie de tribulações. 7.Quanto a vós, sede fortes, não desfaleçais, pois o vosso esforço será recompensado.»
8Ao ouvir o oráculo do profeta Oded, Asa cobrou ânimo e fez desaparecer os ídolos de todo o território de Judá e de Benjamim, e de todas as cidades que conquistara na montanha de Efraim. Restaurou o altar do Senhor que se encontrava diante do pórtico do santuário do Senhor. 9Convocou toda a população de Judá, de Benjamim, bem como os refugiados de Efraim, Manassés e Simeão que habitavam entre eles, pois grande número de israelitas se aliara a Asa, vendo que o Senhor, seu Deus, estava com ele. 10Reuniram-se em Jerusalém, no terceiro mês do ano quinze do reinado de Asa.
11Nesse dia, sacrificaram ao Senhor, do espólio que tinham trazido, setecentos bois e sete mil ovelhas. 12Obrigaram-se, por uma aliança, a seguir o Senhor, Deus dos seus antepassados, com todo o seu coração e com toda a sua alma. 13E todos aqueles que faltassem a este compromisso com o Senhor, Deus de Israel, pequeno ou grande, homem ou mulher, seria morto. 14Ao som de trombetas e clarins, em grande júbilo e aclamação, fizeram esse juramento ao Senhor. 15Todos os de Judá se alegraram por causa do juramento, pois fizeram-no com o seu coração e com toda a sua boa vontade. Procuraram o Senhor e Ele se lhes manifestou e lhes assegurou a paz com todos os seus vizinhos. 16O rei Asa também destituiu Maaca, sua mãe, da dignidade de rainha, por ela ter feito um ídolo infame em honra de Achera. Asa destruiu aquela imagem, despedaçou-a e queimou-a na torrente do Cédron.
17Os lugares altos não desapareceram de Israel, mas o coração de Asa permaneceu íntegro durante toda a sua vida. 18Transportou para o templo de Deus todos os objectos consagrados por ele e pelo seu pai: a prata, o ouro e os utensílios.
19Não houve guerra até ao trigésimo quinto ano do reinado de Asa.
Capítulo 16
Guerra contra o reino de Israel (14,8-14; 1 Rs 15,16-24) – 1Mas, no trigésimo sexto ano do reinado de Asa, Basa, rei de Israel, fez guerra a Judá e fortificou Ramá, a fim de bloquear todas as comunicações com Asa, rei de Judá. 2Mas Asa mandou tirar a prata e o ouro dos tesouros do templo do Senhor e do palácio real, e enviou-os, com uma delegação, a Ben-Hadad, rei dos arameus, que residia em Damasco, para lhe dizer: 3«Aliemo-nos, como se aliaram o teu pai e o meu. Envio-te prata e ouro. Rompe a tua aliança com Basa, rei de Israel, para ele deixar de me atacar.»
4Ben-Hadad escutou o rei Asa e enviou os seus generais contra as cidades de Israel. Eles apoderaram-se de Ion, Dan, Abel-Maim e de todos os entrepostos das cidades de Neftali. 5Ao ter notícia disto, Basa interrompeu os trabalhos de fortificação de Ramá. 6Então, o rei Asa levou consigo o povo de Judá e ordenou-lhe que trouxesse todas as pedras e madeiras de que Basa se servira para fortificar Ramá; com elas fortificou Guibeá e Mispá.
7Por esse tempo, o vidente Hanani apresentou-se a Asa, rei de Judá, e disse-lhe: «Já que te apoiaste no rei dos arameus e não te apoiaste no Senhor, o exército do rei dos arameus escapou das tuas mãos. 8Não formavam os etíopes e os líbios um exército inumerável, com uma multidão de carros e de cavaleiros? E, contudo, o Senhor entregou-os nas tuas mãos porque te apoiaste nele. 9Os olhos do Senhor percorrem toda a terra para fortalecer aqueles cujo coração lhe é totalmente fiel. Procedeste como um insensato e, por isso, doravante terás guerras.» 10Asa irritou-se contra o vidente e, encolerizado por causa das suas palavras, mandou-o fechar na prisão. E, nesse tempo, oprimiu também alguns dos seus súbditos.
Fim do reinado de Asa (1 Rs 15,23-24) 11Os feitos de Asa, dos primeiros aos últimos, estão escritos no Livro dos Reis de Judá e de Israel. 12No trigésimo nono ano do seu reinado, Asa adoeceu gravemente dos pés. Durante a sua doença, não procurou o Senhor, mas os médicos.
13Asa adormeceu com os seus pais e morreu no quadragésimo primeiro ano de reinado. 14Foi sepultado no túmulo que mandara fazer na cidade de David. Estenderam-no num leito cheio de perfumes aromáticos, preparados segundo a arte do perfumista. E queimaram na sua casa grande quantidade de aromas, em sua honra.
Capítulo 17
Reinado de Josafat (870-848) (1 Rs 15,24; 22,41-51) – 1Josafat, filho de Asa, sucedeu-lhe no trono e fortificou-se contra Israel. 2Colocou tropas em todas as cidades fortificadas de Judá, guarnições em todo o país e nas cidades de Efraim conquistadas por seu pai Asa. 3O Senhor estava com Josafat porque seguiu o exemplo que, a princípio, dera David, seu pai, e não procurou os ídolos de Baal. 4Procurou o Deus de seus pais, observando os seus mandamentos, sem seguir o exemplo de Israel. 5Por isso, o Senhor consolidou o poder real em suas mãos. Todos os de Judá lhe traziam presentes; teve muitas riquezas e glória. 6Cheio de confiança nos caminhos do Senhor, fez também desaparecer de Judá os lugares altos e os troncos sagrados.
7No terceiro ano do seu reinado, enviou os seus altos funcionários Ben-Hail, Abdias, Zacarias, Nataniel e Miqueias, para ensinarem nas cidades de Judá. 8Enviou com eles os levitas Chemaías, Natanias, Zebadias, Asael, Chemiramot, Jónatas, Adonias, Tobias e Tob-Adonias, assim como os sacerdotes Elichamá e Jorão. 9Ensinaram em Judá, levando consigo o livro da Lei do Senhor e percorreram todas as cidades de Judá, instruindo o povo.
10O terror inspirado pelo Senhor difundiu-se por todos os reinos circunvizinhos de Judá, os quais não se atreveram a fazer guerra a Josafat. 11Também os filisteus trouxeram a Josafat presentes e um tributo de prata, e os árabes trouxeram-lhe gado miúdo: sete mil e setecentos carneiros e sete mil e setecentos bodes. 12Josafat aumentava cada vez mais o seu poder. Construiu em Judá fortalezas e cidades-armazém. 13Possuía grandes empreendimentos nas cidades de Judá e tinha, também, em Jerusalém guerreiros cheios de valentia. 14Eis a sua enumeração, segundo as suas famílias. Chefes de milhares: em Judá, o chefe Adná, com trezentos mil guerreiros; 15depois, o chefe Joanan, com duzentos e oitenta mil homens; 16seguia-se-lhe Amassias, filho de Zicri, voluntariamente consagrado ao Senhor, com duzentos mil valentes guerreiros. 17De Benjamim: o valoroso Eliadá, com duzentos mil homens armados de arcos e escudos; 18depois dele, Jozabad, com cento e oitenta mil homens equipados para a guerra.
19Estes eram os soldados que estavam ao serviço do rei, além das guarnições por ele colocadas nas fortalezas do território de Judá.
Capítulo 18
Aliança de Josafat com Acab, Rei de Israel (1 Rs 22,1-35) – 1Quando Josafat atingiu o cume da riqueza e da glória, tornou-se parente de Acab. 2Ao fim de alguns anos, dirigiu-se à Samaria, à casa de Acab. Acab matou, para ele e para o seu séquito, numerosos carneiros e bois. E persuadiu-o a fazer guerra contra Ramot, de Guilead. 3Acab, rei de Israel, disse a Josafat, rei de Judá: «Queres vir comigo atacar Ramot de Guilead?» Josafat respondeu: «Farei o que fizeres, assim como o meu exército. Iremos à guerra contigo.» 4E Josafat disse ao rei de Israel: «Peço-te que consultes primeiro o oráculo do Senhor.»
5O rei de Israel reuniu os profetas, em número de quatrocentos, e perguntou-lhes: «Devemos atacar Ramot de Guilead ou não?» Eles responderam: «Vai, porque Deus a entregará nas mãos do rei.» 6Mas Josafat replicou: «Não há aqui nenhum outro profeta do Senhor, mediante o qual o possamos consultar?» 7O rei de Israel respondeu a Josafat: «Sim, há mais um, por meio do qual podemos consultar o Senhor; mas eu detesto-o porque nunca me anuncia coisa boa, mas sempre a desgraça. É Miqueias, filho de Jímela.» Josafat disse: «Não fales, ó rei, dessa maneira.»
8Então, o rei de Israel chamou um funcionário e deu-lhe esta ordem: «Faz vir aqui depressa Miqueias, filho de Jímela.» 9O rei de Israel e Josafat, rei de Judá, sentaram-se cada um em seu trono, revestidos das suas insígnias reais, na praça que está à entrada da porta da Samaria, e todos os profetas profetizavam na sua presença. 10Sedecias, filho de Canaana, fizera para si uns chifres de ferro e disse: «Isto diz o Senhor: Com estes chifres ferirás os arameus até os exterminar.» 11E todos os profetas profetizavam da mesma maneira dizendo: «Sobe a Ramot de Guilead e vencerás, porque o Senhor entregará a cidade nas mãos do rei.»
Miqueias anuncia a derrota – 12Entretanto, o mensageiro que fora procurar Miqueias dizia-lhe: «Os profetas são unânimes em predizer a vitória do rei. Que o teu oráculo seja conforme com o deles: anuncia coisas boas.» 13Miqueias respondeu: «Juro pelo Deus vivo que não anunciarei senão o que o meu Senhor me disser.» 14Quando chegou perto do rei, este disse-lhe: «Miqueias, devemos atacar Ramot de Guilead ou não?» Miqueias respondeu: «Ide e vencereis, porque a cidade será entregue nas vossas mãos.» 15Então, o rei disse-lhe: «Quantas vezes terei de conjurar-te a que não digas senão a verdade em nome do Senhor?» 16Respondeu:
- «Vejo todo o Israel disperso pela montanha
- como rebanho sem pastor.
- O Senhor disse:
- ‘Estes não têm chefes;
- volte tranquilamente cada um
- para a sua casa’.»
17O rei de Israel disse a Josafat: «Não te dizia eu que, a meu respeito, ele jamais havia de anunciar coisa boa? Pelo contrário, prediz sempre a desgraça.» 18Miqueias replicou: «Escutai o oráculo do Senhor: Eu vi o Senhor sentado no seu trono e todo o exército celeste de pé, à sua direita e à sua esquerda. 19Disse o Senhor: ‘Quem seduzirá Acab, rei de Israel, para que suba a Ramot de Guilead e lá encontre a sua ruína?’ Um respondia de um modo e outro de outro. 20Então, um espírito avançou, colocou-se na presença do Senhor e disse: ‘Eu irei seduzi-lo.’ O Senhor perguntou: ‘De que maneira?’ 21Ele respondeu: ‘Vou ser como um espírito de mentira na boca de todos os seus profetas.’ Replicou o Senhor: ‘Conseguirás seduzi-lo. Tens esse poder. Vai e faz como disseste.’ 22Portanto, se o Senhor, infundiu um espírito de mentira na boca de todos os teus profetas, é porque o Senhor decretou a ruína contra ti.»
23Nesse momento, Sedecias, filho de Canaana, aproximou-se de Miqueias e deu-lhe uma bofetada, dizendo: «Por que caminho saiu de mim o espírito do Senhor para te falar?»
24Miqueias respondeu: «Vê-lo-ás, no dia em que fugires de aposento em aposento, a fim de te esconderes.»
25Então, o rei de Israel ordenou: «Prendei Miqueias e conduzi-o a Amon, governador da cidade, e a Joás, filho do rei. 26Dizei-lhe: ‘Esta é a ordem do rei: Metei este homem na prisão; dai-lhe alimentação reduzida, a pão e água, até que eu regresse são e salvo’.» 27Ao que Miqueias respondeu: «Se voltares são e salvo é sinal de que o Senhor não falou por mim.» E acrescentou: «Escutai, povos todos...!»
Derrota e morte de Acab (1 Rs 22, 29-38) – 28O rei de Israel subiu, pois, a Ramot de Guilead com Josafat, rei de Judá. 29E disse a Josafat: «Vou disfarçar-me para entrar no combate; tu, porém, veste as tuas próprias vestes.» O rei de Israel disfarçou-se, por conseguinte, antes de entrar no combate.
30Ora o rei dos arameus dera aos chefes dos seus carros esta ordem: «Pequeno ou grande, a ninguém atacareis, a não ser somente o rei de Israel.» 31Quando viram Josafat, os chefes dos carros disseram entre si: «É certamente o rei de Israel.» E avançaram sobre ele. Mas Josafat soltou o seu grito de guerra, e o Senhor socorreu-o e afastou dele os arameus.
32Então, os chefes dos carros, percebendo que não era o rei de Israel, deixaram de o perseguir. 33Nesse momento, um homem, que lançara o arco ao acaso, feriu o rei de Israel através das junturas da couraça. O rei disse ao condutor do seu carro: «Volta as rédeas e conduz-me para fora do campo de batalha, pois estou ferido.» 34Mas nesse dia o combate foi tão violento que o rei de Israel teve de ficar no seu carro, diante dos arameus, até à tarde. E morreu ao pôr-do-sol.
Capítulo 19
Reformas de Josafat (14,4; 22,9; Dt 1,16-17; 17,8-13) – 1Josafat, rei de Judá, regressou são e salvo ao seu palácio em Jerusalém. 2Jeú, filho do vidente Hanani, saiu ao seu encontro e disse-lhe:
«Auxilias o ímpio e amas os que odeiam o Senhor? Por isso, o Senhor está irritado contra ti. 3Mas tens obras boas, pois suprimiste no país os troncos sagrados e aplicaste o teu coração na busca de Deus.»
4Depois do seu regresso a Jerusalém, Josafat foi de novo visitar o seu povo, desde Bercheba até à montanha de Efraim, para o conduzir ao Senhor, Deus de seus pais. 5Estabeleceu juízes no seu país, em cada uma das cidades fortificadas de Judá. 6E disse-lhes: «Vede o que fazeis. Não é em nome de um homem que administrais a justiça, mas em nome do Senhor, que vos assistirá nos vossos julgamentos. 7Que o temor do Senhor esteja convosco. Vigiai a vossa conduta, pois junto do Senhor, nosso Deus, não há injustiça, nem acepção de pessoas, nem corrupção com presentes.»
8Josafat estabeleceu, também, em Jerusalém, levitas, sacerdotes e chefes de família de Israel para administrarem a justiça em nome do Senhor e serem árbitros nos litígios; residiam em Jerusalém. 9Deu-lhes as seguintes instruções: «Procedei em tudo com temor do Senhor, lealdade e integridade de coração. 10Em qualquer litígio trazido à vossa presença pelos vossos irmãos residentes nas suas cidades, quer se trate de crimes de sangue, da Lei, dos mandamentos, dos preceitos ou de cerimónias, esclarecei-os, para que não se tornem culpados diante do Senhor, a fim de que a sua ira não se inflame contra vós e os vossos irmãos. Agi desta maneira para não vos tornardes culpados. 11Tendes à vossa frente o Sumo Sacerdote Amarias para todas as coisas do Senhor, Zebadias, filho de Ismael, chefe da casa de Judá, para todos os negócios do rei. Tendes também à vossa disposição os levitas, na qualidade de escribas. Tende coragem, portanto! Mãos à obra e que o Senhor esteja com o homem de bem!»
Capítulo 20
Vitória de Josafat sobre amonitas e moabitas – 1Depois disto, os moabitas e os amonitas e alguns meonitas declararam guerra a Josafat. 2Alguém informou Josafat, dizendo: «Uma enorme multidão vem de Edom, do outro lado do Mar Morto, e avança contra ti! Já estão acampados em Haceçon-Tamar, isto é, En-Guédi.»
3Perturbado, Josafat decidiu consultar o Senhor e promulgou um jejum para todo o território de Judá. 4O povo de Judá reuniu-se para invocar o Senhor, e todos acorriam das cidades de Judá para invocar o Senhor.
Oração de Josafat – 5No átrio novo do templo do Senhor, Josafat ergueu-se, na presença da grande assembleia dos homens de Judá e de Jerusalém, 6e disse:
- «Senhor, Deus de nossos pais,
- não és Tu o Deus do céu
- e o soberano de todos os reinos das nações?
- Tens na tua mão a força e o poder
- e ninguém pode resistir-te.
- 7Não foste Tu, nosso Deus,
- que expulsaste, diante do teu povo Israel,
- os habitantes deste país
- e o deste, para sempre,
- à descendência de Abraão, teu amigo?
- 8Nele habitaram e construíram um santuário
- para a glória do teu nome e disseram:
- 9‘Se nos sobrevier alguma desgraça
- – espada, castigo, peste ou fome –
- apresentar-nos-emos diante de ti neste templo,
- pois o teu nome é nele invocado,
- e clamaremos a ti do fundo da nossa angústia.
- Tu nos ouvirás e nos salvarás.’
- 10Pois bem, os amonitas e os moabitas
- e os povos da montanha de Seir,
- por cujas terras não permitiste
- que passassem os israelitas
- ao saírem do Egipto,
- antes se desviaram sem as destruir,
- 11eis como eles nos recompensam agora
- ao quererem expulsar-nos desta herança que nos deste.
- 12Ó nosso Deus!
- Não exercerás sobre eles a tua justiça?
- Pois não temos força contra esta multidão
- que avança sobre nós;
- não sabemos o que fazer
- e os nossos olhos voltam-se para ti.»
13Toda a população de Judá estava de pé, diante do Senhor, com as suas famílias, mulheres e filhos. 14Então, no meio desta multidão, o espírito do Senhor apoderou-se de Jaziel, filho de Zacarias, filho de Benaías, filho de Jeiel, filho de Matanias, levita da linhagem de Asaf. 15E disse:
«Prestai atenção, homens de Judá e habitantes de Jerusalém, e tu, rei Josafat! Assim vos fala o Senhor: Não temais nem vos atemorizeis diante desta imensa multidão, pois a guerra não é vossa, mas de Deus. 16Amanhã marchareis contra eles, quando subirem pela encosta de Hacis, e haveis de encontrá-los na extremidade do desfiladeiro frente ao deserto de Jeruel. 17Não tereis necessidade de combater, nessa altura. Mas não arredeis pé, a fim de contemplardes a vitória que o Senhor vos concederá. Não temais, ó habitantes de Judá e Jerusalém, nem vos apavoreis. Amanhã saireis ao seu encontro e o Senhor estará convosco.»
18Josafat prostrou-se com o rosto por terra, e o povo de Judá e os habitantes de Jerusalém prostraram-se diante do Senhor e adoraram-no. 19Os levitas da linhagem de Queat e de Coré levantaram-se para louvar, com voz potente, o Senhor, Deus de Israel.
20No dia seguinte de manhã, puseram-se a caminho do deserto de Técua. À medida que iam saindo, Josafat, no meio deles, dizia-lhes: «Escutai-me, homens de Judá e de Jerusalém. Ponde a vossa confiança no Senhor, vosso Deus, e estareis em segurança. Confiai nos seus profetas, e tudo vos correrá bem.»
21E, depois de se haver aconselhado com o povo, designou os cantores que, revestidos de ornamentos sagrados, deviam marchar à frente do exército, cantando:
- «Louvai o Senhor
- porque é eterna a sua misericórdia!»
22Logo que começaram a entoar este cântico de louvor, o Senhor semeou a discórdia entre os filhos de Amon, de Moab e os que tinham vindo da montanha de Seir atacar Judá, e arremeteram uns contra os outros. 23Os filhos de Amon e os filhos de Moab atiraram-se sobre os povos das montanhas de Seir para os destruir e exterminar; e, depois de os exterminarem, mataram-se uns aos outros.
24Quando os homens de Judá chegaram ao lugar mais alto que domina o deserto, dirigiram o olhar sobre a multidão, e não viram senão cadáveres estendidos por terra; ninguém escapara. 25Então, Josafat avançou com o seu exército para os despojar, achando gado em abundância, riquezas, vestes e muitos objectos preciosos; apanharam tantas coisas que não puderam levá-las todas. A pilhagem durou três dias, pois eram abundantes os despojos. 26No quarto dia, reuniram-se no vale de Beracá, onde louvaram o Senhor. Por isso, deram a este lugar o nome de «Vale de Louvor», nome que conserva ainda hoje.
27Os homens de Judá e de Jerusalém, tendo à frente deles Josafat, retomaram alegres o caminho da cidade, pois o Senhor os tinha cumulado de alegria à custa dos seus inimigos. 28Entraram em Jerusalém, no templo do Senhor, ao som das harpas, das cítaras e das trombetas.
29O terror do Senhor apoderou-se de todos os reinos estrangeiros, ao saberem que o Senhor combatia os inimigos de Israel. 30Assim o reino de Josafat gozou de tranquilidade, e Deus deu-lhe a paz com todas as nações vizinhas.
Resumo e fim do reinado de Josafat (17,1-6; 1 Rs 22,41-51) – 31Josafat reinou, pois, sobre Judá. Tinha trinta e cinco anos quando começou a reinar, e reinou vinte e cinco anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Azuba, filha de Chili. 32Tomou como norma o procedimento de seu pai Asa, sem dele se afastar. Fez o que é recto aos olhos do Senhor. 33Todavia, os lugares altos não desapareceram, e o povo ainda não tinha o coração firmemente inclinado para o Deus de seus pais.
34O resto das acções de Josafat, do princípio ao fim, estão escritas nas Palavras de Jeú, filho de Hanani, as quais foram inseridas no Livro dos Reis de Israel. 35Depois disto, Josafat, rei de Judá, fez aliança com Acazias, rei de Israel, cujas obras eram ímpias. 36Aliou-se com ele para construir navios destinados a irem a Társis, construindo os navios em Ecion-Guéber.
37Então, Eliézer, filho de Dodavau, de Marecha, profetizou contra Josafat, nestes termos: «Porque fizeste aliança com Acazias, o Senhor destruiu o teu empreendimento!» Com efeito, os navios despedaçaram-se e não puderam ir a Társis.