Capítulo 1
III. HISTÓRIA DE SALOMÃO (1,1-9,31)
Sabedoria de Salomão (1 Rs 3,5-15) – 1Salomão, filho de David, consolidou o seu reinado. O Senhor, seu Deus, estava com ele e engrandeceu-o cada vez mais. 2Salomão convocou todo o Israel, os chefes de milhares e de centenas, os juízes e todos os príncipes de todo o Israel, que eram os principais chefes de família. 3E foi com toda a assembleia ao lugar alto que havia em Guibeon, onde se encontrava a tenda da reunião com Deus, que Moisés, servo do Senhor, construíra no deserto. 4A Arca de Deus tinha já sido transportada por David de Quiriat-Iarim para o lugar que lhe tinha sido fixado, uma tenda que lhe erigira em Jerusalém. 5Aí se encontrava também, diante da morada do Senhor, o altar de bronze feito por Beçalel, filho de Uri, filho de Hur, e Salomão e a comunidade procuravam honrá-lo.
6Salomão, na presença do Senhor, subiu ao altar de bronze que está junto da tenda da reunião e ofereceu mil holocaustos. 7Nessa mesma noite, Deus apareceu a Salomão e disse-lhe: «Pede! Que posso Eu dar-te?» 8Salomão respondeu a Deus:
«Tu procedeste com grande benevolência
para com meu pai David
e fizeste-me rei em lugar dele.
9Senhor Deus, ratifica, portanto,
a promessa que fizeste a meu pai David,
porque me fizeste rei de um povo
numeroso como o pó da terra.
10Concede-me, pois, a sabedoria e o conhecimento,
a fim de que eu saiba conduzir este povo;
quem, na verdade, poderá governar um povo
tão grande como o teu?»
11Deus disse a Salomão:
«Já que é esse o desejo do teu coração
e não pediste riquezas, nem tesouros,
nem glória, nem a morte dos teus inimigos,
nem uma vida longa,
antes pediste sabedoria e conhecimento,
a fim de governar o meu povo, do qual te fiz rei,
12concedo-te sabedoria e conhecimento;
além disso, dar-te-ei também riquezas,
tesouros e glórias tais
como jamais tiveram os reis antes ou depois de ti.»
13Então, descendo do lugar alto de Guibeon, da presença da tenda da reunião, Salomão regressou a Jerusalém. E reinou sobre Israel.
Riquezas de Salomão (1 Rs 10,14-29) 14Salomão acumulou carros e cavaleiros: tinha mil e quatrocentos carros e doze mil cavaleiros, que aquartelou nas cidades onde estavam os carros e em Jerusalém, junto de si.
15O rei fez com que, em Jerusalém, a prata e o ouro fossem tão comuns como as pedras, e os cedros, tão numerosos como os sicómoros da planície da Chefela. 16Salomão importava os seus próprios cavalos do Egipto e de Qué. Uma caravana de fornecedores reais ia buscá-los a Qué, pelo preço ajustado; 17traziam do Egipto um carro por seiscentos siclos de prata, e um cavalo, por cento e cinquenta. Salomão, por sua vez, vendia-os aos reis dos hititas e dos arameus, por intermédio daqueles.
Preparativos para a construção do templo (1 Rs 5,15-32; 7,14) – 18Salomão decidiu edificar um templo ao nome do Senhor e construir um palácio para a sua realeza.
Capítulo 2
1Destinou, para isso, setenta mil carregadores, oitenta mil cortadores de pedra, na montanha, e três mil e seiscentos capatazes. 2Mandou, também, dizer a Hiram, rei de Tiro: «Faz comigo o mesmo que fizeste com meu pai David, a quem enviaste cedros para ele construir um palácio para sua habitação. 3Eis que quero edificar um templo ao nome do Senhor, meu Deus, e consagrar-lho, para queimar incenso e aromas diante dele, apresentar-lhe continuamente os pães da oferenda e oferecer-lhe holocaustos de manhã e à tarde, aos sábados, nas luas-novas e nas festas do Senhor, nosso Deus; isto será uma lei para sempre em Israel. 4O templo que vou construir deve ser grande, pois o nosso Deus é maior que todos os deuses. 5Mas quem será capaz de lhe construir uma casa digna dele, se o céu e os céus dos céus não o podem conter? E quem sou eu para lhe construir uma casa, se não posso fazer outra coisa senão queimar incenso diante dele?
6Envia-me, pois, um homem experiente no trabalho do ouro, da prata, do bronze, do ferro, da púrpura, do carmim e do violeta; um homem que entenda suficientemente de escultura para dirigir os artífices de Judá e de Jerusalém que estão junto de mim e que meu pai David reuniu. 7Manda-me, também, do Líbano madeira de cedro, cipreste e sândalo, pois sei que os teus servos são peritos no corte da madeira do Líbano. Os meus servos trabalharão com os teus, 8a fim de me preparar madeira em grande quantidade, pois o templo que vou construir será grande e magnífico. 9E eis que darei aos teus servos que vão cortar as madeiras, vinte mil coros de trigo, vinte mil coros de cevada, vinte mil batos de vinho e vinte mil batos de azeite.»
10Hiram, rei de Tiro, respondeu a Salomão por escrito: «É porque ama o seu povo que o Senhor te constituiu rei sobre ele.» 11Hiram disse ainda: «Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que fez os céus e a terra, pois deu ao rei David um filho sábio, inteligente e prudente, que vai construir um templo ao Senhor e um palácio para a sua realeza. 12Envio-te, portanto, um homem hábil e entendido, Huram-Abi, 13filho de uma mulher da tribo de Dan e de um pai de Tiro. Sabe trabalhar o ouro, a prata, o bronze, o ferro, a pedra, a madeira, a púrpura escarlate e violeta, o linho fino e o carmim; sabe fazer toda a espécie de esculturas e elaborar qualquer plano que se lhe confie. Trabalhará com os teus artífices e com os do meu senhor David, teu pai. 14Otrigo, a cevada, o azeite e o vinho de que falou o meu senhor, mande-os aos seus servos. 15Nós cortaremos a madeira do Líbano, tanta quanta precisares, e enviar-ta-emos por mar, em jangadas até Jafa; tu a levarás para Jerusalém.»
16Salomão fez o recenseamento de todos os estrangeiros que habitavam no território de Israel, depois da contagem feita antes por seu pai David; e contaram-se cento e cinquenta e três mil e seiscentos. 17De entre eles, designou setenta mil carregadores, oitenta mil cortadores de pedra na montanha e três mil e seiscentos capatazes para vigiarem os trabalhadores.
Capítulo 3
Construção do templo (1 Rs 6; 7,15-22) – 1Salomão começou, pois, a construção do templo do Senhor, em Jerusalém, no monte Moriá, onde o Senhor tinha aparecido a David, seu pai, no lugar por este preparado na eira de Ornan, o jebuseu. 2Começou a edificá-lo no segundo mês, no quarto ano do seu reinado. 3Os alicerces feitos por Salomão para a construção do templo de Deus tinham sessenta côvados de comprimento, segundo a antiga medida, e vinte côvados de largura. 4comprimento do pórtico, que se achava no frontispício, e que correspondia à largura do templo, tinha vinte côvados e uma altura de cento e vinte côvados. Salomão revestiu-o por dentro de ouro puro. 5A sala grande foi forrada com madeira de cipreste, guarnecida de ouro puro, e com palmeiras e pequenas correntes esculpidas. 6Adornou esta sala com pedras preciosas. O ouro era ouro de Parvaim.
7O rei revestiu a sala de ouro: as traves, os umbrais, as paredes e as portas. Mandou também esculpir querubins nas paredes.8Construiu, igualmente, a sala do Santo dos Santos cujo comprimento, no sentido da largura do templo, era de vinte côvados e a largura de vinte côvados. O valor do ouro fino de que o revestiu era de seiscentos talentos. 9Até os pregos eram de ouro e pesavam cinquenta siclos cada um. Revestiu igualmente os tectos de ouro.
Os querubins (Ex 25,18-22; 37,7-9; 1 Rs 6,23-38) – 10Mandou esculpir dois querubins, revestidos de ouro, para o interior do Santo dos Santos. 11O comprimento das suas asas era de vinte côvados: uma asa, com cinco côvados, tocava a parede do templo; a outra asa, com cinco côvados, tocava a asa do outro querubim. 12Da mesma forma, a asa do segundo querubim, com cinco côvados, tocava na parede, e a outra asa, com cinco côvados, tocava na asa do primeiro. 13Assim, as asas dos querubins estendiam-se por vinte côvados: estavam de pé, com o rosto voltado para o interior do templo.
14O rei mandou fazer um véu de púrpura, violeta, carmim e linho fino, bordado com querubins.
15Diante do templo, levantou duas colunas: tinham trinta e cinco côvados de altura, cada uma com um capitel de cinco côvados no alto. 16Fez pequenas correntes, como as do santuário, colocadas nos capitéis das colunas, nas quais estavam entrelaçadas cem romãs. 17Levantou as colunas, uma à direita e outra à esquerda da fachada do templo: chamou Jaquin à da direita e Booz à da esquerda.
Capítulo 4
1Construiu, também, um altar de bronze com vinte côvados de comprimento, vinte de largura e dez de altura.
2Também fez um mar de bronze, completamente redondo, com dez côvados de diâmetro; tinha cinco côvados de altura; e um cordão de trinta côvados em toda a volta. 3Havia figuras de bois, a toda a volta, abaixo do bordo, dez por côvado; elas rodeavam completamente o mar. Estes bois, em duas fileiras, tinham sido fundidos numa só peça com o mar. 4O mar assentava sobre doze bois: três olhavam para norte, três para ocidente, três para sul, três para oriente. O mar assentava sobre eles, e as suas partes traseiras ficavam voltadas para dentro. 5A espessura do mar era de uma mão e o seu rebordo era trabalhado como o de uma taça em forma de flor de lis; a sua capacidade era de três mil batos.
6Salomão fez também dez bacias, cinco das quais foram colocadas à direita e cinco à esquerda, para as abluções. Nelas se lavava tudo o que se utilizava para os holocaustos; e o mar de bronze servia para as abluções dos sacerdotes.
7Fez igualmente dez candelabros de ouro, de acordo com o modelo prescrito, e colocou-os no templo, cinco à direita e cinco à esquerda.
8Além disso, fez dez mesas que foram colocadas no templo, cinco à direita e cinco à esquerda; fez também cem vasos de ouro.
9Fez o átrio dos sacerdotes e a grande esplanada com portas recobertas de bronze. 10Colocou o mar de bronze do lado direito, a sudeste.
11Huram fabricou as caldeiras, as pás e as bacias da aspersão, terminando desta maneira todos os trabalhos que o rei Salomão lhe mandara fazer no templo de Deus, 12a saber: duas colunas, as correntes, os dois capitéis no alto das colunas, os dois frisos que cobriam os capitéis, com as correntes sobrepostas às colunas, 13as quatrocentas romãs para os dois frisos, duas fileiras para cada friso, para cobrirem as correntes dos capitéis no alto das colunas. 14Fez também pedestais e as bacias assentes sobre eles; 15o mar de bronze com os doze bois que o sustentavam; 16as caldeiras, as pás e as forquilhas e todos os seus acessórios. Huram-Abi fez isto em bronze polido, para o templo do Senhor, por ordem do rei Salomão.
17O rei mandou-os fundir na planície do Jordão, numa terra argilosa, entre Sucot e Sereda. 18Todos os objectos foram fabricados em tal quantidade que o peso do bronze não se podia avaliar.
19Salomão fez ainda todos estes utensílios para a casa de Deus: o altar de ouro, as mesas sobre as quais se poisavam os pães da oferenda, 20os candelabros, em ouro fino, com as suas lâmpadas, que deviam estar acesas diante do lugar santíssimo, como estava determinado; 21as flores, as lâmpadas, as tenazes, em ouro fino; 22as facas, as bacias de aspersão, as colheres e os cinzeiros, em ouro fino. A entrada do templo, as portas interiores que dão para o Santo dos Santos e as portas que abrem para a sala grande eram também em ouro fino.
Capítulo 5
Trasladação da Arca (2 Sm 6,12-19; 1 Rs 8,1-9) – 1Desta forma, Salomão terminou as obras que mandara realizar no templo do Senhor. Fez, então, transportar para o templo tudo o que seu pai David tinha consagrado: a prata, o ouro e todos os utensílios, guardando tudo nos tesouros da casa de Deus. 2Salomão convocou para Jerusalém os anciãos de Israel, os chefes das tribos e os chefes das famílias israelitas para se trasladar da cidade de David, que é Sião, a Arca da aliança do Senhor. 3Todos os israelitas se reuniram junto do rei, no dia da festa. Era o sétimo mês.
4Chegados todos os anciãos de Israel, os levitas levaram a Arca, 5juntamente com a tenda da reunião e todos os utensílios sagrados que nela se encontravam. Os sacerdotes e os levitas é que os transportaram. 6O rei Salomão, todo o Israel e quantos se tinham reunido diante da Arca imolaram ovelhas e bois em número que não se podia avaliar. 7Os sacerdotes colocaram a Arca da aliança do Senhor no seu lugar, isto é, no santuário do templo, no Santo dos Santos, sob as asas dos querubins.
8Os querubins estendiam as asas sobre o lugar da Arca e cobriam-na, assim como aos seus varais. 9Estes eram muito compridos, de tal modo que as suas extremidades se viam diante do santuário; mas não se podiam ver de fora. A Arca permaneceu ali até ao dia de hoje.
10Não havia nada na Arca senão as duas tábuas dadas por Moisés no monte Horeb, quando o Senhor concluiu a aliança com os filhos de Israel, depois da saída do Egipto.
11Quando os sacerdotes saíram do santuário – porque os sacerdotes ali presentes se tinham santificado sem observar a ordem das classes – 12todos os levitas cantores, isto é, Asaf, Heman, Jedutun, os seus filhos e irmãos, vestidos de linho fino, colocados a oriente do altar, tocavam címbalos, harpas e cítaras, acompanhados por cento e vinte sacerdotes, que tocavam trombetas; 13os tocadores de trombeta e os cantores, unidos, entoavam em coro o louvor do Senhor. Quando as trombetas, os címbalos e os outros instrumentos de música tocavam, eles cantavam: «Louvai ao Senhor porque Ele é bom, e é eterno o seu amor!» Então, o templo do Senhor encheu-se de uma espessa nuvem, 14de tal modo que os sacerdotes não podiam permanecer dentro dele para exercer as suas funções, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor enchia a casa de Deus.
Capítulo 6
Salomão fala ao povo (1 Rs 8,12-21) – 1Então, Salomão disse: «O Senhor desejou habitar na obscuridade. 2Por isso, eu construí-te uma casa principesca e uma morada onde habitarás eternamente.» 3O rei voltou-se, depois, para toda a assembleia de Israel, que estava de pé, e abençoou-a. 4E disse: «Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que falou em pessoa a David, meu pai, e cumpriu, com o seu poder, a promessa que lhe fizera, dizendo: 5‘Desde o dia em que fiz sair o meu povo da terra do Egipto, não escolhi outra cidade entre todas as tribos de Israel para nela construir um templo onde o meu nome fosse invocado nem escolhi outro homem para que fosse chefe do meu povo de Israel. 6Mas escolhi Jerusalém para aí residir o meu nome, e elegi David para governar o meu povo de Israel.’ 7Ora meu pai David projectou edificar um templo em honra do Senhor, Deus de Israel, 8mas o Senhor disse-lhe: ‘Tiveste feliz inspiração em edificar um templo em honra do meu nome. 9Porém, não serás tu quem há-de construir o templo, será o teu filho, nascido de ti, quem o há-de edificar em honra do meu nome.’ 10O Senhor realizou o que predissera. Sucedi a meu pai David e ocupo o trono de Israel, como disse o Senhor, e construí este templo ao nome do Senhor, Deus de Israel. 11Coloquei nele a Arca, na qual está o documento da aliança que o Senhor fez com os filhos de Israel.»
Oração de Salomão (1 Rs 8,22-53; Sl 132,8-10; Sb 9,1-18) – 12Depois disto, Salomão pôs-se de pé diante do altar do Senhor, na presença de toda a assembleia de Israel, e estendeu as mãos. 13Com efeito, Salomão mandara construir uma tribuna de bronze, erguida no meio do átrio. Tinha cinco côvados de comprimento, cinco de largura e três de altura; subiu para ela, ajoelhou-se diante da multidão dos filhos de Israel, com os braços levantados ao céu, 14e disse:
«Senhor, Deus de Israel,
não há no céu nem na terra um Deus comparável a ti,
que seja fiel à aliança e à benevolência para com os teus servos,
se eles caminham na tua presença de todo o coração.
15Cumpriste as promessas que fizeste
a meu pai David, teu servo:
neste dia, realizaste pela tua mão
o que anunciaste com a tua boca.
16Agora, Senhor, Deus de Israel,
digna-te cumprir também a promessa
que fizeste a meu pai David, dizendo:
‘Jamais faltará diante de mim um dos teus descendentes
que ocupe o trono de Israel,
desde que os teus filhos se comportem rectamente
e observem a minha Lei,
como tu próprio a tens observado.’
17 Agora, pois, Senhor, Deus de Israel,
digna-te ratificar a promessa feita ao teu servo David!
18Mas será verdade
que Deus habita com os homens sobre a terra?
Se o céu, em toda a sua imensidade, não te pode conter,
muito menos este templo que eu construí!
19Contudo, Senhor, meu Deus,
atende a súplica do teu servo,
acolhe o clamor e a oração que ele te dirige.
20Que os teus olhos estejam abertos,
dia e noite, sobre esta casa,
sobre o lugar do qual declaraste
que aí residiria o teu nome.
Escuta a súplica que o teu servo te faz.
21Escuta as súplicas do teu servo
e de Israel, teu povo,
quando aqui vier orar neste lugar.
Escuta-as desde a tua morada celeste, escuta e perdoa!
22Se alguém pecar contra o seu próximo
e, obrigado a pronunciar um juramento imprecatório,
vier jurar diante do teu altar, neste templo,
23Tu, escuta-o desde o céu,
actua e faz justiça aos teus servos,
fazendo recair sobre o malvado
o peso da sua maldade,
e faz justiça ao inocente,
retribuindo-lhe de acordo com a sua inocência.
24Se o teu povo Israel for subjugado pelos inimigos
por ter pecado contra ti,
e, arrependido, confessar o teu nome
e te pedir perdão neste templo,
25Tu, escuta-o desde o céu,
perdoa o pecado do teu povo Israel,
reconduzindo-o ao país que lhe deste,
a ele e a seus pais.
26 Se o céu se fechar e não chover mais,
por eles terem pecado contra ti,
se orarem neste lugar,
prestando glória ao teu nome,
e arrependendo-se do seu pecado
por causa do teu castigo,
27 escuta-os, desde o céu,
perdoa o pecado dos teus servos
e do teu povo Israel.
Mostra-lhes o caminho recto que devem seguir,
envia chuva à terra que deste como herança ao teu povo.
28Se vier a fome sobre o país,
a peste, a ferrugem, a mangra,
o gafanhoto e o pulgão,
ou se os inimigos cercarem as cidades do país,
ou se houver uma calamidade,
ou qualquer epidemia,
29se um homem, ou todo o teu povo Israel
te dirigir uma súplica
e, reconhecendo a sua chaga dolorosa,
estender as mãos para este templo,
30escuta-o desde o céu, da tua morada,
perdoa e concede a cada um o que ele merecer,
segundo o seu coração,
pois só Tu conheces o coração dos homens.
31Assim te hão-de temer
e andarão nos teus caminhos
durante toda a vida,
no país que deste a nossos pais.
32 Se o estrangeiro, que não é do teu povo Israel,
vindo de um país longínquo,
atraído pela fama do teu nome
e pelo grande poder do teu braço,
vier rezar neste templo,
33 escuta-o também desde o céu onde habitas,
e concede-lhe tudo o que te pedir.
Todos os povos da terra,
conhecerão, então, o teu nome
e te temerão,
como o teu povo Israel,
cientes de que o teu nome é invocado
no templo que construí.
34Quando o teu povo fizer guerra
contra os seus inimigos,
nos caminhos por onde o enviares,
e te invocar, voltado para a cidade que escolheste
e para o templo que construí em honra do teu nome,
35escuta, desde o céu, as suas orações e súplicas
e faz-lhe justiça.
36Poderá acontecer que pequem contra ti
– pois não há homens sem pecado –
e, irado contra eles, os entregues aos inimigos
para os levarem cativos para uma terra estrangeira,
próxima ou longínqua;
37se, na terra do seu exílio, arrependidos,
se voltarem para ti e suplicarem, dizendo:
‘Pecámos, cometemos a iniquidade, fizemos o mal’,
38se se converterem a ti, de todo o seu coração
e de toda a sua alma, na terra do exílio
ou no lugar do seu cativeiro,
e te dirigirem a sua oração
voltados para a terra que deste a seus pais,
para a cidade da tua predilecção
e para este templo, que construí
em honra do teu nome,
39escuta, desde o céu, onde habitas,
as suas preces suplicantes;
faz-lhes justiça e perdoa ao teu povo
os pecados cometidos contra ti.
40Agora, pois, ó meu Deus,
que os teus olhos estejam abertos
e os teus ouvidos atentos
às preces feitas neste lugar!
41Senhor Deus, vem, pois, habitar nesta morada,
Tu e a Arca onde reside o teu poder.
Senhor Deus,
que os teus sacerdotes se revistam de força salutar
e os teus santos gozem dos teus benefícios!
42Senhor Deus,
não afastes o rosto do teu ungido;
lembra-te da fidelidade do teu servo David.»
Capítulo 7
Sacrifícios na consagração do templo (1 Rs 8,62-66; 1 Cr 21,26) 1Logo que Salomão terminou esta prece, o fogo desceu do céu e consumiu o holocausto e as vítimas, e a glória do Senhor encheu o templo. 2Por isso, os sacerdotes não podiam entrar no templo do Senhor, porque a sua glória o enchia completamente. 3À vista do fogo que descia e da glória do Senhor que enchia o templo, todos os filhos de Israel se inclinaram até ao chão e, prostrados, adoraram e cantaram: «Louvai o Senhor porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia.»
4Então, o rei e todo o povo ofereceram sacrifícios na presença do Senhor. 5O rei Salomão imolou vinte e dois mil touros e cento e vinte mil ovelhas. Foi assim que o rei e todo o povo fizeram a consagração do templo de Deus. 6Ao mesmo tempo que os sacerdotes exerciam o seu ministério, os levitas tocavam os instrumentos de música sagrados, mandados fazer por David para louvar o Senhor, «porque é eterna a sua misericórdia.» Enquanto David louvava a Deus por intermédio deles, os sacerdotes tocavam as trombetas, e todo o Israel se mantinha de pé.
7Salomão consagrou o átrio interior, que está à entrada do templo do Senhor; ali ofereceu holocaustos e a gordura dos sacrifícios de comunhão, porque o altar de bronze por ele construído não era suficiente para os holocaustos, para as oblações e a gordura das vítimas. 8A celebração desta festa, presidida por Salomão, com todo o povo de Israel, durou sete dias, reunindo-se grande multidão, vinda desde a entrada de Hamat até à torrente do Egipto. 9No oitavo dia, realizou-se a assembleia solene, pois fizeram a consagração do altar e a celebração da festa durante sete dias. 10No vigésimo terceiro dia do sétimo mês, Salomão mandou o povo regressar às suas tendas, alegre e cheio de júbilo pelos benefícios que o Senhor outorgara a David, a Salomão e a Israel, seu povo .
11Salomão acabou, pois, o templo do Senhor e o palácio real. Levara a bom termo tudo o que se propusera fazer no templo do Senhor e na sua própria casa.
Resposta do Senhor à oração de Salomão (1 Rs 9,1-9) – 12Durante a noite, o Senhor apareceu a Salomão e disse: «Ouvi a tua oração e escolhi este lugar para ser o templo em que se oferecerão sacrifícios. 13Se Eu fechar os céus e não chover mais; se enviar gafanhotos a devorar o país ou se mandar a peste contra o meu povo, 14e o meu povo, sobre o qual foi invocado o meu nome, se humilhar e procurar a minha face para orar e renunciar à sua má conduta, hei-de escutá-lo desde o céu, perdoarei os seus pecados e curarei dos males o seu país. 15Doravante os meus olhos estarão abertos e os meus ouvidos estarão atentos às preces feitas neste lugar, 16pois escolhi e consagrei este templo para que o meu nome resida nele para sempre. Nele estarão sempre os meus olhos e o meu coração. 17E tu, se andares na minha presença, como fez o teu pai David, e puseres em prática tudo o que Eu prescrevi, e observares as minhas leis e os meus preceitos, 18consolidarei o trono da tua realeza, como prometi a teu pai David, dizendo-lhe: ‘Jamais faltará um descendente teu para governar Israel.’
19Mas se vos desviardes de mim e negligenciardes os preceitos e os mandamentos que vos dei, adorando outros deuses e prestando-lhes culto, 20então, tirar-vos-ei do país que vos dei e desprezarei este templo que consagrei ao meu nome, o qual será objecto de riso e escárnio para todas as nações.
21Este templo, que era tão glorioso, será, para quantos passarem por ele, ocasião de espanto, pois dirão: ‘Por que razão o Senhor tratou desta maneira este país e este templo?’ 22E ouvirão como resposta: ‘Porque abandonaram o Senhor, o Deus de seus pais, que os fizera sair do Egipto, e se apegaram a outros deuses, prostrando-se em adoração diante deles. Foi por isso que Ele fez cair sobre eles todas estas calamidades.’»
Capítulo 8
Outras actividades de Salomão (1 Rs 9,10-28) – 1Em vinte anos, Salomão concluiu a construção do templo do Senhor e do seu próprio palácio; 2reconstruiu, também, as cidades que Huram lhe tinha dado e estabeleceu nelas os filhos de Israel. 3Em seguida, marchou contra Hamat de Soba e apoderou-se dela.
4Construiu Tadmor, no deserto, e todas as cidades que lhe serviam de entreposto, na região de Hamat. 5Edificou Bet-Horon de Cima e Bet-Horon de Baixo, cidades fortificadas com muralhas, portas e ferrolhos. 6Construiu igualmente Baalat e todas as cidades que serviam de entreposto a Salomão, as cidades onde guardava os carros de combate e a cavalaria. Tudo isto, Salomão construiu em Jerusalém, no Líbano e em todo o território do seu domínio. 7Havia no país uma população que não pertencia a Israel: hititas, amorreus, perizeus, heveus e jebuseus.
8Eram descendentes dos povos que tinham ficado no país e que Israel não exterminou. Salomão recrutou-os para trabalhos forçados, o que acontece ainda hoje.
9Nenhum filho de Israel foi reduzido ao trabalho de escravo ou a trabalhos servis em favor de Salomão, porque eles eram guerreiros, chefes das suas tropas, comandantes dos carros e da cavalaria. 10O número dos capatazes, colocados pelo rei à frente dos operários, era de duzentos e cinquenta.
11Salomão mandou vir a filha do Faraó da cidade de David para a casa que lhe construiu; pois disse: «A minha mulher não deve habitar na casa de David, rei de Israel. Esta habitação, na qual entrou a Arca do Senhor, é um lugar sagrado.» 12Então, Salomão ofereceu ao Senhor holocaustos sobre o altar que construíra diante do pórtico. 13Todos os dias oferecia os sacrifícios prescritos por Moisés: nos sábados, nas festas da Lua-nova e nas três festas do ano, isto é, na festa dos Ázimos, na festa das Semanas e na festa das Tendas.
14Conforme as disposições tomadas por seu pai David, distribuiu as diversas classes de sacerdotes segundo as suas funções, e os levitas segundo o seu encargo de cantores e o seu ministério quotidiano, como ajudantes dos sacerdotes; e, da mesma forma, distribuiu os porteiros para cada porta, de acordo com a sua categoria. Assim David, o homem de Deus, havia ordenado. 15Tanto os sacerdotes como os levitas cumpriram pontualmente todas as ordens do rei e todas as suas disposições, relacionadas com a guarda dos tesouros.
16Desta forma foi terminada toda a obra de Salomão, desde as fundações do templo do Senhor até ao seu pleno acabamento. 17Então Salomão partiu para Ecion-Guéber e Elat, nas praias do mar, no país de Edom. 18Huram enviou-lhe, por meio dos seus servos, navios e marinheiros experimentados. Foram a Ofir, com os servos de Salomão, e de lá trouxeram quatrocentos e cinquenta talentos de ouro para o rei Salomão.
Capítulo 9
A rainha de Sabá em Jerusalém (1 Rs 10,1-13) – 1A rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão. A fim de o provar por meio de enigmas, veio a Jerusalém, acompanhada de numeroso séquito, de camelos carregados com aromas e grande quantidade de ouro e pedras preciosas. Quando chegou à presença de Salomão, expôs tudo o que tencionava dizer-lhe. 2Mas Salomão respondeu a todas as perguntas, sem haver nenhuma questão difícil que ele não lhe soubesse explicar. 3A rainha de Sabá encheu-se de admiração ao ver a sabedoria do rei, a casa real que ele construíra para si, 4os manjares da sua mesa, os aposentos dos seus servos, a habitação e vestes dos seus lacaios, os seus copeiros e os seus trajes, e os holocaustos que oferecia no templo do Senhor.
Impressionada com tudo isto, 5disse ao rei: «É verdade tudo quanto eu ouvi dizer no meu país a respeito das tuas obras e da tua sabedoria. 6Não queria acreditar antes de ter chegado e de ver com os meus próprios olhos. Pois bem, o que me tinham dito era apenas metade da tua imensa sabedoria; tu superas a fama que de ti chegou aos meus ouvidos. 7Felizes os teus homens! Felizes os teus servos! Felizes quantos estão ao teu serviço, sempre diante de ti, e ouvem a tua sabedoria! 8Bendito seja o Senhor, teu Deus, que te escolheu e colocou no seu trono, como rei ao serviço do Senhor, teu Deus! Foi por causa do seu amor a Israel, que Ele quer conservar para sempre, que te fez rei, para que cumpras a justiça e o direito.» 9Depois, presenteou o rei com cento e vinte talentos de ouro, grande quantidade de aromas e pedras preciosas. Jamais se viram tantos aromas como os que a rainha de Sabá deu ao rei Salomão.
10Os servos de Huram e os de Salomão que tinham trazido o ouro de Ofir, trouxeram também madeira de sândalo e pedras preciosas. 11Com a madeira de sândalo, o rei fez o soalho do templo do Senhor e do palácio real, bem como as harpas e as liras dos cantores. Jamais se vira semelhante madeira no país de Judá.
12O rei Salomão presenteou a rainha de Sabá com tudo o que ela pediu e desejou, mais do que ela tinha trazido ao rei. Depois, ela regressou à sua terra, com os seus servos.
Riquezas de Salomão (1 Rs 10,14-29) 13O peso do ouro que era trazido a Salomão, cada ano, era de seiscentos e sessenta e seis talentos, 14além do que recebia dos impostos cobrados aos viajantes e comerciantes. Todos os reis da Arábia e os governadores das províncias traziam ouro e prata a Salomão. 15O rei Salomão mandou fazer duzentos escudos de ouro batido, cada um dos quais tinha seiscentos siclos de ouro; 16e mandou fazer igualmente trezentos pequenos escudos de ouro batido, cada um dos quais tinha trezentos siclos de ouro. O rei colocou-os no palácio do Bosque do Líbano.
17Mandou também construir um grande trono de marfim, revestido de ouro puro. 18Este trono tinha seis degraus, com um estrado de ouro, fixado no trono. Dos dois lados do assento havia apoios, flanqueados por leões. 19Outros doze leões estavam colocados, de um lado e de outro, sobre os seis degraus. Para nenhum rei se fez coisa semelhante.
20Todas as taças do rei Salomão eram feitas de ouro, e todo o vasilhame do palácio do Bosque do Líbano era de ouro fino. A prata, nem se fazia caso dela, no tempo de Salomão. 21Com efeito, o rei tinha navios que iam a Társis com os servos de Huram e, uma vez cada três anos, a frota regressava de Társis carregada de ouro, prata, marfim, macacos e pavões.
22Desta forma, pela sua riqueza e sabedoria, o rei Salomão avantajava-se a todos os reis da terra. 23Todos eles procuravam vir à presença de Salomão, a fim de escutar a sabedoria que Deus infundira em seu coração. 24Cada um lhe trazia, todos os anos, a sua oferenda: objectos de prata e ouro, vestes, armas, perfumes, cavalos e mulas. 25Salomão possuía quatro mil cavalariças para cavalos e carros, e doze mil cavaleiros, que destacou para as cidades onde estavam os seus carros, e em Jerusalém, junto de si. 26Dominava sobre todos os reis, desde o rio Eufrates até ao país dos filisteus e à fronteira do Egipto.
27Graças a ele, a prata tornou-se, em Jerusalém, tão comum como as pedras, e os cedros tão numerosos como os sicómoros da região da Chefela. 28Traziam a Salomão cavalos do Egipto e de todos os países.
Morte de Salomão (1 Rs 11,41-43) – 29O resto dos feitos de Salomão, dos primeiros aos últimos, está escrito nas Palavras do profeta Natan, na Profecia de Aías de Silo e na Visão do vidente Jedo acerca de Jeroboão, filho de Nabat. 30Salomão reinou em Jerusalém, sobre todo o Israel, durante quarenta anos. 31Depois disto, Salomão adormeceu com os seus pais e foi sepultado na cidade de David, seu pai. Seu filho Roboão sucedeu-lhe no trono.
Capítulo 10
IV. HISTÓRIA DOS REIS DE JUDÁ (10,1-36,23)
Divisão do reino de Salomão (1 Rs 12,1-19) – 1Roboão partiu para Siquém, onde todo o Israel se reunira para o proclamar rei. 2Mas Jeroboão, filho de Nabat – que estava nesse momento no Egipto, para onde fugira por causa do rei Salomão – quando soube disto, regressou do Egipto. 3Mandaram chamar Jeroboão e ele veio com todo o Israel.
Falaram assim a Roboão: 4«O teu pai impôs-nos um jugo pesado. Alivia, pois, esta dura servidão do teu pai e o pesado jugo que ele nos impôs, e seremos teus servos.» 5Ele respondeu-lhes: «Voltai à minha presença dentro de três dias.» E a multidão retirou-se.
6Então, o rei Roboão aconselhou-se com os anciãos que haviam estado ao serviço de seu pai Salomão enquanto viveu: «Que me aconselhais que responda a este povo?» 7Disseram-lhe: «Se te mostrares bom para com este povo e lhe deres ouvidos e lhe falares com benevolência, ele será teu servo para sempre.» 8Mas Roboão negligenciou o conselho dos anciãos e foi consultar os jovens, seus companheiros de infância, que tinham crescido com ele e estavam ao seu serviço. E disse-lhes: 9«E vós, que me aconselhais? Que devemos responder ao pedido deste povo, que me pede para aliviar o jugo imposto por meu pai?» 10Os jovens, seus companheiros de infância, responderam-lhe:
«Eis as palavras que dirás ao povo, que te disse: ‘Teu pai colocou sobre nós um jugo pesado, alivia-nos dele.’ Dir-lhe-ás: ‘O meu dedo mínimo é maior do que o tronco do meu pai. 11Meu pai impôs-vos um jugo pesado? Eu vo-lo tornarei ainda mais pesado. Ele castigou-vos com açoites? Eu vos castigarei com azorragues.’»
12Três dias depois, Jeroboão, com toda a multidão, apresentou-se diante de Roboão, pois o rei dissera: «Voltai à minha presença dentro de três dias.» 13O rei respondeu-lhes com dureza. Desprezou o conselho dos anciãos 14e seguiu o conselho dos jovens, dizendo:
- «Meu pai impôs-vos um jugo pesado?
- Eu hei-de torná-lo ainda mais pesado.
- Meu pai castigou-vos com açoites?
- Eu hei-de castigar-vos com azorragues.»
15Assim, pois, o rei não escutou o povo, porque isso era uma disposição divina para a realização da promessa que Deus fizera a Jeroboão, filho de Nabat, por meio de Aías de Silo. 16Ao ver que o rei não o escutava, o povo de Israel declarou-lhe:
- «Que temos a ver com David?
- Nada temos de comum com o filho de Jessé.
- Todos para as suas tendas, ó Israel!
- E tu, David, cuida da tua casa!»
E todo o Israel voltou para as suas casas. 17Roboão reinou somente sobre os filhos de Israel que habitavam nas cidades de Judá. 18O rei Roboão enviou depois, como mediador, Hadoram, encarregado dos trabalhos forçados, mas os filhos de Israel apedrejaram-no e ele morreu. Então, o rei conseguiu subir para o seu carro e fugir para Jerusalém.
19Assim se separou Israel da casa de David, até ao dia de hoje.