Capítulo 11

Mulheres estrangeiras e pecado de Salomão1O rei Salomão amou muitas mulheres es­trangeiras: a filha do Faraó e além disso moabitas, amonitas, edomitas, sidónias e hititas. 2Eram oriundas de povos de quem o Senhor dissera aos filhos de Israel: «Não tomareis deles mulheres para vós nem eles se casarão com as vossas, porque cer­ta­­mente haviam de perverter os vos­sos corações, arrastando-os para os seus deuses.» Foi precisamente a estes po­vos que Salomão se ligou, por causa dos seus amores. 3Teve setecentas esposas de sangue nobre e trezentas concubinas. Foram as suas mulhe­res que lhe perverteram o coração.

4Na idade senil de Salomão, as suas mulheres desviaram-lhe o cora­­ção para outros deuses; e assim o seu coração já não era inteiramente do Senhor, seu Deus, contraria­mente ao que sucedeu com David, seu pai. 5Foi atrás de Astarté, deu­sa dos si­dó­nios, e de Milcom, abomi­nação dos amonitas. 6Salomão fez o mal aos olhos do Senhor e não se­guiu intei­ramente o Senhor, como David, seu pai. 7Por essa altura, ergueu Salo­mão um lugar alto a Ca­mós, deus de Moab e a Moloc, ídolo dos amonitas, sobre o monte que fica mesmo em frente de Jerusalém. 8E fez o mesmo por todas as suas mulheres estran­geiras, que queima­vam incenso e sa­cri­ficavam aos seus deuses. 9O Se­­­­nhor irritou-se contra Salomão, pois o seu coração se afas­tara do Senhor, Deus de Israel, que se lhe tinha reve­lado por duas vezes, 10e lhe ordenou sobre estas coisas para não seguir os deuses estran­geiros. Ele, porém, não cumpriu o que o Se­nhor lhe prescrevera.

11Então o Senhor disse-lhe: «Já que proce­deste assim e não guardaste a minha aliança nem as leis que te prescrevi, vou tirar-te o reino e vou dá-lo a um dos teus ser­vos. 12Entre­tanto, não o farei durante a tua vida, por causa de David teu pai; é das mãos de teu filho que Eu o arrancarei. 13Mas não hei-de tirar-lhe toda a realeza: deixarei uma tri­bo ao teu filho, por causa de Da­vid, meu servo, e por causa de Jeru­salém que Eu escolhi.»


Inimigos de Salomão14O Senhor suscitou um inimigo a Salomão: Ha­dad, o edomita, da estirpe real de Edom. 15Isto aconteceu no tempo em que David combatia contra Edom, quando Joab, chefe do exército, foi sepultar os mortos e matou todos os homens de Edom. 16De facto, Joab de­morou-se por ali seis meses com todo o Israel, até ter exterminado todos os varões de Edom. 17Então Hadad fugiu com os edomitas, ser­vos de seu pai, em direcção ao Egipto. 18Hadad, por essa altura, era uma criança de poucos anos. Partiram de Madian e caminharam até Paran; dali entra­ram no Egipto, levando con­sigo ho­mens de Paran; entraram no Egipto e apresentaram-se ao fa­raó, rei do Egipto, que lhes deu casa e ali­mento e lhes doou algumas ter­ras. 19Hadad conquistou a simpa­tia do Fa­raó, e este deu-lhe por mu­lher a sua cunhada, irmã da rainha Tafnes. 20A irmã de Tafnes gerou-lhe Guenu­bat, seu filho, que ela criou na casa do Faraó, onde viveu entre os filhos do próprio Fa­raó. 21Hadad ouviu dizer no Egipto que David adormecera com seus pais, e que também morrera Joab, chefe do exército. Por isso, disse ao Faraó: «Deixa-me partir e irei para a mi­nha terra.» 22O Faraó respondeu-lhe: «Mas que é que te falta em mi­nha casa, para assim desejares regressar tão de­pressa à tua terra?» E Hadad res­pon­deu: «Não me falta nada; mas, mes­mo assim, deixa-me partir.» 23Deus sus­citou-lhe outro inimigo: Re­­­­zon, filho de Eliadá, que tinha fu­gido a seu se­nhor, Hadad-Ézer, rei de Soba. 24Reu­niu homens à sua volta e tornou-se chefe de quadri­lha. Uma vez que Da­vid os dizi­mava, fu­giram para Da­­masco, onde se esta­belece­ram, e elegeram-no rei de Damasco. 25Foi inimigo de Israel durante toda a vida de Salomão. Mal que fez Ha­dad: detestou Israel e reinou em Aram.


Revolta de Jeroboão (12,1-15) – 26Tam­bém Jeroboão, filho de Na­bat, efrateu de Sereda, cuja mãe, viúva, se chamava Serua, apesar de ser servo de Salomão, revoltou-se con­tra o rei. 27A razão de ele se ter revoltado contra o rei foi o facto de Salomão ter edificado Milo para ta­par as brechas da cidade de David, seu pai. 28Ora este homem, Jero­boão, era forte e enérgico, e Salo­­mão ti­nha reparado no jovem quando este andava a trabalhar; encarregou-o, por isso, de exercer vigilância so­bre toda a corveia da casa de José. 29Su­cedeu, porém, que, por essa al­tura, saindo Jeroboão de Jerusalém, o profeta Aías de Silo encontrou-o no caminho. Aías es­tava coberto com um manto novo, e estavam só os dois no campo. 30Então, Aías tomou o manto novo com que se cobria e rasgou-o em doze pedaços. 31E disse a Jeroboão: «Toma dez pedaços para ti, pois assim diz o Senhor, Deus de Israel: ‘Eis que Eu vou tirar o reino das mãos de Salomão e dar-te-ei as dez tribos. 32Ficar-lhe-á, porém, uma tribo por causa do meu servo David e da cidade de Jerusalém, que Eu escolhi de entre todas as tribos de Israel. 33É que eles abandonaram-me e prostraram-se diante de As­tarté, deusa dos sidónios, de Camós, deus de Moab e de Milcom, deus dos filhos de Amon; não andaram nos meus caminhos nem fizeram o que é recto a meus olhos, segundo as mi­nhas leis e os meus costumes, como fez David, seu pai. 34Mesmo assim, não tirarei todo o reino das suas mãos, porque o estabeleci firme­mente como chefe por todos os dias da sua vida, por causa de David, meu servo, que Eu escolhi e que guardou os meus mandamentos e as minhas leis. 35Mas vou tirar o rei­no das mãos de seu filho e dar-to-ei a ti: dez tribos. 36Darei a seu filho uma tribo, a fim de que o meu servo David tenha sem­pre uma lâmpada diante de mim na cidade de Jerusa­lém que escolhi para mim, a fim de estabelecer lá o meu nome. 37A ti tomar-te-ei para reinares em tudo o que o teu cora­ção desejar; tu serás rei de Israel!

38Se ouvires tudo o que te mando, andares nos meus caminhos e fize­res o que é recto a meus olhos, guar­dando as minhas leis e os meus man­damen­tos, como fez David, meu servo, também Eu estarei contigo e hei-de construir-te uma casa firme, como edi­fiquei para David: entre­ga­rei Is­rael nas tuas mãos. 39Humi­lha­rei com isso a estirpe de David, mas não será para sempre!’»

40Salomão procurou matar Jero­boão; mas ele levantou-se e fugiu para o Egipto, para junto de Chi­chac, rei do Egipto, onde perma­neceu até à morte de Sa­lomão.


Fim do reinado de Salomão (2 Cr 9,29-31) – 41O resto das palavras de Salomão, tudo o que ele fez, a sua ciên­cia, está escrito no Livro dos Anais de Salomão. 42A duração do reinado de Salomão em Jerusalém, sobre todo o Israel, foi de quarenta anos. 43De­pois, Salomão morreu, jun­tando-se a seus pais, e foi sepul­tado na cidade de David, seu pai; seu fi­lho Roboão subiu ao trono no seu lugar.

Capítulo 12

II. Divisão do reino Reis de Israel (12,1-22,54)

Roboão em Siquém. Divi­são do reino (11,26-40; 2 Cr 10,1-19) – 1Roboão foi a Siquém, porque todo o Israel se reunira em Siquém para o proclamar rei. 2Ora, quando Jeroboão, filho de Nabat, teve conhe­ci­mento disso encon­trava-se ainda no Egipto, pois tinha fu­gido da pre­sença do rei Salomão e residia no Egipto. 3Mandaram, pois, chamá-lo; Jeroboão veio com toda a assem­bleia de Israel para falarem com Roboão, dizendo: 4«Teu pai tor­nou pesado o nosso jugo; tu, agora, alivia-nos da pesada escravidão de teu pai, do pe­sado jugo que ele nos impôs, e nós te serviremos!» 5Ele respondeu-lhes: «Ide-vos embora; dentro de três dias voltareis à mi­nha presença.» E o povo foi-se em­bora. 6Então o rei consul­tou os anciãos que sempre tinham sido os conselheiros de Salomão, seu pai, enquanto vi­veu, dizendo: «Que me aconselhais que responda a este povo?» 7Eles res­­­pon­deram: «Se hoje te fizeres ser­vo deles, se fores con­descen­dente, se lhes falares com pala­­vras agradá­veis, eles serão teus ser­vidores por todo o sempre.»

8O rei, porém, rejei­tando o con­se­lho que lhe tinham dado os anciãos, foi acon­se­lhar-se junto dos jovens, seus compa­nheiros de infância, e que esta­vam então ao seu serviço. 9E disse-lhes: «A este povo que me disse: ‘Ali­via o jugo que teu pai nos impôs’, que me aconse­lhais vós que responda?» 10Os jovens, seus com­pa­nheiros de in­fân­cia, responderam-lhe, dizendo: «A esse povo que te fa­lou, dizendo: ‘O teu pai tornou pe­sado o nosso jugo; alivia-nos dele’, res­ponderás assim: ‘O meu dedo mindinho é mais grosso do que os rins do meu pai. 11Dora­vante, já que meu pai vos carregou com um jugo pesado, eu vou torná-lo ainda mais pe­sado; meu pai casti­gou-vos com açoi­tes; pois eu vos casti­ga­rei com azo­r­ra­gues!’»

12Jeroboão e todo o povo vieram ter com Roboão ao terceiro dia, con­forme o rei tinha dito: «Vinde ter comigo ao terceiro dia.» 13O rei res­pondeu asperamente ao povo, des­pre­zando o conselho que os anciãos lhe tinham dado, 14e falou-lhes con­forme o acon­selharam os jovens di­zendo: «Meu pai impôs-vos um jugo muito pesado? Pois eu vos aumen­ta­rei ainda o peso! Meu pai casti­gou-vos com açoites? Pois eu vos casti­garei com azorra­gues!» 15O rei não ouviu o povo, pois foi este o meio usado indirecta­mente pelo Senhor para cumprir a sua pa­la­vra, que Ele dissera a Jeroboão, fi­lho de Nabat, por meio de Aías de Silo.

16Todo o Israel viu então que o rei não queria ouvi-los, e replicaram assim ao rei: «Que temos nós a ver com David? Nós não temos herança com o filho de Jessé! Vai para as tuas tendas, Israel! A partir de agora, cuida da tua casa, David!» E Israel foi para as suas tendas. 17Mas Ro­boão continuou a reinar sobre os fi­lhos de Israel que ficaram nas cida­des de Judá. 18O rei Roboão dele­gou Adoram como superintendente dos tributos, mas todo o Israel o apedre­jou e ele morreu. Então o rei Roboão saiu pre­cipitadamente no seu carro e fu­giu para Jerusalém. 19Israel es­teve em revolta contra a casa de David até ao dia de hoje.

20Quando todo o Israel teve co­nhe­cimento de que Jeroboão tinha regressado, man­da­ram-no chamar à assembleia e no­mea­ram-no rei sobre todo o Is­rael. Não houve quem se­guisse a casa de David a não ser uni­­camente a tribo de Judá. 21Ro­boão chegou a Jerusa­lém, reuniu toda a casa de Judá e a tribo de Benjamim, ou seja, cento e oitenta mil guerrei­ros de elite, para lutar contra a casa de Israel, a fim de restituir o reino a Roboão, filho de Salomão. 22Foi en­tão que a pala­vra de Deus foi diri­gida ao ho­mem de Deus Chemaías, dizendo: 23«Fala a Roboão, filho de Sa­lomão, rei de Judá, e a toda a casa de Judá e Ben­jamim e ao restante povo e diz-lhes: 24Assim fala o Se­nhor: ‘Não façais guerra contra os vossos ir­mãos, os filhos de Israel! Volte cada qual para a sua casa, pois fui Eu mesmo quem provocou este aconte­ci­mento.’» Eles ouviram as pa­lavras do Se­nhor e voltaram para proce­de­rem segundo a palavra do Senhor.


Reinado de Jeroboão (931-910). Cis­ma religioso25Jeroboão edi­ficou Siquém na montanha de Efraim e viveu ali. Depois saiu de lá e edifi­cou Penuel. 26E disse Jero­boão para consigo: «Como as coisas estão, pode muito bem o reino voltar para a casa de David. 27Se este povo con­tinua a su­bir à casa do Senhor que está em Jerusalém para aí oferecer sacrifí­cios, o coração deste povo é capaz de regressar a Roboão, seu senhor, rei de Judá! Hão-de esmagar-me e re­gressarão a Roboão, rei de Judá.» 28Então, o rei deliberou para consigo e mandou fazer dois bezerros de ouro e disse-lhes: «Vós tendes subido a Jerusalém com dema­siada frequên­cia. Aqui estão os vossos deuses, ó Israel, aqueles que vos fizeram sair da terra do Egipto.»

29E colocou um em Betel e o outro em Dan. 30Nisto consistiu o pecado: o povo pôs-se em marcha à frente de um dos bezerros até Dan. 31Jero­boão construiu tem­plos nos lugares altos, nomeou sacer­dotes de entre a massa do povo, que não eram filhos de Levi. 32Jeroboão instituiu ainda uma festa no oitavo mês, no décimo quinto dia do mês, como a festa que se cele­brava em Judá; ele mesmo subiu ao altar. Assim fez também em Betel, para sa­crificar aos bezerros que tinha man­dado fa­zer. Estabeleceu em Be­tel sa­cerdo­tes dos lugares altos que tinha instituído. 33No décimo quinto dia do oitavo mês, data que por seu arbí­­trio instituira, subiu ao altar que levantara em Betel; celebrou uma festa para os filhos de Israel e ele mesmo subiu ao altar para queimar o incenso.

Capítulo 13

Um profeta repreende Je­ro­boão1Estando Jeroboão de pé diante do altar para apre­sen­tar um sacrifício, eis que vem de Judá a Betel, por ordem do Senhor, um ho­mem de Deus. 2Pôs-se a cla­mar con­tra o altar, segundo a pala­vra do Se­nhor, dizendo: «Altar! Altar! Assim fala o Senhor. Um filho vai nascer à casa de David que se há-de chamar Josias; e ele dego­lará sobre ti os sa­cerdotes dos luga­res altos que agora queimam sobre ti o incenso; sobre ti serão queima­dos ossos hu­manos.»

3Nesse mesmo dia deu um sinal, dizendo: «Este é o sinal que o Se­nhor pronunciou: Eis que o altar vai abrir fendas; e vai espalhar-se a cinza que está sobre ele!» 4Quando ouviu as palavras que o homem de Deus gritou contra o altar em Betel, Jeroboão estendeu o braço contra o altar e disse: «Prendei-o!» Mas a mão que estendera contra o homem de Deus secou-se-lhe, de modo que não a podia mexer. 5O altar abriu fen­das e a cinza que estava sobre ele espa­lhou-se, con­forme o sinal que o ho­mem de Deus tinha dado, por ordem do Se­nhor. 6Então o rei disse ao homem de Deus: «Aplaca o Senhor, teu Deus; roga por mim para que eu volte a ter sã a minha mão!» O ho­mem de Deus rogou ao Senhor e a mão do rei voltou para ele, e estava tal como era antes.

7Então o rei fa­lou ao homem de Deus: «Vem comigo a minha casa para te restabeleceres e dar-te-ei um presente.» 8O homem de Deus disse ao rei: «Nem que me desses metade da tua casa, eu não iria contigo! E não comerei o pão nem beberei água neste lugar. 9Pois tal é a ordem que recebi do Senhor, que me disse: ‘Não comerás pão, não beberás água nem regressarás pelo caminho por onde foste.’» 10E foi-se embora por outro caminho, sem re­gres­sar pelo cami­nho por onde fora para Betel.

11Morava em Betel um profeta idoso; seus filhos vieram ter com ele e contaram-lhe tudo quanto fizera nesse dia o homem de Deus, em Be­tel. Todas as palavras que ele dis­sera ao rei, contaram-nas igual­mente ao seu pai. 12O pai pergun­tou-lhes: «Por qual caminho foi ele?» Os filhos infor­maram-no acerca do caminho por onde se fora o homem de Deus vindo de Judá. 13Disse ele então aos seus filhos: «Selai-me o jumento!» Eles selaram-lho e ele montou.

14Partiu logo no encalço do ho­mem de Deus e alcançou-o quan­do ele estava sen­tado debaixo de um tere­binto; e disse-lhe: «És tu o ho­mem de Deus que veio de Judá?» Ele res­pondeu: «Sou eu mes­mo.» 15En­tão disse-lhe: «Vem comigo à mi­nha casa, comer um pouco de pão.» 16Ele res­pondeu: «Não posso voltar atrás nem ir contigo; não come­rei pão, nem bebe­rei água contigo neste lugar. 17É que o Senhor dirigiu-me a palavra para que não comesse pão aqui nem be­besse água, nem vol­­tasse pelo mesmo caminho por onde vim para aqui.» 18Disse-lhe en­tão: «Também eu sou profeta como tu, e um anjo disse-me: Palavra do Se­nhor: ‘Fá-lo voltar con­tigo para tua casa e fá-lo comer pão e beber água.’» Ele mentia-lhe! 19O homem de Deus vol­tou com ele, comeu pão em sua casa e bebeu água.

20Ora quando eles estavam sen­ta­dos à mesa, a palavra do Senhor foi dirigida ao profeta que o tinha feito voltar. 21E o velho profeta cla­mou ao homem de Deus que tinha vindo de Judá, dizendo: «Assim fala o Senhor: Já que desobedeceste ao Senhor e não guardaste a ordem que o Senhor Deus te deu; 22já que voltaste atrás, comeste pão e be­beste água no lugar acerca do qual te dis­sera: ‘Não comerás aí pão, nem bebe­rás água’, o teu cadáver não regres­sará ao túmulo dos teus pais.» 23De­pois de o homem de Deus ter comido pão e ter bebido, o profeta selou-lhe o jumento e ele partiu. 24Pelo caminho en­controu um leão, que o matou; o seu cadáver ficou estendido no cami­nho e, junto dele, o jumento de um lado, e do outro o leão. 25Eis que en­tão os transeuntes viram o cadá­ver estendido no caminho e o leão pos­tado junto do cadáver; vieram então contar isso na cidade em que habi­tara o velho profeta. 26 Ouviu isto o profeta que o tinha feito vol­tar, e disse assim o homem de Deus: «Este é o homem de Deus que deso­bede­ceu ao Senhor; o Senhor en­tregou-o ao leão que o dilacerou e matou, segundo a palavra que o Senhor lhe dissera.» 27E falou com os seus fi­lhos, dizendo: «Selai-me o jumento.» Eles selaram-no. 28Partiu então e encontrou o cadáver esten­dido no ca­mi­nho, tendo a seu lado o jumento e o leão. O leão não devo­rara o cadá­ver nem tinha quebrado um osso ao jumento. 29O profeta to­mou o cadá­ver do homem de Deus, pô-lo sobre o jumento e levou-o. O velho profeta voltou para a cidade para cumprir o luto e sepultá-lo. 30De­positou o cadá­ver no seu tú­mulo e chorou sobre ele, dizendo: «Ai, meu irmão!» 31De­pois de tê-lo sepultado falou aos seus fi­lhos, dizendo: «Quando eu morrer, haveis de me sepultar no túmulo em que está sepultado o homem de Deus; poreis os meus ossos ao lado dos ossos dele. 32Mas tem de se cumprir inexoravelmente a ameaça que ele gritou como palavra do Senhor con­tra o altar que está em Betel e con­tra todos os templos dos lugares altos que há nas cidades da Sama­ria.»

33Não obstante estas palavras, Je­­ro­boão não se converteu da sua conduta perversa. Mas continuou a fazer sacerdotes dos lugares altos a homens oriundos da massa do povo; a quem ele queria, consagrava-os e fi­cavam sacerdotes dos lugares altos.

34Nisto é que consistiu o pecado da casa de Jeroboão; por isso é que ela foi destruída e desa­pa­receu da face da terra.

Capítulo 14

Aías prediz a morte do fi­lho de Jeroboão1Por essa altura, Abias, filho de Jeroboão, caiu doente. 2Jeroboão disse pois à sua esposa: «Levanta-te, por favor, dis­farça-te, para que não reconhe­çam que és a mulher de Jeroboão, e vai a Silo; lá se encontra Aías, o profeta; ele disse de mim que eu hei-de rei­nar sobre este povo. 3Leva contigo dez pães, bolos e um pote de mel e vai ao seu encontro. Ele te contará o que está para acontecer ao rapaz.»

4A esposa de Jeroboão assim fez. Levantou-se e foi a Silo, à casa de Aías. Ele já não conseguia ver; por causa da velhice, os seus olhos ti­nham paralisado. 5O Senhor, po­rém, falou assim a Aías: «Eis que a es­posa de Jeroboão vem à procura de uma palavra tua sobre o seu filho que está doente; dir-lhe-ás assim e assim.» Ao chegar, ela fez-se passar por outra pessoa. 6Aías, ao ouvir o ruído dos seus pés, quan­do ela che­gava à sua porta, disse-lhe: «Entra, ó mulher de Jero­boão; porque é que te queres fazer passar por outra? Eu fui enviado para te falar com du­reza. 7Vai e diz a Jeroboão: Assim falou o Senhor, Deus de Israel: ‘Eu tirei-te do meio do povo, e estabe­leci-te chefe do meu povo de Israel. 8Eu arreba­tei a realeza da casa de David para ta dar a ti; mas tu não foste como o meu servo David, que cumpriu os meus preceitos e os se­guiu de todo o coração, fazendo sem­pre o que era justo aos meus olhos. 9Mas tu pro­cedeste pior do que todos quantos vieram antes de ti; tu fi­zeste para ti outros deuses e estátuas, a ponto de me desagra­dares; a mim, deixaste-me atrás das costas. 10Por isso, eis que Eu vou lançar uma des­graça so­bre a casa de Jeroboão; ar­ran­carei de Jeroboão todos os homens, sejam eles escra­vos ou sejam homens li­vres em Israel; vou varrer os descenden­tes da casa de Jeroboão como se varre o esterco até desaparecer. 11Quan­do alguém de Jeroboão mor­rer na ci­dade, hão-de comê-lo os cães; e quando al­guém morrer no campo, comê-lo-ão as aves do céu, pois que o Senhor falou.’ 12E tu levanta-te, vai para tua casa; mal teus pés entrem na cidade, morrerá o menino. 13Todo o Israel o há-de chorar, e lhe darão sepultura; ele será o único da casa de Jeroboão a entrar num túmulo; pois, da casa de Jeroboão, só nele se encontrou algo de bom para o Se­nhor Deus de Israel. 14O Senhor suscitará um rei sobre Israel, o qual destruirá a casa de Jeroboão. E isto é para hoje. Melhor, é para já! 15O Senhor ferirá Israel; tal como se agita nas águas o caniço, Ele arran­cará Israel desta boa terra, que dera a seus pais, e o dispersará para além do rio Eufra­tes, porque ergueram monu­men­tos a Achera, irritando o Senhor. 16Ele entregará Israel, por causa dos cri­mes de Jeroboão, os que ele come­teu e os que fez cometer a Israel’.»

17A esposa de Jeroboão levan­tou-se, partiu e foi para Tirça; quando chegou ao limiar da porta de casa, o menino morreu. 18Sepulta­ram-no e todo o Israel celebrou luto por ele, conforme a palavra do Se­nhor, trans­­mitida por meio do seu servo, o profeta Aías. 19O resto dos feitos de Jeroboão, as guerras que fez e o seu reinado, tudo isso está narrado no Livro dos Anais dos Reis de Israel.

20O reinado de Jeroboão du­rou vinte e dois anos. Depois morreu, jun­tando-se a seus pais. Sucedeu-lhe no rei­nado seu filho Nadab.


Roboão, rei de Judá (931-914) (2 Cr 11,5-12,16) – 21Roboão, filho de Salo­mão, tornou-se rei em Judá; ti­nha quarenta e um anos, quando se tor­nou rei. Reinou dezassete anos em Jerusalém, a cidade que o Se­nhor escolhera de entre todas as tribos de Israel, para ali colocar o seu nome. O nome de sua mãe era Naamá, a amo­nita. 22Ora Judá fez o mal dian­te dos olhos do Senhor e, com os peca­dos que cometeu, provo­cou mais o seu ciúme do que o tinham feito os seus pais com os pecados que come­te­ram. 23Edifica­ram para si lugares altos, altares e monumentos de Achera so­bre todas as altas colinas e debaixo de todas as árvores frondosas. 24Hou­ve mes­mo prostituição sagrada no país; pro­­cederam segundo todas as abo­mi­na­ções dos povos que o Senhor ti­nha expulsado para longe da face de Israel. 25No quinto ano do rei­nado de Roboão, Chichac, rei do Egipto, subiu contra Jerusalém. 26Apossou-se dos tesouros da casa do Senhor e do palácio real; levou tudo. Levou mesmo os escudos de ouro que Salo­mão tinha mandado fazer. 27O rei Roboão mandou então fazer es­cudos de bronze para os substituir, e entre­gou-os aos chefes dos corre­dores que vigiavam a entrada do palácio real. 28Sempre que o rei ia ao templo do Senhor, os corredores le­vavam os escudos; depois torna­vam a levá-los à sala dos corredores. 29O resto dos feitos de Roboão, tudo o que ele fez, tudo isso está escrito no Livro dos Anais dos Reis de Judá. 30Houve sem­pre guerra entre Roboão e Jeroboão.

31Roboão morreu, jun­tando-se a seus pais, e com eles foi sepultado na ci­dade de David; o nome de sua mãe era Naamá, a amonita; seu filho Abiam tornou-se rei em seu lugar.

Capítulo 15

Abiam, rei de Judá (915-913) (2 Cr 13,1-23) – 1No décimo oitavo ano do reinado de Jeroboão, filho de Nabat, Abiam tornou-se rei de Judá. 2Reinou durante três anos sobre Je­rusalém. Sua mãe chamava-se Maaca, filha de Absalão. 3Come­teu todos os pecados que seu pai tinha cometido antes dele; o seu coração não foi in­tegralmente fiel ao Senhor, seu Deus, como fora o de seu pai David.

4Foi por causa de seu pai David que o Se­nhor Deus lhe concedeu uma lâm­pada em Jerusalém, suscitando-lhe um filho para conservar Jeru­sa­lém. 5Isso foi porque David sempre tinha feito o que é recto aos olhos do Se­nhor, sem nunca se afastar em nada daquilo que Ele lhe tinha orde­nado todos os dias da sua vida, salvo no caso de Urias, o hitita. 6Houve guer­ra contínua entre Roboão e Jero­boão, todos os dias da sua vida. 7O resto da história de Abiam e tudo o que ele fez, tudo isso está escrito nos livros dos Anais dos Reis de Judá. Houve guerra continuamente entre Abiam e Jeroboão. 8Depois, Abiam morreu, juntando-se a seu pai, e foi sepul­tado na cidade de David. Su­ce­deu-lhe no trono seu filho Asa.


Asa, rei de Judá (912-871) (2 Cr 14,1-16,14) – 9No vigésimo ano do rei­nado de Jeroboão, rei de Israel, Asa tornou-se rei de Judá; 10reinou qua­renta e um anos em Jerusalém; sua mãe chamava-se Maaca, filha de Absa­­­lão. 11Asa fez o que é recto aos olhos do Senhor, como seu pai Da­vid. 12Expulsou do país a prosti­tui­ção sagrada e suprimiu todos os ídolos que seus pais tinham feito. 13Che­gou mesmo a privar sua mãe Maaca da função de rainha-mãe, por ter levantado um ídolo de Ache­ra; Asa arrancou esse ídolo infame e quei­mou-o no vale de Cédron. 14Mas os lugares altos não desapareceram.

Mesmo assim, o coração de Asa man­­teve-se íntegro diante do Se­nhor du­rante toda a sua vida. 15Le­vou para o templo do Senhor todos os objec­tos sagrados oferecidos por seu pai e por ele mesmo, a prata, o ouro e os utensílios.


Guerra contra o rei de Israel (2 Cr 16,1-10) – 16Entre Asa e Basa, rei de Israel, houve guerra durante toda a sua vida. 17Basa, rei de Israel, su­biu contra Judá e fortificou Ramá, para impe­dir todas as suas comuni­cações com Asa, rei de Judá. 18Asa tomou toda a prata e ouro que res­ta­vam nas reser­vas do templo do Se­nhor e do palá­cio real e depositou-os nas mãos dos seus servos e enviou-os a Ben-Hadad, filho de Tabrimon, fi­lho de Hezion, rei da Síria, que mo­rava em Damasco, para lhe dizer: 19«Há uma aliança entre mim e ti; entre o meu pai e o teu pai. Envio-te estes presentes de prata e de ouro; peço-te que rompas a tua aliança com Basa, rei de Is­rael, para que ele se afaste de mim.» 20Ben-Hadad ouviu o pedido do rei Asa; mandou os seus generais con­tra as cidades de Israel e devastou Ion, Dan, Abel-Bet-Maacá, toda a re­gião de Quinerot e ainda a terra de Neftali. 21Ao saber disso, Basa abandonou a fortificação de Ramá e ficou em Tirça. 22Então o rei Asa convocou toda a tribo de Judá, sem excepção, para recolher as pe­dras e as madeiras de Ramá que Basa fortificara e com elas fortificou Gueba de Benjamim e Mispá.

23O resto da história de Asa e tudo o que fez, as suas proezas e as cidades que cons­truiu, tudo está es­crito no Livro dos Anais dos Reis de Judá. Com a velhice adoeceu dos pés. 24Depois, Asa mor­reu, juntando-se a seus pais e foi sepultado com eles na cidade de seu pai David. Sucedeu-lhe no trono seu filho Josafat.


Nadab, rei de Israel (911-910) – 25Nadab, filho de Jeroboão tornou-se rei de Israel, no segundo ano de Asa, rei de Judá; reinou durante dois anos em Israel. 26Fez o mal aos olhos do Senhor; andou pelo caminho de seu pai, imitando os pecados com que ele fizera pecar Israel. 27Basa, filho de Aías, da casa de Issacar, conspi­rou contra ele e assassinou-o em frente a Guibeton dos filisteus, na altura em que Nadab e todo o Israel cer­cava essa cidade. 28Basa matou Nadab, no terceiro ano de Asa, rei de Judá, e sucedeu-lhe no trono. 29Logo que subiu ao trono, matou toda a famí­lia de Jeroboão, sem lhe deixar viva pessoa alguma; exterminou-os total­mente, conforme a palavra que o Se­nhor tinha proferido por intermédio do seu servo Aías de Silo, 30por causa dos pecados que Jeroboão cometera e fizera cometer a Israel, provo­cando assim a cólera do Senhor, Deus de Israel. 31O resto da história de Nadab bem como as suas acções, está tudo escrito no Livro dos Anais dos Reis de Israel. 32Houve guerra entre Asa e Basa, rei de Israel, durante toda a sua vida.


Basa, rei de Israel (910-887) – 33No terceiro ano de Asa, rei de Judá, Basa, filho de Aías, tornou-se rei em Is­rael. Reinou em Tirça durante vinte e quatro anos. 34Fez o mal diante do Senhor, seguindo as pegadas de Jero­boão e imitando os seus pecados, com os quais fizera pecar Israel.

Capítulo 16

Profecia de Jeú1A pa­la­vra do Senhor foi dirigida a Jeú, filho de Hanani, a propósito de Basa, dizendo: 2«Uma vez que te le­vantei do pó e te constituí chefe do meu povo de Israel, mas tu seguiste as pegadas de Jeroboão e fizeste pecar o meu povo de Israel a ponto de me ofender com seus pecados, 3Eu vou varrer Basa e a sua família, e vou tornar a tua casa como a casa de Jeroboão, filho de Nabat. 4Qual­quer membro da família de Basa que morra na cidade será comido pelos cães, e o que morrer no campo será pasto das aves do céu.»

5O resto dos actos de Basa, as suas acções e os seus feitos gran­diosos, está tudo escrito no Livro das Actas dos Reis de Israel. 6Basa morreu, jun­tando-se a seus pais, e foi sepultado em Tirça. Seu filho Elá sucedeu-lhe no trono. 7A palavra do Senhor trans­mitida por intermédio do profeta Jeú, filho de Hanani, fora pronunciada contra Basa e sua fa­mí­lia, não só por todo o mal que tinha praticado aos olhos do Senhor, irri­tando-o com seu proceder e seguin­do as pegadas de Jeroboão, como também por ter des­truído a família de Jeroboão.


Elá, rei de Israel (887-886) – 8No vigé­simo sexto ano do reinado de Asa, rei de Judá, Elá, filho de Basa tor­nou-se rei de Israel; residia em Tirça e reinou por dois anos. 9O seu servo Zimeri, chefe de metade da sua cava­laria, conspirou contra ele. O rei en­contrava-se então em Tirça, em casa de Arça, intendente do seu palácio nessa cidade, bebendo e embria­gando-se. 10Zimeri entrou, feriu Elá e assas­sinou-o, sucedendo-lhe no trono; estava-se no vigésimo sétimo ano de Asa, rei de Judá. 11Logo que se fez rei e se sentou no trono, mandou exter­minar toda a família de Basa, sem deixar escapar ninguém do sexo mas­culino, parente ou amigo. 12Assim ex­terminou toda a família de Basa, segundo a pala­vra que o Senhor ti­nha dito pelo profeta Jeú contra Basa. 13Este foi o castigo de todos os peca­dos que Basa e seu filho Elá tinham come­tido e feito cometer a Israel, provo­cando a ira do Senhor, Deus de Israel, com os seus ídolos vãos.

14O resto da história de Elá e as suas acções, está tudo escrito no Li­vro dos Anais dos Reis de Israel.


Zimeri, rei de Israel (886) – 15No vi­gésimo sétimo ano de Asa, rei de Judá, Zimeri tornou-se rei em Tirça, durante sete dias. Por essa altura, o povo estava em guerra contra Gui­beton, que pertencia aos filisteus. 16O povo soube então da seguinte novi­dade: «Zimeri fez uma conspira­ção contra o rei e acabou mesmo por assassiná-lo.» Imediatamente todo o Israel constituiu seu rei o general Omeri, que estava no acampamento a comandar o exército de Israel. 17Este partiu de Guibeton com todo o exército de Israel a pôr assédio a Tirça. 18Então Zimeri, vendo que a cidade corria perigo de ser tomada, retirou-se para o palácio, incendiou-o e morreu ali. 19Morreu por causa dos pecados que tinha cometido, fa­zendo o mal aos olhos do Senhor, seguindo as pegadas de Jeroboão e o pecado com que este fizera pecar Israel. 20O resto da história de Zi­meri e sua conspiração, está tudo escrito no Livro dos Anais dos Reis de Israel.

21Então o povo de Israel divi­diu-se em duas facções: metade seguiu Tibni, filho de Guinat, para o acla­mar rei; a outra metade seguiu Omeri. 22O povo que seguiu Omeri suplantou os que seguiam Tibni, fi­lho de Guinat. Tibni morreu e Omeri tornou-se rei.


Omeri, rei de Israel (886-875) – 23No trigésimo primeiro ano do rei­nado de Asa, rei de Judá, come­çou Omeri a reinar em Israel e rei­nou durante doze anos. Depois de ter rei­nado seis anos em Tirça, 24comprou a Ché­mer, por dois talentos de prata, o monte de Samaria. Construiu uma cidade sobre esse monte, a que deu o nome de Samaria, do nome de Chémer, a quem pertencera o monte. 25Omeri fez o mal aos olhos do Se­nhor, per­petrando mais crimes do que todos os seus predecessores. 26Seguiu as pegadas de Jeroboão, filho de Na­bat, e imitou os pecados que ele levara Israel a cometer, a ponto de provo­car a ira do Senhor, Deus de Israel, por causa dos seus ídolos vãos. 27O resto da história de Omeri, os seus actos e os seus gran­des feitos, está tudo escrito no Livro dos Anais dos Reis de Israel. 28Omeri morreu, juntando-se a seus pais e foi sepultado na Sama­ria. Seu filho Acab tornou-se rei em seu lugar.


Acab, rei de Israel (875-853) – 29No trigésimo oitavo ano de Asa, rei de Judá, Acab, filho de Omeri, tornou-se rei de Israel. Acab, filho de Ome­ri, reinou em Israel, na Samaria, du­rante vinte e dois anos.

30Acab, filho de Omeri, fez o mal aos olhos do Se­nhor, mais do que to­dos os seus pre­de­cessores. 31E, como se não lhe bas­tasse imitar os peca­dos de Jeroboão, filho de Nabat, ainda tomou por es­posa Jezabel, filha de Etbaal, rei de Sídon; e foi prestar cul­to a Baal, pros­trando-se diante dele. 32Ergueu um altar a Baal no templo de Baal, que construiu na Sa­ma­ria. 33Acab fez também uma Achera, aumentando a ira do Se­nhor, Deus de Israel, mais do que todos os reis de Israel, seus predecessores. 34No seu tempo, Hiel de Betel re­cons­­truiu Jericó. Quando lançava os seus alicerces morreu-lhe Abiram, seu primogénito; e, ao pôr-lhe as por­tas, morreu-lhe Segub, seu último filho, conforme o Senhor anun­ciara por meio de Josué, filho de Nun.

Capítulo 17

História de Elias (17,1-19,18)

O profeta Elias em Querit e Sarepta (2 Rs 4,1-7; Sir 48,1-11) 1Elias, o tisbita, habi­tante de Gui­­lead, disse a Acab: «Pela vida do Se­nhor, Deus de Israel, a quem eu sirvo, não cairá orvalho nem chuva nestes anos senão à minha ordem.» 2A palavra do Senhor foi-lhe diri­gida nestes termos: 3«Vai-te daqui, dirige-te para Oriente e es­conde-te na torrente de Querit, que fica em frente do Jordão. 4Beberás da tor­rente, e Eu já ordenei aos corvos que te levem lá de comer.» 5Então ele par­tiu segundo a palavra do Senhor e foi morar junto à mar­gem do Que­rit, em frente do Jordão. 6Os corvos traziam-lhe pão e carne, de manhã e de tarde, e ele bebia água da tor­rente. 7Ao fim de algum tempo, a tor­rente secou, pois não cho­via sobre a terra.

8Então o Senhor disse-lhe: 9«Le­­vanta-te, vai para Sarepta de Sídon e fica lá, pois ordenei a uma mulher viúva de lá que te alimente.» 10Ele levantou-se e foi para Sarepta; ao chegar à entrada da cidade, eis que havia lá uma mulher viúva que an­dava a apanhar lenha; chamou-a e disse-lhe: «Vai-me arranjar, te peço, um pouco de água numa vasilha, para eu beber.» 11Ela foi buscar a água e Elias chamou-a e disse-lhe: «Traz-me também um pedaço de pão nas tuas mãos.» 12Então ela res­pondeu: «Pela vida do Senhor, teu Deus, não tenho pão cozido; tenho apenas um punhado de farinha na pa­nela e um pouco de azeite na ân­fora; mal tenha reunido um pouco de lenha entrarei em casa para pre­parar esse resto para mim e para meu fi­lho; vamos comê-lo e depois morreremos.»

13Elias disse-lhe: «Não tenhas medo; vai a casa e faz como disseste. Disso que tens faz-me um pãozinho e traz-mo; depois é que pre­pararás o resto para ti e para o teu filho. 14Por­­que assim fala o Senhor, Deus de Israel:

‘A panela da farinha não se esgo­tará,
nem faltará o azeite na almo­tolia
até ao dia em que o Senhor man­dar chuva sobre a face da terra.’»

15Ela foi e fez como lhe dissera Elias: comeu ele, ela e a sua família, durante alguns dias. 16Nem a fari­nha se acabou na panela, nem o azeite faltou na almotolia, conforme dissera o Senhor pela boca de Elias.


Ressurreição do filho da viúva (2 Rs 4,18-37; Lc 7,11-17) – 17Depois des­tas palavras, adoeceu o filho desta mulher, a dona da casa; a sua doença era tão grave que já nem conseguia respirar. 18Disse então a mulher a Elias: «Que há entre mim e ti, ho­mem de Deus? Vieste a mi­nha casa para me lembrar o meu pecado e matar o meu filho?» 19Elias respondeu-lhe: «Dá-me o teu filho.»

Tomou-o dos braços da mulher, levou-o para a sala de cima onde ele morava e deitou-o no seu leito. 20De­pois clamou ao Se­nhor, dizendo: «Se­nhor, meu Deus, até a esta viúva jun­to de quem me acolhi como emi­grante, lhe quereis fazer mal a ponto de lhe matares o filho?!» 21Elias es­tendeu-se três vezes sobre o menino e invocou o Senhor, dizendo: «Se­nhor, meu Deus, que a alma deste menino volte a en­trar nele.» 22O Se­nhor ouviu o cla­mor de Elias, e a alma do menino voltou a ele e ele recuperou a vida.

23Elias to­mou o me­nino, desceu do quarto de cima ao interior da casa e entregou-o a sua mãe. Disse então Elias: «Olha! O teu filho está vivo!» 24A mu­lher disse a Elias: «Agora re­co­nheço que és um homem de Deus e que é ver­dadeira a pala­vra que o Senhor põe na tua boca.»

Capítulo 18

A seca. Sacrifício do Car­melo1Passados que foram muitos dias, a palavra do Senhor foi dirigida a Elias, no terceiro ano, dizendo: «Vai apresentar-te a Acab, pois quero mandar chuva sobre a terra.» 2Elias partiu e foi apresen­tar--se a Acab. Era então muito gran­­de a fome na Samaria. 3Acab mandou chamar Abdias, intendente do seu palácio; Abdias era muito temente ao Senhor. 4Assim, quando Jeza­bel matou os profetas do Senhor, Abdias acolheu cem profetas e es­con­­deu-os em duas cavernas, cin­quen­ta numa e cinquenta noutra, e alimen­tou-os com pão e água. 5Disse-lhe Acab: «Percorre todo o país, vai a todas as fontes e torrentes; talvez possamos encontrar erva para con­ser­var a vida dos cavalos e dos bur­ros a fim de que não morram todos os nossos animais.» 6Dividiram entre si o país para o percorrer; Acab foi por um caminho e Abdias por outro.

7Ora, durante a caminhada de Abdias, Elias saiu-lhe ao encontro; Abdias reconheceu-o e prostrou-se de rosto por terra, dizendo: «Meu senhor, és tu Elias?» 8«Sou eu! Vai dizer ao teu amo que cheguei.» 9Abdias re­plicou: «Que pecado fiz eu para que entregues assim o teu ser­vo nas mãos de Acab, para ele me matar? 10Pela vida do Senhor, teu Deus, não há nação nem reino onde meu amo te não tenha mandado pro­curar. Todos lhe respondiam: ‘Elias não está aqui.’ Então ele obrigava a jurar cada reino e povo que tu não estavas lá. 11E agora dizes-me: ‘Vai dizer ao teu amo que cheguei!’ 12É que, quando eu me afastar de ti, o espírito do Senhor te conduzirá não sei para onde; e Acab, informado por mim, não te encon­trando a ti, matar-me-á. Ora o teu servo teme o Senhor desde a sua juventude. 13Acaso não foi dito ao meu senhor o que eu fiz quando Jezabel andava a matar os profetas do Se­nhor? Que escondi cem de entre eles, cinquenta numa caverna e cin­quenta noutra, e que os alimentei com pão e água? 14E dizes-me agora: ‘Vai dizer ao teu amo que Elias está aqui.’ Ele matar-me-á!» 15Elias respondeu-lhe: «Pela vida do Senhor do universo, a quem eu sirvo, hoje mesmo me vou apre­sentar diante de Acab.»

16Par­tiu, pois, Abdias para junto de Acab e avisou-o. Acab saiu ao encon­tro de Elias. 17Quando Acab viu Elias, disse-lhe: «És tu, a ruína de Israel?»

18Res­pondeu-lhe Elias: «Não, eu não sou a ruína de Israel. Pelo con­trá­rio, tu e a casa de teu pai é que o sois, por terdes abandonado os pre­ceitos do Senhor para seguirdes os ídolos de Baal. 19Convoca, pois, junto de mim, no monte Carmelo, todo o Israel com os quatrocentos e cin­quenta profe­tas de Baal mais os qua­trocentos profetas de Achera, que comeram à mesa de Jezabel.»

20Então Acab mandou chamar todos os filhos de Israel e reuniu os profetas no monte Carmelo. 21Elias aproximou-se de todo o povo e disse: «Até quando andareis a coxear dos dois pés? Se o Senhor é Deus, segui-o; mas se Baal é que é Deus, então segui a Baal!» O povo não respon­deu.

22Elias continuou: «Só eu fiquei, como único profeta do Senhor, en­quanto que os profetas de Baal são quatro­centos e cinquenta. 23Dêem-nos, en­tão, dois novilhos; eles escolherão um, hão-de esquartejá-lo e o coloca­rão sobre a lenha, sem lhe chegar fogo. Eu tomarei o outro novilho, colocá-lo-ei sobre a lenha, sem, igual­mente, lhe chegar fogo. 24Em se­guida invo­careis o nome do vosso deus; eu in­vocarei o nome do Se­nhor. Aquele que responder, enviando o fogo, será reconhecido como verda­deiro Deus.» Todo o povo respondeu: «Estas pala­vras são correctas.» 25En­tão Elias disse para os profetas de Baal: «Es­colhei vós primeiro um no­vilho e pre­parai-o, porque vós sois mais nume­rosos; invocai o vosso Deus, mas não chegueis fogo ao novilho.» 26Eles to­maram o novilho que lhes fora dado e esquartejaram-no. Depois puseram-se a invocar o nome de Baal, desde manhã até ao meio-dia, gritando: «Baal, escuta-nos!» Mas nenhuma voz se ouviu, nem houve quem respon­desse. E dan­­­çavam à volta do altar que tinham levantado. 27Quando era já meio-dia, Elias começou a escar­ne­­cer deles, dizendo: «Gritai com mais força! Talvez esse deus esteja entre­tido com alguma conversa! Ou então estará ocupado, ou anda de viagem. Talvez esteja a dormir! É preciso acordá-lo!» 28Então eles gri­ta­vam em voz alta, feriam-se, se­gun­do o seu cos­tume, com espadas e lanças, até ficarem cobertos de sangue. 29Pas­sado o meio-dia, conti­nuaram enfureci­dos, até à hora em que era habitual fazer-se a oblação. Mas não se ouviu res­posta nem qualquer sinal de atenção.

30Foi então que Elias disse a todo o povo: «Aproximai-vos de mim.» E todo o povo se aproximou dele. Elias reconstruiu logo o altar do Senhor, que tinha sido demolido. 31Tomou doze pedras, segundo o número das tri­bos de Jacob, a quem o Senhor dissera: «Chamar-te-ás Israel.» 32Com essas pe­dras erigiu um altar ao nome do Senhor; em volta do altar cavou um sulco, com a capa­cidade de duas me­di­das de semente. 33Dispôs a le­nha so­bre a qual colo­cou o boi esquar­te­jado 34e disse: «Enchei quatro talhas de água e derramai-a sobre o holo­causto e sobre a lenha.» Depois acres­centou: «Tornai a fazer o mes­mo.» Tendo eles repetido o gesto, acres­centou: «Fazei-o pela terceira vez.» Eles obede­ceram. 35A água correu à volta do altar até o sulco ficar com­pleta­mente cheio.

36À hora do sacri­fício, o profeta Elias aproxi­mou-se, di­zendo: «Se­nhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, mostra hoje que és Tu o Deus em Israel, que eu sou o teu servo; às tuas ordens é que eu fiz tudo isto. 37Res­ponde-me, Se­nhor, responde-me! Que este povo reco­nheça que Tu, Senhor, é que és Deus, aquele que lhes converte os corações.»


Fim da seca38De repente, o fogo do Senhor caiu do céu e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, a lama e até mesmo a própria água do sulco. 39Ao ver isto, o povo prostrou-se de rosto por terra, exclamando: «O Se­nhor é que é Deus! O Senhor é que é Deus!» 40Disse-lhes então Elias: «Prendei agora os profetas de Baal; não deixeis fugir um só deles!» Pren­deram-nos, e Elias levou-os ao vale de Quichon, onde os matou. 41De­pois Elias disse a Acab: «Vai, come e bebe, pois já oiço o rumor de uma forte chuvada!»

42Acab foi comer e beber; Elias su­biu ao cimo do monte Car­melo, pros­trou-se por terra, co­lo­cando a cabeça entre os joelhos; 43e disse ao seu servo: «Sobe e observa para os lados do mar.» Ele subiu e observou, di­zendo: «Não vejo nada!» Por sete vezes Elias lhe repetiu: «Volta e torna a observar.» 44À sé­ti­ma vez, o servo respondeu: «Eis que sobe do mar uma pe­quena nuvem como a pal­ma da mão!» Disse-lhe en­tão Elias: «Vai dizer a Acab que prepare o seu carro e desça quanto antes, para que a chuva não o de­te­nha aqui.» 45Nesse momento, o céu cobriu-se de nuvens negras, o vento soprou e a chuva co­meçou a cair torrencialmente. Acab subiu pa­ra o seu carro e partiu para Jezrael. 46A mão do Senhor es­teve sobre Elias que, de rins cingi­dos, ul­trapassou Acab e chegou a Jezrael.

Capítulo 19

Fuga de Elias para o Horeb 1Acab contou a Jezabel quan­­to Elias tinha feito, e como ele pas­sara a fio de espada todos os profe­tas de Baal. 2Então Jezabel man­dou um men­sageiro a Elias, para lhe di­zer: «Que os deuses me tratem com o maior rigor, se ama­nhã, a esta mesma hora, não fizer da tua vida o mesmo que tu fizeste da vida deles.»

3Elias teve medo e saiu dali para salvar a sua vida. De Judá chegou a Ber­cheba, onde dei­xou o seu servo. 4Andou pelo de­serto um dia de ca­mi­nho; sentou-se à sombra de um ju­ní­pero e pediu a morte para si: «Basta, Senhor, disse ele; tira-me a vida, pois não sou me­lhor do que meus pais.»

5Deitou-se por terra e adormeceu à sombra do junípero. Eis, porém, que um anjo o tocou, di­zendo: «Le­vanta-te e come.» 6Olhou e viu à sua ca­beceira um pão cozido sob a cinza e um copo de água. Co­meu, bebeu e tornou a dormir.

7Mais uma vez o tocou o anjo do Se­nhor, di­zendo-lhe: «Levanta-te e come, pois tens ainda um longo ca­mi­nho a per­correr.» 8Elias levan­tou-se, co­meu e bebeu; reconfortado com aque­la co­mi­da, andou quarenta dias e qua­renta noi­tes, até chegar ao Ho­reb, o monte de Deus.


Elias no Horeb (Mt 17,1-4) – 9Ten­do chegado ao Horeb, Elias pas­sou a noite numa caverna, onde lhe foi di­rigida a palavra do Senhor: «Que fazes aí, Elias?»

10Ele respondeu: «Es­tou a arder de zelo pelo Senhor, o Deus do uni­verso, porque os filhos de Israel aban­­donaram a tua aliança, derru­ba­ram os teus altares e assas­sinaram os teus profetas. Só eu esca­pei; mas também a mim me querem matar!»

11O Senhor disse-lhe então: «Sai e mantém-te neste monte, na pre­sença do Senhor; eis que o Se­nhor vai passar.» Nesse momento, passou diante do Senhor um vento impe­tuoso e violento, que fendia as mon­tanhas e quebrava os rochedos diante do Senhor; mas o Senhor não se encontrava no vento. Depois do vento, tremeu a terra. 12Passou o tremor de terra e ateou-se um fogo; mas nem no fogo se encontrava o Senhor. De­pois do fogo, ouviu-se o murmúrio de uma brisa suave. 13Ao ouvi-lo, Elias cobriu o rosto com um manto, saiu e pôs-se à entrada da caverna. Disse-lhe, então, uma voz: «Que fazes aqui, Elias?» 14Ele res­pon­deu: «Ardo em zelo pelo Senhor, Deus do uni­verso, porque os filhos de Israel aban­­donaram a tua alian­ça, derru­baram os teus altares e mata­ram os teus profetas. Só eu escapei; mas agora também me querem ma­tar a mim.»

15O Senhor disse-lhe: «Vai e volta pelo caminho do deser­to, em direc­ção a Damasco e, che­gando lá, hás-de ungir Hazael como rei da Sí­ria. 16Jeú, filho de Nimechi, como rei de Israel, e Eliseu, filho de Chafat, de Abel-Meolá, como profeta em teu lugar. 17Quem escapar à es­pada de Hazael será morto por Jeú, e quem escapar a Jeú será morto por Eli­seu. 18Mesmo assim, deixarei com vida em Israel sete mil homens que não ajoelharam perante Baal, e cujos lá­bios o não beijaram.»


Eliseu, sucessor de Elias19Elias partiu dali e encontrou Eliseu, filho de Chafat, que andava a lavrar com doze juntas de bois diante dele; ele próprio conduzia a duodécima jun­ta. Elias aproximou-se e lançou o seu manto sobre ele. 20Eliseu deixou logo os seus bois, correu atrás de Elias e disse-lhe: «Deixa-me ir beijar meu pai e minha mãe, que depois te se­gui­rei.» Elias disse: «Vai, mas volta, pois sa­bes o que te fiz.» 21Eliseu, deixando Elias, tomou uma junta de bois e imo­lou-os. Com a lenha do ara­do cozeu as carnes, dando-as depois a comer à sua gente. Em seguida, pôs-se a ca­minho e seguiu Elias para o servir.

Capítulo 20

Cerco da Samaria por Ben-Hadad1Ben-Hadad, rei de Aram, reuniu todo o seu exército: tinha consigo trinta e dois reis, ca­va­­los e carros. Subiu e sitiou a Sama­­ria, atacando-a. 2Enviou mensagei­ros à cidade a dizerem a Acab, rei de Israel: 3«Eis o que diz Ben-Hadad: A tua prata e o teu ouro são meus; as tuas mulheres, bem como os mais belos filhos de teus filhos, são meus também.» 4O rei de Israel respon­deu: «Sou teu servo, como dizes, com tudo o que me pertence.» 5Os mensagei­ros, porém, voltando de novo, disse­ram: «Isto diz Ben-Hadad: ‘Mando-te dizer: Dá-me a tua prata e o teu ouro, as tuas mulheres e os teus fi­lhos. 6Amanhã, a esta mesma hora, mandarei os meus criados a revista­rem a tua casa, e as casas dos teus servos; eles apanharão com suas mãos tudo quanto lhes agradar.’» 7Ora o rei de Israel convocou to­dos os anciãos do país e disse-lhes assim: «Considerai e vede como esse ho­mem quer a nossa desgraça. Quan­­do ele me mandou pedir as nossas mulhe­res, os meus filhos, a minha prata e o meu ouro, nada lhes re­cu­sei.» 8Res­ponderam-lhes os anciãos e todo o po­vo: «Não lhes dês ouvidos nem con­des­cendas em nada.» 9En­tão Acab dis­­se aos mensageiros de Ben-Hadad: «Dizei ao rei, meu se­nhor: Estou dis­posto a fazer o que da primeira vez pediste ao teu servo; mas o que agora lhe pedes não to posso fazer.» Os men­sageiros volta­ram e deram a resposta ao rei. 10Ben-Hadad man­dou, pois, dizer a Acab: «Assim os deu­ses me tratem com o mais severo rigor, se o pó da Sama­ria for sufi­ciente para en­cher o pu­nhado das mãos dos guer­reiros que me acom­panham!» 11O rei de Is­rael disse-lhe como resposta: «Di­zei-lhe que aquele que põe o cinturão não deve gloriar-se como aquele que o tira.» 12Ao ouvir semelhante res­posta, Ben-Hadad, que estava a beber com os reis nas suas tendas, disse aos seus criados: «Ponham-se nos seus postos.» E eles puseram-se a atacar a cidade.


Intervenção de um profeta (14,1-20) – 13Nesse momento, um pro­feta aproximou-se de Acab, rei de Israel, e disse-lhe: «Assim fala o Senhor: Vês esta imensa multidão? Pois hoje a porei nas tuas mãos e conhecerás então que Eu sou o Senhor.» 14En­tão Acab perguntou: «Por meio de quem ma entregarás?» E ele res­pondeu: «Assim fala o Senhor: Pela elite dos chefes das províncias!» En­tão perguntou Acab: «E quem come­çará o combate?» E ele respondeu: «Tu!» 15Então Acab passou revista aos servos dos chefes das províncias que eram duzentos e trinta e dois. Depois destes, passou em revista todo o povo, todos os filhos de Israel, ou seja, sete mil homens. 16Saíram por volta do meio-dia, quando Ben-Hadad bebia e se estava embria­gando nas tendas com os trinta e dois reis, seus auxiliares. 17Os pri­meiros a saírem foram os servos dos chefes das províncias. Ben-Hadad man­­dou então observar o que se passava. Dis­seram-lhe: «Alguns homens saíram da Samaria.» 18O rei disse: «Quer eles venham para tra­tar de paz ou para combater, pren­dei-os vivos.» 19Os ser­vos dos chefes das provín­cias saí­ram então da ci­dade, seguidos do exér­cito; 20cada um matou o seu homem. Os sírios fugiram acossados pelos filhos de Israel. Ben-Hadad, rei da Síria, fugiu a cavalo com alguns ca­valeiros. 21Por sua vez, o rei de Israel saiu tam­bém, destroçou carros e ca­valos, cau­sando aos sírios grandes perdas. 22Nessa altura, o profeta foi ter com o rei de Israel e disse-lhe: «Vai, recobra âni­mo e vê o que deves fazer; é que no próximo ano o rei da Síria vai ata­car-te novamente.»


Nova campanha de Aram contra Israel23Os servos do rei da Síria disseram-lhe: «O Deus deles é um Deus das montanhas; por isso é que eles nos venceram; mas, atacando-os na planície, nós é que os vence­re­mos a eles. 24Tu, porém, deverás tomar as seguintes precauções: des­titui todos os reis e substitui-os por governadores. 25Trata de recrutar um exército semelhante ao que agora perdeste, com o mesmo número de cavalos e outros tantos carros. Com­batê-los-emos na planície e vencere­mos com certeza.» O rei ouviu este conselho e seguiu-o. 26No ano se­guin­te, Ben-Hadad, após ter pas­sado em revista os sírios, avançou até Afec para combater Israel. 27Foram igual­­mente passados em revista os filhos de Israel; receberam as suas muni­ções e partiram ao encontro de Aram. Os filhos de Israel acampa­ram em frente deles, semelhantes a dois pe­quenos rebanhos de cabras, enquanto Aram enchia totalmente a região.

28Então o homem de Deus foi ter com o rei de Israel e disse-lhe: «As­sim fala o Senhor: Já que os ara­meus dizem: ‘O Senhor é um Deus da montanha e não um Deus da pla­nície’, Eu vou entregar nas tuas mãos toda esta enorme multidão, e conhe­cereis então que Eu sou o Se­nhor.» 29Eles acamparam frente-a-frente, durante sete dias; ao sétimo dia tra­varam batalha; os filhos de Israel abateram cem mil soldados de infan­taria sírios, num só dia. 30O resto refugiou-se na cidade de Afec, mas as muralhas caíram sobre os vinte e sete mil sobreviventes; o próprio Ben-Hadad pôs-se em fuga, entrando na cidade onde se ia escon­dendo de quar­to em quarto. 31Dis­se­ram-lhe então os seus servos: «Nós ouvimos dizer que os reis da casa de Israel são miseri­cordiosos. Cubra­mos, pois, de saco os nossos rins e po­nhamos cordas ao pescoço, e va­mos ter com o rei de Israel, a ver se ele te poupa a vida.» 32Cingiram, pois, os rins com saco, puseram cordas em volta do pes­coço e apresenta­ram-se ao rei de Is­rael, dizendo: «Teu servo Ben-Ha­dad vem pedir-te: ‘Con­cede-me a vida!’» O rei de Israel replicou: «Ele ainda vive? É meu irmão!» 33Os sírios in­terpretaram es­tas palavras como um feliz pres­ságio; aproveita­ram logo a palavra da sua boca e disseram-lhe: «Ben-Hadad é teu irmão!» Disse o rei: «Ide procurá-lo.» Então Ben-Ha­dad apresentou-se imediata­mente e Acab mandou-o subir para o seu carro. 34Disse-lhe Ben-Hadad: «Vou resti­tuir-te as cidades que meu pai con­quistou ao teu. Terás bazares em Damasco como meu pai os tinha na Samaria.» Replicou-lhe Acab: «Por esta aliança deixar-te-ei partir.» En­­­tão Acab fez uma aliança com Ben-Hadad e deixou-o partir livremente.

35Um dos filhos dos profetas disse, por ordem do Senhor, a um seu com­­panheiro: «Fere-me, por favor.» Ele, porém, recusou-se a feri-lo. 36Disse-lhe então o profeta: «Já que não ou­viste a palavra do Senhor, quando te afastares de mim, um leão te há-de devorar!» Afastou-se, e um leão devorou-o. 37O profeta encontrou outro homem e disse-lhe: «Fere-me, por favor.» Este lançou-se sobre ele e feriu-o. 38Então o profeta pros­trou-se no caminho por onde o rei devia passar, vendando os olhos para não ser reconhecido. 39Quando o rei pas­sou, ele pôs-se a gritar: «Teu servo saíra para participar numa batalha, quando alguém que se afastara do combate me confiou um homem di­zendo: ‘Toma conta deste homem. Se ele desaparecer, a tua vida res­pon­derá pela sua, ou pagarás um ta­lento de prata.’ 40Ora, enquanto o teu servo estava ocupado com isto ou com aquilo, o prisioneiro esca­pou-se-lhe.» Então o rei de Israel disse-lhe: «Que esse seja o teu castigo! Tu próprio proferiste a sentença.» 41O pro­feta tirou a venda que lhe tapava os olhos, e o rei de Israel logo reco­nheceu que ele era um dos profetas. 42Disse-lhe este, então: «Assim fala o Senhor: ‘Já que deixaste escapar-te da mão o homem que Eu tinha amaldi­çoado, a tua vida responderá pela sua e o teu povo, pelo seu povo.’» 43O rei de Israel recolheu-se a sua casa na Sa­maria, triste e con­trariado.

Capítulo 21

A vinha de Nabot1Eis o que aconteceu depois de todos estes factos. Nabot de Jezrael tinha uma vinha junto ao palácio de Acab, rei da Samaria. 2Disse então Acab a Nabot: «Cede-me a tua vinha para que eu a transforme em horta, pois fica junto da minha casa. Dar-te-ei em troca uma vinha melhor; ou, se te convier, pagar-te-ei o seu valor em dinheiro.» 3Nabot disse a Acab: «Pelo Senhor! Seria um sacrilégio ceder-te a herança de meus pais!»

4Acab voltou para casa triste e irri­tado, pelo facto de Nabot lhe ter dito: «Não te darei a herança de meus pais.» Deitou-se na cama, voltou o rosto para a parede e não quis mais comer. 5Sua esposa veio ter com ele e perguntou-lhe: «Por que razão estás assim irritado e não queres comer?» 6Ele respondeu-lhe: «Por­que falei a Nabot de Jezrael, dizendo-lhe: ‘Cede-me a tua vinha por dinheiro ou, se mais te convier, dar-te-ei por ela outra vinha’, e ele respondeu-me: ‘Não te darei a minha vinha.’ 7Então Jeza­bel, sua esposa, disse-lhe: «Não és tu o rei de Israel? Levanta-te, come, não te aflijas! Eu mesma te darei a vinha de Nabot de Jez­rael.» 8Escre­veu cartas em nome de Acab, selando-as com o selo real, e enviou-as aos anciãos e aos magis­trados da cidade, concidadãos de Na­bot. 9Nelas lhes dizia: «Proclamai um jejum e fazei sentar Nabot na primeira fila da as­sembleia. 10Fazei vir à sua presença dois homens malvados que o acu­sem dizendo: ‘Tu blasfemaste contra Deus e contra o rei!’ Levai-o, depois, para fora da cidade e apedrejai-o até ele morrer.»

11Os homens da cidade, os anciãos e os magistrados, concidadãos de Na­bot, fizeram o que lhes mandara Je­za­bel, conforme o conteúdo da car­ta que ela lhes enviara. 12Proclama­ram um jejum e fizeram Nabot sen­tar-se em lugar de honra. 13Vieram então os dois malvados, puseram-se na pre­sença de Nabot e depuseram contra ele perante o povo, dizendo: «Nabot blasfemou contra Deus e con­tra o rei!» Fizeram-no sair da cida­de, ape­dre­ja­ram-no e ele morreu. 14Man­da­ram então dizer a Jezabel: «Nabot foi ape­drejado e morreu.» 15Quando Jeza­bel teve conhecimento que Na­bot fora apedrejado e já estava mor­to, disse a Acab: «Levanta-te e toma posse da vinha que Nabot de Jezrael recusara ceder-te por dinheiro; Na­bot já não é vivo! Morreu!» 16Mal Acab ouviu dizer que Nabot tinha mor­rido, levan­tou-se logo para des­cer até à vinha de Nabot de Jezrael, a fim de tomar posse dela.


Elias anuncia o castigo de Jeza­bel17Então, a palavra do Senhor foi dirigida a Elias, o tisbita, di­zen­do: 18«Desce e vai ter com Acab, rei de Is­rael, que vive na Samaria; ele está agora a descer para se apos­sar da vi­nha de Nabot. 19Diz-lhe: As­sim fala o Senhor: ‘Cometeste um homi­cídio e agora vais ainda apode­rar-te do alheio?’ Acrescentarás ainda: ‘Isto diz o Senhor: No mesmo lugar onde os cães lamberam o sangue de Na­bot, hão-de lamber também o teu!’» 20Então Acab respondeu a Elias: «Tor­naste a apanhar-me, meu inimigo!» Elias replicou: «Sim, tor­nei a apa­nhar-te porque te pres­taste a uma per­fí­dia, fazendo o que é mal aos olhos do Senhor. 21Farei cair uma des­graça sobre ti, varrer-te-ei e hei-de exter­mi­nar todos os ho­mens da casa de Acab, sejam es­cra­­vos ou homens li­vres em Israel. 22Tornarei a tua casa semelhante à casa de Jeroboão, fi­lho de Nabat, e à de Basa, filho de Aías, porque pro­vo­caste a minha ira e fizeste pecar Israel.»

23O Senhor falou também para Jezabel: «Os cães hão-de devorar Je­zabel na propriedade de Jezrael. 24To­dos os membros da casa de Acab que morrerem na cidade, os cães os hão-de devorar; e todos os membros que morrerem no campo, comê-los-ão as aves do céu. 25Não houve nun­ca nin­guém como Acab que se pres­tasse à perfídia para fazer o mal aos olhos do Senhor. E a sua es­posa Jezabel incitava-o ainda mais. 26Ele come­teu graves abominações, seguindo os ídolos exactamente como os amor­reus, a quem o Senhor des­pojara diante dos filhos de Israel.»

27Ao ou­vir estas palavras, Acab ras­gou as vestes, cobriu-se de saco e je­juou; dormia sobre um saco e ca­mi­­nhava pensativo. 28Então a palavra do Se­nhor foi dirigida a Elias, o tis­bita, dizendo: 29«Viste como Acab se humi­lhou na minha presença? Já que ele procedeu assim, não o casti­garei du­rante a sua vida, mas nos dias de seu filho mandarei o castigo sobre a sua casa.»

Capítulo 22

Aliança de Acab e Josafat contra Aram (2 Cr 18,1-34) 1Passaram-se três anos sem haver guerras entre a Síria e Israel. 2No terceiro ano, Josafat, rei de Judá, foi visitar o rei de Israel. 3Este dissera aos seus servos: «Sabeis que Ramot de Guilead é nossa. Porque hesita­mos, pois, em retomá-la das mãos do rei de Aram?» 4E disse a Josafat: «Queres tu vir comigo fazer guerra a Ramot de Guilead?» Josafat res­pondeu ao rei de Israel: «Eu farei o que tu fizeres. O meu povo fará como o teu; a minha cavalaria, como a tua!» 5Depois, Josafat disse ao rei de Israel: «Consulta primeiro o oráculo do Senhor.» 6Então o rei de Israel convocou os profetas, cerca de qua­trocentos homens, e pergun­tou-lhes: «Posso ir fazer guerra a Ra­mot de Guilead, ou devo renunciar a isso?» Eles responderam-lhe: «Vai! O Se­nhor a entregará nas mãos do rei.»

7E Josafat disse: «Não há por aí qual­quer outro profeta do Senhor, a quem pudéssemos consultar?» 8O rei de Israel disse a Josafat: «Há real­­­mente um homem por meio de quem se poderá consultar o Senhor; mas eu detesto-o, pois ele nunca me pro­fe­tiza o bem, senão somente des­gra­ças. É Miqueias, filho de Jí­mela.» Josafat disse: «Não fales dessa ma­neira.» 9Então o rei de Israel cha­mou um eunuco e disse-lhe: «Traz-me de­pressa Miqueias, o filho de Jímela.»

10Josafat, rei de Judá, e o rei de Is­rael estavam sentados, cada qual em seu trono, revestidos das suas insí­gnias reais, na praça que fica à en­trada da porta da Samaria; e to­dos os profetas se puseram a profe­tizar diante deles. 11Ora Sedecias, filho de Canaana, fez para si uns chifres de ferro e disse: «Assim diz o Se­nhor: ‘Com estes chifres ferirás os sírios até ficarem exterminados.’» 12Todos os pro­fetas profetizavam do mesmo modo, dizendo: «Sobe a Ra­mot de Gui­lead, pois sairás vence­dor, visto que o Senhor vai entregar a cidade nas mãos do rei.»

13Entretanto, o mensageiro que ti­­nha ido chamar Miqueias dizia-lhe: «Os profetas são unânimes em pro­fe­­tizar a vitória do rei. Que o teu orá­culo seja, como o deles, anuncia­dor de boas novas.» 14Mas Miqueias res­pondeu: «Pelo Deus vivo! Eu di­rei ape­nas aquilo que o Senhor me disser.»

15Apresentou-se, então, ao rei, que lhe disse: «Miqueias, deve­mos ir ata­car Ramot de Guilead ou não?» «Vai –respondeu Miqueias; serás vence­dor, porque o Senhor a vai entregar nas mãos do rei.»

16O rei disse-lhe: «Quantas vezes é preciso conjurar-te a que não me digas se­não a verdade, em nome do Se­nhor?» 17Miqueias respondeu-lhe: «Eu vejo todo o Is­rael espalhado pelas mon­tanhas, qual re­ba­nho sem pas­tor. E o Senhor disse-me: ‘São povos que não têm pasto­res; volte cada um em paz para sua casa!’»

18O rei de Israel disse a Josafat: «Eu não te disse que ele nunca pro­fetiza para mim o bem, mas sempre o mal?» 19Por sua vez, Miqueias re­pli­cou: «Ouve a palavra do Senhor. Eu vi o Senhor sentado no seu trono, rodeado de todo o exército ce­leste à sua direita e à sua esquerda. 20O Se­nhor disse: ‘Quem seduzirá Acab, a fim de que ele suba e morra em Ra­mot de Guilead?’ Mas cada um res­pondia a seu modo. 21Então, surgiu um espírito, apresentou-se diante do Senhor e disse: ‘Eu irei seduzi-lo.’ O Senhor perguntou-lhe: ‘De que modo?’ 22Ele respondeu: ‘Irei, e serei um es­pírito de mentira na boca de todos os seus profetas.’ Disse-lhe pois o Se­­nhor: ‘Enganá-lo-ás e consegui­rás seduzi-lo; vai e faz como dis­seste.’ 23E o Senhor pôs um espírito de men­tira na boca de todos os teus pro­fe­tas, pois o Se­nhor decretou a tua perda.»

24Nesse momento Sedecias, filho de Canaana, aproximou-se de Mi­queias e deu-lhe uma bofetada, di­zendo: «Acaso saiu de mim o espí­rito do Se­nhor para te falar a ti?» 25Miqueias respondeu: «Tu mesmo o verás no dia em que fugires de es­conderijo em esconderijo, a fim de te esconderes.» 26Então o rei de Israel ordenou: «Pren­dei Miqueias; que ele fique sob a guar­da de Amon, gover­nador da cidade e de Joás, filho do rei. 27Que as ordens do rei sejam transmitidas! Metei-o na prisão e alimentai-o a pão escasso, até que eu volte são e salvo.» 28Mi­queias, porém, respondeu: «Se vol­ta­res são e salvo, isso será sinal de que o Senhor não falou pela minha boca.» E acrescentou: «Que todos os povos ouçam isto!»


Morte de Acab (2 Cr 18,28-34) – 29En­tão o rei de Israel subiu com Josa­fat, rei de Judá, a Ramot de Gui­lead. 30E o rei de Israel disse a Josa­fat: «Vou disfarçar-me para entrar em com­bate; tu, porém, con­serva as tuas vestes.» E o rei de Israel disfarçou-se antes de entrar em combate. 31Ora o rei da Síria ti­nha dado esta ordem aos seus trinta e dois chefes de carros: «Não luteis contra ninguém, pequeno ou grande, senão somente contra o rei de Is­rael.» 32Os chefes dos carros, ao verem Jo­sa­fat, disseram entre si: «É ele, com certeza, o rei de Israel»; e lançaram-se sobre ele. Então Josa­fat soltou o seu grito de guerra. 33Ven­do que não era ele o rei de Israel, os che­fes dos carros afastaram-se. 34Um soldado, porém, disparou com o seu arco à sorte e feriu o rei de Israel, entre as juntas da sua armadura. E logo o rei disse ao condutor do seu carro: «Volta a rédea e leva-me para fora do campo de batalha, porque es­tou ferido.» 35Mas o combate, na­quele dia, foi tão violento que o rei teve de ficar de pé no seu carro diante dos sírios; morreu ao cair da tarde; o san­gue saía da sua ferida e inundava todo o carro.

36Ao pôr-do-sol ouviu-se um cla­mor que perpas­sou por todo o exér­cito: «Volte cada um para a sua ci­dade e para a sua terra! 37O rei morreu!» Levaram-no para a Sama­ria e sepul­taram-no ali. 38Ao lava­rem o seu carro na piscina da Samaria, onde as prostitutas se ba­nha­vam, os cães lambiam o san­gue do rei, conforme o oráculo do Se­nhor.

39O resto da história de Acab, os seus feitos, o palácio de marfim que mandou construir, as cidades que edi­­ficou, está tudo narrado no Livro dos Anais dos Reis de Israel. 40Acab mor­reu, juntando-se a seus pais. Suce­dendo-lhe no trono seu filho Aca­zias.


Josafat, rei de Judá (870-848) (2 Cr 17,1-21,1) – 41No quarto ano de Acab, rei de Israel, Josafat, filho de Asa, tornou-se rei de Judá. 42Tinha trinta e cinco anos quando começou a rei­nar. Reinou durante vinte e cinco anos em Jerusalém; sua mãe cha­mava-se Azuba, filha de Chili.

43Se­guiu inteiramente as pegadas de Asa, seu pai, sem se desviar dos seus ca­minhos: fez o que é recto aos olhos do Senhor. 44Não destruiu, porém, os lugares altos, onde o povo conti­nuava a sacrificar e a queimar in­censo. 45Josafat viveu em paz com o rei de Israel.

46O resto da história de Josafat, os seus feitos e as suas batalhas, está tudo escrito no Livro dos Anais dos Reis de Judá. 47Expulsou do país o resto dos que se tinham dedicado à prostituição idolátrica, no tempo de seu pai, Asa.

48Por essa altura, não havia rei em Edom; era um go­ver­nador que exercia as funções de rei. 49Josafat tinha dez naus de Tár­sis para ir bus­car ouro a Ofir; mas não foi, porque os navios naufra­ga­ram em Ecion-Guéber. 50Então Aca­zias, filho de Acab, disse a Josafat: «Que os meus servos vão navegar com os teus.» Josafat, porém, não quis. 51Josafat morreu, juntando-se a seus pais, e foi sepultado com eles na ci­dade de Da­vid. Sucedeu-lhe no trono seu filho Jorão.


Acazias, rei de Israel (853-852) (2 Rs 1,1-8) – 52No décimo sétimo ano de Josafat, rei de Judá, Acazias, filho de Acab come­çou a reinar sobre Israel na Sa­ma­ria. Reinou dois anos sobre Israel.

53Fez o mal aos olhos do Senhor, seguindo os caminhos de seu pai e de sua mãe, e de Jeroboão, filho de Na­bat, que fez pecar Israel. 54Pres­tou culto a Baal, prostrando-se diante dele e provocando assim a ira do Se­nhor, Deus de Israel, como já tinha feito seu pai.

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