Capítulo 1

I. Fim do reinado de David. Reino de Salomão (1,1-11,43)
Abisag, a chunamita1O rei David estava velho e avançado em idade; por mais que o cobrissem de roupas não se aquecia. 2Então os seus criados disseram-lhe: «Procure-se para o senhor meu rei uma jovem virgem; ela ficará ao serviço do rei e será para ele uma companheira; dor­­mirá no seu seio e o senhor meu rei aquecerá!» 3Procuraram, então, uma jovem bela por toda a terra de Israel e encontraram Abisag, a chu­namita; e levaram-na à presença do rei. 4Era uma jovem muito bela; foi para o rei uma companheira e ficou ao seu ser­viço. O rei, porém, não a conheceu.


Pretensões de Adonias ao trono 5Adonias, filho de Haguite, ambi­cio­­nando o trono, dizia: «Eu é que vou ser o rei.» Procurou um carro e ca­valos, bem como cinquenta homens para correrem à frente dele. 6Nunca o seu pai durante a vida o tinha re­preendido dizendo: «Por que motivo procedeste assim?» Ele era, de facto, muito belo, e sua mãe deu-o à luz a seguir a Absalão. 7Conspirou com Joab, filho de Seruia, e com o sacer­dote Abiatar e eles fizeram-se adep­tos de Adonias. 8Mas nem o sacer­dote Sadoc nem Benaías, o filho de Joiadá, nem o profeta Natan nem Chimei nem Reí nem os homens da escolta de David estavam com Ado­nias. 9Adonias ofereceu em sacrifí­cio ovelhas, bois e bezerros dos mais gordos, junto à pedra de Zoélet, que fica em En-Roguel, e convidou todos os seus irmãos, os filhos do rei e todos os homens de Judá, que eram servos do rei. 10Não convidou, porém, o profeta Natan nem Benaías nem os homens da escolta nem mesmo Salomão seu irmão.


Reacção do partido de Salomão 11Disse, então, Natan a Betsabé, mãe de Salomão: «Não ouviste dizer que Adonias, filho de Haguite, se tor­nou rei sem que o soubesse o nosso se­nhor David? 12Agora vai; vou dar-te um conselho: salva a tua vida e a vida do teu filho Salomão. 13Vai, entra em casa do rei David e diz-lhe: “Foste tu, ó rei, meu senhor, quem fez o seguinte juramento à tua escrava: ‘Teu filho Salomão é que reinará de­pois de mim e é ele que há-de sentar-se no meu trono.’ Como é então que Adonias já é rei?” 14E então, estando tu ainda aí a falar com o rei, virei eu atrás de ti e confirmarei as tuas pala­vras.» 15Veio, então, Betsabé e entrou no quarto pri­vado do rei; este era velho, e Abisag, a chunamita, servia-o. 16Betsabé in­cli­nou-se, prostrando-se diante do rei. Disse-lhe então o rei: «Que que­res tu?» 17Ela respon­deu: «Meu senhor, tu juraste pelo Senhor teu Deus, à tua serva: ‘Salomão, teu filho, reinará depois de mim; é ele quem se há-de sentar no meu trono.’ 18Agora, porém, eis que Adonias já se proclamou rei; apesar de tudo, ó meu senhor, tu nem te apercebes de nada! 19Ele ofereceu em sacrifício bois, bezerros gordos e muitas ovelhas; con­vidou todos os filhos do rei, o sacer­dote Abiatar e o general do exército, Joab; mas a Salomão, teu servo, não o convidou. 20Quanto a ti, ó rei, meu senhor, os olhares de todo o Israel estão postos em ti, à espera que lhes anuncies quem é que se sentará no trono do rei, meu senhor, como seu sucessor. 21De contrário, quando o rei, meu senhor, adormecer com seus pais, eu e o meu filho Salomão sere­mos trata­dos como malvados.»

22E eis que, estando ela ainda a fa­lar com o rei, chegou o profeta Na­tan. 23Anuncia­ram ao rei, dizendo: «Eis aí o pro­feta Natan.» Ele foi à pre­sença do rei e prostrou-se diante dele de rosto por terra. 24Disse Na­tan: «Ó rei, meu senhor, acaso tu disseste: ‘Ado­nias reinará depois de mim e será ele a sentar-se no meu trono?’ 25É que ele hoje desceu e ofereceu em sacri­fício bois, bezerros gordos e grande quantidade de ovelhas; con­vidou todos os filhos do rei, o chefe do exército e o sacerdote Abiatar; ei-los a comer e a beber com ele, di­zendo: ‘Viva o rei Adonias!’ 26 Mas não me convidou a mim, que sou teu servo, nem ao sacer­dote Sadoc nem a Benaías, filho de Joiadá, nem mesmo ao teu servo Salo­mão. 27Será que estas coisas acon­tece­ram à mar­gem do rei, meu senhor?! Tu ainda não comunicaste ao teu servo quem é que irá sentar-se no trono do rei, meu senhor, depois dele!» 28Então o rei David respondeu: «Cha­mem-me Betsabé!» Ela veio à pre­sença do rei e ficou diante dele. 29O rei fez-lhe o seguinte juramento: «Pela vida do Senhor, que livrou a minha alma de todas as angústias! 30Con­forme te jurei pelo Senhor, Deus de Israel quando disse: ‘O teu filho Salo­mão reinará depois de mim, ele se sen­tará no meu trono como meu su­ces­sor’, assim se fará hoje mesmo.» 31En­tão Betsabé inclinou-se por terra, prostrou-se diante do rei e disse: «Viva para sempre o rei Da­vid, meu senhor!» 32O rei David disse: «Cha­mem-me o sacerdote Sadoc, o pro­feta Natan, Be­naías, filho de Joia­dá»; eles vieram, então, à presença do rei. 33Disse-lhes o rei: «Tomai convosco os servos do vosso senhor; fazei mon­­tar o meu fi­lho Salomão na minha própria mula e fazei-o descer em Guion. 34Ali será ungido pelo sacer­dote Sadoc e pelo profeta Natan como rei de Israel; vós tocareis a trombeta e exclama­reis: ‘Viva o rei Salomão.’ 35Vós subireis após ele; ele virá sentar-se no meu trono e rei­nará depois de mim; é a ele que eu esta­beleço para ser chefe so­bre Israel e Judá.» 36Benaías, filho de Joiadá, respondeu ao rei, dizendo: «Ámen, assim falou o Senhor, Deus do rei, meu senhor. 37Como o Senhor es­teve com o rei meu senhor, assim esteja com Salomão; Ele tornará o seu trono ainda mais grandioso do que o do rei David, meu senhor.»


Unção real de Salomão (1 Cr 29,21-25) 38Saíram, pois, o sacerdote Sa­doc, o pro­feta Natan, Benaías, fi­lho de Joia­dá, os cretenses e os pele­teus; mon­ta­ram Salomão na mula do rei David e conduziram-no a Guion. 39O sacer­dote Sadoc levou do santuário o chi­fre do óleo e ungiu Salomão; toca­ram a trombeta; todo o povo excla­mou: «Viva o rei Salo­mão!» 40 Todo o povo subia após ele; o povo tocava flauta e exultava de efusiva ale­gria; a terra vibrava com as suas aclama­ções.


Fracasso do ardil de Adonias41Ado­nias e todos os convidados que estavam com ele ouviram estes cla­mores, quando estavam a acabar de comer. Joab ouviu também o som da trombeta e disse: «Por que mo­tivo todo este alarido na cidade?» 42Ainda ele falava quando apareceu Jónatas, filho do sacerdote Abiatar. Adonias disse-lhe então: «Entra, pois tu és um ho­mem forte, e trazes certamente uma boa mensagem!» 43Jónatas, res­pon­dendo, disse a Adonias: «Pelo con­trá­­rio! O rei David, nosso senhor, fez rei Salomão! 44O rei enviou com ele o sacerdote Sadoc, o profeta Na­tan, Benaías, filho de Joiadá, os cre­ten­ses e os peleteus. Eles monta­ram-no na mula do rei. 45O sacer­dote Sadoc e o profeta Natan ungi­ram-no rei em Guion e regressaram dali radiantes de alegria; a cidade está em alvo­roço. É esta a gritaria que ouvistes. 46 Sa­lomão já está sentado no trono real! 47E mais ainda: os servos do rei já vie­ram felicitar o rei David, nosso se­nhor, dizendo: ‘Que o teu Deus tor­ne o nome de Salomão ainda mais céle­bre do que o teu e engran­deça o seu reinado mais do que o teu.’ Então o rei prostrou-se no leito. 48Ele até disse assim: ‘Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que hoje pôs um su­cessor no meu trono; eu o vi com os meus próprios olhos!’»

49Todos os con­vida­dos de Adonias ficaram a tremer, levantaram-se e fo­ram cada um para seu lado. 50Ado­nias, esse, temia a pre­sença de Salo­mão; ergueu-se e foi agarrar-se às hastes do altar! 51Comunicaram, en­tão, a Salomão, dizendo: «Eis que Ado­nias, temendo o rei Salomão, está agarrado às hastes do altar, dizendo: ‘Que hoje mesmo o rei Salomão me jure que não vai matar à espada o seu servo!’»52Salo­mão, então, disse: «Se ele se com­por­tar como um va­lente, nem um só dos seus cabelos cairá por terra; mas se nele se en­contrar al­gum mal, então morrerá mesmo!» 53En­tão o rei Salo­mão mandou que o desa­mar­rassem do altar; ele veio, pros­trou-se pe­rante o rei Salomão; o rei disse-lhe: «Volta para tua casa!»

Capítulo 2

Últimas instruções de David a Salomão (1 Cr 28,1-10) – 1Os anos de David aproximavam-se da morte; então deu a seu filho Salo­mão as ordens seguintes: 2«Eu avanço pelo caminho por onde vai toda a gente; tem coragem e sê um ho­mem! 3Obser­va os mandamentos do Senhor, teu Deus, andando nos seus caminhos, guardando as suas leis, seus pre­cei­tos, seus costu­mes e exigências, con­forme está es­crito na Lei de Moisés; assim terás êxito em todos os teus planos e acções. 4 Assim o Senhor fará cum­prir a sua palavra que me dirigiu quando disse: ‘Se os teus fi­lhos velarem pela sua conduta e anda­rem na minha presença com lealdade, com todo o seu coração e toda a sua alma, então sim, jamais algum dos teus fi­lhos deixará de se sentar sobre o trono de Israel.’ 5De resto, tu bem sabes o que me fez Joab, o filho de Seruia; o que ele fez a ambos os che­fes dos exércitos de Israel, a Abner, filho de Ner, e a Amassá, filho de Jé­ter: matou-os e verteu, em tempo de paz, o sangue da guerra; pôs o sangue da guerra na cintura dos seus rins e nas sandálias dos seus pés. 6Farás segundo a tua sabedo­ria: não deixes a sua velhice descer à paz do túmulo. 7Para com os filhos de Bar­zilai de Guilead, porém, terás mise­ri­córdia: sejam eles como quem come à tua mesa, pois eles acorre­ram em meu auxílio, quando eu fugia da face de Absalão, teu irmão. 8 Contigo está também Chimei, fi­lho de Guera, ben­jaminita de Bau­rim; é certo que ele me amaldiçoou com veemência no dia da minha partida para Maanaim; mas, como desceu ao meu encontro junto ao Jor­dão, jurei-lhe pelo Se­nhor, dizendo: ‘Não te farei morrer à espada!’ 9 Ago­ra, po­rém, não o deve­rás deixar im­pune; tu és um homem sábio; sabes muito bem o que lhe hás-de fazer; farás descer ao túmulo a sua velhice tingida de sangue.» 10Da­vid mor­reu, jun­tando-se a seus pais e foi sepultado na cidade de David. 11A duração do reinado de David so­bre Israel foi de quarenta anos. Em He­bron reinou sete anos e em Jeru­sa­­lém trinta e três. 12 Salomão sentou-se no trono de David, seu pai, e o seu reinado consolidou-se enorme­mente.


Primeiros anos de Salomão13 Ado­nias, filho de Haguite, foi ter com Bet­sabé, mãe de Salomão, que lhe disse: «É de paz a tua vinda?» Respon­deu: «Sim, de paz.» 14Disse ele: «Tenho uma palavra a dizer-te.» «Fala» – disse ela. 15 E disse: «Tu sa­bes que a realeza me pertencia, e que todo o Israel pôs os olhos em mim para eu reinar. Ora acontece que a realeza se afastou de mim para meu irmão; e foi para ele por vontade do Senhor. 16Por agora, tenho só um pedido a fazer-te; não mo rejeites.» Ela disse-lhe: «Fala.» 17En­tão ele disse: «Peço-te que fales ao rei Salomão, que não há-de repelir a tua face: que ele me dê por esposa Abisag, a chunamita.» 18Betsabé disse então: «Está bem; eu mesmo vou falar ao rei a teu respeito.»

19Betsabé foi, pois, ter com o rei Sa­lomão para lhe falar sobre Ado­nias, e o rei levantou-se e veio ao seu encon­tro, prostrando-se diante dela; sentou-se no seu trono e mandou trazer um trono para a mãe do rei; ela sentou-se à sua direita. 20Disse-lhe ela: «Tenho uma pe­quena per­gunta a fazer-te; não me rejei­tes.» 21Então disse ela: «Poder-se-ia dar Abisag, a chuna­mita, a teu ir­mão como esposa?» 22 O rei Salomão res­pondeu a sua mãe, di­zendo: «Por que razão me pedis Abi­sag, a chu­na­mita, para Adonias? Pede tam­bém para ele a realeza, pois que é irmão mais velho do que eu! Para ele e também para o sacerdote Abia­tar, para Joab, o filho de Seruia!» 23O rei Salomão ju­rou então pelo Senhor dizendo: «Que Deus me cas­tigue seve­ra­mente, se não foi para sua morte que Adonias disse estas palavras! 24E agora, pela vida do Senhor, que me robusteceu e me fez sentar no trono de David, meu pai, e me estabeleceu uma casa, como pro­metera: hoje mes­mo, Ado­nias será morto!» 25Então o rei Salo­mão en­viou Benaías, filho de Joiadá; ele lançou-se violentamente sobre Ado­­nias, que morreu.

26Ao sacerdote Abiatar, o rei disse: «Vai para Anatot, para a tua propriedade, pois tu és um homem digno de morte! Hoje não te mando matar, porque tu transpor­taste a Arca do Senhor Deus diante de meu pai David e porque supor­taste tudo o que meu pai suportou.» 27Salomão desti­tuiu Abiatar da sua função de sa­cer­dote do Senhor para cumprir a pala­­vra do Senhor, que Ele tinha pronun­ciado contra a casa de Eli, em Silo.


Morte de Joab28A notícia che­gou a Joab, pois Joab era partidário de Adonias, mas não de Absalão. En­­­tão Joab refugiou-se no santuá­rio do Senhor e agarrou-se às hastes do altar. 29Disseram, pois, ao rei Salo­mão: «Joab refugiou-se no san­tuário do Senhor e está ao lado do altar!» Foi então que Salomão en­viou Be­naías, filho de Joiadá, dizendo-lhe: «Vai, lança-te sobre ele!» 30Benaías foi ao santuário do Senhor e disse a Joab: «Assim falou o rei: Sai daí!» E ele respondeu: «Não! Prefiro morrer aqui!»

Então Benaías foi ter com o rei para lhe contar o caso, infor­mando-o sobre o modo como Joab tinha fa­lado e res­pondido. 31O rei disse-lhe: «Faz como ele te disse. Lança-te so­bre ele e de­pois enterra-o; afastarás de mim e da casa de meu pai o san­gue derra­mado sem motivo por Joab! 32O Se­nhor fez cair o seu sangue so­bre a sua cabe­ça, pois ele lançou-se contra dois ho­mens mais justos e mais honestos do que ele; matou-os cruelmente à es­pada, sem meu pai ser sabedor: Abner, filho de Ner, chefe do exército de Israel, e Amassá, filho de Jéter, chefe do exér­­cito de Judá. 33Que o sangue deles caia para sem­pre sobre a sua cabeça e sobre a dos seus descen­den­tes. Para David, po­rém, para a sua des­cen­dên­cia, para a sua casa e seu trono, ha­verá eter­namente a paz da parte do Senhor.» 34Então Be­naías, filho de Joiadá, par­tiu, lan­çou-se sobre Joab e matou-o; foi sepul­tado em sua casa, no de­serto. 35O rei colocou à frente do exército, no lugar dele, Be­naías, filho de Joia­­dá; e, no lugar de Abia­tar, colo­cou o sacer­dote Sadoc.


Morte de Chimei (v.8-9; 2 Sm 16, 5-13) – 36O rei mandou um emis­sário con­vocar Chimei e disse-lhe: «Constrói para ti uma casa em Je­rusalém e fica lá; não saias de lá, seja para onde for! 37No dia em que tu saíres e trans­puseres a torrente do Cédron saberás, sem sombra de dúvida, que vais morrer impreteri­velmente! O teu sangue cairá sobre a tua cabeça.»

38Chimei disse então ao rei: «Boas palavras! Conforme as proferiu o rei, meu senhor, assim fará o teu servo!» E Chimei ficou a residir em Jerusalém por muitos anos. 39Ao fim de três anos, dois servos fugiram de junto de Chimei para Aquis, filho de Maacá, rei de Gat; comunicaram isto a Chimei, di­zendo: «Eis que os teus servos estão em Gat.» 40Chimei le­vantou-se, montou no seu burro e subiu a Gat; foi ter com Aquis, em busca dos seus servos. 41Contaram a Salomão que Chimei tinha subido de Jerusalém a Gat e que regres­sara de lá. 42O rei mandou, pois, vir Chimei à sua pre­sença e disse-lhe: «Não te fiz eu jurar pelo Senhor, e não te adverti, dizendo: ‘No dia em que tu saíres e partires para onde quer que seja, fica sabendo que terás de morrer’? E não me respondeste tu: ‘Boas pala­vras as que te ouvi’? 43Então, porque é que não guar­daste o jura­mento feito ao Senhor, nem a ordem que eu te dei?» 44En­tão, o rei disse a Chimei: «Tu conhe­ces muito bem, e o teu coração intui, todo o mal que fizeste a David, meu pai; e o Senhor fez cair a tua mal­dade so­bre a tua cabeça. 45O rei Salomão, porém, será abençoado, e o trono de David será consolidado para sempre aos olhos do Senhor.» 46 O rei deu ordem a Benaías, filho de Joiadá, que saiu, lançou-se sobre Chimei e matou-o. Deste modo, a realeza ficou con­so­lidada nas mãos de Salomão.

Capítulo 3

Sacrifícios de Salomão em Gui­­beon. Aparição do Senhor 1Salomão tornou-se genro do faraó, rei do Egipto, desposando a sua fi­lha, que instalou na cidade de Da­vid até que acabasse de construir a sua pró­pria casa e a casa do Se­nhor, assim como a muralha à volta de Jerusa­lém. 2O povo, esse, conti­nuava a ofe­recer sacrifícios nos lugares altos, pois até à data não se tinha levan­tado ainda uma casa ao nome do Se­nhor. 3Salomão amava o Senhor, seguindo os pre­ceitos de seu pai Da­vid; mas era ainda nos lugares altos que ele oferecia os sa­crifícios e quei­mava o incenso. 4Foi por isso que o rei se dirigiu a Gui­beon, para aí ofe­re­cer um sacrifício, uma vez que esse era o principal lugar alto; e ali Salo­mão ofereceu em holocausto mil ví­timas.


Salomão pede a sabedoria (2 Cr 1,3-12; Sb 9,1-18) – 5Em Guibeon o Se­nhor apareceu a Salomão em so­nhos, durante a noite, e disse-lhe: «Pede! Que posso Eu dar-te?» 6Salo­mão res­pon­deu: «Tu trataste o teu servo Da­vid, meu pai, com grande miseri­cór­dia, porque ele andou sem­pre na tua presença com lealdade, justiça e rec­ti­­dão de coração para con­tigo; con­ser­­vaste para com ele essa grande mise­ricórdia, conce­dendo-lhe um filho que hoje está sen­tado no seu trono. 7Agora, Senhor, meu Deus, és Tu também que fazes reinar o teu servo em lu­gar de Da­vid, meu pai; mas eu não passo de um jovem inexperiente que não sabe ainda como governar. 8O teu servo encontra-se agora no meio do teu povo escolhido, um povo tão nume­roso que ninguém o pode con­tar nem enumerar, por causa da sua multidão. 9Terás, pois, de con­ceder ao teu servo um coração cheio de entendimento para governar o teu povo, para discernir entre o bem e o mal. De outro modo, quem seria capaz de julgar o teu povo, um povo tão im­portante?» 10Esta oração de Salomão agradou ao Senhor, 11que lhe disse:

«Já que me pediste isso e não uma longa vida, nem riqueza, nem a mor­te dos teus inimigos, mas sim o discer­nimento para governar com recti­dão, 12vou proceder conforme as tuas pala­vras: dou-te um coração sá­bio e pers­picaz, tão hábil que nunca existiu nem existirá jamais alguém como tu. 13Dou-te também o que nem se­quer pediste: riquezas e glória, de tal modo que, durante a tua vida, não exis­tirá rei que te seja igual. 14Se andares nos meus cami­nhos e obser­vares as minhas ordens como fez Da­vid, teu pai, dar-te-ei uma lon­ga vida.» 15Mal despertou da­quele sonho, Sa­­lo­mão vol­­­tou para Jeru­salém, colo­­cou-se diante da Arca da aliança do Se­nhor, ofe­re­­ceu holo­caus­tos e sacri­­fí­cios de comu­­­nhão e preparou um grande ban­­quete para to­dos os seus ser­vos.


Sabedoria de Salomão16Então duas prostitutas apresen­taram-se dian­te do rei. 17Uma delas disse-lhe: «Por favor, meu senhor, eu e esta mu­lher moramos na mes­ma casa, e eu dei à luz um filho, es­tando ela em casa. 18Três dias após o meu parto, ela também deu à luz. Vivía­mos jun­tas, sem que mais ninguém morasse ali; só lá estáva­mos nós as duas. 19Numa noite o filho desta mu­lher morreu, abafado por ela, que dor­mia sobre ele. 20Em plena noite ela le­van­tou-se, en­quanto a tua serva dor­mia, tomou de junto de mim o meu filho e deitou-o a seu lado; o seu fi­lho, o morto, passou-o para junto de mim. 21Ao levantar-me de manhã para dar de mamar ao meu filho dei com ele mor­to. Quando se fez dia, exami­nando bem, vi que aquele não era o meu fi­lho.» 22A outra disse-lhe: «Não é assim; o meu filho é o que está vivo; o morto é que é o teu.» Aquela, por sua vez, dizia: «Não! O teu filho é o morto; o vivo é que é meu.» As­sim falavam elas diante do rei. 23O rei disse então: «Esta diz: ‘O meu filho é o vivo; o morto é teu.’ Aquela, por sua vez, diz: ‘Não! O teu filho é o morto; o vivo é que é o meu.’»

24Sa­lo­mão ordenou: «Trazei-me uma es­pada.» E trouxeram uma es­pada ao rei. 25Dis­se: «Cortai o me­nino vivo em dois e dai a cada uma a sua me­tade.» 26En­tão a mãe, a quem per­­tencia o filho vivo, e cujas entra­nhas, por causa do filho, esta­vam como­vi­das, disse ao rei: «Por favor, meu se­nhor, dai-lhe a ela o menino vivo! Não o ma­teis!» A outra, pelo contrário, di­­zia: «Cortai-o em dois! Assim, nem será para mim nem para ti!» 27Foi então que o rei tomou a palavra e disse: «Dai o menino vivo à pri­meira; não o mateis; ela é que é a sua mãe.»

28Em todo o Israel se ouviu a sen­tença proferida pelo rei e todos o te­miam, pois viram que havia nele uma sabedoria divina para fazer justiça.

Capítulo 4

Altos funcionários de Salo­mão1O rei Salomão reinava sobre todo o Israel. 2Eis os ministros que estavam ao seu serviço: o sacer­dote Azarias, filho de Sadoc; 3os escri­­bas Elioref e Aías, filhos de Chi­chá; o cronista Josafat, filho de Ailud; 4o chefe do exército, Benaías, filho de Joiadá; os sacerdotes Sadoc e Abia­tar; 5o chefe dos intendentes, Aza­rias, filho de Natan; o conse­lheiro pri­vado do rei, Zabud, filho de Natan, 6o pre­feito do palácio, Ai­char, e o dirigente dos trabalhos, Adoniram, filho de Abda. 7 Salomão tinha doze inten­den­tes estabele­ci­dos em todo o Israel, que proviam às necessidades do rei e da sua casa, cada um durante um mês no ano. 8 Eis os seus nomes:

Ben-Hur, na montanha de Efraim; 9Ben-Déquer, em Macás, em Chaal­­bim, em Bet-Chémes e em Elon Bet-Hanan; 10Ben-Héssed, em Arubot, de quem dependia Socó e toda a terra de Héfer; 11Ben-Abinadab, que tinha os altos de Dor; sua esposa foi Tafat, filha de Salomão. 12Baana, filho de Ailud, que tinha Taanac, Meguido e todo o Bet-Chan, junto de Sartan, abaixo de Jezrael, desde Bet-Chan até Abel-Meolá, e até para além de Joquemoam; 13Ben-Gué­ber, em Ra­mot de Guilead, que tinha os acam­pa­mentos de Jair, fi­lho de Manas­sés, em Guilead, toda a terra de Argob, em Basan, ses­senta cidades gran­des e fortificadas, com fechaduras de bronze; 14 Ainadab, fi­lho de Ido, em Maanaim; 15Aimaás, em Neftali, tam­bém ele casado com uma filha de Salomão, de nome Ba­se­mat. 16Baana, filho de Huchai, em Aser e em Bea­lot; 17Josafat, filho de Parua, em Issa­car; 18Chimei, filho de Ela, em Ben­ja­­mim; 19Guéber, filho de Uri, no país de Guilead, pátria de Seon, rei dos amorreus e de Og, rei de Basan; aí havia apenas um intendente em toda a região. 20A população de Judá e Israel era tão numerosa como as areias das praias do mar. Todos co­miam, bebiam e viviam contentes.

Capítulo 5

Víveres para o rei e sua co­mi­­tiva1Salomão dominava sobre todos os reinos, desde o Rio até ao país dos filisteus e à fronteira do Egipto; eles pagaram tributo e serviram Salomão durante toda a sua vida. 2As provisões diárias para a mesa de Salomão eram trinta co­ros de flor de farinha e sessenta de farinha; 3dez bois gordos e vinte de pastagem, cem cordeiros, além de vea­­dos, gazelas, gamos e aves gor­das. 4É que ele dominava em toda a região de além do rio, desde Tifsa até Gaza, e em todos os reis de além do rio; e vivia em paz com todos os povos em redor. 5Judá e Israel, des­de Dan a Bercheba, viviam em segu­rança cada um debaixo da sua vinha e da sua figueira, durante toda a vida de Salomão.

6Salomão tinha quarenta mil man­­jedouras para os cavalos dos seus carros e doze mil cavalos de sela. 7Os intendentes pro­­­viam, cada um em seu mês, à mesa do rei Salomão e de todos os seus comensais, providen­ciando para que nada lhes faltasse. 8Quanto à ce­vada e palha para os cavalos de carga e de montaria, tudo isto le­vavam, cada um na sua vez, para onde o rei se encon­trasse.


Fama de Salomão9Deus conce­deu a Salomão sabedo­ria e inteli­gên­­cia extraordinárias, bem como uma visão de espírito tão vas­ta como as areias que há nas praias do mar. 10A sabedoria de Sa­lomão ex­cedia a de todos os filhos do Oriente e toda a sabedoria do Egip­to. <sup11></sup>Foi o mais sá­bio de todos os ho­mens; mais sábio do que Etan, o ezraíta, e do que He­man; do que Calcol e Darda, filhos de Maol; o seu nome era conhe­­cido por todos os povos em redor.

12Proferiu três mil provérbios, e seus hinos são em número de mil e cinco. 13 Dissertou sobre as árvores: sobre o cedro do Líbano, bem como sobre o hissopo que brota dos mu­ros; sobre os ani­mais, as aves, os répteis e os peixes. 14Para ouvir a sua sabe­do­ria vieram pessoas de todos os povos, da parte de todos os reis da terra, que alguma vez tinham ou­vido falar dela.


Aliança de Salomão com Hiram, rei de Tiro (2 Cr 2,2-17) – 15Hiram, rei de Tiro, que sempre fora amigo de David, soube que Salomão tinha sido ungido rei no lugar de seu pai; por isso enviou-lhe embaixadores seus. 16Salomão, por sua vez, enviou também uma embaixada a Hiram, dizendo: 17«Tu sabes que David, meu pai, por causa das guerras que teve de sustentar até o Senhor colocar os seus inimigos debaixo dos seus pés, não pôde levantar um templo ao nome do Senhor seu Deus. 18Mas agora o Senhor meu Deus deu-me paz por todo o lado; não tenho ini­mi­gos nem ameaça de desgraça. 19Por isso, é minha intenção edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus, conforme o Senhor falara já a Da­vid, meu pai, dizendo: ‘O teu filho, que Eu porei no trono em teu lugar, construirá uma casa ao meu nome.’ 20Manda, pois, cortar-me cedros do Líbano; os meus operários traba­lha­rão com os teus; eu pagarei aos teus o salário que tu entenderes; é que, como sabes, entre nós não há quem saiba cortar cedros como os homens de Sídon.»

21Apenas Hiram ouviu as pala­vras de Salomão, logo se encheu de ale­gria, e disse: «Bendito seja hoje o Se­­nhor que deu a David um filho sábio para governar este povo tão nu­me­roso!» 22E Hiram mandou dizer a Sa­lomão: «Ouvi a mensagem que me enviaste; dar-te-ei toda a madeira de cedro e cipreste que quiseres. 23Os meus servos farão descer a ma­deira do Líbano até ao mar; vou mandar levá-la em jan­gadas pelo mar até ao sítio que tu me indicares e lá, então, as desembar­ca­rei e tu as mandarás receber. Por tua parte, é meu desejo que forneças de víveres a minha casa.» 24Hiram deu, pois, a Salomão toda a madeira de ce­dro e de cipreste que ele pretendia. 25 Sa­lomão deu a Hi­ram vinte mil coros de trigo para sus­tento da sua casa e dez mil coros de óleo bruto; isto era o que Salomão fornecia to­dos os anos a Hiram. 26O Senhor conce­deu sabedoria a Salo­mão con­forme lhe tinha prometido. Houve paz entre Hiram e Salomão e esta­bele­ceram entre si uma aliança.

27O rei Salomão estabeleceu em todo o Israel uma corveia que constava de trinta mil operários. 28Enviava-os ao Líbano em turnos de dez mil por mês; passavam um mês no Líbano e dois em suas casas. O chefe da cor­veia era Adoniram. 29Salomão tinha ainda ao seu serviço setenta mil car­­regadores e oitenta mil cortadores de pedra na montanha. 30Isto, sem contar três mil e trezentos contra­mestres, que presidiam aos vários trabalhos. 31O rei ordenou que ex­traíssem grandes pedras escolhidas, destinadas aos alicerces do templo, pedras de talha. 32Os canteiros de Salomão e os de Hiram, juntamente com os de Guebal, lançaram-se ao corte e à preparação das madeiras e pedras para a construção do templo.

Capítulo 6

Edificação do templo (2 Cr 3,1-17) – 1No ano quatrocentos e oitenta após a saída dos filhos de Israel do Egipto, no quarto ano do reinado de Salomão sobre Israel, no mês de Ziv, que é o segundo mês do ano, começou a edificar-se o templo do Senhor. 2O templo que o rei Sa­lomão construiu ao Senhor media sessenta côvados de comprimento, vinte de largura e trinta de altura. 3O pórtico à entrada do templo me­dia vinte côvados de compri­men­to no sentido da largura do templo e dez côvados de largura, no sentido do prolongamento do templo. 4Colo­cou no templo janelas com grades de madeira. 5Encostados aos muros do templo, mesmo à volta, construiu an­­­dares que rodeavam os muros do templo, o pórtico e o santuário; des­te modo cercou toda a casa de anda­res laterais. 6O andar inferior media cinco côvados de largura, o segundo, seis e o terceiro, sete; estas reduções na parte exterior eram para evitar que as vigas penetrassem mesmo nos muros do edifício.

7Na construção do templo só se empregaram pedras la­vradas na pe­dreira; deste modo, durante os tra­ba­lhos de construção, nenhum ruído se ouvia, nem de mar­­­telo, nem de cin­zel, nem de qualquer outra ferra­menta. 8A porta do andar inferior fi­cava do lado direito do edi­fício; subia-se por uma escada em espiral ao andar do meio e, deste, ao terceiro. 9Tendo aca­bado de cons­truir o templo, Salomão adornou-o com tábuas e forro de ce­dro. 10Le­vantou andares à volta de todo o edifício, com cinco côvados de altura cada um, e ligou-os ao templo por traves de cedro.

11Então a palavra do Senhor foi dirigida assim a Salomão: 12«Por esta­­res a construir este templo, se guar­da­­res as minhas leis, cum­pri­res os meus mandamentos e observares to­dos os meus preceitos, guiando-te por eles, cumprirei em ti todas as pro­mes­sas que fiz a teu pai David. 13Habi­ta­rei no meio dos filhos de Is­rael, sem nunca abandonar Israel, meu povo.»

14Salomão acabou de edificar o templo. 15Depois revestiu o interior das paredes do edifício com placas de cedro, do pavimento ao tecto. Reves­tiu assim todo o interior com madei­ras de cedro e recobriu o pavimento com placas de cipreste. 16Em segui­da revestiu com placas de cedro, desde o solo aos tectos, o espaço de vinte cô­vados que forma o fundo do tem­plo. Ele transformou o interior do edi­fício em lugar santíssimo, o San­to dos San­tos. 17Os restantes quarenta côva­dos, esses constituíam a parte interior do templo. 18Todo o interior do edi­fí­cio era revestido de cedro em tábuas en­ta­lhadas com flores e fru­tos; tudo era de cedro, não se via pe­dra alguma.

19Construiu o san­tuá­­rio ao fundo, no interior do tem­plo, para colocar lá a Arca da aliança do Se­nhor. 20O santuário media vinte côvados de comprimento, vinte de largura e vinte de altura. Salomão fez um altar de madeira de cedro para a frente do santuário21 e reves­tiu de ouro todo o interior do tem­plo; diante do san­tuá­rio, que tam­bém estava revestido de ouro puro, havia umas correntes de ouro. 22Re­vestiu de ouro fino todo o edifício de alto a baixo e recobriu tam­­bém de ouro o altar que estava diante do santuário.


Os querubins (Ex 25,18-22; 37,7-9; 2 Cr 3,10-13) – 23No santuário colocou dois queru­bins de pau de oliveira, que me­diam dez côvados de altura. 24Uma asa de um querubim media cinco cô­va­dos; a outra asa, cinco cô­vados; deste modo, da extremidade de uma asa à extre­midade da outra iam dez côvados. 25O segundo que­rubim media tam­bém, no total, dez côvados; a di­men­são e a forma dos dois queru­bins eram iguais.

26A altura do primeiro querubim era de dez côvados; a do segundo era igual. 27Colocou os que­rubins no meio do templo, no seu interior. Os queru­­bins tinham as asas estendi­das. A asa do primeiro que­ru­­bim to­cava na pa­rede, a do segundo toca­va na ou­tra parede. As duas asas dos queru­bins que fica­vam para den­­tro toca­vam-se uma à outra. 28Re­ves­tiu também com pla­cas de ouro os que­rubins.

29Em todos os muros do templo mandou esculpir por dentro e por fora querubins, palmas e flores. 30Re­ves­tiu de ouro por dentro e por fora o pavimento do templo. 31 À en­trada do santuário colocou batentes de ma­deira de oliveira, cujo enqua­dra­mento com as ombreiras for­mava a quinta parte do muro. 32Nos dois batentes de madeira de oliveira fez esculpir querubins, palmas e flores, reves­tindo-as de ouro; tam­bém co­briu de ouro tanto os querubins como as pal­mas. 33Para as portas do templo fez também batentes de madeira de oli­veira, que ocupavam a quarta parte do muro, 34assim como dois batentes em madeira de ci­pres­te; dois pai­néis móveis para o pri­meiro e outros dois para o se­gundo. 35Mandou esculpir nelas, igual­men­te, querubins, pal­mas e botões de flor, revestindo tudo a ouro. 36Cons­truiu depois o átrio in­te­­rior: três ordens de pedra lavrada, e uma ala de traves de cedro.

37No quarto ano do seu reinado, no mês de Ziv, foram lançadas as bases do templo do Senhor. 38No dé­cimo primeiro ano, no mês de Bul, que é o oitavo mês, acabou de se cons­­truir o templo em todo o seu con­junto e pormenores. Salomão cons­truiu-o em sete anos.

Capítulo 7

Construção do palácio de Sa­lomão1Salomão edificou tam­bém o seu palácio; foram pre­ci­sos treze anos para terminar a cons­tru­ção. 2Levantou a “Casa da Flo­resta do Líbano”: cem côvados de compri­mento, cinquenta de largura e trin­ta de al­tura. Estava construída so­bre qua­­tro ordens de colunas de cedro, com tra­ves de cedro sobre as colu­nas. 3 For­rou de cedro o tecto dos quartos que assentavam nas colu­nas, em nú­mero de quarenta e cin­co, ou seja, quinze colunas em cada ordem. 4É que ha­via três naves com janelas em corres­pon­dência umas com as outras. 5Todas estas portas com as suas vigas eram de forma quadrada, e as jane­las cor­respon­diam umas às outras.

6Le­van­­tou um pórtico de colunas com cinquenta côvados de com­pri­mento e trinta de largura, à frente do qual construiu um vestíbulo de colunas com degraus. 7Fez a sala do trono onde administrava a justiça: era a Sala do Juízo, que revestiu de cedro desde o pavimento ao tecto. 8A casa onde ele morava, construída no segundo átrio atrás do pórtico, era de cons­trução semelhante. Para a filha do faraó do Egipto com quem casara, mandou tam­­bém construir uma casa seme­lhante ao pórtico.

9Todas estas construções eram em pedra lavrada, cortada sob justa me­dida, e trabalhada à serra na face an­terior e posterior; era assim a pedra desde os alicerces às corni­jas, e no exterior, até ao grande átrio. 10Quanto aos alicerces, eram tam­bém de pe­dras escolhidas: pedras gran­des, de dez e de oito côvados. 11Por cima dos alicerces havia igualmente pedras escolhidas de grande dimen­são, cor­tadas sob justa medida, e traves de cedro. 12 No muro em volta do grande pátio havia três ordens de pedra la­vrada e uma fileira de vigas de cedro; o mesmo se diga do pátio interior do templo do Senhor e seu vestíbulo.


As duas colunas (2 Cr 3,15-17; 4,12-13) – 13Salomão enviou arautos a Tiro para trazerem Hiram. 14Este era filho de uma mulher viúva, da tribo de Ne­f­ta­li, e seu pai era de Tiro. Hiram era dotado de grande sabedoria, inteli­gên­cia e habilidade para fabricar toda a espécie de tra­ba­lhos em bronze; ele apresentou-se ao rei Salomão e executou-lhe todos os trabalhos. 15Fundiu duas colunas de bronze; a primeira media dezoito côvados de altura; para rodear a segunda, era preciso um fio de doze côvados. 16Fun­diu dois capitéis de bron­ze para pôr no cimo das colu­nas; um media cinco côvados de al­tura e o outro, igual­mente cinco côvados. 17Estavam orna­dos com redes de ma­lha de grinal­das em for­ma de cadeia; sete para o pri­meiro capitel e sete para o segundo. 18Fez igualmente duas fileiras de ro­mãs em volta das redes para cobrir os capitéis que co­briam as colunas. 19Os capitéis que estavam no cimo das colunas do átrio, esses tinham a forma de lírio, com quatro côvados. 20Os capi­téis postos no cimo das duas colunas erguiam-se sobre a parte mais espessa da coluna, além da rede; em redor dos dois capitéis havia du­zen­tas romãs dispostas em círculo. 21Colocou estas duas colunas junto do pórtico do templo; à da direita chamou-lhe Jaquin, e à da esquerda, Booz. 22So­bre as colunas colocou re­ma­tes em forma de lírio; assim ter­mi­nou em beleza o trabalho das colunas.


Mar de bronze (Ex 38,8; 2 Cr 4,2-6) – 23Hiram fundiu também um mar de bronze, que media dez cô­vados de diâmetro e tinha forma circular; a sua altura era de cinco côvados; a sua circunferência media-se com fio de trinta côvados. 24Por baixo da borda havia saliências de talha, em número de dez por cada côvado; cer­ca­­vam o mar em toda a volta; fica­vam dispostas em duas ordens; tinham sido fundidas no mesmo metal que o mar, formando uma só peça. 25O mar assentava em doze bois de bronze, voltados para fora; três deles olha­vam para o norte, três, para o ocidente; três, para o sul e três, para o oriente. O mar apoiava-se sobre eles, e a parte poste­rior dos seus corpos ocultava-se para o lado de dentro. 26A sua es­pes­sura media uma mão, e a sua borda asse­melhava-se à de uma taça em forma de lírio; podia levar dois mil batos.


Suportes de bronze27Hiram fez também dez suportes de bronze. Cada suporte media quatro côvados de comprimento, quatro de largura e três de altura. 28Eis como eram feitos os suportes: eram trabalhados a cinzel, com molduras entre as jun­turas. 29Sobre as placas, entre as mol­duras, havia leões, bois e queru­bins; por cima e por baixo dos leões e dos bois pendiam grinaldas à ma­neira de festões. 30Cada suporte tinha qua­tro rodas de bronze, com eixos tam­bém de bronze, e nos qua­tro cantos havia suportes fundidos, por baixo das grinaldas, segurando a bacia.

31No interior do remate dos pilares havia uma bacia, de um cô­vado de altura; era cilíndrica e me­dia um cô­vado e meio de diâ­me­tro; era or­nada de várias esculturas e os seus supor­tes não eram redondos, mas qua­dra­dos. 32Debaixo destes esta­vam as qua­tro rodas, cujos eixos se fixavam à base; cada roda media côvado e meio de altura. 33As rodas eram feitas como as rodas de um carro; os eixos, as jantes, os raios e os cubos, tudo era fundido. 34Nos quatro ângulos de cada pedestal, e unidos a ele, havia quatro suportes. 35A parte superior do pedestal era de forma circular, medindo meio cô­vado de altura; os seus suportes for­mavam uma só peça com as pedras lavradas. 36Nas pla­cas dos seus su­por­tes e das pe­dras lavradas, bem como nos espa­ços va­zios, mandou esculpir queru­bins, leões, palmas e grinaldas circulares. 37Fez assim os dez pedestais, todos fundidos da mesma maneira, com as mesmas dimensões e de igual deco­ração. 38Fundiu também dez bacias de bronze, cada uma das quais le­vava quarenta batos. Cada uma media qua­tro côvados e assentava sobre um dos dez pedestais. 39Colocou cinco pedestais do lado direito do templo, e os outros cinco, do lado esquerdo. O mar colocou-o no lado direito do edifício, no canto sudeste.


Lista sumária dos objectos de me­tal40Hiram fez também ba­cias, pás e bacias de aspersão. Con­cluiu, pois, toda a obra que o rei Salomão lhe mandou fazer para o templo do Senhor, a saber: 41duas colunas e dois capitéis esféricos para pôr no cimo das colunas; duas redes para cobrir os capitéis esféri­cos na parte supe­rior das colunas; 42quatrocentas romãs para as redes, sendo duas fileiras de romãs para cada rede que cobria os capitéis; 43dez suportes de bacias; dez bacias por cima dos carros; 44o mar e os doze bois para ficarem como su­porte do mar; 45caldeirões, pás e ba­cias de aspersão. Todos estes objectos eram feitos de bronze polido, se­guindo a ordem dada por Salomão para o tem­plo do Senhor. 46O rei mandou-os fundir em moldes de terra argi­losa, no vale do Jordão, entre Sucot e Sar­tan. 47Então Salomão fez colo­car no seu lugar todos estes objec­tos; eram em tão grande número que o seu peso em bronze nem sequer pôde ser calculado.

48Salomão mandou fabricar ain­da todos os utensílios para o templo do Senhor: o altar de ouro, a mesa de ouro sobre a qual se punham os pães da oferenda; 49os candelabros de ouro fino, cinco à direita e cinco à esquerda, diante do santuário, e as lâmpadas e os espevitadores de ouro; 50os copos, as facas, as bacias, as co­lhe­res, os cinzeiros de ouro fino e os gonzos de ouro para os batentes da porta do Santo dos Santos e para as portas do santuário.

51Assim con­cluiu Salomão todos os trabalhos empreen­didos para a cons­trução do templo do Senhor. Man­dou trazer, ainda, as coisas que David, seu pai, tinha consagrado: a prata, o ouro e os utensílios; e colocou tudo no tem­plo do Senhor.

Capítulo 8

Trasladação da Arca para o templo (2 Sm 6,10-19; 2 Cr 5,1-14) – 1Então Salomão reuniu junto de si em Jerusalém os anciãos de Israel. Todos os chefes das tribos, os chefes das famílias dos filhos de Israel, para transladarem da cidade de David, em Sião, a Arca da alian­ça do Senhor. 2Todos os homens de Israel se reu­ni­ram na presença do rei Salomão no mês de Etanim, que é o sétimo mês, durante a festa so­lene. 3Quando todos os anciãos de Israel acabaram de chegar, os sacer­dotes transporta­ram a Arca. 4Fize­ram subir a Arca do Senhor, a tenda da reunião, com todos os utensílios sagrados que esta­vam na tenda; fo­ram os sacerdotes e os levitas quem a transportou.

5O rei Salomão e toda a assem­bleia de Israel reunida junto dele caminha­vam à frente da Arca e iam sacri­ficando tão grande quantidade de ovelhas e bois que não se podiam contar nem enume­rar. 6Os sacer­do­tes levaram a Arca da aliança do Senhor para o seu lugar no santuário do templo, o Santo dos Santos, sob as asas dos querubins. 7Com efeito, os querubins es­tendiam as suas asas sobre o lugar da Arca, co­brindo-a e aos seus varais com suas asas. 8Os varais eram tão longos que, mesmo assim, as suas extremidades se po­diam ver do lugar santo, que pre­cede o Santo dos Santos; de fora, porém, nin­guém as conseguia ver. E ainda hoje ali se encontram.

9Na Arca não ha­via senão as duas tábuas de pedra que Moisés lá colo­cara no monte Ho­reb, quando o Se­nhor concluiu a Aliança com os filhos de Israel, ao saírem da terra do Egipto.


A glória do Senhor (Ex 40,34-38; Nm 9,15-23; Ez 43,4-5) – 10Quando os sacer­dotes saíram do santuário, a nuvem encheu o templo do Se­nhor. 11Deste modo, os sacerdotes não puderam ficar ali para exerce­rem o seu mi­nis­tério, por causa da nuvem, já que a glória do Senhor enchia o templo do Senhor. 12Disse então Salomão:

«O Senhor escolheu habitar em nuvem escura! 13Por isso é que eu te edifiquei um palácio, um lugar onde habitarás para sempre.»

14Depois, o rei voltou-se para a as­sembleia de Is­rael e abençoou toda a assem­bleia de Israel, que se manti­nha de pé. 15E disse:

«Bendito seja o Senhor Deus de Israel que por sua boca falou a meu pai David, e por sua mão acaba de cumprir a promessa que lhe fez quan­­do disse: 16 ‘Desde o dia em que fiz sair Israel, meu povo, do Egipto, não escolhi cidade alguma de entre as tribos de Israel, onde fosse edi­fi­cada uma casa para que ali esti­vesse o meu nome; mas escolhi David para reinar sobre o meu povo de Israel.’ 17David, meu pai, teve o de­sejo de edi­ficar um templo ao nome do Senhor, Deus de Israel. 18O Senhor, porém, disse a David, meu pai: ‘Tu tiveste o desejo de construir um templo ao meu nome; e fizeste bem. 19Porém, não serás tu a edifi­car esse templo, mas um teu filho, nascido de ti, é que há-de construir um templo ao meu nome!’ 20O Se­nhor cumpriu a pala­vra que dis­sera: eu sucedi a David, meu pai, e sen­tei-me no trono de Is­rael, como o Se­nhor tinha dito; edi­fi­quei este tem­plo ao nome do Se­nhor, Deus de Is­rael. 21Nele des­tinei um lugar para a Arca, onde se en­contra a Alian­ça do Senhor, Aliança que Ele con­cluiu com nossos pais quando os fez sair da terra do Egipto.»


Oração de Salomão (2 Cr 6,14-42; Sb 9,1-18) 22Depois, Salomão colocou-se diante do altar do Senhor, pe­rante toda a assembleia de Israel; levan­tou as mãos para o céu 23e disse:

«Senhor, Deus de Israel,

não há Deus semelhante a ti,

nem no mais alto dos céus

nem cá em baixo, na terra,

para guardar a misericor­diosa Alian­ça para com os servos,

que an­dam na tua presença, de todo o cora­ção.

24Tu cumpriste sempre as tuas pro­messas

para com o teu servo Da­vid, meu pai.

Tudo o que disseste com a tua boca,

tudo isso cumpriste com a tua mão, como hoje se vê.

25Agora, Senhor, Deus de Is­rael,

rea­liza as promessas que fizeste ao teu servo David, meu pai,

quando lhe disseste:

‘Nunca mais deixará de sentar-se

diante de mim, no trono de Is­rael,

alguém da tua estirpe, desde que os teus filhos tenham o cui­dado de velar pela sua con­duta,

caminhando na minha presença,

como tu mesmo o fizeste sempre.’

26Que agora se cumpra, ó Deus de Israel,

a promessa que fizeste ao teu ser­vo David, meu pai.

27Será que Deus poderia mesmo habitar sobre a terra?

Pois se nem os céus nem os céus dos céus te conseguem conter!

Quanto menos este templo que eu edifiquei?

28Mes­mo assim, atende, Senhor,

meu Deus, a oração e as súplicas do teu servo.

Escuta o grito e a prece que o teu servo hoje te dirige.

29Estejam os teus olhos abertos dia e noite sobre este templo,

sobre este lugar do qual disseste:

‘Aqui estará o meu nome.’

Ouve a oração que o teu servo te faz neste lugar.

30Escuta a súplica do teu servo

e a do teu povo, Israel, quando aqui orarem.

Ouve-os do alto da tua mansão, no céu;

ouve-os e perdoa!

31Se alguém pecar contra o seu pró­­ximo

e, ao ser-lhe imposto um jura­mento de maldição,

vier fazê-lo diante do teu altar, neste templo,

32Tu o ouvirás lá do alto dos céus,

exercerás a justiça entre os teus ser­vos, condenando o culpado,

fazendo cair a sua culpa sobre a sua cabeça,

absolvendo o justo e com­pen­sando-o segundo a justiça.

33Quan­do Israel, teu povo, for der­rotado pelos seus inimigos,

por ter pe­cado contra ti,

se ele voltar para ti glorificando o teu no­me,

se rezar e suplicar neste tem­plo,

34escuta-o lá do céu,

perdoa o pe­­cado de Israel, teu povo,

e recondu-lo à terra que deste a seus pais.

35Quando o céu se fechar

e não houver mais chuva

porque o povo pecou contra ti,

se ele se voltar para este lugar em oração,

der glória ao teu nome e se arre­pender do seu pecado

por causa da aflição que lhe de­cretaste,

36ouve-o lá do céu,

per­doa o pecado dos teus servos

e de Israel, teu povo;

ensina-lhes o bom ca­minho que devem seguir,

e man­da chuva sobre a terra que deste em herança ao teu povo.

37Quando cair sobre a terra a fome, a peste, a fer­rugem,

o tumor maligno e os gafa­nho­tos;

quando o inimigo sitiar o povo nas cidades,

quando houver seja que flagelo for ou epidemia,

38se um homem ou o teu povo,

seja qual for o motivo da sua ora­ção ou da sua súplica,

tomar consciência do fla­gelo que atinge a sua vida

e estender as mãos para este templo,

39Tu escuta-os lá do céu, o lugar onde habitas,

perdoa-lhes e trata-os segundo a sua atitude.

Tu conheces o seu íntimo;

só Tu, de facto, conheces o cora­ção de todos os homens.

40Assim, os filhos de Israel te hão--de temer

enquanto viverem sobre a terra que deste a nossos pais.

41Até o estrangeiro,

que não per­tence ao teu povo de Israel,

se ele vier de um país longínquo, por causa do teu nome,

42se ouvir falar por toda a parte da grandeza do teu nome,

da força da tua mão e do poder do teu braço,

se esse homem vier rezar a este templo,

43Tu ouve-o lá do céu, a casa onde habitas,

atende a tudo quanto te pedir esse estrangeiro.

Assim, todos os povos da terra hão-de conhecer o teu nome,

como Is­rael, o teu povo;

hão-de temer-te e ficarão a saber

que o teu nome é invocado

neste templo que eu edi­fiquei.

44Quando o teu povo partir para a guerra contra os seus inimigos

pelo caminho que lhe tiveres in­di­­cado,

se te rezarem voltados para a ci­dade que escolheste,

para o tem­plo que ergui ao teu nome,

45ouve do alto dos céus as suas ora­ções e sú­plicas

e faz-lhes jus­tiça.

46Quando os filhos de Israel tive­rem pecado contra ti

– porque não há ninguém sem pecado –

e estiveres irritado con­tra eles

até os entregares nas mãos dos seus inimigos

a ponto de se­rem levados prisio­neiros

pelos seus vencedores para um país inimigo,

próximo ou longínquo;

47se na terra do seu exílio, en­tran­do em si,

se arrependerem dos seus peca­dos

e, cativos, te suplicarem desta ma­neira:

‘Pecámos, cometemos a ini­qui­dade, procedemos mal’,

48se eles se voltarem para ti

de todo o cora­ção e de toda a sua alma,

na terra dos seus inimigos

para onde foram levados prisio­nei­ros,

e orarem a ti de rosto voltado

para a terra que deste a seus pais,

para esta cidade que escolheste,

para este templo que eu ergui ao teu nome,

49ouve do alto dos céus,

do alto da tua man­são,

as suas orações e súplicas;

faz-lhes justiça!

50Perdoa ao teu povo todos os pe­cados

e as ofensas que cometeram con­tra ti.

Infunde mise­ri­córdia nos que os retêm cativos

a fim de que tenham compaixão deles.

51É que Israel é o teu povo e a tua herança

que fizeste sair do Egipto,

de uma fornalha de fundir ferro!

52Que os teus olhos se abram

às súplicas dos teus servos e do povo de Israel,

para os ouvires quando te invo­carem!

53Foste Tu, ó Senhor Deus, que os escolheste

de entre todos os povos da terra como tua herança,

como declaraste pela boca do teu servo Moisés

quando fizeste sair os nossos pais do Egipto!»


Bênção de Salomão54Logo que Salomão acabou de dirigir ao Se­nhor esta oração de súplica, levantou-se diante do altar do Senhor, onde esti­vera prostrado de joelhos e de mãos erguidas ao céu. 55De pé, aben­çoou toda a assembleia de Israel, dizendo em voz alta:

56«Bendito seja o Senhor

que deu um lugar de repouso

a Israel, seu povo,

tal como tinha dito;

nenhuma de todas as boas pala­vras

que tinha dito pela boca de Moi­sés, seu servo, ficou sem efeito.

57Que o Senhor, nosso Deus, es­teja connosco

como es­­teve com os nossos pais,

que Ele não nos deixe nem nos abandone;

58que incline para Ele os nossos co­ra­ções,

a fim de que andemos sempre pelos seus caminhos,

observando os seus manda­men­tos,

as leis e os cos­tu­mes que pres­cre­vera a nossos pais.

59Que estas súplicas, que eu acabo de dirigir ao Senhor,

estejam dia e noi­te em sua pre­sença,

de modo que dia a dia Ele faça justiça ao seu ser­vo

e ao seu povo de Israel.

60Assim, todos os povos da terra hão-de reconhecer

que o Senhor é que é Deus,

e que não há outro Deus além dele.

61Que o vosso coração esteja inte­gralmente com o Senhor, nosso Deus,

a fim de viverdes segundo as suas leis

e guardardes os seus mandamen­­tos, como o fazeis hoje.»


Conclusão da festa (2 Cr 7,4-10) – 62O rei e todo o Israel com ele imo­laram vítimas diante do Senhor. 63Salo­mão ofereceu ao Senhor em sacrifício de comunhão vinte e duas mil cabeças de gado graúdo e cento e vinte mil cabeças de gado miúdo. Foi assim que o rei e todos os filhos de Israel realizaram a dedicação do templo do Senhor. 64Nesse dia, o rei consa­grou o interior do átrio que fica em frente do templo do Senhor; foi lá, de facto, que ele ofereceu os holocaustos, as oferendas, assim como a gordura dos sacrifícios de comunhão; pois o altar de bronze que fica diante do Senhor era pe­­queno de mais para comportar os ho­lo­caustos, as oferendas e a gor­dura dos sacrifícios de comunhão.

65Foi nesse tempo que Salomão cele­brou a fes­ta e, com ele, todo o Is­rael; era uma grande assembleia vin­da de Lebó-Hamat até à torrente do Egipto. Permaneceram perante o Se­nhor, nosso Deus, durante sete dias mais sete dias, ou seja, catorze dias. 66No oitavo dia, Salomão despediu o povo; então saudaram o rei e reti­ra­ram-se para as suas tendas, exul­tan­do de alegria em seus corações por todo o bem que o Senhor fizera a Da­vid, seu servo, e a Israel, seu povo.

Capítulo 9

Nova aparição de Deus a Sa­lo­mão (3,5-15; 2 Cr 7,12-22) – 1Quando Salomão acabou de cons­truir o templo do Senhor, o palácio real e tudo quanto lhe aprouve, 2o Senhor apa­receu-lhe uma segunda vez, como lhe tinha aparecido em Guibeon. 3O Se­nhor disse-lhe:

«Ouvi a tua oração e a súplica que me dirigiste;

esta casa que tu me construíste,

Eu a consagrei a fim de nela co­lo­car o meu nome para sem­pre;

os meus olhos e o meu coração aí ficarão eternamente.

4Quanto a ti, se andares na mi­nha presença,

como David, teu pai,

de coração ínte­gro e sincero,

praticando tudo quanto te ordenei,

observando os meus man­damentos e as minhas leis,

5mante­rei para sempre o teu trono real sobre Israel,

como prometi a David, teu pai,

dizendo:

‘Haverá sempre um descendente teu no trono de Israel.’

6Se, porém, vós e os vossos filhos

aca­bardes por vos afastar de mim,

se não guardardes os meus man­da­mentos e as minhas leis,

que Eu estabeleci diante de vós,

se fordes servir outros deuses,

do­brando o joe­lho diante deles,

7então Eu exter­minarei Israel da face da terra que lhe dei,

lançarei para longe de mim

o templo que consagrei ao meu nome,

e Israel se transformará em sar­casmo e zombaria

para todos os povos.

8Este templo que é tão gran­dioso,

quem passar perto dele há-de fi­car estupefacto, exclamando:

‘Por que razão terá o Senhor tra­tado assim esta terra e este tem­plo?’

9E lhes hão-de responder:

‘Foi porque abandonaram o Se­nhor, seu Deus,

que fez sair seus pais do Egipto;

por­que seguiram outros deuses,

do­brando o joelho diante deles e os adoraram.

Por isso é que o Senhor lhes man­dou toda essa desgraça.’»


Outras actividades de Salomão (2 Cr 8,1-16) – 10Passados, pois, os vinte anos durante os quais Salo­mão cons­truiu as duas casas, o tem­plo do Se­nhor e o palácio do rei –11Hi­ram, rei de Tiro, fornecera-lhe as madei­ras de cedro e de cipreste, e ouro quanto ele quis – então o rei Salomão deu a Hiram vinte cidades na terra da Gali­leia. 12Hiram saiu de Tiro para ver as cidades que Salo­mão lhe tinha dado; mas não lhe agradaram. 13E disse: «Que cidades me tinhas tu de dar, meu irmão!» E chamou-lhes terra de Cabul, nome que lhes ficou até ao dia de hoje. 14Hiram enviou ao rei cento e vinte talentos de ouro.

15É esta a relação dos trabalhos que o rei Salomão levou a efeito para a construção do templo do Senhor, do seu palácio, de Milo, da muralha de Jerusalém, de Haçor, de Meguido e de Guézer.

16O faraó, rei do Egipto, pusera-se em marcha e conquistou Guézer, que incendiou; depois de ter morto os ca­naneus que nela viviam, deu-a em dote à filha, esposa de Salomão; 17Sa­lo­mão reconstruiu Guézer, Bet-Horon de Baixo, 18Baalat, Tamar, na região do deserto, 19bem como todas as cida­des da circunscrição, que lhe per­ten­ciam, cidades para os carros, para a ca­valaria, numa palavra, tudo o que lhe aprouve edificar em Jerusalém, no Lí­­bano e em todas as terras do seu do­mínio. 20Restava ape­nas um con­junto de povos amor­reus, heteus, peri­zeus, heveus e jebuseus, que não faziam parte dos filhos de Israel. 21Os seus filhos, que ficaram no país de­pois de­les e que os filhos de Israel não tinham con­­seguido votar à des­truição, a esses recrutou-os Salo­mão para trabalhos pe­sados, como estão ain­da hoje. 22Dos filhos de Israel, Salomão não desti­nou nenhum à es­cravatura, pois eram ho­mens de guerra, seus chefes, seus es­cudei­ros, comandan­tes dos seus car­­ros e da sua cava­la­ria. 23Havia qui­nhen­tos e cinquenta inspectores dos trabalhos de Salo­mão, cujo en­cargo era vigiar os ope­rá­rios.

24A filha do Faraó saiu da cidade de David e veio para a casa que lhe tinha construído Salomão; foi só então que ele edificou Milo. 25Três vezes por ano, Salomão oferecia ho­locaustos e sacrifícios de comunhão sobre o altar que tinha construído ao Senhor, e queimava incenso sobre o altar que estava diante do Senhor. Concluiu deste modo o tem­plo. 26Sa­lo­mão construiu uma frota em Ecion-Guéber, que fica junto de Elat, na margem do Mar dos Juncos, no país de Edom. 27Hiram mandou os seus servos nesta frota, mari­nhei­ros peri­tos em náutica, com os homens de Salomão. 28Chegaram a Ofir, donde trouxeram quatrocentos e vinte ta­lentos de ouro, que leva­ram ao rei Salomão.

Capítulo 10

A rainha de Sabá em Jeru­salém (2 Cr 9,1-12; Mt 12,42) – 1A rainha de Sabá, tendo ouvido falar da fama que Salomão alcan­çara para glória ao Senhor, veio pô-lo à prova por meio de enigmas. 2Che­gou a Je­ru­salém com um sé­quito muito im­portante, com came­los carregados de aromas, enorme quantidade de ouro e pedras precio­sas. Tendo-se apre­sentado a Salo­mão, falou-lhe de tudo quanto trazia na ideia. 3Salomão res­pondeu-lhe a tudo; nenhuma ques­tão foi tão enre­dada que o rei lhe não desse solu­ção. 4A rainha de Sabá viu toda a sabedoria de Salomão bem como a casa que ele tinha cons­truído; 5viu as provisões da sua mesa e o alo­­ja­mento dos seus criados, as habita­ções e os uniformes dos seus oficiais, os copeiros do rei e os holocaustos que imolava no templo do Senhor, e ficou deslumbrada. 6Disse então ao rei: «É realmente verdade o que te­nho ouvido na minha terra acerca das tuas palavras e da tua sabe­do­ria. 7Não quis acreditar nisso antes de vir aqui e ver com meus próprios olhos; ora o que me diziam não era sequer metade; tu ultrapassas em sabedoria e dignidade tudo quanto até mim tinha chegado. 8 Felizes os teus homens, felizes os teus servos que estão sempre contigo e ouvem a tua sabedoria! 9Bendito seja o Se­nhor, teu Deus, a quem aprouve colocar-te sobre o trono de Israel. É porque o Senhor ama Israel com amor eterno que Ele te constituiu rei para exercer o direito e a jus­tiça.»

10Depois ela deu ao rei cento e vinte talentos de ouro e grande quan­tidade de perfumes e pedras precio­sas. Jamais se tinha acumulado tão grande quantidade de perfumes como os que a rainha de Sabá ofereceu ao rei Salomão. 11A frota de Hiram que trazia o ouro de Ofir trouxe também grande quantidade de madeira de sândalo e pedras preciosas. 12Com esta madeira de sândalo, o rei fez cor­rimões para o templo do Senhor e para o palácio real, assim como cíta­ras e harpas para os cantores; jamais para ali ti­nha vindo tanta madeira de sân­dalo, nem tanta se viu ali até ao dia de hoje. 13Por sua parte, o rei deu à rainha de Sabá tudo quanto ela quis e lhe pediu, sem contar já os pre­sentes que Salomão lhe ofereceu, com a magnificência de um rei como ele.


Riquezas de Salomão (2 Cr 9,13-28) – 14O peso de ouro que anual­mente chegava às mãos de Salomão atin­gia os seiscentos e sessenta e seis talentos, 15sem contar o tributo que recebia dos grandes e pequenos co­merciantes, dos reis da Arábia e de todos os governadores do país. 16O rei Salomão mandou fazer duzen­tos escudos de ouro fino, para cada um dos quais era preciso empregar seis­centos siclos de ouro; 17e trezentos escudos mais peque­nos, igualmente em ouro fino, para cada um dos quais eram precisas três minas de ouro; colocou-os de­pois na casa da Flo­resta do Líbano. 18O rei mandou fazer tam­bém um trono de marfim, revestido de ouro fino. 19 Esse trono tinha seis de­graus; a parte superior, o dossel, era redondo; de cada lado do assento havia dois braços; ao lado dos bra­ços, dois leões. 20De cada lado dos seis degraus, outros doze leões. Nada de semelhante jamais fora feito em ne­nhum outro reino. 21To­das as taças do rei Salomão eram de ouro, e de ouro fino eram igualmente todas as taças da Flo­resta do Líbano; nenhuma era de prata; esta não tinha qual­quer valor nos tempos de Salomão. 22O rei tinha no mar uma frota de naus de Társis a navegar com a frota de Hi­­ram; de três em três anos chega­vam de Társis os navios car­regados de ouro e prata, de dentes de ele­fante, macacos e pavões. 23As­sim, o rei Sa­lo­mão tornou-se o maior de todos os reis da terra, em riqueza e sabe­do­ria. 24Toda a terra ansiava por ver a face de Salomão, para po­der ouvir a sabedoria que Deus tinha derra­mado no seu coração. 25Todos lhe traziam as suas ofertas: objectos de prata e de ouro, vestuário, armas, aro­mas, ca­­va­­­­los e burros; e isto, todos os anos.

26Salomão reuniu carros e cava­lei­­ros: tinha mil e quatrocentos carros e doze mil cavaleiros que levou para as cidades onde tinha cavala­ria, e para junto de si, em Jerusa­lém. 27Fez com que em Jerusalém a prata fosse tão abundante como as pedras, e os cedros tão numerosos como os sicó­moros da planície. 28Os cavalos de Salomão eram prove­nien­­tes do Egi­p­to e de Qué; os mercado­res do rei compravam-nos em Qué. 29Um carro trazido do Egipto ficava-lhe por seis­centos siclos de prata, e um cavalo, por cento e cinquenta siclos; e assim era também para todos os reis hiti­tas e dos arameus, que os adqui­riam por intermédio dos seus mercadores.

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