Capítulo 1
I. Samuel, a arca e os filisteus (1,1-7,17)
Ana – 1Havia em Ramataim um homem de Suf, nas montanhas de Efraim, chamado Elcana, filho de Jeroam e neto de Eliú, da família de Toú e do clã de Suf, de Efraim. 2Tinha duas mulheres, uma chamada Ana e outra Penina. Esta tinha filhos; Ana, porém, não tinha nenhum. 3Todos os anos, este homem subia da sua cidade a Silo, para adorar o Senhor do universo e oferecer-lhe um sacrifício. Aí se encontravam os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, sacerdotes do Senhor. 4Cada vez que Elcana oferecia um sacrifício, dava a porção correspondente à sua mulher Penina, bem como aos seus filhos e filhas. 5Mas dava uma porção dupla a Ana, porque a amava mais, embora o Senhor a tivesse tornado estéril. 6Além disso, a sua rival afligia-a duramente, humilhando-a, por o Senhor a ter feito estéril. 7Isto repetia-se todos os anos, quando Ana subia ao templo do Senhor; Penina zombava dela. Ana chorava e não comia. 8Seu marido dizia-lhe: «Ana, porque choras? Porque não comes? Porque estás triste? Não valho para ti tanto como dez filhos?» 9Ana levantou-se, depois de ter comido e bebido em Silo. O sacerdote Eli estava instalado no seu assento, à entrada do templo do Senhor.
10Ana, profundamente amargurada, orou ao Senhor e chorou copiosas lágrimas. 11E fez um voto, dizendo: «Senhor do universo, se te dignares olhar para a aflição da tua serva e te lembrares de mim, se não te esqueceres da tua serva e lhe deres um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor, por todos os dias da sua vida, e a navalha não passará sobre a sua cabeça.» 12Ela repetiu muitas vezes a sua oração diante do Senhor; Eli observava o movimento dos seus lábios. 13Ana, porém, orava no seu coração e apenas movia os lábios, sem se lhe ouvir palavra alguma. 14Eli, julgando-a ébria, disse-lhe: «Até quando durará a tua embriaguez? Vai-te embora e deixa passar o efeito do vinho de que estás cheia.»
15Ana respondeu: «Não é assim, meu senhor; a verdade é que sou uma mulher de espírito atribulado; não bebi vinho nem álcool; apenas estava a desabafar as minhas mágoas na presença do Senhor. 16Não tomes a tua serva por alguma das filhas de Belial, porque só a grandeza da minha dor e da minha aflição é que me fez falar até agora.»
17Eli respondeu: «Vai em paz e o Deus de Israel te conceda o que lhe pedes.» 18Ana respondeu: «Que a tua serva mereça o teu favor.» A mulher foi-se embora, comeu e nunca mais houve tristeza em seu rosto.
19No dia seguinte pela manhã, prostraram-se diante do Senhor e voltaram para sua casa, em Ramá.
Nascimento de Samuel (Lc 1,5-7.15) – Elcana conheceu Ana, sua mulher, e o Senhor lembrou-se dela. 20Ana concebeu e, passado o seu tempo, deu à luz um filho, ao qual pôs o nome de Samuel, porque dizia: «eu o pedi ao Senhor.»
21Elcana, seu marido, foi, com toda a sua casa, oferecer ao Senhor o sacrifício anual e cumprir o seu voto. 22Ana, porém, não foi e disse ao marido: «Só irei quando o menino estiver desmamado; então o levarei para o apresentar ao Senhor e lá ficará para sempre.» 23Disse-lhe Elcana, seu marido: «Faz como achares melhor; fica em casa até que o tenhas desmamado e que o Senhor se digne cumprir a sua palavra.» Ela ficou, pois, em casa e aleitou o filho até que o desmamou. 24Após tê-lo desmamado, tomou-o consigo e, levando também três novilhos, uma medida de farinha e um odre de vinho, conduziu-o ao templo do Senhor em Silo. O menino era ainda muito pequeno. 25Imolaram um novilho e apresentaram o menino a Eli. 26Ana disse-lhe: «Ouve, meu senhor, por tua vida: eu sou aquela mulher que esteve aqui a orar ao Senhor, na tua presença. 27Eis o menino por quem orei. O Senhor ouviu a minha súplica. 28Por isso, o ofereço ao Senhor, a fim de que só a Ele sirva todos os dias da sua vida.» E ele prostrou-se ali diante do Senhor.
Capítulo 2
Cântico de Ana (Lc 1,46-55) 1Ana orou, entoando este cântico:
«O meu coração exulta de júbilo no Senhor.
Nele se ergue a minha fronte,
a minha boca desafia os meus adversários,
porque me alegro na tua salvação.
2Ninguém é santo como o Senhor.
Não há outro Deus fora de ti,
ninguém é tão forte como o nosso Deus.
3Não multipliqueis as vossas palavras orgulhosas.
Não saia da vossa boca a arrogância,
porque o Senhor é um Deus de sabedoria.
Só Ele sabe descobrir as vossas acções.
4O arco dos fortes foi quebrado
e os fracos foram revestidos de vigor.
5Os saciados tiveram que ganhar o pão
e os famintos foram saciados.
Até a estéril foi mãe de sete filhos
e a mulher que os tinha numerosos, ficou estéril.
6O Senhor é que dá a morte e a vida,
leva à habitação dos mortos e tira de lá.
7O Senhor despoja e enriquece, humilha e exalta.
8Levanta do pó o mendigo e tira da imundície o pobre,
para os sentar com os príncipes e ocupar um trono de glória;
porque são do Senhor as colunas da terra
e sobre elas assentou o mundo.
9Ele dirige os passos dos seus santos,
mas os ímpios perecerão nas trevas;
porque homem algum vencerá pela sua própria força.
10Tremerão diante do Senhor os seus inimigos,
trovejará do céu sobre eles.
O Senhor julga os confins da terra!
Ele dará o império ao seu rei,
e exaltará o poder do seu ungido.»
Filhos de Eli – 11Depois disto, Elcana voltou para a sua casa em Ramá; o menino servia na presença do Senhor, sob a direcção do sacerdote Eli. 12Os filhos de Eli eram filhos de Belial; não conheciam o Senhor, 13nem a obrigação dos sacerdotes para com o povo. Quando alguém oferecia um sacrifício, vinha o servo do sacerdote, no momento em que se cozia a carne, com um garfo de três dentes, 14e metia-o na caldeira, na marmita, na panela ou no tacho; e tudo o que agarrava com ele, tirava-o para o sacerdote.
Assim faziam a todos os de Israel que vinham a Silo. 15Antes de queimarem a gordura, vinha o servo do sacerdote dizer ao que a sacrificava: «Dá-me para o sacerdote a carne para assar; ele não aceitará carne cozida, mas unicamente a carne crua.» 16O homem respondia-lhe: «É preciso que se queime primeiro a gordura; depois, tomarás o que quiseres.» O servo respondia: «Não, é agora que ma hás-de dar, senão tomá-la-ei à força.» 17Era muito grande o pecado destes jovens diante do Senhor, pois eles menosprezavam as ofertas feitas ao Senhor.
Samuel em Silo – 18Entretanto, o pequeno Samuel, cingido de uma faixa votiva de linho, exercia o seu ministério diante do Senhor. 19Sua mãe tecia-lhe uma túnica que lhe levava todos os anos, quando ia com seu marido oferecer o sacrifício anual. 20Eli abençoava Elcana e sua mulher, dizendo: «O Senhor te conceda filhos desta mulher, em recompensa do dom que ela lhe fez!» E voltavam para a sua casa.
21O Senhor visitou Ana, e ela concebeu, dando à luz três filhos e duas filhas. Entretanto, o menino Samuel crescia na presença do Senhor.
22Eli, sendo já velho, tomou conhecimento do modo como se comportavam os seus filhos com todos os de Israel e de que dormiam com as mulheres que prestavam serviço à entrada da tenda da reunião. 23E perguntou-lhes: «Porque procedeis dessa forma? Porque praticais esses crimes detestáveis de que fala o povo? 24Não façais assim, meus filhos; não são nada boas as informações que me chegam a vosso respeito. Estais a escandalizar o povo do Senhor. 25Se um homem pecar contra outro, Deus o defende; mas, se ele pecar contra o Senhor, quem intercederá por ele?» Eles, porém, não ouviram a voz do pai, porque o Senhor determinara a sua morte.
26Entretanto, o menino Samuel desenvolvia-se em altura e beleza, diante do Senhor e dos homens.
Predição da ruína da casa de Eli (3,11-14) – 27Certo dia, um homem de Deus veio ter com Eli e disse-lhe: «Isto diz o Senhor: ‘Não me revelei Eu claramente à família de teu pai, quando estavam no Egipto, sob o poder da casa de Faraó? 28Escolhi-os entre todas as tribos de Israel para serem meus sacerdotes, subirem ao meu altar, queimarem incenso e revestirem-se da insígnia votiva diante de mim. Dei à casa de teu pai uma parte em todos os sacrifícios oferecidos pelos filhos de Israel. 29Porque desprezas os meus sacrifícios e as minhas oblações, que ordenei se oferecessem na minha morada? Fazes mais caso dos teus filhos que de mim, engordando-os com o melhor de todas as ofertas do meu povo de Israel.’
30Por isso, eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: ‘Eu tinha dito que a tua família e a família de teu pai serviriam para sempre diante de mim.’ Mas agora o Senhor diz: ‘Não será mais assim: Eu honro aqueles que me honram e desprezo aqueles que me desprezam.’ 31Virão dias em que abaterei o teu braço e o braço da casa do teu pai, de modo a não ficar ancião algum em tua casa. 32Verás com inveja o bem que Eu farei a Israel, enquanto na tua casa jamais haverá um ancião. 33Entretanto, nem todos os teus descendentes afastarei do meu altar, para que os teus olhos chorem de inveja e a tua alma desfaleça; todos os outros morrerão na flor da idade. 34O que vai acontecer aos teus filhos Ofni e Fineias será para ti um sinal; ambos morrerão no mesmo dia. 35Suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o meu coração e a minha vontade. Hei-de edificar-lhe uma casa sólida e duradoira, e ele viverá sempre na presença do meu ungido. 36Os que sobreviverem da tua família irão prostrar-se diante dele, por uma moeda de prata ou um pedaço de pão, dizendo-lhe: ‘Peço-te que me admitas em algum ministério sacerdotal, a fim de que eu tenha um bocado de pão para comer.’»
Capítulo 3
Vocação de Samuel (Jz 6,11-24; 13,1-25; Is 6,1-13; Jr 1,4-19) – 1O jovem Samuel servia o Senhor sob a direcção de Eli. O Senhor, naquele tempo, falava raras vezes e as visões não eram frequentes. 2Ora certo dia aconteceu que Eli estava deitado, pois os seus olhos tinham enfraquecido e mal podia ver. 3A lâmpada de Deus ainda não se tinha apagado e Samuel repousava no templo do Senhor, onde se encontrava a Arca de Deus. 4O Senhor chamou Samuel. Ele respondeu: «Eis-me aqui.» 5Samuel correu para junto de Eli e disse-lhe: «Aqui estou, pois me chamaste.» Disse-lhe Eli: «Não te chamei, meu filho; volta a deitar-te.» 6O Senhor chamou de novo Samuel. Este levantou-se e veio dizer a Eli: «Aqui estou, pois me chamaste.» Eli respondeu: «Não te chamei, meu filho; volta a deitar-te.»
7Samuel ainda não conhecia o Senhor, pois até então nunca se lhe tinha manifestado a palavra do Senhor. 8Pela terceira vez, o Senhor chamou Samuel, que se levantou e foi ter com Eli: «Aqui estou, pois me chamaste.» Compreendeu Eli que era o Senhor quem chamava o menino e disse a Samuel: 9«Vai e volta a deitar-te. Se fores chamado outra vez, responde: «Fala, Senhor; o teu servo escuta!» Voltou Samuel e deitou-se. 10Veio o Senhor, pôs-se junto dele e chamou-o, como das outras vezes: «Samuel! Samuel!» E Samuel respondeu: «Fala, Senhor; o teu servo escuta!»
11O Senhor disse a Samuel: «Eis que vou fazer uma coisa em Israel que fará retinir os ouvidos a todo aquele que a ouvir. 12Nesse dia cumprirei contra Eli todas as ameaças que anunciei contra a sua casa. Começarei e irei até ao fim. 13Anunciei-lhe que condenaria para sempre a sua família por causa da sua iniquidade, pois sabia que os seus filhos se portavam indignamente e não os corrigiu. 14Por isso, juro à casa de Eli que a sua culpa jamais será expiada, nem com sacrifícios nem com oblações.»
15Samuel ficou deitado até de manhã e abriu as portas da casa do Senhor, mas temia contar a visão a Eli. 16Eli, porém, chamou-o e disse: «Samuel, meu filho!» E ele respon-deu: «Eis-me aqui.» 17Perguntou-lhe Eli: «Que te disse o Senhor? Não me ocultes nada. O Senhor te castigue severamente, se me encobrires alguma coisa de quanto Ele te disse.»
18Então Samuel contou-lhe tudo sem nada ocultar. Eli exclamou: «O Senhor fará o que bem lhe parecer.» 19Samuel ia crescendo, o Senhor estava com ele e cumpria à letra todas as suas predições.
20Todo o Israel, desde Dan até Bercheba, reconheceu que Samuel era um profeta do Senhor. 21O Senhor continuou a manifestar-se em Silo. Era ali que o Senhor aparecia a Samuel, revelando-lhe a sua palavra.
Capítulo 4
A Arca, morte de Eli e seus filhos – 1A palavra de Samuel foi dirigida a todo o Israel. Israel saiu ao encontro dos filisteus para lhes dar combate. Acamparam junto de Ében--Ézer e os filisteus acamparam em Afec. 2Os filisteus puseram-se em linha de combate frente a Israel, e começou a batalha. Israel foi vencido pelos filisteus, que mataram em combate cerca de quatro mil homens. 3O povo voltou ao acampamento e os anciãos de Israel disseram: «Porque é que o Senhor nos derrotou hoje diante dos filisteus? Vamos a Silo e tomemos a Arca da aliança do Senhor, para que Ele esteja no meio de nós e nos livre da mão dos nossos inimigos.» 4O povo mandou, pois, buscar a Silo a Arca da aliança do Senhor do universo, que se senta sobre querubins. Os dois filhos de Eli, Ofni e Fineias, acompanhavam a arca. 5Quando a Arca da aliança do Senhor chegou ao acampamento, todo o Israel lançou um grande clamor, que fez a terra tremer. 6Os filisteus, ouvindo-o, disseram: «Que significa este grande clamor no acampamento dos hebreus?» Souberam que a Arca do Senhor tinha chegado ao acampamento. 7Tiveram medo e disseram: «O Deus deles chegou ao acampamento. Ai de nós! Até agora nunca se ouviu coisa semelhante. 8Ai de nós! Quem nos salvará da mão desse Deus excelso? É aquele Deus que feriu os egípcios com toda a espécie de pragas no deserto. 9Coragem, ó filisteus! Portai-vos varonilmente, não suceda que sejais escravos dos hebreus como eles o são de vós. Esforçai-vos e combatei.»
10Começaram a luta; Israel foi derrotado e todos fugiram para as suas casas. O massacre foi tão grande que ficaram mortos trinta mil homens de Israel. 11A Arca de Deus foi tomada, e os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, pereceram.
12Um homem da tribo de Benjamim escapou da batalha e fugiu nesse mesmo dia para Silo, com a roupa rasgada e a cabeça coberta de pó. 13Chegou quando Eli estava instalado no seu assento, à beira do caminho, com o coração em contínuo sobressalto pela Arca de Deus. Entrando na cidade, o homem espalhou a notícia por toda a parte, e toda a gente se lançou em grandes lamentações.
14Eli, ouvindo-o, perguntou: «Que lamentos são esses?» Nesse momento, o homem chegou junto de Eli e deu-lhe a notícia. 15Eli tinha noventa e oito anos; os seus olhos estavam cegos, de modo que não podia ver. 16O homem disse-lhe: «Venho do campo de batalha, de onde escapei hoje mesmo.» Eli disse-lhe: «Que aconteceu, meu filho?» 17Respondeu o mensageiro: «Israel fugiu diante dos filisteus e o exército foi duramente dizimado. Teus dois filhos, Hofni e Fineias, morreram, e a Arca de Deus caiu nas mãos do inimigo.» 18Quando o homem mencionou a Arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, junto à porta, fracturou o crânio e morreu, pois era um homem velho e pesado. Tinha sido juiz em Israel durante quarenta anos.
19Sua nora, mulher de Fineias, estava grávida e prestes a dar à luz. Ao ouvir a notícia de que a Arca de Deus fora capturada e de que o sogro e o marido tinham morrido, foi subitamente acometida pelas dores de parto e deu à luz. 20E, estando a morrer, as mulheres que a cercavam disseram-lhe: «Anima-te, porque nasceu um menino.» Mas ela não respondeu nem prestou atenção. 21Chamou ao menino Icabod, dizendo: «Acabou-se a glória de Israel.» Aludia, com isto, à captura da Arca de Deus, ao seu sogro e ao seu marido. 22«Sim, disse ela, acabou-se a glória de Israel, pois foi capturada a Arca de Deus.»
Capítulo 5
A Arca na terra dos filisteus – 1Os filisteus apoderaram-se, pois, da Arca de Deus e levaram-na de Ében-Ézer para Asdod. 2Tomaram a Arca de Deus, levaram-na para o templo de Dagon e colocaram-na junto do ídolo. 3No dia seguinte, levantando-se de manhã cedo, os habitantes de Asdod viram a estátua de Dagon caída por terra, diante da Arca do Senhor. Levantaram Dagon e repuseram-no no seu lugar. 4No outro dia, levantando-se também de manhã cedo, encontraram Dagon caído de rosto por terra, diante da Arca do Senhor. A cabeça do ídolo e as mãos estavam cortadas, sobre o limiar da porta. Só o tronco de Dagon tinha ficado no seu lugar. 5Por isso é que os sacerdotes de Dagon e todos os que entram no seu templo, em Asdod, evitam ainda hoje colocar o pé sobre o limiar da porta. 6Depois disto, a mão do Senhor pesou sobre os habitantes de Asdod, enchendo-os de terror, ferindo-os com tumores pestíferos em Asdod e seu território. 7Vendo isto, os habitantes de Asdod exclamaram: «A Arca do Deus de Israel não ficará connosco, porque a sua mão pesa sobre nós e sobre Dagon, nosso deus.»
8Convocaram, pois, todos os príncipes dos filisteus e perguntaram-lhes: «Que faremos nós da Arca do Deus de Israel?» Eles responderam: «Que a Arca do Deus de Israel seja transportada para Gat.» E a Arca do Deus de Israel foi levada para lá. 9Mas, uma vez transportada para lá, a mão do Senhor pesou sobre a cidade, produzindo grande terror e ferindo os habitantes da cidade, dos mais novos aos mais velhos, com o aparecimento de tumores.
10Mandaram então a Arca de Deus para Ecron mas, quando ela ali chegou, os ecronitas clamaram, dizendo: «Trouxeram-nos a Arca do Deus de Israel para nos matar, a nós e ao nosso povo!» 11Convocaram todos os príncipes dos filisteus e disseram-lhes: «Devolvei a Arca do Deus de Israel; que ela volte para o seu lugar, a fim de não perecermos, nós e todo o nosso povo.» Reinava na cidade o terror da morte, e a mão do Senhor fazia-se sentir rudemente, 12porque até os que não morriam eram feridos de tumores, e da cidade subia até ao céu um clamor de angústia.
Capítulo 6
Devolução da Arca a Israel – 1Esteve, pois, a Arca do Senhor sete meses na terra dos filisteus. 2Os filisteus convocaram os seus sacerdotes e adivinhos e perguntaram-lhes: «Que faremos da Arca do Senhor? Dizei-nos como havemos de a devolver ao seu lugar.» 3Eles responderam: «Se devolveis a Arca do Deus de Israel, não a deveis mandar sem nada, mas juntai-lhe uma oferta de reparação. Então sereis curados; sabereis por que não se apartava de vós a sua mão.» 4Disseram eles: «Que oferta de reparação devemos juntar-lhe?»
Responderam: «Cinco tumores de ouro e cinco ratos de ouro, conforme o número dos príncipes dos filisteus, porque foi este o castigo que vos feriu a vós e aos vossos príncipes. 5Fazei, pois, imagens dos vossos tumores e imagens dos ratos que devastam o país e, assim, dareis glória ao Deus de Israel; talvez assim Ele retire a sua mão de cima de vós, do vosso deus e do vosso país. 6Porque endureceis os vossos corações como os egípcios e o Faraó? Não tiveram eles que deixá-los partir, quando o Senhor os flagelou com seus castigos? 7Fazei, pois, um carro novo, tomai duas vacas que estejam a aleitar e que ainda não tenham suportado o jugo, e atrelai-as ao carro, depois de terdes prendido os seus bezerros no curral. 8Tomareis em seguida a Arca do Senhor e colocá-la-eis, juntamente com um cofre no qual poreis as imagens de ouro que oferecereis como reparação; depois, deixai-a ir. 9Segui-a com os olhos; se virdes que ela segue pelo caminho que conduz ao país dela, para os lados de Bet-Chémes, então o Deus de Israel foi quem nos enviou esta praga; de contrário, conheceremos que não foi a sua mão que nos feriu, mas que foi um simples acaso.»
10Assim o fizeram. Tomaram duas vacas que estavam a aleitar e atrelaram-nas ao carro, pondo os bezerros no curral. 11Puseram sobre o carro a Arca do Senhor com o cofre que continha os ratos de ouro e as imagens dos tumores. 12Ora, as vacas tomaram directamente o caminho que vai para Bet-Chémes e seguiram, mugindo, sempre o mesmo caminho, sem se desviar nem para a direita nem para a esquerda. Os príncipes dos filisteus seguiram-na até à entrada do território de Bet-Chémes. 13Os habitantes de Bet-Chémes ceifavam o trigo no vale. Levantando os olhos, viram a Arca e alegraram-se. 14O carro chegou ao campo de Josué, de Bet-Chémes, onde se deteve. Havia ali uma grande pedra. Cortaram em pedaços a madeira do carro, puseram em cima as vacas e ofereceram-nas em holocausto ao Senhor. 15Os levitas desceram a Arca do Senhor, juntamente com o cofre que estava ao seu lado, contendo os objectos de ouro, e colocaram-na sobre a grande pedra. Então, os habitantes de Bet-Chémes ofereceram, naquele dia, holocaustos e sacrifícios ao Senhor. 16E os cinco príncipes dos filisteus que tinham presenciado tudo, voltaram naquele mesmo dia para Ecron.
17As figuras dos tumores de ouro que os filisteus ofereceram ao Senhor, como oferta de reparação, eram: uma por Asdod, outra por Gaza, outra por Ascalon, outra por Gat e outra por Ecron. 18E os ratos de ouro que ofereceram foram tantos quantas as cidades dos filisteus nas cinco províncias, desde as cidades fortificadas até às aldeias sem muros. Disto é testemunha a grande pedra, sobre a qual colocaram a Arca do Senhor, no campo de Josué, de Bet-Chémes, onde pode ser vista ainda hoje.
19O Senhor castigou os habitantes de Bet-Chémes porque tinham olhado para a Arca; e feriu setenta homens. O povo chorou por causa de tão grande castigo com que o Senhor o tinha ferido. 20Os habitantes de Bet-Chémes disseram: «Quem poderá estar na presença do Senhor, deste Deus santo? E para quem poderá Ele ir, longe de nós?» 21Mandaram, pois, mensageiros aos habitantes de Quiriat-Iarim, dizendo: «Os filisteus devolveram a Arca do Senhor; vinde e levai-a outra vez para junto de vós.»
Capítulo 7
Samuel, juiz e mediador (Sir 46, 13-20) – 1Vieram, pois, os habitantes de Quiriat-Iarim, transportaram a Arca do Senhor e colocaram-na em casa de Abinadab, que vivia em Guibeá, e consagraram seu filho Eleázar para que a guardasse. 2E sucedeu que, desde o dia em que a Arca do Senhor chegou a Quiriat-Iarim, passou muito tempo, vinte anos, e toda a casa de Israel se voltou para o Senhor. 3E Samuel falou a toda a casa de Israel, dizendo: «Se de todo o vosso coração vos converterdes ao Senhor, tirando do meio de vós os deuses estrangeiros e as estátuas de Astarté, se vos apegardes de todo o vosso coração ao Senhor e só a Ele servirdes, Ele há-de livrar-vos das mãos dos filisteus.» 4Então os filhos de Israel afastaram os ídolos e as estátuas de Baal e de Astarté e serviram só ao Senhor. 5Disse também Samuel: «Convocai todo o Israel em Mispá, e eu rogarei por vós ao Senhor.» 6Reuniram-se, pois, em Mispá, tiraram água, derramaram-na diante do Senhor e jejuaram naquele dia, dizendo: «Pecámos contra o Senhor.»
Samuel era juiz de Israel em Mispá. 7Os filisteus foram informados de que os israelitas se tinham reunido em Mispá, e os seus príncipes marcharam contra Israel. Os israelitas souberam-no e tiveram medo dos filisteus. 8Disseram a Samuel: «Não cesses de clamar por nós ao Senhor nosso Deus, para que nos livre das mãos dos filisteus.» 9Samuel tomou um cordeiro ainda de leite, ofereceu-o inteiro em holocausto ao Senhor, clamou ao Senhor por Israel, e o Senhor ouviu-o.
10De facto, enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus começaram o combate contra Israel. Mas o Senhor, naquele dia, trovejou com a sua voz estrondosa sobre os filisteus, encheu-os de terror, e foram derrotados pelos israelitas. 11Estes, saindo de Mispá, perseguiram os filisteus e derrotaram-nos no lugar que está abaixo de Bet-Car.
12Tomou Samuel uma pedra e pô-la entre Mispá e Chen; deu àquele lugar o nome de Ében-Ézer, dizendo: «Até aqui nos auxiliou o Senhor.»
13Humilhados dessa forma, os filisteus não voltaram mais às terras de Israel. A mão do Senhor fez-se sentir sobre os filisteus durante toda a vida de Samuel. 14E foram restituídas a Israel as cidades que os filisteus lhes tinham tomado, desde Ecron até Gat. Israel livrou a sua terra das mãos dos filisteus, e também houve paz entre Israel e os amorreus.
15Samuel foi juiz em Israel durante toda a sua vida. 16Todos os anos se dirigia a Betel, Guilgal e Mispá, onde fazia justiça a todo o Israel. 17Voltava depois para Ramá, onde tinha a sua casa. Também ali julgava Israel, e edificou naquele lugar um altar ao Senhor.
Capítulo 8
II. A realeza: Samuel e Saul (8,1-15,35)
Instituição da monarquia (Dt 17,14-20; Jz 8,22-25) – 1Sendo já velho, Samuel estabeleceu os seus filhos como juízes de Israel. 2O seu filho primogénito chamava-se Joel, e o segundo, Abias, e eram juízes em Bercheba. 3Os filhos de Samuel, porém, não seguiram as pisadas de seu pai, antes se deixaram levar pela avareza, recebendo presentes e violando a justiça. 4Reuniram-se todos os anciãos de Israel e vieram ter com Samuel a Ramá. 5Disseram-lhe: «Estás velho e os teus filhos não seguem as tuas pisadas. Dá-nos um rei que nos governe, como têm todas as nações.»
6Esta linguagem – ‘dá-nos um rei que nos governe’ – desagradou a Samuel, que se pôs em oração diante do Senhor. 7O Senhor disse-lhe: «Ouve a voz do povo em tudo o que te disser, pois não é a ti que eles rejeitam, mas a mim, para que Eu não reine mais sobre eles. 8Fazem o que sempre têm feito, desde o dia em que os fiz subir do Egipto até ao presente, abandonando-me para servir deuses estrangeiros. E também assim estão a fazer contigo. 9Atende-os, agora, mas expõe-lhes solenemente os direitos do rei que reinará sobre eles.» 10Referiu Samuel todas as palavras do Senhor ao povo que lhe pedia um rei. 11E disse: «Eis como será o poder do rei que vos há-de governar: tomará os vossos filhos para guiar os seus carros e a sua cavalaria e para correr diante do seu carro. 12Fará deles chefes de mil e chefes de cinquenta, empregá-los-á nas suas lavouras e nas suas colheitas, na fabricação das suas armas e dos seus carros. 13Tomará as vossas filhas como suas perfumistas, cozinheiras e padeiras. 14Há-de tirar-vos também o melhor dos vossos campos, das vossas vinhas e dos vossos olivais, e dá-los-á aos seus servidores. 15Cobrará ainda o dízimo das vossas searas e das vossas vinhas, para o dar aos seus cortesãos e ministros. 16Tomará também os vossos servos, as vossas servas, os melhores entre os vossos mancebos e os vossos jumentos, para os colocar ao seu serviço. 17Cobrará igualmente o dízimo dos vossos rebanhos. E vós próprios sereis seus servos. 18Então, clamareis por causa do rei que vós mesmos escolhestes, mas o Senhor não vos ouvirá.»
19Porém, o povo não quis ouvir a voz de Samuel. Disse: «Não! Precisamos de ter o nosso rei! 20Queremos ser como todas as outras nações; o nosso rei administrará a justiça, marchará à nossa frente e combaterá por nós em todas as guerras.»
21Samuel ouviu todas as palavras do povo e referiu-as ao Senhor. 22Então, o Senhor disse: «Faz o que te pedem e dá-lhes um rei.» Samuel disse aos israelitas: «Volte cada um para a sua cidade.»
Capítulo 9
Saul encontra Samuel – 1Havia um homem da tribo de Benjamim chamado Quis, filho de Abiel, filho de Seror, filho de Becorat, filho de Afia, filho de um benjaminita, que era um guerreiro forte e valente. 2Tinha um filho chamado Saul, mancebo de bela presença. Não havia em Israel outro mais belo do que ele; sobressaía entre todos dos ombros para cima. 3Tendo-se perdido as jumentas de Quis, pai de Saul, disse ele ao filho: «Toma um criado contigo e vai procurar as jumentas.»
4Atravessaram a montanha de Efraim e entraram na terra de Salisa, sem nada encontrar; percorreram a terra de Chaalim, mas em vão; na terra de Benjamim, tão-pouco as encontraram. 5Tendo chegado à terra de Suf, Saul disse ao criado: «Vem, regressemos. Meu pai pode não pensar mais nas jumentas e estar em cuidados por nossa causa.» 6Respondeu-lhe o criado: «Nesta cidade há um homem de Deus, homem de respeito: tudo o que ele prediz se cumpre. Vamos lá, pois talvez ele nos diga o caminho que devemos seguir.» 7Saul respondeu: «Está bem, vamos; mas que presente levaremos ao homem de Deus? Os nossos alforges estão vazios e não temos dinheiro para lhe dar. Que nos resta?» 8Respondeu novamente o criado: «Tenho aqui um quarto de siclo de prata; dá-lo-ei ao homem de Deus para que nos mostre o caminho.»
9Antigamente, em Israel, todo aquele que ia consultar a Deus, costumava dizer assim: «Vinde, vamos ao vidente.» Chamava-se, então, «vidente» ao que hoje se chama «profeta.» 10Saul disse ao criado: «Tens razão. Vamos até lá.» E foram à cidade onde estava o homem de Deus. 11Subindo a encosta da cidade, encontraram umas donzelas que iam buscar água. Perguntaram-lhes: «Há aqui um vidente?» 12Responderam elas: «Sim, há. Sempre em frente! Apressa-te, pois veio hoje à cidade por ser dia em que o povo vai oferecer um sacrifício no lugar alto. 13Ao entrar na cidade logo o encontrareis, antes que ele suba ao lugar alto para o banquete. O povo não comerá antes que ele chegue, pois ele deverá abençoar o sacrifício; só depois comerão os convidados. Subi depressa e logo o encontrareis.»
14Eles dirigiram-se à cidade. E eis que ao entrarem, Samuel vinha ao seu encontro, pois ia subir ao lugar alto. 15Ora no dia anterior à chegada de Saul, o Senhor tinha feito esta revelação a Samuel: 16«Amanhã, a esta mesma hora, enviar-te-ei um homem da terra de Benjamim, e tu o ungirás como chefe do meu povo de Israel. Ele salvará o povo das mãos dos filisteus. Porque voltei os meus olhos para o meu povo e o seu clamor chegou até mim.»
17Quando Samuel viu Saul, o Senhor disse-lhe: «Este é o homem de quem te falei. Ele reinará sobre o meu povo.» 18Saul aproximou-se de Samuel à porta da cidade e disse-lhe: «Rogo-te que me informes onde está a casa do vidente.» 19Respondeu Samuel: «Sou eu mesmo o vidente; sobe na minha frente ao lugar alto, porque hoje comerás comigo, e amanhã te deixarei partir, depois de responder às tuas preocupações. 20Quanto às jumentas perdidas há dois ou três dias, não te inquietes, pois já apareceram. E de quem será tudo quanto há de melhor em Israel? Não será porventura teu e de toda a casa de teu pai?» 21Saul replicou: «Não sou eu um filho de Benjamim, da tribo mais pequena de Israel, e não é a minha família a menor de todas as famílias de Benjamim? Porque me falas, pois, assim?» 22Samuel, tomando Saul e o seu criado, levou-os para a sala do banquete e deu-lhes o primeiro lugar entre os convidados, que eram aproximadamente trinta pessoas. 23E Samuel disse ao cozinheiro: «Serve a porção que te dei e te mandei guardar à parte.» 24Tomou, pois, o cozinheiro a perna com tudo o que nela havia e serviu-a a Saul. Samuel disse: «Eis diante de ti a porção que te ficou reservada. Come-a; reservei-a para este momento, quando convidei o povo.» Saul e Samuel comeram juntos naquele dia. 25Tendo descido do lugar alto para a cidade, tiveram os dois uma conversa no terraço. 26Ao romper da aurora levantaram-se e Samuel chamou Saul ao terraço; e disse-lhe: «Levanta-te e deixar-te-ei partir.» Saul levantou-se e saíram ele e Samuel para fora da cidade. 27Ao descerem para a parte mais baixa da cidade, Samuel disse a Saul: «Diz ao criado que vá adiante de nós.» Ele passou. «Mas tu, detém-te aqui, pois quero comunicar-te hoje o que disse o Senhor.»
Capítulo 10
Unção de Saul (9,16-17; 13, 8-15) 1Samuel tomou então um frasco de óleo, derramou-o sobre a cabeça de Saul e beijou-o, dizendo: «O Senhor ungiu-te príncipe sobre a sua herança. 2Quando hoje te afastares de mim, encontrarás dois homens junto do túmulo de Raquel, na fronteira de Benjamim, em Selça, que te dirão: ‘As jumentas que foste procurar foram encontradas; o teu pai já se não inquieta por elas, mas está em cuidados por vossa causa e aflige-se, perguntando o que vos poderá ter acontecido.’ 3Seguirás o teu caminho até ao Carvalho do Tabor; aí encontrarás três homens que sobem para adorar a Deus em Betel, levando um, três cabritos, outro, três pães e o terceiro, um odre de vinho. 4Depois de te saudarem, dar-te-ão dois pães, que tu receberás das mãos deles.
5Chegarás depois a Guibeá-Eloim, onde se encontra a guarda dos filisteus; à entrada da cidade encontrarás um grupo de profetas que descem do lugar alto, precedidos de saltério, de tambor, de flauta e de cítara, em transe profético. 6O espírito do Senhor virá então sobre ti, profetizarás com eles e tornar-te-ás outro homem. 7Quando vires cumpridos todos estes sinais, faz o que te ocorrer, porque Deus está contigo. 8Descerás antes de mim a Guilgal, onde irei ter contigo para oferecer holocaustos e sacrifícios de comunhão. Esperarás sete dias até que eu chegue; então te direi o que deves fazer.»
9Logo que Saul voltou as costas e se separou de Samuel, Deus transformou-lhe o coração. Todos estes sinais se cumpriram no mesmo dia. 10Chegando a Guibeá, veio ao seu encontro um coro de profetas; o espírito do Senhor apoderou-se de Saul e ele pôs-se a profetizar no meio deles. 11Todos os que antes o tinham conhecido, vendo-o profetizar com os profetas, perguntavam uns aos outros: «Que aconteceu ao filho de Quis? Porventura também Saul está entre os profetas?» 12Entre a multidão, alguém perguntou: «E quem é o pai dos outros profetas?» Daí o provérbio: «Também Saul está entre os profetas?» 13Saul acabou de profetizar e foi para o lugar alto.
14Seu tio disse-lhe, a ele e ao criado: «Onde fostes?» Saul respondeu: «À procura das jumentas, mas não as encontrámos e, por isso, fomos ter com Samuel.» 15Disse-lhe o tio: «Conta-me o que te disse Samuel.» 16Saul respondeu-lhe: «Declarou-nos que as jumentas já tinham aparecido»; mas nada lhe revelou do que tinha dito Samuel acerca do reino.
Saul eleito rei (8,11-21; Dt 17,14-20) – 17Samuel convocou o povo diante do Senhor, em Mispá. 18E disse aos filhos de Israel: «Assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘Eu vos fiz subir do Egipto, livrei-vos das mãos dos egípcios e das mãos de todos os reis que vos oprimiam. 19Vós, porém, rejeitastes o vosso Deus, que vos salvou de todos os males e tribulações, e dissestes: ‘Estabelecei sobre nós um rei.’ Pois bem, colocai-vos diante do Senhor, por ordem de tribos e de clãs.» 20Samuel mandou que se aproximassem todas as tribos de Israel e a sorte coube à tribo de Benjamim. 21Mandou vir a tribo de Benjamim por famílias e coube a sorte à família de Matri. E, finalmente, a escolha caiu sobre Saul, filho de Quis. Procuraram-no, mas não o encontraram.
22Consultaram, pois, o Senhor: «O homem veio para cá?» O Senhor respondeu: «Ele escondeu-se no meio das bagagens.» 23Foram buscá-lo e puseram-no no meio da multidão; dos ombros para cima, ele era mais alto que todos os outros. 24Samuel disse ao povo: «Vedes aquele a quem o Senhor escolheu? Não há em todo o povo quem se lhe assemelhe.» E todos o aclamaram, dizendo: «Viva o rei!» 25A seguir, Samuel expôs ao povo a lei da monarquia e escreveu-a num livro que depositou diante do Senhor; depois, despediu todo o povo, cada um para sua casa. 26Saul voltou também para sua casa, em Guibeá, acompanhado de homens do exército, cujos corações tinham sido tocados por Deus. 27Mas os filhos de Belial disseram: «Porventura poderá este salvar-nos?» Por isso desprezaram-no e não lhe levaram presentes. Mas ele ficou indiferente.