Capítulo 11

Entrada messiânica em Jerusalém (Mt 21,1-11; Lc 19,29-40; Jo 12,12-19) - 1Estando próximos de Jerusalém, perto de Betfagé e de Betânia, junto ao Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois dos seus discípulos 2e disse-lhes: «Ide à povoação que está em frente de vós e, logo que nela entrardes, encontrareis um jumentinho preso, que ainda ninguém montou. Soltai-o e trazei-o. 3E se alguém vos perguntar: ‘Porque fazeis isso?’ respondei: ‘O Senhor precisa dele;’ e logo o mandará de volta.»

4Partiram e encontraram um jumentinho preso junto de uma porta, do lado de fora, na rua, e soltaram-no. 5Alguns que ali se encontravam disseram-lhes: «Que é isso de soltar o jumentinho?» 6Responderam como Jesus tinha dito e eles deixaram-nos ir. 7Levaram o jumentinho a Jesus, lançaram-lhe por cima as capas e Jesus montou nele. 8Muitos estenderam as capas pelo caminho; outros, ramos de verdura que tinham cortado nos campos. 9E tanto os que iam à frente como os que vinham atrás gritavam:

Hossana!
Bendito seja o que vem em nome do Senhor!
10Bendito o Reino do nosso pai David que está a chegar.
Hossana nas alturas!

11Chegou a Jerusalém e entrou no templo. Depois de ter examinado tudo em seu redor, como a hora já ia adiantada, saiu para Betânia com os Doze.


A figueira estéril (Mt 21,18-20) - 12Na manhã seguinte, ao deixarem Betânia, Jesus sentiu fome. 13Vendo ao longe uma figueira com folhas, foi ver se nela encontraria alguma coisa; mas, ao chegar junto dela, não encontrou senão folhas, pois não era tempo de figos. 14Disse então: «Nunca mais ninguém coma fruto de ti.» E os discípulos ouviram isto.


Purificação do templo (Mt 21,12-17; Lc 19,45-48; Jo 2,13-18) - 15Chegaram a Jerusalém; e, entrando no templo, Jesus começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; deitou por terra as mesas dos cambistas e os bancos dos vendedores de pombas, 16e não permitia que se transportasse qualquer objecto através do templo.

17E ensinava-os, dizendo: «Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos? Mas vós fizestes dela um covil de ladrões

18Os sacerdotes e os doutores da Lei ouviram isto e procuravam maneira de o matar, mas temiam-no, pois toda a multidão estava maravilhada com o seu ensinamento. 19Quando se fez tarde, saíram para fora da cidade.


A figueira seca. Fé e oração (Mt 21,18-22; Jo 14,13-14; 16,23) - 20Ao passarem na manhã seguinte, viram a figueira seca até às raízes. 21Pedro, recordando-se, disse a Jesus: «Olha, Mestre, a figueira que amaldiçoaste secou!» 22Jesus disse-lhes: «Tende fé em Deus. 23Em verdade vos digo, se alguém disser a este monte: ‘Tira-te daí e lança-te ao mar’, e não vacilar em seu coração, mas acreditar que o que diz se vai realizar, assim acontecerá. 24Por isso, vos digo: tudo quanto pedirdes na oração crede que já o recebestes e haveis de obtê-lo.

Quando vos levantais para orar, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe primeiro, 25para que o vosso Pai que está no céu vos perdoe também as vossas ofensas. 26Porque, se não perdoardes, também o vosso Pai que está no Céu não perdoará as vossas ofensas.»


Autoridade de Jesus (Mt 21,23-27; Lc 20,1-8) - 27Regressaram a Jerusalém e, andando Jesus pelo templo, os sumos sacerdotes, os doutores da Lei e os anciãos aproximaram-se dele 28e perguntaram-lhe: «Com que autoridade fazes estas coisas? Quem te deu autoridade para as fazeres?»

29Jesus respondeu: «Também Eu vos farei uma pergunta; respondei-me e dir-vos-ei, então, com que autoridade faço estas coisas: 30O baptismo de João era do Céu, ou dos homens? Respondei-me.»

31Começaram a discorrer entre si, dizendo: «Se dissermos ‘do Céu’, dirá: ‘Então porque não acreditastes nele?’ 32Se, porém, dissermos ‘dos homens’, tememos a multidão.» Porque todos consideravam João um verdadeiro profeta. 33Por fim, responderam a Jesus: «Não sabemos.»

E Jesus disse-lhes: «Nem Eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.»

Capítulo 12

Parábola dos vinhateiros homicidas (Mt 21,33-46; Lc 20,9-19) - 1Jesus começou a falar-lhes em parábolas: «Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e construiu uma torre. Depois, arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe.

2A seu tempo enviou aos vinhateiros um servo, para receber deles parte do fruto da vinha. 3Eles, porém, prenderam-no, bateram-lhe e mandaram-no embora de mãos vazias. 4Enviou-lhes, novamente, outro servo. Também a este partiram a cabeça e cobriram de vexames. 5Enviou outro, e a este mataram-no; mandou ainda muitos outros, e bateram nuns e mataram outros.

6Já só lhe restava um filho muito amado. Enviou-o por último, pensando: ‘Hão-de respeitar o meu filho’. 7Mas aqueles vinhateiros disseram uns aos outros: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e a herança será nossa’. 8Apoderaram-se dele, mataram-no e lançaram-no fora da vinha.

9Que fará o dono da vinha? Regressará e exterminará os vinhateiros e entregará a vinha a outros. 10Não lestes esta passagem da Escritura:

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
11Tudo isto é obra do Senhor
e é admirável aos nossos olhos?»

12Eles procuravam prendê-lo, mas temiam a multidão; tinham percebido bem que a parábola era para eles. E deixando-o, retiraram-se.


Tributo a César (Mt 22,15-22; Lc 20,20-26) - 13Em seguida, enviaram-lhe alguns fariseus e partidários de Herodes, a fim de o apanharem em alguma palavra. 14Aproximando-se, disseram-lhe: «Mestre, sabemos que és sincero, que não te deixas influenciar por ninguém, porque não olhas à condição das pessoas mas ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade. Diz-nos, pois: é lícito ou não pagar tributo a César? Devemos pagar ou não?»

15Jesus, conhecendo-lhes a hipocrisia, respondeu: «Porque me tentais? Trazei-me um denário para Eu ver.» 16Trouxeram-lho e Ele perguntou: «De quem é esta imagem e a inscrição?» Responderam: «De César.» 17Jesus disse: «Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.» E ficaram admirados com Ele.


A ressurreição dos mortos (Mt 22, 23-33; Lc 20,27-40) - 18Vieram ter com Ele os saduceus, que negam a ressurreição, e interrogaram-no: 19«Mestre, Moisés prescreveu-nos que se morrer o irmão de alguém, deixando a mulher e não deixando filhos, seu irmão terá de casar com a viúva para dar descendência ao irmão. 20Ora havia sete irmãos, e o primeiro casou e morreu sem deixar filhos. 21O segundo casou com a viúva e morreu também sem deixar descendência, e o mesmo aconteceu ao terceiro; 22e todos os sete morreram sem deixar descendência. Finalmente, morreu a mulher. 23Na ressurreição, de qual deles será ela mulher? Porque os sete a tiveram por mulher.»

24Disse Jesus: «Não andareis enganados por desconhecer as Escrituras e o poder de Deus? 25Quando ressuscitarem de entre os mortos, nem eles se casarão, nem elas serão dadas em casamento, mas serão como anjos no Céu. 26E acerca de os mortos ressuscitarem, não lestes no livro de Moisés, no episódio da sarça, como Deus lhe falou, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob? 27Não é um Deus de mortos, mas de vivos. Andais muito enganados.»


O mandamento do amor (Mt 22,34-40; Lc 10,25-28; Jo 13,33-35) - 28Aproximou-se dele um escriba que os tinha ouvido discutir e, vendo que Jesus lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» 29Jesus respondeu: «O primeiro é: Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor; 30amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças. 31O segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior que estes

32O escriba disse-lhe: «Muito bem, Mestre, com razão disseste que Ele é o único e não existe outro além dele; 33e amá-lo com todo o coração, com todo o entendimento, com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo vale mais do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios.»

34Vendo que ele respondera com sabedoria, Jesus disse: «Não estás longe do Reino de Deus.» E ninguém mais ousava interrogá-lo.


O Messias, Filho e Senhor de David (Mt 22,41-46; Lc 20,41-44; Jo 7,41-42) - 35Ensinando no templo, Jesus tomou a palavra e perguntou: «Como dizem os doutores da Lei que o Messias é filho de David? 36O próprio David afirmou, inspirado pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: ‘Senta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés’. 37O próprio David chama-lhe Senhor; como é Ele seu filho?» E a numerosa multidão ouvia-o com agrado.


Condenação do farisaísmo (Mt 23,1-36; Lc 11,39-52; 20,45-47) - 38Continuando o seu ensinamento, Jesus dizia: «Tomai cuidado com os doutores da Lei, que gostam de exibir longas vestes, de ser cumprimentados nas praças, 39de ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e nos banquetes; 40eles devoram as casas das viúvas a pretexto de longas orações. Esses receberão uma sentença mais severa.»


A oferta da viúva pobre (Lc 21,1-4) - 41Estando sentado em frente do tesouro, observava como a multidão deitava moedas. Muitos ricos deitavam muitas. 42Mas veio uma viúva pobre e deitou duas moedinhas, uns tostões.

43Chamando os discípulos, disse: «Em verdade vos digo que esta viúva pobre deitou no tesouro mais do que todos os outros; 44porque todos deitaram do que lhes sobrava, mas ela, da sua penúria, deitou tudo quanto possuía, todo o seu sustento.»

Capítulo 13

Discurso escatológico (Mt 24,1-2; Lc 21,5-6) - 1Ao sair do templo, um dos discípulos disse-lhe: «Repara, Mestre, que pedras e que construções!» 2Jesus respondeu: «Vês estas grandiosas construções? Não ficará delas pedra sobre pedra; tudo será destruído.»


Sinais precursores (Mt 24,3-8; Lc 21,7-8) - 3E, estando sentado no Monte das Oliveiras frente ao templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe em particular: 4«Diz-nos quando tudo isto acontecerá e qual o sinal de que tudo está para acabar.» 5Jesus começou a dizer-lhes:

«Acautelai-vos para que ninguém vos iluda. 6Surgirão muitos com o meu nome, dizendo: ‘Sou eu’. E seduzirão a muitos. 7Quando ouvirdes falar de guerras e de rumores de guerras, não vos alarmeis; é preciso que isso aconteça, mas ainda não será o fim. 8Há-de erguer-se povo contra povo e reino contra reino; haverá terramotos em vários lugares, haverá fome. Isto apenas será o princípio das dores.»


Perseguição aos discípulos (Mt 10,16-22; 24,9-14; Lc 21,12-19) - 9«Tomai cuidado convosco! Hão-de entregar-vos aos tribunais, sereis açoitados nas sinagogas e comparecereis diante dos governadores e dos reis por minha causa, para dar testemunho diante deles. 10Mas, antes disso, deve proclamar-se o Evangelho a todas as nações. 11Quando vos levarem para serdes entregues, não vos inquieteis com o que haveis de dizer; dizei o que vos for dado nessa hora, pois não sereis vós a falar, mas sim o Espírito Santo.

12O irmão entregará à morte o seu irmão, e o pai, o seu filho; os filhos hão-de erguer-se contra os pais e causar-lhes a morte. 13E sereis odiados por todos, por causa do meu nome; mas quem perseverar até ao fim será salvo.»


Destruição de Jerusalém (Mt 24,15-22; Lc 21,20-24) - 14«Quando virdes a abominação da desolação instalada onde não deve estar - entenda quem lê! - então os que estiverem na Judeia fujam para os montes; 15quem estiver no terraço não desça nem entre a tomar coisa alguma da sua casa. 16E quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a capa. 17Ai das que estiverem grávidas e das que andarem a amamentar nesses dias!

18Orai para que isto não suceda no Inverno, 19pois nesses dias a angústia será tal, como nunca houve desde que Deus criou o mundo até agora, nem voltará a haver. 20E se o Senhor não abreviasse esses dias, nenhuma criatura se salvaria; mas, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou esses dias.»


Falsos messias (Mt 24,23-25; Lc 17,23-24) - 21«Então, se alguém vos disser: ‘Aqui está o Messias’ ou: ‘Ei-lo ali’, não acrediteis; 22pois surgirão falsos messias e falsos profetas que farão sinais e prodígios para enganar, se possível, até os eleitos. 23Portanto, ficai atentos; de tudo vos preveni.»


Vinda do Filho do Homem (Mt 24,29-31) - 24«Mas nesses dias, depois daquela aflição, o Sol vai escurecer-se e a Lua não dará a sua claridade, 25as estrelas cairão do céu e as forças que estão no céu serão abaladas. 26Então, verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens com grande poder e glória. 27Ele enviará os seus anjos e reunirá os seus eleitos dos quatro ventos, da extremidade da terra à extremidade do céu.»


Sinal da figueira (Mt 24,32-35; Lc 21, 29-33) - 28«Aprendei, pois, a parábola da figueira. Quando já os seus ramos estão tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo. 29Assim, também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que Ele está próximo, às portas. 30Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam. 31O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.

32Quanto a esse dia ou a essa hora, ninguém os conhece: nem os anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai.»


Vigilância (Mt 24,36-44; 25,1-13; Lc 12,35-40; 21,34-36) - 33«Tomai cuidado, vigiai, pois não sabeis quando chegará esse momento. 34É como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, delegou a autoridade nos seus servos, atribuiu a cada um a sua tarefa e ordenou ao porteiro que vigiasse.

35Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar o galo, se de manhãzinha; 36não seja que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. 37O que vos digo a vós, digo a todos: vigiai!»

Capítulo 14

Conspiração dos judeus (Mt 26,1-5; Lc 22,1-2; Jo 11,45-53) - 1Faltavam só dois dias para a Páscoa e os Ázimos; os sumos sacerdotes e os doutores da Lei procuravam maneira de capturar Jesus à traição e de o matar. 2É que diziam: «Durante a festa não, para que o povo não se revolte.»


Unção de Betânia (Mt 26,6-13; Lc 7,36-50; Jo 12,1-11) - 3Jesus encontrava-se em Betânia, na casa de Simão, o leproso. Estando à mesa, chegou uma certa mulher que trazia um frasco de alabastro, com perfume de nardo puro de alto preço; partindo o frasco, derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus.

4Alguns, indignados, disseram entre si: «Para quê este desperdício de perfume? 5Podia vender-se por mais de trezentos denários e dar-se o dinheiro aos pobres.» E censuravam-na. 6Mas Jesus disse:

«Deixai-a. Porque estais a atormentá-la? Praticou em mim uma boa acção! 7Sempre tereis pobres entre vós e podereis fazer-lhes bem quando quiserdes; mas a mim, nem sempre me tereis. 8Ela fez o que estava ao seu alcance: ungiu antecipadamente o meu corpo para a sepultura. 9Em verdade vos digo: em qualquer parte do mundo onde for proclamado o Evangelho, há-de contar-se também, em sua memória, o que ela fez.»


Traição de Judas (Mt 26,14-16; Lc 22, 3-6; Jo 6,70-71) - 10Então, Judas Iscariotes, um dos Doze, foi ter com os sumos sacerdotes para lhes entregar Jesus. 11Eles ouviram-no com satisfação e prometeram dar-lhe dinheiro. E Judas espreitava ocasião favorável para o entregar.


Preparação da Ceia Pascal (Mt 26,17-19; Lc 22,7-13) - 12No primeiro dia dos Ázimos, quando se imolava a Páscoa, os discípulos perguntaram-lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?» 13Jesus enviou, então, dois dos seus discípulos e disse: «Ide à cidade e virá ao vosso encontro um homem trazendo um cântaro de água. Segui-o 14e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre manda dizer: ‘Onde está a sala em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?’ 15Há-de mostrar-vos uma grande sala no andar de cima, mobilada e toda pronta. Fazei aí os preparativos.» 16Os discípulos partiram e foram à cidade; encontraram tudo como Ele lhes dissera e prepararam a Páscoa.


Anúncio da traição de Judas (Mt 26,20-25; Lc 22,21-23; Jo 13,2.18.21-32) - 17Chegada a tarde, Jesus foi com os Doze. 18Estavam à mesa a comer, quando disse: «Em verdade vos digo: um de vós há-de entregar-me, um que come comigo19Começaram a entristecer-se e a dizer-lhe um após outro: «Porventura sou eu?» 20Jesus respondeu-lhes: «É um dos Doze, aquele que mete comigo a mão no prato. 21Na verdade, o Filho do Homem segue o seu caminho, como está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do Homem vai ser entregue! Melhor fora a esse homem não ter nascido!»


Instituição da Eucaristia (Mt 26, 26-29; Lc 22,14-20; Jo 6,51-59; 1 Cor 11,23-27) - 22Enquanto comiam, tomou um pão e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e entregou-o aos discípulos dizendo: «Tomai: isto é o meu corpo.»

23Depois, tomou o cálice, deu graças e entregou-lho. Todos beberam dele. 24E Ele disse-lhes: «Isto é o meu sangue da aliança, que vai ser derramado por todos. 25Em verdade vos digo: não voltarei a beber do fruto da videira até ao dia em que o beba, novo, no Reino de Deus.»

26Após o canto dos salmos, saíram para o Monte das Oliveiras.


Anúncio das negações de Pedro (Mt 26,30-35; Lc 22,31-34; Jo 13,36-38) - 27Jesus disse-lhes: «Todos ides abandonar-me, pois está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas hão-de dispersar-se. 28Mas, depois de Eu ressuscitar, hei-de preceder-vos a caminho da Galileia.»

29Pedro disse: «Mesmo que todos venham a abandonar-te, eu não.» 30E Jesus disse: «Em verdade te digo, que hoje, esta noite, antes de o galo cantar duas vezes, tu me terás negado três vezes.» 31Mas ele insistia com mais ardor: «Mesmo que tenha de morrer contigo, não te negarei.» E todos afirmaram o mesmo.


Oração de Jesus em Getsémani (Mt 26,36-46; Lc 22,39-46; Jo 18,1-2) - 32Chegaram a uma propriedade chamada Getsémani, e Jesus disse aos discípulos: «Ficai aqui enquanto Eu vou orar.» 33Tomando consigo Pedro, Tiago e João, começou a sentir pavor e a angustiar-se. 34E disse-lhes: «A minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai.» 35Adiantando-se um pouco, caiu por terra e orou para que, se possível, passasse dele aquela hora. 36E dizia: «Abbá, Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice! Mas não se faça o que Eu quero, e sim o que Tu queres.»

37Depois, foi ter com os discípulos, encontrou-os a dormir e disse a Pedro: «Simão, dormes? Nem uma hora pudeste vigiar! 38Vigiai e orai, para não cederdes à tentação; o espírito está cheio de ardor, mas a carne é débil.» 39Retirou-se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras. 40E, voltando de novo, encontrou-os a dormir, pois os seus olhos estavam pesados; e não sabiam que responder-lhe.

41Voltou pela terceira vez e disse-lhes: «Dormi agora e descansai! Pois bem, chegou a hora. Eis que o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. 42Levantai-vos! Vamos! Eis que chega o que me vai entregar.»


Prisão de Jesus (Mt 26,47-56; Lc 22,47-53; Jo 18,3-11) - 43E logo, ainda Ele estava a falar, chegou Judas, um dos Doze, e, com ele, muito povo com espadas e varapaus, da parte dos sumos sacerdotes, dos doutores da Lei e dos anciãos. 44Ora, o que o ia entregar tinha-lhes dado este sinal: «Aquele que eu beijar é esse mesmo; prendei-o e levai-o bem guardado.»

45Mal chegou, aproximou-se de Jesus, dizendo: «Mestre!»; e beijou-o. 46Os outros deitaram-lhe as mãos e prenderam-no. 47Então, um dos que estavam presentes, puxando da espada, feriu o criado do Sumo Sacerdote e cortou-lhe uma orelha. 48E tomando a palavra, Jesus disse-lhes: «Como se eu fosse um salteador, viestes com espadas e varapaus para me prender! 49Estava todos os dias junto de vós, no templo, a ensinar, e não me prendestes; mas é para se cumprirem as Escrituras.» 50Então, os discípulos, deixando-o, fugiram todos. 51Um certo jovem, que o seguia envolto apenas num lençol, foi preso; 51mas ele, deixando o lençol, fugiu nu.


Jesus no tribunal judaico (Mt 26, 57-68; Lc 22,54-71; Jo 18,12-24) - 53Conduziram Jesus a casa do Sumo Sacerdote, onde se juntaram todos os sumos sacerdotes, os anciãos e os doutores da Lei. 54E Pedro tinha-o seguido de longe até dentro do palácio do Sumo Sacerdote, onde se sentou com os guardas a aquecer-se ao lume. 55Ora os sumos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um testemunho contra Jesus a fim de lhe dar a morte, mas não o encontravam; 56de facto, muitos testemunharam falsamente contra Ele, mas os testemunhos não eram coincidentes. 57E alguns ergueram-se e proferiram contra Ele este falso testemunho: 58«Ouvimo-lo dizer: ‘Demolirei este templo construído pela mão dos homens e, em três dias, edificarei outro que não será feito pela mão dos homens.’» 59Mas nem assim o depoimento deles concordava.

60Então, o Sumo Sacerdote ergueu-se no meio da assembleia e interrogou Jesus: «Não respondes nada ao que estes testemunham contra ti?» 61Mas Ele continuava em silêncio e nada respondia. O Sumo Sacerdote voltou a interrogá-lo: «És Tu o Messias, o Filho do Deus Bendito?» 62Jesus respondeu: «Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poder e vir sobre as nuvens do céu

63O Sumo Sacerdote rasgou, então, as suas vestes e disse: «Que necessidade temos ainda de testemunhas? 64Ouvistes a blasfémia! Que vos parece?» E todos sentenciavam que Ele era réu de morte. 65Depois, alguns começaram a cuspir-lhe, a cobrir-lhe o rosto com um véu e, batendo-lhe, a dizer: «Profetiza!» E os guardas davam-lhe bofetadas.


Três negações de Pedro (Mt 26,69-75; Lc 22,54-62; Jo 18,15-18.25-27) - 66Estando Pedro em baixo, no pátio, chegou uma das criadas do Sumo Sacerdote 67e, vendo Pedro a aquecer-se, fixou nele o olhar e disse-lhe: «Tu também estavas com Jesus, o Nazareno.» 68Mas ele negou, dizendo: «Não sei nem entendo o que dizes.» Depois, saiu para o átrio e um galo cantou. 69A criada, vendo-o de novo, começou a dizer aos que ali estavam: «Este é um deles.» 70Mas ele negou outra vez.

Pouco depois, os presentes disseram de novo a Pedro: «Com certeza que és um deles, pois também és galileu.» 71Ele começou, então, a dizer imprecações e a jurar: «Não conheço esse homem de quem falais!» 72E logo cantou o galo pela segunda vez.

Pedro recordou-se, então, das palavras de Jesus: «Antes de o galo cantar duas vezes, tu me terás negado três vezes.» E desatou a chorar.

Capítulo 15

Jesus no tribunal romano: Pilatos (Mt 27,1-2.11-14; Lc 23,1-5; Jo 18,28-40) - 1Logo de manhã, os sumos sacerdotes reuniram-se em conselho com os anciãos e os doutores da Lei e todo o Sinédrio; e, tendo manietado Jesus, levaram-no e entregaram-no a Pilatos.

2Perguntou-lhe Pilatos: «És Tu o rei dos Judeus?» Jesus respondeu-lhe: «Tu o dizes.» 3Os sumos sacerdotes acusavam-no de muitas coisas. 4Pilatos interrogou-o de novo, dizendo: «Não respondes nada? Vê de quantas coisas és acusado!» 5Mas Jesus nada mais respondeu, de modo que Pilatos estava estupefacto.


Jesus e Barrabás (Mt 27,15-26; Lc 23,13-25; Jo 18,39-40) - 6Ora, em cada festa, Pilatos costumava soltar-lhes um preso que eles pedissem. 7Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurrectos que tinham cometido um assassínio durante a revolta. 8A multidão chegou e começou a pedir-lhe o que ele costumava conceder.

9Pilatos, respondendo, disse: «Quereis que vos solte o rei dos judeus?» 10Porque sabia que era por inveja que os sumos sacerdotes o tinham entregado. 11Os sumos sacerdotes, porém, instigaram a multidão a pedir que lhes soltasse, de preferência, Barrabás. 12Tomando novamente a palavra, Pilatos disse-lhes: «Então que quereis que faça daquele a quem chamais rei dos judeus?» 13Eles gritaram novamente: «Crucifica-o!» 14Pilatos insistiu: «Que fez Ele de mal?» Mas eles gritaram ainda mais: «Crucifica-o!»

15Pilatos, desejando agradar à multidão, soltou-lhes Barrabás; e, depois de mandar flagelar Jesus, entregou-o para ser crucificado.


Coroação de espinhos (Mt 27,27-31; Jo 19,1-3) - 16Os soldados levaram-no para dentro do pátio, isto é, para o pretório, e convocaram toda a coorte. 17Revestiram-no de um manto de púrpura e puseram-lhe uma coroa de espinhos, que tinham entretecido.

18Depois, começaram a saudá-lo: «Salve! Ó rei dos judeus!» 19Batiam-lhe na cabeça com uma cana, cuspiam sobre Ele e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante dele. 20Depois de o terem escarnecido, tiraram-lhe o manto de púrpura e revestiram-no das suas vestes.


A caminho do Calvário (Mt 27,32-33; Lc 23,26-32; Jo 19,16-17) - Levaram-no, então, para o crucificar. 21Para lhe levar a cruz, requisitaram um homem que passava por ali ao regressar dos campos, um tal Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo. 22E conduziram-no ao lugar do Gólgota, que quer dizer ‘lugar do Crânio’.


Jesus crucificado e escarnecido (Mt 27,34-44; Lc 23,33-43; Jo 19,18-24) - 23Queriam dar-lhe vinho misturado com mirra, mas Ele não quis beber. 24Depois, crucificaram-no e repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para ver o que cabia a cada um. 25Eram umas nove horas da manhã, quando o crucificaram.

26Na inscrição com a condenação, lia-se: «O rei dos judeus.» 27Com Ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita e o outro à sua esquerda. 28Deste modo, cumpriu-se a passagem da Escritura que diz: Foi contado entre os malfeitores.

29Os que passavam injuriavam-no e, abanando a cabeça, diziam: «Olha o que destrói o templo e o reconstrói em três dias! 30Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!»

31Da mesma forma, os sumos sacerdotes e os doutores da Lei troçavam dele entre si: «Salvou os outros mas não pode salvar-se a si mesmo! 32O Messias, o Rei de Israel! Desça agora da cruz para nós vermos e acreditarmos!» Até os que estavam crucificados com Ele o injuriavam.


Morte de Jesus (Mt 27,45-56; Lc 23,44-49; Jo 19,25.28-30) - 33Ao chegar o meio-dia, fez-se trevas por toda a terra, até às três da tarde. 34E às três da tarde, Jesus exclamou em alta voz: «Eloí, Eloí, lemá sabachtáni?», que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?

35Ao ouvi-lo, alguns que estavam ali disseram: «Está a chamar por Elias!» 36Um deles correu a embeber uma esponja em vinagre, pô-la numa cana e deu-lhe de beber, dizendo: «Esperemos, a ver se Elias vem tirá-lo dali.» 37Mas Jesus, com um grito forte, expirou. 38E o véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo.

39O centurião que estava em frente dele, ao vê-lo expirar daquela maneira, disse: «Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!»

sup>40</sup>Também ali estavam algumas mulheres a contemplar de longe; entre elas, Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago Menor e de José, e Salomé, 41que o seguiam e serviam quando Ele estava na Galileia; e muitas outras que tinham subido com Ele a Jerusalém.


Sepultura de Jesus (Mt 27,57-61; Lc 23,50-56; Jo 19,38-42) - 42Ao cair da tarde, visto ser a Preparação, isto é, véspera do sábado, 43José de Arimateia, respeitável membro do Conselho que também esperava o Reino de Deus, foi corajosamente procurar Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. 44Pilatos espantou-se por Ele já estar morto e, mandando chamar o centurião, perguntou-lhe se já tinha morrido há muito.

45Informado pelo centurião, Pilatos ordenou que o corpo fosse entregue a José. 46Este, depois de comprar um lençol, desceu o corpo da cruz e envolveu-o nele. Em seguida, depositou-o num sepulcro cavado na rocha e rolou uma pedra sobre a entrada do sepulcro. 47Maria de Magdala e Maria, mãe de José, observavam onde o depositaram.

Capítulo 16

As mulheres vão ao sepulcro (Mt 28,1-10; Lc 24,1-12; Jo 20,1-18) - 1Passado o sábado, Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram perfumes para ir embalsamá-lo. 2De manhã, ao nascer do sol, muito cedo, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro.

3Diziam entre si: «Quem nos irá tirar a pedra da entrada do sepulcro?» 4Mas olharam e viram que a pedra tinha sido rolada para o lado; e era muito grande. 5Entrando no sepulcro, viram um jovem sentado à direita, vestido com uma túnica branca, e ficaram assustadas.

6Ele disse-lhes: «Não vos assusteis! Buscais a Jesus de Nazaré, o crucificado? Ressuscitou; não está aqui. Vede o lugar onde o tinham depositado. 7Ide, pois, e dizei aos seus discípulos e a Pedro: ‘Ele precede-vos a caminho da Galileia; lá o vereis, como vos tinha dito’.» 8Saíram, fugindo do sepulcro, pois estavam a tremer e fora de si. E não disseram nada a ninguém, porque tinham medo.


Aparições de Jesus ressuscitado (Mt 28,16-20; Lc 24,36-38; Jo 20,19-23; 1Cor 15,3-8) - 9Tendo ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana, Jesus apareceu primeiramente a Maria de Magdala, da qual expulsara sete demónios. 10Ela foi anunciá-lo aos que tinham sido seus companheiros, que viviam em luto e em pranto. 11Mas eles, ouvindo dizer que Jesus estava vivo e fora visto por ela, não acreditaram.

12Depois disto, Jesus apareceu com um aspecto diferente a dois deles que iam a caminho do campo. 13Eles voltaram para trás a fim de o anunciar aos restantes. E também não acreditaram neles.

14Apareceu, finalmente, aos próprios Onze quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração em não acreditarem naqueles que o tinham visto ressuscitado.

15E disse-lhes: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. 16Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas, quem não acreditar será condenado.

17Estes sinais acompanharão aqueles que acreditarem: em meu nome expulsarão demónios, falarão línguas novas, 18apanharão serpentes com as mãos e, se beberem algum veneno mortal, não sofrerão nenhum mal; hão-de impor as mãos aos doentes e eles ficarão curados.»


Ascensão de Jesus (Lc 24,50-53; Act 1,6-11) - 19Então, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus.

20Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam.

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