Capítulo 31

Fuga de Jacob1E Jacob ouviu as palavras dos filhos de Labão, que diziam: «Jacob apoderou-se de tudo o que era do nosso pai, e foi com os bens do nosso pai que acumulou toda esta riqueza.»

2Jacob observou também, pela fisionomia de Labão, que este não tinha para com ele os mesmos sentimentos de antes. 3E o SENHOR disse a Jacob: «Volta para o país dos teus pais, para a tua terra natal; Eu estarei contigo.» 4Então, Jacob mandou vir Raquel e Lia ao campo, junto do seu rebanho, 5e disse-lhes: «Vejo, pelo semblante de vosso pai, que ele não é para mim o mesmo que era dantes; mas o Deus de meu pai está comigo. 6Sabeis que servi o vosso pai com todas as minhas forças, 7ao passo que ele zombou de mim, mudando dez vezes o meu salário; mas Deus não permitiu que ele me prejudicasse. 8Se ele dizia: ‘Os animais malhados serão o teu salário’, todo o gado produzia animais malhados. E se ele dizia: ‘Os animais listrados serão o teu salário’, todo o gado produzia animais listrados. 9Deus tomou o rebanho de vosso pai e deu-mo. 10No tempo em que os rebanhos andam excitados, ergui os olhos e vi em sonhos que os machos, que fecundavam o gado, eram listrados, malhados e com manchas. 11E um enviado do SENHOR disse-me em sonho: ‘Jacob!’ ao que respondi: ‘Eis-me aqui.’ 12Ele continuou: ‘Levanta os olhos e vê; todos os animais que fecundam o gado são listrados, malhados e com manchas, porque Eu vi o que Labão te fez. 13Eu sou o Deus de Betel, onde ergueste e consagraste um monumento, onde pronunciaste um voto em minha honra. Agora levanta-te, sai deste país e regressa à terra em que nasceste.’»

14Raquel e Lia responderam, dizendo: «Existe para nós uma herança na casa do nosso pai? 15Não somos consideradas como estranhas para ele? Depois de nos ter vendido, devorou todos os nossos bens. 16Além disso, a fortuna que Deus retirou a nosso pai é nossa e dos nossos filhos. Faz, então, tudo o que Deus te disse.»

17Jacob preparou-se e mandou que as suas mulheres e os seus filhos montassem sobre os camelos; 18levou todo o seu gado e todos os bens que juntara, tudo o que lhe pertencia e que adquirira no território de Padan-Aram, e partiu para junto de seu pai Isaac, para o país de Canaã. 19E como Labão fora fazer a tosquia das suas ovelhas, Raquel roubou os deuses familiares de seu pai.

20Jacob enganou assim Labão, o arameu, e fugiu sem lhe dizer nada. 21Fugiu com tudo o que lhe pertencia; atravessou o rio e, depois, dirigiu-se para a montanha de Guilead.

22Três dias depois, disseram a Labão que Jacob tinha fugido; 23ele tomou consigo os seus parentes e perseguiu-o durante sete dias de marcha, alcançando-o na montanha de Guilead. 24Mas Deus visitou Labão, o arameu, num sonho nocturno, e disse-lhe: «Livra-te de pedir explicações a Jacob, seja sobre o que for, a bem ou a mal.» 25Labão aproximou-se de Jacob, que tinha levantado a sua tenda sobre a montanha, enquanto Labão dispôs os seus irmãos sobre a mesma montanha de Guilead.


Duelo de palavras26Labão disse a Jacob: «Que fizeste? Enganaste-me e levaste-me as minhas filhas como prisioneiras de guerra! 27Porque fugiste furtivamente, enganando-me, em lugar de me avisar? Ter-te-ia despedido com alegria e cânticos, ao som de tambores e da cítara! 28Nem me deixaste abraçar os meus filhos e as minhas filhas! Na verdade, agiste como um insensato. 29A minha mão é suficientemente forte para fazer-vos mal; mas o Deus do vosso pai falou-me esta noite, dizendo: ‘Livra-te de pedir explicações a Jacob, seja a bem ou a mal.’ 30Vais-te porque tinhas saudades da casa de teu pai. Mas porque roubaste os meus deuses?»

31Jacob respondeu a Labão: «Tive medo de te avisar, pois pensei que me tirarias as tuas filhas. 32Quanto àquele que estiver na posse dos teus deuses, esse não viverá! Examina, tu mesmo, tudo o que está comigo e recupera aquilo que te pertence.» Jacob não sabia que era Raquel que tinha roubado os deuses familiares.

33Labão entrou na tenda de Jacob, na de Lia, na das duas escravas, e não os encontrou. Saindo da tenda de Lia, entrou na de Raquel. 34Mas esta pegara nos deuses familiares, escondera-os na sela do camelo e sentara-se em cima. Labão procurou em toda a tenda e não os encontrou. 35E Raquel disse ao pai: «Que o meu senhor não se ofenda, se não posso levantar-me diante de ti, por causa do incómodo habitual das mulheres.» Ele continuou a procurar, mas não encontrou os deuses familiares.

36E Jacob ficou encolerizado e censurou Labão. Dirigindo-se a ele, disse: «Qual é o meu crime, qual é a minha falta, para que assim te irrites contra mim? 37Depois de revistar todas as minhas bagagens, encontraste alguma coisa que pertença à tua casa? Apresenta-o aqui, diante dos meus irmãos e dos teus, e que eles sejam juízes entre nós dois. 38Passei vinte anos contigo; nem as tuas ovelhas nem as tuas cabras abortaram e não comi os carneiros do teu rebanho. 39Não te entreguei nenhum animal despedaçado pelas feras: fui eu próprio que sofri esse prejuízo, pois tu fizeste-me pagar o que foi roubado de dia e o que foi roubado de noite. 40Durante o dia, eu era consumido pelo calor, durante a noite, pelo frio, e o sono fugia dos meus olhos. 41Passei assim vinte anos na tua casa! Servi-te catorze anos pelas tuas duas filhas, e seis anos pelo teu rebanho; mas tu trocaste dez vezes o meu salário. 42Se o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o que Isaac venera, não me ajudasse, com certeza ter-me-ias deixado partir de mãos vazias. Mas Deus viu a minha humilhação e o trabalho das minhas mãos e pronunciou a sentença ontem à noite.»

43Labão respondeu a Jacob: «Estas filhas são minhas filhas, estes filhos são meus filhos, este gado é o meu gado; tudo o que vês me pertence. Que farei eu agora pelas filhas e pelos filhos que elas tiveram? 44Façamos, então, uma aliança, que será um testemunho entre nós.»

45Jacob tomou uma pedra e levantou um monumento. 46E disse aos irmãos: «Juntai pedras.» Eles pegaram em pedras, puseram-nas em monte e comeram junto daquele monte de pedras. 47Labão chamou-lhe Jegar-Saduta, e Jacob chamou-lhe Galed.

48E Labão disse: «Este monte de pedras, a partir de hoje, é um testemunho entre nós os dois.» Por isso, lhe chamou Galed. 49E também Mispá, porque disse: «O SENHOR estará vigilante entre nós dois, quando nos separarmos um do outro. 50Se maltratares as minhas filhas e tomares outras esposas além delas, embora ninguém esteja connosco, recorda-te de que Deus é testemunha entre mim e ti.» 51Labão disse ainda a Jacob: «Vês este monte de pedras e este monumento que pus entre nós os dois? 52Sirva este monte de pedras e este monumento, de testemunha de que nem eu os transporei para aí nem tu os transporás para aqui, para fazer algum mal. 53Que o Deus de Abraão, o Deus de Naor, o Deus de cada um deles seja juiz entre nós!»

E Jacob jurou pelo Deus que venerava seu pai Isaac. 54Jacob sacrificou animais sobre a montanha e convidou os seus irmãos para o banquete. Tomaram parte nele e passaram a noite sobre a montanha.

Capítulo 32

Jacob regressa à sua terra 1No dia seguinte, Labão levantou-se cedo, abraçou os filhos e as filhas e abençoou-os; depois, pôs-se a caminho e voltou para sua casa. 2Jacob prosseguiu o seu caminho e encontrou uns mensageiros de Deus. 3Ao vê-los, disse: «É o exército de Deus!» E deu àquele lugar o nome de Maanaim.

4Jacob mandou mensageiros adiante de si a seu irmão Esaú, ao país de Seir, na região de Edom, 5dando-lhes esta ordem: «Assim falareis ao meu senhor Esaú: Assim fala o teu servo Jacob: ‘Residi em casa de Labão e ali permaneci até ao presente. 6Adquiri bois e jumentos, gado miúdo, escravos e escravas; e agora envio uma mensagem ao meu senhor Esaú, para obter a sua benevolência.’»

7Os mensageiros voltaram para junto de Jacob, dizendo: «Fomos ter com teu irmão Esaú; ele vem ao teu encontro com quatrocentos homens.»

8Jacob ficou cheio de temor e de inquietação. Distribuiu os que estavam com ele em dois grupos, assim como o gado graúdo e miúdo e os camelos, 9dizendo: «Se Esaú atacar um dos nossos grupos e o destroçar, o outro poderá salvar-se.»

10Depois, Jacob disse:

«Ó Deus de meu pai Abraão, Deus de meu pai Isaac, ó SENHOR que me disseste: ‘Regressa ao teu país e à tua terra natal e Eu hei-de proteger-te’; 11eu sou indigno de todos os teus favores e de toda a fidelidade que testemunhaste ao teu servo; passei este Jordão só com o meu bordão e agora possuo duas caravanas.

12Salva-me, por favor, da mão do meu irmão Esaú, pois temo que ele me ataque, ferindo-me juntamente com a mãe e os filhos.

13Mas Tu disseste: ‘Encher-te-ei de benefícios e farei que a tua posteridade seja como a areia do mar, cujo número é incalculável.’»

14Jacob passou ali a noite e escolheu, entre os seus bens, um presente para seu irmão Esaú: 15duzentas cabras e vinte bodes, duzentas ovelhas e vinte carneiros, 16trinta camelas que amamentavam, com as suas crias; quarenta vacas e dez touros; vinte jumentas e dez jumentos.

17Entregou-os aos seus servos, cada rebanho à parte, dizendo-lhes: «Passai à frente e deixai um intervalo entre cada rebanho.» 18E deu ao primeiro esta ordem: «Quando meu irmão Esaú te encontrar e te perguntar: ‘Quem és tu? Aonde vais? E porque é que este gado vai adiante de ti?’ 19Responderás: É um presente que manda o teu servo Jacob ao meu senhor Esaú. Ele vem já aí atrás de nós.» 20Deu a mesma ordem ao segundo, ao terceiro e a todos os que conduziam os rebanhos, dizendo: «É assim que falareis a Esaú, quando o encontrardes. 21Dir-lhe-eis: ‘Também o teu servo Jacob vem atrás de nós.’»

Com efeito, Jacob dizia: «Quero aplacar o seu rosto com este presente que me precede e, depois, comparecerei diante dele; talvez me faça bom acolhimento.»

22Estes presentes avançaram, então, adiante dele; e Jacob passou essa noite no acampamento.

23Levantou-se naquela mesma noite, tomou as suas duas mulheres, as duas escravas e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboc. 24Ajudou-os a atravessar a torrente, e passou tudo o que lhe pertencia.


A luta com Deus25Jacob tendo ficado só, alguém lutou com ele até ao romper da aurora. 26Vendo que não podia vencer Jacob, bateu-lhe na coxa, e a coxa de Jacob deslocou-se, quando lutava com ele. 27E disse-lhe: «Deixa-me partir, porque já rompe a aurora.»

Jacob respondeu: «Não te deixarei partir enquanto não me abençoares.» 28Perguntou-lhe então: «Qual é o teu nome?» Ao que ele respondeu: «Jacob.» 29E o outro continuou: «O teu nome não será mais Jacob, mas Israel; porque combateste contra Deus e contra os homens e conseguiste resistir.» 30Jacob interrogou-o, dizendo: «Peço-te que me digas o teu nome.» «Porque me perguntas o meu nome?» – respondeu ele. E então abençoou-o. 31Jacob chamou àquele lugar Penuel; «porque vi um ser divino, face a face, e conservei a vida» – disse ele.

32O sol principiara a levantar-se, quando Jacob deixou Penuel, coxeando por causa da sua coxa. 33É por isso que os filhos de Israel não comem, ainda hoje, o nervo ciático que está na cavidade da coxa – porque Jacob foi ferido no nervo ciático da coxa, que ficou paralisado.

Capítulo 33

Encontro com Esaú1Jacob, levantando os olhos, viu Esaú que avançava acompanhado por quatrocentos homens. Repartiu os filhos entre Lia e Raquel e entre as duas servas. 2Colocou à frente as servas com os seus filhos, depois Lia com seus filhos, e Raquel, com José, em último lugar. 3Passou adiante deles e prostrou-se por sete vezes, antes de se aproximar de seu irmão.

4Esaú correu ao seu encontro, abraçou-o, atirou-se-lhe ao pescoço e beijou-o; e ambos choraram.

5Levantando os olhos, Esaú viu as mulheres e as crianças e perguntou: «Que te são estes?» Jacob respondeu: «São os filhos que Deus concedeu ao teu servo.» 6As servas aproximaram-se também com os seus filhos e prostraram-se; 7Lia também se aproximou com os seus filhos e prostraram-se; depois, aproximou-se José com Raquel e prostraram-se.

8Esaú prosseguiu: «Que significa todo esse grupo, enviado por ti e que encontrei?» Jacob respondeu: «É para alcançar benevolência da parte do meu senhor.»

9E Esaú disse-lhe: «Possuo mais do que o suficiente, meu irmão; guarda o que é teu.» 10Jacob respondeu: «Oh! Não! Se alcancei a tua benevolência, aceitarás de minha mão este presente, pois olhei a tua face, como se olha para a face de Deus, e tu recebeste-me bem. 11Aceita, pois, o meu presente que te ofereceram por mim, porque Deus foi generoso comigo e possuo o suficiente.» E tanto insistiu que Esaú aceitou.


Separação12Então, Esaú disse: «Partamos, prossigamos juntos e seguirei os teus passos.» 13Jacob respondeu-lhe: «O meu senhor sabe que as crianças são delicadas e que o gado miúdo e graúdo, que ainda mama, exige os meus cuidados; se os apressarem, ainda que só por um dia, todo o gado novo perecerá. 14Que o meu senhor queira passar adiante do seu servo; eu caminharei devagar, ao passo da caravana que me precede e ao passo dos meninos, até juntar-me ao meu senhor, em Seir.»

15Esaú disse-lhe: «Vou, então, mandar-te escoltar por alguns dos meus homens.» Jacob respondeu: «Para quê? Eu queria apenas encontrar benevolência diante do meu senhor!» 16E nesse mesmo dia Esaú retomou o caminho de Seir.

17Mas Jacob dirigiu-se para Sucot; edificou ali uma casa e construiu cabanas para o gado. Foi por isso que chamaram àquele lugar Sucot.

18Quando Jacob regressou são e salvo de Padan-Aram, chegou à cidade de Siquém no país de Canaã; e fixou-se em frente dessa cidade. 19Adquiriu aos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem moedas, uma parcela de terreno, onde acampou, 20e construiu ali um altar, que dedicou «a El, Deus de Israel.»

Capítulo 34

Dina é ultrajada1Dina, a filha que Lia dera a Jacob, saiu para travar conhecimento com as raparigas do país. 2Tendo-a visto Siquém, filho de Hamor, o heveu, governador do país, raptou-a e apoderou-se dela, violando-a. 3O seu coração prendeu-se, então, a Dina, filha de Jacob; amou a donzela e falou-lhe ao coração.

4E Siquém disse a Hamor, seu pai: «Dá-me esta jovem por mulher.» 5Jacob soube que Dina, sua filha, fora violada. Seus filhos estavam com o gado no campo e, por isso, Jacob calou-se até ao seu regresso.


Pacto matrimonial6E Hamor, pai de Siquém, foi ter com Jacob, para lhe falar. 7Mas os filhos de Jacob tinham voltado do campo e estavam consternados com o que sucedera. A sua indignação era muito grande, porque uma infâmia caíra sobre Israel: Siquém dormira com a filha de Jacob, o que não se devia fazer.

8Hamor falou-lhe nestes termos: «O coração de meu filho Siquém está preso à vossa filha; concedei-lha como esposa, peço-vos. 9Aparentai-vos connosco: dai-nos as vossas filhas e casai com as nossas. 10Habitai connosco e o país ficará à vossa disposição; ficai aqui, explorai o país, estabelecei-vos nele.»

11Siquém disse ao pai e aos irmãos da jovem: «Possa eu encontrar a vossa benevolência. O que me pedirdes, eu vo-lo darei. 12Darei o que pedirdes, por mais elevados que sejam o dote e os presentes; mas dai-me somente a jovem por mulher.»

13Os filhos de Jacob responderam astuciosamente a Siquém e a Hamor, seu pai, porque tinham ultrajado Dina, sua irmã. 14Disseram-lhe: «Não poderemos agir assim, dando a nossa irmã a um homem incircunciso; seria uma desonra para nós. 15Só estaremos de acordo convosco, se procederdes como nós, circuncidando todos os varões que estão entre vós. 16Então, dar-vos-emos as nossas filhas e aceitaremos as vossas; habitaremos convosco e formaremos um só povo. 17Mas, se não nos ouvirdes acerca da circuncisão, tomaremos a nossa filha e separar-nos-emos.»

18As suas palavras agradaram a Hamor e a Siquém, seu filho. 19O jovem não hesitou em fazer o que se lhe pedia, pois estava enamorado da filha de Jacob; além disso, era muito considerado entre todos os parentes de seu pai. 20Hamor foi com Siquém, seu filho, para a porta da sua cidade e falaram aos habitantes da cidade, nestes termos: 21Estes homens procedem de boa fé para connosco; habitem eles no país e que o explorem, pois o país é suficientemente vasto para os receber. Tomaremos as suas filhas para esposas e dar-lhes-emos as nossas. 22Mas estes homens só com uma condição consentem habitar connosco, a fim de formarmos um só povo: todo o varão que vive entre nós deve ser circuncidado como eles o são. 23Não é verdade que todos os seus rebanhos, os seus bens e todo o seu gado será para nós? Concordemos com os seus desejos, e eles ficarão connosco.»

24Todos os que habitavam no recinto da cidade ouviram Hamor e Siquém, seu filho; e todo o varão foi circuncidado, entre os cidadãos da cidade.


Vingança traiçoeira25No terceiro dia, sofrendo eles dores violentas, dois dos filhos de Jacob, Simeão e Levi, irmãos de Dina, tomaram cada um a sua espada, marcharam resolutamente sobre a cidade e mataram todos os varões. 26Passaram a fio da espada Hamor e Siquém, seu filho, levaram Dina da casa de Siquém e retiraram-se. 27Os filhos de Jacob despojaram os cadáveres e saquearam a cidade, porque tinham ultrajado sua irmã. 28Apossaram-se do seu gado miúdo e graúdo, dos seus jumentos e do que estava na cidade e nos campos. 29Levaram todos os seus bens, os seus filhos e as suas mulheres e tudo o que estava nas casas.

30Então Jacob disse a Simeão e a Levi: «Tornastes-me desditoso, deixando-me mal visto entre os habitantes do país, os cananeus e os perizeus; reunir-se-ão contra mim e, como só tenho um punhado de homens, fustigar-me-ão e serei exterminado com a minha família.» 31Eles responderam: «Devíamos deixar tratar a nossa irmã como uma prostituta?»

Capítulo 35

Regresso a Betel (28,10-22) – 1O SENHOR disse a Jacob: «Vai, sobe a Betel e permanece lá; constrói ali um altar ao Deus que te apareceu, quando fugias diante de Esaú, teu irmão.» 2Jacob disse à família e a todos os que estavam com ele: «Fazei desaparecer os deuses estrangeiros que estão no meio de vós; purificai-vos e mudai de vestes. 3Preparemo-nos para subir a Betel; construirei ali um altar ao Deus que me atendeu no dia da minha angústia e que esteve comigo nos caminhos por onde andei.»

4Entregaram então a Jacob todos os deuses estrangeiros que possuíam e as jóias que traziam nas orelhas. Jacob enterrou-as debaixo do terebinto que estava junto de Siquém. 5E partiram dominados pelo terror divino; as cidades em redor não perseguiram os filhos de Jacob.

6Jacob chegou, com todos os que o acompanhavam, a Luz, ou seja, Betel, que está no país de Canaã. 7Construiu ali um altar e chamou a esse lugar El-Betel, porque fora ali que o SENHOR Deus lhe aparecera, quando fugia por causa de seu irmão. 8Entretanto, morreu Débora, ama de Rebeca, e foi enterrada abaixo de Betel, junto de um carvalho, que foi chamado Carvalho dos Prantos.


Deus aparece a Jacob9Deus apareceu novamente a Jacob, depois do seu regresso de Padan-Aram, e abençoou-o. 10Deus disse-lhe: «Chamas-te Jacob; mas de futuro já não te chamarás Jacob e o teu nome será Israel.» Deu-lhe, assim, o nome de Israel. 11E Deus disse-lhe:

«Eu sou o Deus supremo; vais crescer e multiplicar-te; de ti sairá um povo, uma multidão de povos sairá de ti, e das tuas entranhas sairão reis.

12Concedo-te o país que dei a Abraão e a Isaac e dá-lo-ei à tua posteridade depois de ti.»

13Deus desapareceu de junto dele e do lugar em que lhe falara. 14Jacob levantou um monumento naquele lugar sobre o qual fez uma libação e derramou óleo. 15E Jacob chamou Betel àquele lugar, no qual Deus conversara com ele.


Família de Jacob (1 Cr 2,1-8) – 16Partiram de Betel, e faltava ainda um pouco de tempo para chegarem a Efrata, quando Raquel deu à luz e o seu parto foi difícil. 17Durante as dores do parto, a parteira disse-lhe: «Ânimo, porque voltas a ter um filho.» 18Ora no momento do último suspiro – pois estava a morrer – deu-lhe o nome de Ben-Oni; mas seu pai chamou-o Benjamim.

19Então Raquel morreu e foi enterrada no caminho de Efrata, que é Belém. 20Jacob levantou um monumento sobre o seu túmulo: é o monumento do túmulo de Raquel, que ainda hoje existe.

21Israel partiu e levantou a sua tenda além de Migdal-Éder. 22Enquanto Israel residiu nesta região, Rúben teve relações com Bila, concubina de seu pai, e Israel soube-o. Foram doze os filhos de Jacob:

23Filhos de Lia: o primogénito de Jacob, Rúben, depois Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zabulão. 24Filhos de Raquel: José e Benjamim. 25Filhos de Bila, escrava de Raquel: Dan e Neftali. 26E filhos de Zilpa, escrava de Lia; Gad e Aser.

Estes são os filhos de Jacob, que nasceram no território de Padan-Aram.

27Jacob chegou junto de Isaac, seu pai, em Mambré, em Quiriat-Arbá, que é Hebron, onde viveram Abraão e Isaac. 28Os dias de Isaac foram de cento e oitenta anos. 29Expirando, morreu e reuniu-se aos seus pais, já velho e satisfeito com os seus dias. Esaú e Jacob, seus filhos, sepultaram-no.

Capítulo 36

Listas de Edom (1 Cr 1,35-54) – 1Esta é a descendência de Esaú, isto é, Edom. 2Esaú escolheu as suas mulheres entre as filhas de Canaã: Ada, filha de Elon, o hitita, e Oolibama, filha de Aná, filha de Cibeon, o heveu; 3depois, Basemat, filha de Ismael e irmã de Nebaiot.

4Ada deu a Esaú, Elifaz; Basemat deu à luz Reuel; 5e Oolibama deu à luz a Jeús, Jalam e Corá. São estes os filhos de Esaú, que nasceram no país de Canaã. 6Esaú tomou as suas mulheres, os seus filhos, as suas filhas e todas as pessoas da sua casa, os seus rebanhos, todos os seus animais e todos os bens que adquirira no país de Canaã, e emigrou para outra terra, por causa do seu irmão Jacob. 7Efectivamente, os seus bens eram demasiado numerosos para poderem habitar em comum, e o lugar em que viviam era insuficiente para os rebanhos de ambos. 8Esaú, isto é, Edom, estabeleceu-se, então, sobre a montanha de Seir.


Descendência de Esaú em Edom9Esta é a descendência de Esaú, antepassado dos edomitas, sobre a montanha de Seir. 10Eis os nomes dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; Reuel, filho de Basemat, mulher de Esaú. 11Os filhos de Elifaz foram: Teman, Omar, Sefó, Gatam e Quenaz. 12Timna tornou-se concubina de Elifaz, filho de Esaú, e deu-lhe Amalec. São estes os filhos de Ada, mulher de Esaú. 13Eis os filhos de Reuel: Naat, Zera, Chamá e Miza. Estes eram os filhos de Basemat, outra mulher de Esaú. 14Estes foram os filhos de Oolibama, filha de Aná, filha de Cibeon, mulher de Esaú: Jeús, Jalam e Corá.


Chefes de Edom15Seguem-se os chefes de família dos filhos de Esaú. Filhos de Elifaz, primogénito de Esaú: o chefe Teman, o chefe Omar, o chefe Sefó, o chefe Quenaz, 16o chefe Corá, o chefe Gatam e o chefe Amalec. São estes os chefes saídos de Elifaz, no país de Edom; estes eram filhos de Ada. 17E estes são os filhos de Reuel, filho de Esaú: o chefe Naat, o chefe Zera, o chefe Chamá e o chefe Miza. São estes os chefes saídos de Reuel, no país de Edom; estes eram os descendentes de Basemat, mulher de Esaú. 18Estes são os filhos de Oolibama, mulher de Esaú: o chefe Jeús, o chefe Jalam e o chefe Corá. São estes os chefes nascidos de Oolibama, filha de Aná e mulher de Esaú. 19São estes os filhos de Esaú e são estes os seus chefes; isto é, de Edom.


Descendência de Seir20Estes são os filhos de Seir, os horritas, primeiros habitantes do país: Lotan, Chobal, Cibeon, Aná, 21Dichon, Écer e Dichan. São estes os chefes dos horritas, filhos de Seir, no país de Edom. 22Os filhos de Lotan foram Hori e Hemam; e a irmã de Lotan, Timna. 23Eis os filhos de Chobal: Alvan, Manaat, Ebal, Sefó e Onam. 24Eis os filhos de Cibeon: Aiá e Aná. Foi este Aná que encontrou no deserto as fontes de água quente, quando apascentava os jumentos de Cibeon, seu pai. 25Aná teve um filho, Dichon, e uma filha, Oolibama. 26Eis os filhos de Dichon: Hemedan, Echeban, Jitran e Caran. 27Eis os filhos de Écer: Bilean, Zaavan e Jacan. 28Eis os filhos de Dichan: Uce e Aran. 29Seguem-se os chefes de família dos horritas: o chefe Lotan, o chefe Chobal, o chefe Cibeon, o chefe Aná, 30o chefe Dichon, o chefe Écer e o chefe Dichan.

São estes os chefes dos horritas, segundo as suas famílias, no país de Seir.

31São estes os reis que reinaram no país de Edom, antes que um rei reinasse sobre os filhos de Israel: 32em Edom reinou primeiro Bela, filho de Beor; e o nome da sua cidade natal era Dinaba; 33Bela morreu, e reinou em seu lugar Jobab, filho de Zera de Bosra; 34Jobab morreu, e reinou em seu lugar Hucham, da região de Teman. 35Hucham morreu, e reinou em seu lugar Hadad, filho de Bedad, que derrotou Madian, nos campos de Moab. O nome da sua cidade era Avit. 36Hadad morreu, e reinou em seu lugar Sámela, de Massereca. 37Sámela morreu, e reinou em seu lugar Saul, de Reobot, nas margens do Eufrates. 38Saul morreu, e reinou em seu lugar Baal-Hanan, filho de Acbor. 39Baal-Hanan, filho de Acbor, morreu, e reinou em seu lugar Hadar, cuja cidade era Paú; a sua mulher era Meetabiel, filha de Matred, filha de Mê-Zaab.


Outros chefes de Edom40Eis agora os nomes dos chefes oriundos de Esaú, segundo as suas famílias, lugares e denominações: o chefe Timna, o chefe Alva, o chefe Jetet, 41o chefe Oolibama, o chefe Elá, o chefe Pinon, 42o chefe Quenaz, o chefe Teman, o chefe Mibçar, 43o chefe Magdiel e o chefe Iram.

São estes os chefes de Edom, conforme as suas residências e as terras que ocuparam. Esaú foi o antepassado dos habitantes de Edom.

Capítulo 37

José eliminado da família1Jacob habitou no país em que seu pai peregrinou, no país de Canaã. 2Esta é a descendência de Jacob. José, que era um jovem com dezassete anos, apascentava as ovelhas com os seus irmãos, os filhos de Bila e de Zilpa, mulheres de seu pai; e José contava ao pai o mal que se dizia de seus irmãos.

3Ora Israel preferia José aos seus outros filhos, porque era o filho da sua velhice, e mandara-lhe fazer uma túnica comprida. 4Os irmãos, vendo que o pai o amava mais do que a todos eles, ganharam-lhe ódio e não podiam falar-lhe amigavelmente.

5José teve um sonho que contou aos irmãos; e estes ficaram a odiá-lo ainda mais. 6José disse-lhes: «Peço-vos que ouçais o sonho que tive: 7fazíamos feixes no campo e, de repente, o meu feixe ergueu-se e ficou de pé, enquanto os vossos se puseram à volta e se prostraram diante dele.» 8Os irmãos disseram-lhe: «O quê? Reinarás tu sobre nós, tornar-te-ás senhor nosso?» E odiaram-no ainda mais, por causa dos seus sonhos e por causa das suas palavras.

9José teve ainda outro sonho, que contou aos irmãos, dizendo: «Tive ainda um sonho, no qual vi o Sol, a Lua e onze estrelas prostrarem-se diante de mim.» 10Contou-o ao pai e aos irmãos, e o pai repreendeu-o, dizendo: «Que significa um tal sonho? Será possível que eu, a tua mãe e os teus irmãos tenhamos de prostrar-nos por terra, a teus pés?» 11Os irmãos de José invejaram-no, mas o pai aguardou os acontecimentos.


José vendido12Um dia, os irmãos de José conduziram os rebanhos de seu pai para Siquém. 13E Israel disse a José: «Os teus irmãos apascentam os rebanhos em Siquém. Prepara-te, pois quero enviar-te para junto deles.» José respondeu: «Estou pronto.» 14E Israel continuou: «Peço-te que vás ver como vão os teus irmãos e como está o gado, e vem dizer-me.» Enviou-o, assim, do vale de Hebron e José partiu para Siquém.

15Um homem encontrou-o perdido pelo campo e perguntou-lhe: «Que procuras?» 16José respondeu: «Procuro os meus irmãos. Indica-me, por favor, onde é que apascentam o seu gado.» 17O homem disse-lhe: «Partiram daqui, pois ouvi-lhes dizer: ‘Vamos para Dotain.’» José seguiu os passos dos irmãos e encontrou-os em Dotain.

18Eles viram-no de longe e, antes que se aproximasse, fizeram planos para o matar. 19Disseram uns aos outros: «Eis que se aproxima o homem dos sonhos. 20Vamos, matemo-lo, atiremo-lo a qualquer cisterna e depois diremos que um animal feroz o devorou. Veremos, então, como se realizarão os seus sonhos.» 21Rúben ouviu-os e quis salvá-lo das suas mãos. Então disse: «Não atentemos contra a sua vida.» 22Rúben disse ainda: «Não derrameis sangue! Atirai-o à cisterna que está no deserto, mas não levanteis a mão contra ele.»

O seu intento era livrá-lo das suas mãos para o fazer regressar ao seu pai. 23Quando José chegou junto dos irmãos, estes despojaram-no da túnica comprida que usava 24e, agarrando-o, lançaram-no à cisterna. Esta estava vazia e sem água. 25Depois, sentaram-se para comer. Erguendo, porém, os olhos, viram uma caravana de ismaelitas que vinha de Guilead. Os camelos estavam carregados de aroma, de bálsamo e láudano, que levavam para o Egipto. 26Judá disse aos irmãos: «Que vantagem tiramos da morte de nosso irmão, ocultando o seu sangue? 27Vinde, vendamo-lo aos ismaelitas e que a nossa mão não caia sobre ele, porque é nosso irmão e da nossa família.» E os irmãos consentiram. 28Passaram por ali alguns negociantes madianitas, que conseguiram tirar José da cisterna; e eles venderam-no aos ismaelitas por vinte moedas de prata. Estes levaram José para o Egipto.

29Rúben voltou à cisterna e, vendo que José já não estava ali, rasgou os vestidos 30e, voltando para junto dos irmãos, disse: «O menino já não está ali, e eu, para onde irei?»

31Mas eles tomaram a túnica de José, degolaram um cabrito e mergulharam a túnica no sangue; 32depois enviaram a Jacob a túnica comprida, mandando-lhe dizer: «Eis o que encontrámos; verifica se é ou não a túnica do teu filho.» 33Jacob reconheceu-a e exclamou: «A túnica de meu filho! Um animal feroz devorou-o! José foi despedaçado!»

34E Jacob rasgou as suas vestes, pôs um cilício sobre os rins e usou luto por seu filho, durante muito tempo. 35Todos os seus filhos e filhas procuraram consolá-lo, mas ele recusou toda a consolação, dizendo: «Não! Chorando, juntar-me-ei ao meu filho, na sepultura!» E seu pai continuou a chorá-lo. 36Quanto aos madianitas, venderam José, no Egipto, a Potifar, eunuco do faraó e chefe dos guardas.

Capítulo 38

Judá e Tamar (Mt 1,2-3) – 1Naquele tempo, Judá apartou-se dos seus irmãos e encaminhou-se para junto de um dos habitantes de Adulam, chamado Hirá. 2Judá viu ali a filha de um cananeu, de nome Chua: tomou-a por mulher e uniu-se com ela. 3Ela concebeu e deu à luz um filho, que ele chamou Er. 4Voltou a conceber e teve um filho que chamou Onan. 5Concebeu de novo e deu à luz um filho que chamou Chelá. Judá estava em Quesib, quando ela deu à luz Chelá.

6Judá escolheu para Er, seu primogénito, uma mulher chamada Tamar. 7Er, primogénito de Judá, desagradou ao SENHOR e Ele feriu-o de morte. 8Então Judá disse a Onan: «Casa com a mulher do teu irmão, pois é essa a tua obrigação como cunhado, para dares descendência ao teu irmão.» 9Mas Onan compreendeu que essa descendência não seria a sua e, quando se aproximava da mulher de seu irmão, derramava no chão o sémen, a fim de não dar descendência a seu irmão.

10A sua conduta desagradou ao SENHOR, que também lhe deu a morte. 11E Judá disse a Tamar, sua nora: «Conserva-te viúva na casa de teu pai, até que meu filho Chelá cresça.» Judá, porém, temia que ele também morresse como os irmãos. E Tamar foi morar para casa de seu pai.

12Muito tempo depois, morreu a filha de Chua, mulher de Judá. Passado o luto, foi Judá a Timna com o seu amigo Hirá, de Adulam, a fim de vigiar a tosquia das ovelhas. 13Informaram disso Tamar, nestes termos: «Teu sogro sobe neste momento para Timna, para a tosquia das ovelhas.» 14Então ela tirou as vestes de viúva, cobriu-se com um véu e sentou-se à entrada de Enaim, no caminho de Timna, porque via que Chelá já tinha crescido e ela não lhe fora dada por mulher.

15Ao vê-la, Judá tomou-a por uma prostituta, porque tinha a cara coberta com um véu. 16Aproximou-se dela e disse-lhe: «Deixa-me ir contigo.» Pois ignorava que ela fosse a sua nora. Ela respondeu: «O que me darás para vires comigo?» 17Judá respondeu: «Mandar-te-ei um cabrito do meu rebanho.» Tamar replicou: «Está bem, se me deres um penhor, enquanto espero que envies o cabrito.» 18Judá perguntou-lhe: «Que penhor te hei-de dar?» Ao que ela respondeu: «O teu selo, o teu cordão e o bastão que tens na mão.» Judá deu-lhos, uniu-se a ela, e Tamar concebeu um filho. 19Depois, levantando-se, partiu e tirou o véu da cabeça, voltando a vestir as roupas de viúva.

20Judá enviou o cabrito por intermédio do seu amigo Hirá de Adulam, a fim de retirar o penhor das mãos daquela mulher; mas ele não a encontrou. 21Interrogou os habitantes daquela terra, dizendo: «Onde está a prostituta, que aparece em Enaim, à beira do caminho?» Responderam-lhe: «Nunca houve aqui nenhuma prostituta.»

22Voltou então para junto de Judá e disse-lhe: «Não a encontrei e, além disso, os habitantes daquela terra disseram que ali nunca houve prostituta alguma.» 23Judá disse: «Que ela fique com o que tem, para que não tenhamos de nos envergonhar: eu que lhe enviei o cabrito, e tu que não a pudeste encontrar.»

24Cerca de três meses depois, disseram a Judá: «Tamar, a tua nora, prevaricou e até ficou grávida com a sua prostituição. Judá respondeu: «Levai-a, e que seja queimada.»

25Quando a levavam, ela mandou dizer ao sogro: «Na verdade, estou grávida do homem a quem estas coisas pertencem.» E continuou: «Verifica, peço-te, a quem pertence este selo, este cordão e este bastão.» 26Judá reconheceu-os e disse: «Ela é mais justa do que eu, pois é verdade que não lhe dei o meu filho Chelá.» Contudo, a partir de então, não voltou a conhecê-la.

27E quando chegou a ocasião de dar à luz, Tamar trazia dois gémeos no seio. 28Durante o parto, um deles estendeu a mão e a parteira pegou nela, atando-lhe um fio escarlate, para indicar que era o primogénito. 29Mas ele retirou a mão e nasceu seu irmão. Então a parteira disse: «Que passagem abriste para ti!» E chamaram-lhe Peres. 30Em seguida, nasceu o irmão; numa das mãos trazia o fio escarlate, e chamaram-lhe Zera.

Capítulo 39

José no Egipto1José foi levado para o Egipto e Potifar, um egípcio, eunuco do faraó e chefe dos guardas, comprou-o aos ismaelitas que para lá o tinham conduzido. 2O SENHOR estava com José, que veio a ser um homem afortunado, sendo admitido na casa do seu senhor egípcio. 3O seu senhor viu que o SENHOR estava com ele e que fazia prosperar todas as obras das suas mãos. 4José obteve a sua benevolência, tornando-se seu servidor; Potifar pô-lo à frente da sua casa e confiou-lhe tudo o que possuía. 5A partir do momento em que o pôs à frente da sua casa e de todos os seus negócios, o SENHOR abençoou a casa do egípcio, por causa de José; e a bênção divina estendeu-se sobre todos os seus bens, tanto em casa como nos campos. 6Então, abandonou tudo o que possuía nas mãos de José e não se ocupou com mais nada, a não ser com o pão que comia.


José seduzido e preso – Ora José era esbelto de corpo e belo de rosto. 7E aconteceu que, depois de tudo isto, a mulher do seu senhor lançou os olhos sobre José e disse-lhe: «Dorme comigo.» 8José recusou, dizendo à mulher do seu senhor: «Sabe que o meu senhor não me pede contas de nada da sua casa e que entregou nas minhas mãos todos os seus negócios; 9não há ninguém maior do que eu nesta casa, e ele não me proibiu coisa alguma, excepto tu, porque és sua esposa; como poderei cometer uma tão grande falta e assim ofender a Deus?»

10Apesar de ela repetir o convite todos os dias a José, este não acedeu aos seus desejos e não se aproximou dela. 11Mas um dia, numa dessas ocasiões, ao entrar em casa para fazer o seu trabalho, não se encontrando ali ninguém, 12ela segurou-o pelo manto, dizendo: «Vem, comigo.» José abandonou o manto na mão dela, e fugiu para fora. 13Quando ela viu que lhe deixara o manto na mão e que fugira, 14gritou pela gente da casa e disse-lhes: «Vede! Trouxeram-nos um hebreu para se rir de nós! Aproximou-se de mim para se deitar comigo e tive de gritar bem alto. 15Quando me ouviu levantar a voz pedindo ajuda, deixou o manto junto de mim e fugiu para fora.» 16Depois guardou o manto de José junto dela, até que o seu amo regressasse a casa. 17E repetiu-lhe a mesma história, dizendo: «O escravo hebreu que nos trouxeste aproximou-se para abusar de mim. 18Depois, como gritei, deixou o manto junto de mim e fugiu para fora.»

19Quando o amo de José ouviu a exposição feita por sua mulher, a qual dizia: «Aqui está o que me fez o teu escravo», enfureceu-se. 20O senhor de José mandou-o agarrar e fecharam-no na prisão, onde estavam detidos os prisioneiros do rei. E José ficou na prisão.

21O SENHOR estava com José, tornou-o estimado e fê-lo obter as boas graças do governador da prisão. 22O governador confiou-lhe todos os prisioneiros, que estavam na prisão, e tudo o que ali se fazia era dirigido por ele. 23O governador não examinava coisa alguma do que lhe confiara, porque o SENHOR estava com ele; e o SENHOR fazia com que fosse bem sucedido em tudo o que empreendia.

Capítulo 40

Intérprete de sonhos na prisão1Depois destes acontecimentos, sucedeu que o copeiro-mor e o padeiro-mor do rei do Egipto ofenderam o seu senhor, o rei do Egipto. 2O faraó, irritado contra estes dois eunucos – o copeiro-mor e o padeiro-mor – 3mandou-os prender na casa do chefe dos guardas, no mesmo lugar onde José estava detido.

4O chefe dos guardas pôs José à sua disposição e este servia-os. O copeiro e o padeiro do faraó do Egipto já estavam presos havia algum tempo, 5quando ambos tiveram um sonho, na mesma noite, cada um o seu, e com sentidos diferentes. 6Ao aproximar-se deles, de manhã, José notou que estavam preocupados 7e perguntou aos eunucos do faraó que estavam presos juntamente com ele na casa do seu senhor: «Porque está hoje sombrio o vosso rosto?» 8Responderam-lhe: «Tivemos um sonho e não há ninguém para o interpretar.» José disse-lhes: «Não pertence a interpretação a Deus? Contai-me o sonho.» 9O copeiro-mor contou o seu sonho a José, dizendo: «No meu sonho, uma videira estava diante de mim. 10E nessa videira havia três ramos. Apenas ela floriu, as flores cresceram e os rebentos da videira deram uvas maduras. 11Eu tinha na mão a taça do faraó, colhia as uvas, espremia o sumo na taça do faraó e apresentava a taça ao rei.»

12José respondeu: «Eis a explicação: os três ramos são três dias. 13Três dias ainda, e o faraó libertar-te-á, restabelecendo-te no teu posto; e porás a taça do faraó na sua mão, na tua anterior qualidade de copeiro. 14Se te lembrares de mim, quando fores ditoso, presta-me, por favor, um bom serviço: fala de mim ao faraó e faz-me sair desta prisão. 15Pois fui arrebatado do país dos hebreus; e também aqui não tinha feito nada, quando me atiraram para esta prisão.»

16O padeiro-mor, ao ver que José dera uma interpretação favorável, disse-lhe: «Quanto a mim, no meu sonho, eu tinha três cestos de pães sobre a minha cabeça. 17No cesto superior havia os manjares do faraó, que o padeiro costuma preparar, mas as aves comiam-nos do cesto que estava à minha cabeça.» 18José respondeu nestes termos: «Eis a explicação: os três cestos são três dias. 19Três dias ainda e o faraó mandar-te-á cortar a cabeça e suspender numa forca; e os pássaros virão debicar a tua carne.»

20Ora, no terceiro dia, aniversário do nascimento do faraó, este deu um banquete a todos os seus servos e, dentre eles, chamou o copeiro-mor e o padeiro-mor. 21Encarregou o copeiro-mor de lhe dar de novo de beber, e ele apresentou a taça ao faraó. 22Quanto ao padeiro-mor, mandou-o enforcar, como José vaticinara. 23Mas o copeiro-mor não se lembrou mais de José e esqueceu-se dele.

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